O salto alto estava começando a me machucar, então eu os tirei quando entrei, andando descalça no hotel. Eu não tinha estado no quarto de Mason, mas eu lembrei dele ter mencionado o numero e o encontrei sem dificuldade.
Shane, o colega de quarto de Mason, abriu a porta alguns segundos depois que eu bati.”Hey, Rose.”
Ele me deixou entrar, e eu entrei, olhando ao redor. Algum comercial estava passando na TV – uma desvantagem da vida noturna era poucos programas de TV bom – e latas de soda vazias cobriam quase toda a superfície. Não havia sinais de Mason.
“Onde ele está?” eu perguntei.
Shane reprimiu um bocejo. “Eu pensei que ele estava com você.”
“Eu não o vi o dia todo.”
Ele bocejou de novo, então franziu em pensamento. “Ele estava colocando umas coisas numa mala antes. Eu pensei que vocês dois estavam fugindo para algum passeio romântico. Piquenique ou algo assim. Hey, lindo vestido.”
“Obrigado,” eu murmurei, sentindo um bocejo meu chegando.
Arrumando uma mala? Isso não fazia sentido. Não havia aonde ir. Não havia como ir, também. Esse hotel estava sendo vigiado fortemente pelos guardiões da Academia. Lissa e eu só tínhamos conseguido fugir daquele lugar usando compulsão, e ainda sim tinha sido complicado.
Ainda sim, porque diabos o Mason faria uma mala se ele não estava indo embora?
Eu fiz a Shane mais algumas perguntas e decidi que essa era uma possibilidade, por mais maluca que fosse. Eu encontrei o guardião responsável pela segurança e horários. Ele me deu os nomes daqueles que estavam em serviço nas fronteiras do hotel quando Mason tinha sido a ultima vez. A maior parte dos nomes eu conhecia, e a maioria não estava mais em serviço, o que fazia ser fácil encontrar eles.
Infelizmente, os dois primeiro não tinha visto Mason por perto. Quando eles perguntaram por que eu queria saber, eu dei uma resposta vaga e sai correndo. A terceira pessoa na minha lista era um cara chamado Alan, um guardião que normalmente trabalhava na parte mais baixa do campus da Academia. Ele estava entrando depois de esquiar, levando seu equipamento. Me reconhecendo, ele sorriu quando me aproximei.
“Claro, eu o vi,” ele disse, se curvando em direção as botas.
Alivio tomou conta de mim. Até então, eu não tinha percebido o quão preocupada eu estava.
“Você sabe onde ele está?”
“Não. Eu deixei ele e Eddie Castile... e, qual era o nome dela, a garota Rinaldi, saírem pelo portão norte e não os vi depois disso.”
Eu encarei. Alan continuou desprendendo os esquis como se estivéssemos discutindo as condições da pista.
“Você deixou Mason e Eddie... e Mia sair?”
“Sim.”
“Um... por quê?”
Ele terminou e olhou para mim, um olhar meio feliz e confuso no rosto. “Porque eles me pediram.”
Um sentimento gelado começou a tomar conta de mim. Eu descobri que guardião tinha cuidado do portão norte com Alan e imediatamente o procurei. O guardião me deu a mesma resposta. Ele tinha deixado Mason, Eddie e Mia saírem, sem fazer perguntas. E, como Alan, ele não parecia achar que havia nada errado com isso. Ele parecia quase deslumbrado. Era um olhar que eu já tinha visto antes... um olhar que vinha nas pessoas quando Lissa usava compulsão.
Acontecia particularmente quando Lissa não queria que as pessoas lembrassem algo direito.
Ela podia enterrar a memória neles, apagando tudo ou implantando para mais tarde. Ela era boa com compulsão, que ela podia fazer as pessoas esquecerem completamente. Para eles ainda terem alguma memória significava que alguém que não era bom em compulsão tinha usado neles.
Alguém, vamos dizer, como Mia.
Eu não era o tipo que desmaiava, mas por um momento, eu sentia que eu podia desmaiar.O mundo girou, e eu fechei meus olhos e respirei fundo. Quando eu consegui ver de novo, meus arredores estavam estáveis. Ok. Não tem problema. Eu iria pensar sobre isso. Mason, Eddie, e Mia tinham deixado o hotel mais cedo. Não apenas isso, eles tinham feito isso usando compulsão – o que era proibido. O portão norte era o único que era conectado com a única estrada na área, uma pequena estrada que levava até a uma pequena cidade a quatro quilômetros de distancia. A
cidade que Mason tinha comentado onde havia ônibus. Para Spokane.
Spokane – onde o grupo dos Strigoi e seus humanos deviam estar vivendo.
Spokane – onde Mason podia realizar seu sonho maluco de matar um Strigoi.
Spokane – que ele apenas conhecia por minha causa.
“Não, não, não,” eu murmurei para mim mesma, quase correndo em direção ao meu quarto. Lá eu tirei meu vestido e coloquei roupas pesadas de inverno: botas, jeans, e um suéter. Pegando meu casaco e luvas, eu corri para a porta e então parei. Eu estava agindo sem pensar. O que eu ia fazer? Eu precisava contar a alguém, obviamente... mas isso ia fazer os três entrarem em muitos problemas. Também iria alertar Dimitri sobre o fato deu ter aberto a boca sobre as informações de Spokane que ele tinha me confidenciado em sinal de respeito e maturidade.
Eu estudei o tempo. Levaria um tempo para alguém no hotel perceber que nós tínhamos sumido. Se eu pudesse sair do hotel.
Alguns minutos depois, eu me encontrei batendo na porta de Christian. Ele respondeu, parecendo com sono e cínico como sempre.
“Se você veio se desculpar por ela,” ele me disse orgulhoso, “você pode simplesmente ir embora e –”
“Oh, cala a boca,” eu disse. “Isso não é sobre você.”
Rapidamente, eu relatei a situação. Nem Christian tinha uma resposta espertinha pra isso.
“Então... Mason, Eddie, e Mia foram para Spokane caçar Strigoi?”
“Sim.”
“Puta merda. Porque você não foi com eles? Isso parece com algo que você faria.”
Eu resisti a idéia de quebrar ele. “Porque eu não sou maluca! Mas eu foi buscar eles antes que eles façam algo ainda mais estúpido.”
E então Christian entendeu. “E o que você precisa de mim?”
“Eu preciso sair do hotel. Eles fizeram Mia usar compulsão nos guardas. Eu preciso que você faça a mesma coisa. Eu sei que você andou praticando.”
“Eu andei,” ele concordou. “Mas... bem...” Pela primeira vez, ele parecia envergonhado. “Eu não sou muito bom. E fazer isso em um dhampir é quase impossível. Liss é cem vezes melhor que eu. E provavelmente qualquer Moroi.”
“Eu sei. Mas não quero meter ela em problemas.”
Ele bufou. “Mas você não se importa que eu tenha?”
Eu dei nos ombros. “Na verdade não.”
“Você é uma figura, sabia?”
“É. Eu sou, na verdade.”
Então, cinco minutos depois, ele e eu nos dirigimos para o portão norte. O sol estava surgindo, então a maioria das pessoas estava dentro do hotel. Isso era uma boa coisa, e eu esperava que fizesse nossa fuga muito mais fácil.
Estúpidos, estúpidos, eu fiquei pensando. Isso ia acabar mal. Porque Mason tinha feito isso? Eu sabia que ele tinha uma atitude de vigilante maluco... e ele certamente parecia
chateado pelos guardiões não fazerem nada sobre o ataque recente. Mas ainda sim.Ele era tão doido assim?
Ele devia saber o quão perigoso era. Era possível...era possível que eu o tivesse deixado tão chateado com a desastrosa pegação que ele tinha ido para o abismo? O suficiente para levar Mia e Eddie com ele? Não que aqueles dois precisassem de muito convencimento. Eddie seguia Mason em qualquer lugar, e Mia estava quase tão disposta quanto Mason para matar todos os Strigoi no mundo.
Ainda sim, apesar de todas as perguntas que eu tinha sobre o que estava acontecendo, uma coisa era clara. Eu contei a Mason sobre os Strigoi em Spokane. Isso era minha culpa, e sem mim, nada disso estaria acontecendo.
“Lissa sempre faz contato visual,” eu cochichei para Christian quando nos aproximamos da saída.”E fale numa voz realmente calma. Eu não sei o que mais. Eu quero dizer, ela também se concentra muito, então tente isso. Se foque em forçar a sua vontade sobre a deles.”
“Eu sei,” ele respondeu. “Eu já a vi fazer.”
“Ótimo,” eu respondi de volta.”Só estou tentando ajudar.
Dando uma olhada percebi que só um guardião estava no portão, um golpe de sorte total. Eles estavam mudando de turno. Com o sol nascendo, o risco de ataque Strigoi tinha desaparecido.
Os guardiões ainda continuariam com seu dever, mas eles podiam relaxar um pouco.
O cara em serviço não pareceu muito alarmado com a nossa presença. “O que vocês estão fazendo aqui?”
Christian engoliu. Eu podia ver as linhas de tensão no rosto dele.
“Você vai nos deixar sair do portão,” ele disse. Uma nota de nervosismo fez a voz dele tremer, mas fora isso, ele usou quase o mesmo tom que Lissa usava. Infelizmente, não teve efeito no guardião. Como Christian tinha dito, usar compulsão em um guardião era quase impossível.
Mia tinha tido sorte. O guardião riu para nós.
“O que?” ele perguntou, claramente se divertindo.
Christian tentou de novo. “Você vai nos deixar sair.”
O sorriso do cara diminuiu um pouco, e eu o vi piscar em surpresa. Os olhos dele não estavam vidrados como os das vitimas de Lissa ficavam, mas Christian tinha feito o suficiente para brevemente subjugar ele. Infelizmente, eu pude perceber que não tinha sido o suficiente para fazer ele nos deixar passar e esquecer de nós. Felizmente, eu tinha sido treinada para subjugar as pessoas sem usar mágica.
Perto do posto dele estava uma grande lanterna, 60 cm de comprimento, facilmente uns 3 quilos. Eu peguei a lanterna e bati na cabeça dele por trás. Ele gemeu e caiu no chão. Ele mal me viu chegar, e apesar da coisa horrível que tinha acabado de fazer, eu meio que desejava que meu instrutor estivesse ali para me dar uma nota por uma performance tão incrível.
“Jesus Cristo.” Exclamou Christian. “Você acaba de atacar um guardião.”
“É.” E lá se foi o plano de trazer o pessoal de volta sem meter ninguém em problemas. “Eu não sabia que você era tão ruim em compulsão. Eu vou lidar com isso depois.
Obrigado pela ajuda. Você deveria voltar antes do próximo turno começar.”
Ele balançou a cabeça e olhou para mim. “Não, eu vou com você.”
“Não,” eu discuti. “Eu só precisava de você para passar pelo portão. Você não tem que se meter em problemas por causa disso.”
“Eu já estou com problemas!” Ele apontou para o guardião. “Ele viu meu rosto. Estou ferrado de qualquer forma, então eu vou ajudar você há salvar o dia. Pare de ser uma vaca pra variar.”
Nós corremos para fora, e eu dei um ultimo olhar, culpado para o guardião. Eu tinha certeza que não tinha batido com força suficiente para causar algum dano de verdade, e com o sol nascendo, ele não congelaria nem nada.
Depois de uns 5 minutos caminhando na estrada, eu sabia que tínhamos um problema. Apesar de estar vestido e usando óculos de sol, o sol estava tendo efeitos em Christian. Estava nos atrasando, e não levaria tanto tempo para alguém encontrar o guardião e vir atrás de nós.
Um carro – que não era da Academia – apareceu atrás de nós, e eu tomei uma decisão. Eu não era a favor de pegar carona. Mesmo alguém como eu sabia o quão perigoso era. Mas nós precisávamos chegar na cidade rápido, e eu achei que Christian e eu podíamos acabar com um perseguidor esquisito que tentasse mexer conosco.
Felizmente, quando o carro encostou, era apenas um casal de meio idade que parecia mais preocupado do que qualquer outra coisa: “Vocês crianças estão bem?”
Eu sacudi meu polegar atrás de mim. “Nosso carro saiu da estrada. Vocês podem nos levar para cidade para que eu possa ligar para o meu pai?”
Funcionou. Quinze minutos depois, eles nos deixaram em um posto de gasolina. Na verdade foi um problema pegar a carona porque eles queriam nos ajudar muito. Finalmente, nós os convencemos que estávamos bem, e andamos algumas quadras até a estação de ônibus. Como eu tinha suspeitado, essa cidade não era um centro pra quem realmente estava viajando. Havia três linhas na cidade: duas que iam para outras estações de esqui e uma que levava para Lowston, Idaho.
De Lowston nós podíamos ir para outros lugares.
Eu meio que esperava que nós chegássemos antes que Mason e os outros antes do ônibus deles chegar. Então nós podíamos levar eles de volta sem problemas. Infelizmente, não havia sinal deles. A mulher alegre do balcão sabia exatamente de quem estávamos falando. Ela confirmou que os três tinham comprado passagens para Spokano em Lowston.
“Merda,” eu disse. A mulher ergueu a sobrancelha devido a minha linguagem. Eu me virei para Christian. “Você tem dinheiro para o ônibus?”
Christian e eu não conversamos muito no caminho, a não para quando eu disse para ele o quão idiota ele estava sendo sobre Lissa e Adrian. Quando chegamos em Lowston, eu finalmente o tinha convencido, o que foi um pequeno milagre. Ele dormiu o resto do caminho até Spokane, mas
eu não consegui. Eu só fiquei pensando sobre como tudo aquilo era minha culpa.
Já era de tarde quando chegamos em Spokane. Foi necessário algumas pessoas mas finalmente encontramos alguém que conhecia o shopping que Dimitri tinha mencionado. Era um longo caminho da rodoviária, mas dava pra caminhar. Minhas pernas estavam dura depois de quase cinco horas andando num ônibus, e eu queria me movimentar. O sol ainda ia demorar se por, mas estava mais baixo e prejudicial para os vampiros, então Christian também não se incomodou em caminhar.
E, como normalmente acontecia quando eu estava calma, eu senti um puxão da mente de Lissa. Eu me deixei entrar nela porque eu queria saber o que estava acontecendo no hotel.
“Eu sei que você quer proteger eles, mas precisamos saber onde eles estão.”
Lissa estava sentada na cama do nosso quarto enquanto Dimitri e minha mãe olhavam para ela. Foi Dimitri quem falou. Ver ele pelos olhos dela era interessante. Ela tinha um profundo respeito por ele, muito diferente da montanha russa de sentimentos que eu sempre experimentava.
“Eu te disse,” disse Lissa. “Eu não sei.Eu não sei o que aconteceu.”
Frustração e medo cruzou nossa ligação. Me entristecia ver ela tão ansiosa, mas ao mesmo tempo, eu estava feliz por ela não ter se envolvido. Ela não podia contar o que ela não sabia.
“Eu não posso acreditar que eles não teriam dito a você onde eles estavam indo,” disse minha mãe. As palavras dela soavam exatas, mas havia linhas de preocupação no rosto dela.
“Especialmente com... a ligação de vocês.”
“Só funciona em uma via,” disse Lissa tristemente. “Você sabe disso.”
Dimitri se ajoelhou para que ele pudesse olhar Lissa nos olhos. Ele tinha que fazer isso com praticamente todo mundo para olhar alguém nos olhos. “Você tem certeza que não sabe de nada? Nada que você possa nos dizer? Eles não estavam na cidade. O homem na rodoviária não os viu... embora nos tenhamos certeza que foi pra lá que eles foram. Nós precisamos de algo, qualquer coisa para continuar.”
Homem na rodoviária? Isso foi outro golpe de solte. A mulher que nos vendeu os bilhetes deve ter ido para casa. O seu substituto não nos conheceria.
Lissa apertou os dentes e ficou braba. “Você não acha que se eu soubesse, eu não contaria a você? Você não acha que estou preocupada com eles? Eu não faço idéia de onde eles
estão. Nenhuma. Ou porque eles fugiram... não faz sentido. Especialmente do porque eles iriam com Mia, de todas as pessoas.” Uma magoa aguda atravessou a ligação, magoa de ter sido excluída do que fosse que nós estávamos fazendo, não importando o quão errado era. Dimitri suspirou e se levantou. Pelo jeito do rosto dele, ele obviamente acreditava nela.
Também era obvio que ele estava preocupado – preocupado em mais do que apenas do jeito profissional. Ao ver aquela preocupação – preocupação por mim - meu coração se alegrou.
“Rose?” a voz de Christian me trouxe de volta a mim mesma. “Estamos aqui, eu acho.”
A praça consistia em uma grande e aberta área na frente do shopping. Havia um café no canto do prédio principal, as suas mesas dispostas na área aberta. Uma multidão entrava no complexo, ocupados mesmo nessa hora do dia.
“Então, como encontramos eles?” perguntou Christian.
Eu dei nos ombros. “Talvez se agirmos como um Strigoi, eles nos ataquem.”
Um pequeno e relutante sorriso apareceu no rosto dele. Ele não queria admitir, mas ele achava que minha piada era engraçada.
Ele e eu fomos para o lado. Como qualquer outro shopping, estava cheio de lojas conhecidas, e uma parte egoísta de mim pensou que se achássemos o grupo rápido o bastante, nós podíamos ir no shopping a tempo.
Christian e eu andamos por aquela extensão duas vezes e não vimos sinal dos nossos amigos ou de qualquer coisa lembrando túneis.
“Talvez a gente esteja no lugar errado,” eu finalmente disse.
“Ou talvez eles estão,” sugeriu Christian. “Eles poderiam ter ido a outro – espera.”
Ele apontou, e eu segui o gesto dele. Os três renegados estavam sentados em uma mesa no meio da praça de
alimentação, parecendo deprimidos. Eles pareciam tão miseráveis, que eu quase senti pena deles.
“Eu mataria por ter uma câmera agora,” disse Christian, sorrindo.
“Isso não é engraçado,” eu disse a ele, indo em direção ao grupo. Dentro de mim, suspirei em alivio. O grupo claramente não tinha encontrado nenhum Strigoi, todos ainda estavam vivos, e podiam ser levados sem ter mais problemas.
Eles não nos notaram até que estávamos do lado deles. Eddie olhou pra cima. “Rose? O que você está fazendo aqui?”
“Você perdeu a cabeça?” eu gritei. Algumas pessoas ali perto nos deram olhares surpresos.
“Você sabe em quantos problemas você se meteu? Quantos problemas vocês nos meteram?”
“Como diabos você nos achou?” perguntou Mason numa voz baixa, olhando ansioso ao redor.
“Vocês não são exatamente gênios do crime,” eu disse a ele. “Nosso informante na rodoviária nos deu uma direção. Isso, e eu descobri que você tinha ido na sua inútil busca de matar os Strigoi.”
O olhar que Mason me deu mostrou que ele ainda não estava completamente feliz comigo. Foi Mia quem respondeu, no entanto.
“Não é inútil.”
“Oh?” Eu exigi. “Você matou algum Strigoi? Você encontrou algum?”
“Não,” admitiu Eddie.
“Ótimo,” eu disse. “Vocês tiveram sorte.”
“Porque você é tão contra matar Strigoi?” perguntou Mia irritada. “Não é pra isso que vocês são treinados”
“Eu treino para missões sãs, não proezas infantis como isso.”
“Não é infantil,” ela chorou. “Eles mataram minha mãe. E os guardiões não estão fazendo nada. Até a informação deles é ruim. Não tem nenhum Strigoi nos túneis. Provavelmente nenhum na cidade.”
Christian parecia impressionado. “Vocês encontraram os túneis?”
“Sim,” disse Eddie. “Mas como ela disse, eles foram inúteis.”
“Nós deveríamos ver eles antes de ir,” Christian me disse. “Seria legal, e se as informações estavam erradas, é perigoso.”
“Não,” eu disse. “Nós estamos indo para casa. Agora.”
Mason parecia cansado. “Nós vamos procurar pela cidade de novo. Nem você pode nos fazer voltar, Rose.”
“Não, mas os guardiões da escola podem quando eu contar a eles que vocês estão aqui.”
Chame de chantagem ou ser uma dedo dura; o efeito é o mesmo. Os três olharam para mim como se eu tivesse acabado de socar os três simultaneamente.
“Você faria isso?” perguntou Mason. “Você nos entregaria?”
Eu esfreguei meus olhos, me perguntando desesperadamente porque eu estava tentando ser a voz da
razão. Onde estava a garota que tinha fugido da escola? Mason estava certo. Eu mudei.
“Isso não é sobre entregar ninguém. É sobre manter vocês vivos.”
“Você acha que nós somos indefesos?” perguntou Mia. “Você acha que vamos ser mortos rapidamente?”
“Sim,’ eu disse. “A não ser que você tenha encontrado um jeito de usar água como arma?” Ela corou e não disse nada.
“Nós trouxemos estacas de prata,” disse Eddie.
Fantástico. Eles deviam ter roubado elas. Eu olhei para Mason implorando.
“Mason. Por favor. Pare com isso. Vamos voltar pra casa.”
Ele me olhou por um longo tempo. Finalmente, ele suspirou. “Ok.”
Eddie e Mia pareciam espantados, mas Mason tinha assumido a liderança entre eles, e eles não tiveram a iniciativa de se ir sem ele. Mia parecia não ter levado muito bem, e eu me senti mal por ela. Ela mal teve tempo para ficar de luto por sua mãe; ela simplesmente tinha pulado nessa coisa de vingança como um jeito de ignorar a dor. Ela tinha muito para lidar quando voltássemos.
Christian ainda estava excitado com a idéia dos túneis. Considerando que ele passava todo o seu tempo em um sótão,eu não deveria ficar surpresa.
“Eu vi os horários,” ele me disse. “Nós temos tempo antes do próximo ônibus chegar.”
“Nós não podemos ir até um esconderijo de Strigoi,” eu discuti, indo em direção a entrada do shopping.
“Não tem Strigoi lá,” disse Mason. “São só coisas de zelador. Não tinha sinal de nada estranho. Eu realmente acho que os guardiões tem informações erradas.”
“Rose,” disse Christian, “vamos tirar algo divertido disso.”
Todos eles olharam para mim. Eu me senti como uma mãe que não comprava doces para seus filhos.
“Ok, ótimo. Só uma olhadinha.”
Os outros nos guiaram para o lado oposto do shopping, através de uma porta que era apenas para funcionários. Nós nos desviamos de alguns zeladores, então entramos em outra porta que nos levou a uma escada que dava para baixo. Eu tive um breve momento de déjà vu, lembrando quando descemos para a festa de Adrian. Só que essas escadas eram mais sujas e tinham um cheiro horrível.
Nós chegamos no fundo. Não era bem um túnel e sim um corredor estreito, alinhado em cimento nojento. Luzes florescentes feias apareciam de vez em quando nas paredes. A passagem continuou e levou a para a direita. Caixas de suprimentos para limpeza estavam ao redor.
“Vê?” disse Mason. “Chato.”
Eu apontei para cada direção. “O que tem ali embaixo?”
“Nada,” disse Mia.
“Vamos mostrar para você.”
Nós fomos para a direita e encontramos mais coisas. Eu estava começando a concordar com o aspecto chato quando passamos por um negocio escrito em preto na parede. Eu parei e olhei.
Era uma lista de letras.
D
B
C
O
T
D
V
L
D
Z
S
I
Algumas l tinham um x marcado ao lado, mas a maior parte da mensagem era incoerente. Mia notou que eu estava examinando.
“É provavelmente uma coisa dos zeladores,” ela disse. “Ou talvez uma gang tenha feito.”
“Provavelmente,” eu disse estudando. Os outros se viraram inquietos, sem entender minha fascinação pelas letras. Eu também não entendia minha fascinação, mas algo em minha cabeça me fez ficar.
Então eu entendi.
B para Badica, Z para Zeklos, I para Ivashkov...
Eu encarei. A primeira letra de cada nome da realeza estava ali. Havia três D´s, mas baseado na ordem, você podia ler a lista como um ranking. Começava com as famílias menores –
Dragomir, Badica, Conta – e ia até o gigante clã dos Ivashkov. Eu não entendi os traços e as linhas ao lado das letras, mas eu rapidamente notei quais nomes tinham um x ao lado: Badica e Drozdov.
Eu me afastei da parede. “Nós temos que sair daqui,” eu disse. Minha própria voz me assustou um pouco. “Agora.”
Os outros me olharam surpresos. “Por quê?” perguntou Eddie.”O que está acontecendo?”
“Eu conto depois. Precisamos ir.”
Mason apontou para direção que estávamos indo. “Isso leva para algumas quadras adiante. É mais perto da rodoviária.”
Eu olhei para escuridão desconhecida. “Não,” eu disse. “Vamos voltar por onde viemos.”
Eles me olharam como se eu fosse louca enquanto voltávamos, mas ninguém fez nenhuma pergunta. Quando emergimos para a frente do shopping, eu deu um suspiro de alivio por ver que o sol ainda estava no céu, embora estivesse afundando no horizonte e lançando luzes laranjas e vermelhas nos prédios. Aquele restante de luz ainda seria o suficiente para nós voltarmos a rodoviária antes de haver algum perigo de encontrarmos um Strigoi.
E agora eu sabia que realmente haviam Strigoi em Spokane. A informação de Dimitri estava certa. Eu não sabia o que a lista significava, mas claramente tinha algo a ver com os ataques. Eu precisava relatar isso aos guardiões imediatamente, e eu certamente não podia contar aos outros enquanto não estivéssemos seguros no hotel. Mason iria querer voltar aos túneis se eu contasse a ele.
A maior parte da nossa caminhada de volta aconteceu em silencio. Eu acho que meu humor se espalhou para os outros. Até Christian parecia não ter mais o que comentar. Dentro de mim, minhas emoções giravam, oscilando entre raiva e culpa enquanto eu examinava meu papel em tudo isso.
Na minha frente, Eddie parou de andar, e eu quase dei um encontrão nele. Ele olhou ao redor.
“Onde nós estamos?”
Saindo dos meus pensamento, eu olhei ao redor também. Eu não me lembrava desses prédios.
“Merda,” eu exclamei. “Estamos perdidos? Alguém prestou atenção de onde estávamos indo?”
Era uma pergunta injusta já que claramente eu também não tinha prestado atenção, mas meu temperamento tinha ultrapassado minha razão. Mason me estudou por alguns segundos.
Então falou. “Por aqui.”
Ele se virou e andou para um estreita rua entre dois prédios. Eu não achei que estávamos indo para o caminho certo, mas eu não tinha idéia melhor. Eu também não queria começar a discutir.
Nós não tínhamos ido muito longe quando eu ouvi o som de um motor e os gritos de um pneu. Mia estava andando no meio da rua, e meu instinto protetor tomou conta antes mesmo que eu visse o que estava vindo. Agarrando ela, eu a tirei da rua e a coloquei perto das paredes de um dos prédios. Os garotos tinham feito a mesma coisa.
Uma grande e verde van com janelas pintadas tinha virado a esquina e estava vindo na nossa direção. Nós nos pressionamos contra a parede, esperando por ela passar.
Mas ela não passou.
Com um guincho repentino, ela parou na nossa frente, e as portas abriram. Três caras grandes saíram, e de novo, meus instintos tomaram conta. Eu não tinha idéia de quem eram eles ou o que eles queriam, mas eles claramente não eram amistosos. Isso era tudo que eu precisava saber.
Um deles se moveu em direção a Christian, e eu dei um soco nele. O cara mal se assustou mas estava claramente surpreso por ter caído, eu acho. Ele provavelmente não esperava que alguém pequeno como eu fosse uma ameaça. Ignorando Christian, ele se moveu na minha direção. Com minha visão periférica, eu vi Mason e Eddie se defendendo dos outros dois caras. Mason tinha tirado sua estaca de prata roubada.
Mia e Christian estavam parados lá, congelados.
Nossos agressores confiavam muito no seu numero. Eles não tinham a experiência com técnicas ofensivas e defensivas. Além do mais, eles eram humanos, e nós tínhamos a força dos dhampir. Infelizmente, nós também tínhamos a desvantagem de estar encurralados contra uma parede. Nós não tínhamos lugar para recuar. Mais importante, nós tínhamos algo a perder.
Como Mia.
O cara que estava lutando com Mason pareceu notar isso. Ele se afastou de Mason e agarrou ela. Eu mal vi a arma dele antes que estivesse pressionada contra o pescoço dela.
Se afastando do meu adversário, eu gritei para Eddie parar. Nós todos tínhamos sido treinados para responder instantaneamente aquele tipo de ordem, e ele parou seu ataque, me olhando questionadoramente. Quando ele viu Mia, seu rosto ficou pálido.
Eu não queria mais nada a não ser continuar a bater naqueles homens – quem quer que eles fossem – mas eu não podia arriscar que aquele cara machucasse Mia. Ele sabia disso, também.
Ele nem precisou fazer uma ameaça. Ele era humano, mas ele sabia o suficiente sobre nós para saber que tínhamos que proteger os Moroi. Novatos tinham um ditado sobre isso: Apenas eles importam.
Todos pararam e olharam para ele e para mim. Aparentemente nós éramos os lideres aqui. “O que você quer?” eu perguntei friamente.
O cara pressionou sua arma no pescoço de Mia, e ela se encolheu. Por toda a conversa dela sobre lutar, ela era menor que eu e não tão forte. E ela estava muito aterrorizada para se mexer.
O homem inclinou sua cabeça em direção a porta aberta da van. “Eu quero que você entre. E não tente nada. Você tenta, e ela morre.”
Eu olhei para Mia, então para a van, para meus amigos, então de volta para o cara. Merda.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 18
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às 20:50
Marcadores: Academia de Vampiros, Aura Negra
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