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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 23

Outros no corredor pararam para olhar. Eu senti como se tivesse sido atingida no rosto. Mas

não tinha sido no meu rosto. Tinha sido no de Lissa. Eu fui para a mente dela e imediatamente

percebi os arredores dela e tudo acontecendo com ela – como das outras vezes pedras voaram

do chão e atingiram ela no rosto. Elas eram guiadas por um calouro que eu não conhecia, a

não ser pelo sobrenome Drozdov. As rochas machucaram nós duas, mas eu contive meu grito

dessa vez e cerrei meus dentes enquanto eu virava pelo corredor com meus amigos.

“Parte noroeste do campus, entre o lago de forma estranha e a cerca,” eu disse a eles.

Com isso, eu me separei deles e fui para as portas, correndo o máximo que pude em direção a

parte do campus onde eles estavam segurando Lissa. Eu não podia ver todas as pessoas

reunidas lá através dos olhos dela, mas eu reconheci algumas. Jesse e Ralf estavam lá.

Brandon. Brett. O cara Drozdov. Alguns outros. As pedras ainda estavam acertando nela, ainda

cortando seu rosto. Ela não gritou ou chorou, no entanto – ela só ficava dizendo a eles de novo

e novo para parar enquanto dois outros caras a seguravam.

Enquanto isso, Jesse continuava dizendo a ela para fazer eles pararem. Eu apenas meio que

ouvi ele pela mente dela. A razão não importava, e eu já tinha descoberto isso. Eles iriam

torturar ela até que ela concordasse em se juntar ao grupo deles. Eles devem ter forçado

Brandon e os outros do mesmo jeito.

Um sentimento sufocante de repente tomou conta de mim, e eu tropecei, incapaz de respirar

como se água estivesse no meu rosto.

Lutando com força, eu me separei de Lissa. Isso estava acontecendo com ela, não eu. Alguem

estava torturando ela com água agora, usando para tirar o ar dela. Quem quer que estivesse

fazendo isso fez com tempo, alternando entre encher o rosto dela com água, então tirando, e

então repetindo. Ela arfava e prendia a respiração, ainda pedindo a eles que parassem quando

ela podia.

Jesse continuou observando ela com olhos calculistas. “Não peça a eles. Os obrigue.”

Eu tentei correr mais, mas eu não podia ir mais rápido que aquilo. Eles estavam em um dos

pontos mais distantes do campus. Era muita distancia para cobrir, e a cada passo agonizante,

eu senti mais a dor de Lissa e ficava com mais e mais raiva. Que tipo de guardiã eu poderia ser

para ela se eu não poderia manter ela segura no campus?

Foi um usuário de ar em seguida, e de repente, era como se ela estivesse sendo torturada

pelos seqüestradores de Victor de novo. Ar era tirado dela deixando ela arfando, e então dado

aos montes para ela, esmagando o rosto dela. Era uma agonia, e trouxe de volta todas as

memórias do seu seqüestro, todo o terror e horror que ela estava tentando esquecer. O

usuário de ar parou, mas foi tarde demais. Algo se quebrou dentro dela.

Quando Ralf apareceu para usar o fogo, eu estava tão perto que eu pude ver o fogo aparecer

nas mãos dele. Mas ele não me viu.

Nenhum deles estavam prestando atenção nos arredores, e tinha tanto barulho vindo do seu

próprio espetáculo que eles não me ouviram. Eu bati em Ralf antes que ele pudesse usar o

fogo em sua mão, o empurrando no chão e dando um soco no rosto dele em uma manobra

habilidosa. Alguns dos outros – incluindo Jesse – correram para ajudar ele e tentar me afastar.

Pelo menos, eles tentaram até perceberem quem eu era.

Aqueles que viram meu rosto imediatamente se afastaram. Aqueles que não viram

rapidamente aprenderam do jeito difícil quando eu fui atrás deles. Eu tinha derrubado três

guardiões altamente treinados mais cedo. Um grupo de mimados Morois da realeza mal levou

algum esforço. Era irônico também – e um sinal do quanto os Moroi se recusavam a levantar

uma mão para sua própria defesa – que enquanto esse grupo estava tão ansioso para usar

magia e torturar Lissa, nenhum deles pensou em usar contra mim.

A maioria deles fugiu antes de eu sequer por um dedo neles, e eu não me importei em ir atrás

dele. Eu só queria eles longe de Lissa. Eu admito, eu soquei Ralf mais algumas vezes depois que

ele caiu, já que eu o considerava responsável por toda essa confusão. Eu finalmente soltei ele,

deitado no chão e gemendo, enquanto me endireitava e procurava por Jesse – o outro

culpado. Eu rapidamente o encontrei. Ele era o único que sobrava.

Eu corri até ele e então parei, confusa. Ele só estava parado ali, encarando o nada, com a boca

aperta. Eu olhei para ele, olhei para o que ele estava encarando, e então olhei de volta para

ele.

“Aranhas,” Lissa disse. A voz dela me fez dar um pulo. Ela estava parada ao lado com cabelo

molhado, machucados e cortes, mas fora isso bem. Na luz da lua, suas feições pálidas a faziam

ela parecer quase tão fantasmagórica quando Mason. Os olhos dela nunca deixaram Jesse

quando ela falou. “Ele acha que está vendo aranhas. E elas estão subindo nele. O que você

acha? Eu deveria ter usado cobras?”

Eu olhei de volta para Jesse.A expressão dele no seu rosto mandou calafrios pela minha

espinha. Era como se ele estivesse preso em seu próprio pesadelo privado. Medo ainda era o

que eu sentia pela ligação. Normalmente quando Lissa usa mágica, e sentia um calor dourado

maravilhoso. Dessa vez, era diferente. Era negro e magro e pesado.

“Eu acho que você deveria parar,” eu disse. A distancia eu ouvi pessoas correndo em nossa

direção. “Terminou.”

“Era um ritual de iniciação,” ela disse. “Bem, mais ou menos. Eles pediram para mim me juntar

alguns dias atrás, e eu me recusei. Mas eles me incomodaram de novo hoje e ficavam dizendo

que eles sabiam algo importante sobre Christian e Adrian. Começou a me afetar, então... eu

finalmente disse a eles que viria para uma sessão mas que eu não sabia nada sobre compulsão.

Era um fingimento. Eu só queria saber o que eles sabiam.” Ela mal virou sua cabeça mas algo

deve ter acontecido com Jesse. Os olhos dele ficaram ainda mais abertos enquanto ele

continuava com seu grito silencioso. “Em pensar que eu tecnicamente não tinha concordado

ainda, eles me colocaram no seu ritual de iniciação. Eles queriam saber o quanto eu podia

fazer. Foi um jeito de testar o quão fortes as pessoas são em compulsão. As torturar até que

elas não agüentem, e então, no calor de tudo, as pessoas tentam compelir seus agressores a

parar. Se a vitima consegue fazer algum tipo de compulsão, a pessoa está no grupo.” Ela

olhava para Jesse com cuidado. Ele parecia estar em seu próprio mundo, e era um mundo

muito, muito ruim. “Eu suponho que isso faz de mim a presidente deles, huh?”

“Pare,” eu disse. O sentimento da mágica distorcida dela estava me deixando nauseada. Ela e

Adrian tinham mencionado algo assim antes, a idéia de fazer as pessoas verem o que não

estava ali. Eles brincaram chamando de super compulsão – e é horrível. “Não é assim que o

Espírito deve ser usado. Essa não é você. É errado.”

Ela estava respirando com dificuldade, suor passando pela sobrancelha dela. “Eu não consigo

parar,” ela disse.

“Você pode,” eu disse. Eu toquei o braço dela. “Dê para mim.”

Ela brevemente se virou de Jesse e olhou para mim, assustada, antes de virar seu olhar de

volta para ele.

“O que? Você não pode usar magia.”

Eu me foquei com mais força na ligação, e na mente dela. Eu não podia pegar a mágica

exatamente, mas eu podia pegar a escuridão que ela trazia. Era o que eu estava fazendo por

um tempo, eu percebi. Toda vez que eu me preocupava e desejava que ela se acalmasse e

lutasse contra seus sentimentos negros, ela tinha feito – porque eu estava pegando eles dela.

Eu estava absorvendo, assim como Anna tinha feito por Vladimir. Era o que Adrian tinha visto

quando a escuridão passou da aura dela para a minha.E isso – esse abuso de Espírito, usando

desse jeito malicioso para ferir outro e não para se defender, estava trazendo o pior efeito

colateral para ela. Era corrupto e errado, e eu não podia deixar ela ter isso. Todas as idéias da

minha própria raiva e loucura eram irrelevantes agora.

“Não,” eu concordei.”Eu não posso. Mas você pode me usar para se soltar. Se concentre em

mim. Solte tudo. É errado. Você não quer.”

Ela me olhou de novo,olhos abertos e desesperados. Mesmo sem contato visual direto, ela

ainda era capaz de torturar Jesse. Eu vi e senti a luta que ela travava. Ele tinha magoado ela

tanto – ela queria que ele pagasse. Ele tinha. E ainda sim, ao mesmo tempo, ela sabia que eu

estava certa. Mas era difícil. Tão difícil para ela parar...

De repente, a queimação da magia negra sumiu da nossa ligação, junto com a sensação de

estar afundando. Algo me atingiu como um furacão de vento no meu rosto, e eu dei uns

passos para trás. Eu tremi quando uma estranha sensação virou meu estomago. Era como

faíscas, como uma corrente de eletricidade queimando em mim. E então sumiu. Jesse caiu de

joelhos, livre do pesadelo.

Lissa afundou em um alivio visível. Ela ainda estava assustada e magoada sobre o que tinha

acontecido, mas ela não estava mais consumida com aquela terrível e destrutiva raiva que a

fez punir Jesse. Aquela vontade nela desapareceu.

O problema é que estava em mim, agora.

Eu me virei para Jesse, e era como se nada mais existisse no universo a não ser ele. Ele tinha

tentado me arruinar no passado. Ele torturou Lissa e machucou tantos outros. Era inaceitável.

Eu me joguei nele. Os olhos dele tiveram apenas um segundo para se abrir em terror antes do

meu punho atingir o rosto dele. A cabeça dele fez um movimento para trás, e sangue saiu do

nariz dele. Eu ouvi Lissa gritar para mim parar, mas eu não pude. Ele tinha que pagar pelo que

tinha feito com ela. Eu agarrei ele pelos ombros e o joguei com força contra o chão. Ele estava

gritando agora também – implorando – para mim parar. Ele calou a boca quando eu bati nele

de novo.

Eu senti as mãos de Lissa me agarrarem, tentando me segurar, mas ela não era forte o

bastante. Eu continuei batendo nele. Não havia sinal da luta estratégica e precisa que eu usei

mais cedo com ele e seus amigos, ou contra Dimitir. Isso era sem foco e primitivo. Isso era eu

sendo controlada pela loucura que eu tinha tirado de Lissa.

Outro par de mãos me afastou. Essas mãos eram fortes, mãos de dhampir, cheia de músculos

devido aos anos de treinamento. Era Eddie. Eu lutei contra o aperto dele. Nós éramos quase

igualmente fortes, mas ele me segurou.

“Me solta!” eu gritei.

Para meu completo horror, Lissa agora estava ajoelhada ao lado de Jesse, olhando para ele

preocupada. Não fazia sentido. Como ela podia fazer isso? Depois do que ele tinha feito? Eu vi

compaixão no rosto dela, e um segundo depois, a queimação da mágica de cura dela iluminou

nossa ligação enquanto ela curava alguns dos ferimentos mais sérios.

“Não!” eu gritei, lutando contra o aperto de Eddie.”Você não pode!”

Foi então que os outros guardiões apareceram, Dimitri e Celeste na liderança. Christian e

Adrian não estavam em nenhum lugar a vista; eles provavelmente não puderam manter a

velocidade dos outros.

Caos organizado se seguiu. Aqueles que da sociedade que permaneceram foram reunidos para

serem interrogados. Lissa também foi levada, para ter seus ferimentos tratados. Uma parte de

mim que estava enterrada naquela sede de sangue queria ir atrás dela, mas algo mais chamou

minha atenção: Eles também estavam levando Jesse para ajuda médica. Eddie ainda estava me

segurando, seus aperto nunca falhando apesar da minha luta e apelos. A maior parte dos

adultos estava muito ocupada com os outros para me notar, mas eles notaram quando eu

comecei a gritar de novo.

“Você não pode deixar ele ir! Você não pode deixar ele ir!”

“Rose, se acalme,” disse Alberta, a voz dela suave. Como ela não entendia o que estava

acontecendo. “Acabou.”

“Não acabou! Não até eu por as mãos na garganta dele e o sufocar até matar ele!”

Alberta e alguns dos outros pareceram notar que algo sério estava acontecendo agora – mas

eles aparentemente não pensavam que tinha nada a ver com Jesse. Eles todos estavam me

olhando com aquele olhar Rose-é-maluca que eu tinha conhecido tão bem nós últimos dias.

“Tire ela daqui,” disse Alberta.”Limpe ela e a acalme.” Ela não deu outras instruções, mas de

alguma forma, ficou subentendido que Dimitri seria o que iria lidar comigo.

Ele veio e me pegou com Eddie. Com a breve mudança de captor, eu tentei me soltar, mas

Dimitri era muito rápido e muito forte. Ele agarrou meu braço e começou a me afastar da

cena.

“Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil,” disse Dimitri enquanto andávamos pela

floresta. “Não tem jeito deu deixar você ir até Jesse. Além do mais, ele está na clinica, então

você nunca vai chegar perto dele. Se você consegue aceitar isso, eu solto você. Se você fugir,

sabe que só vou segurar você de novo.”

Eu medi minhas opções. A necessidade de fazer Jesse pagar ainda estava no meu sangue, mas

Dimtri estava certo. Por agora.

“Ok,” eu disse. Ele hesitou por um segundo, talvez se perguntando se eu estava falando a

verdade, e então soltou meu braço. Quando eu não fugi, eu o senti relaxar muito, muito

pouco.

“Alberta disse a você para me limpar,” eu disse. “Então vamos a clinica?”

Dimitri zombou. “Boa tentativa. Não vou deixar você se aproximar dele. Você vai receber

primeiros socorros em outro lugar.”

Ele me guiou da cena do ataque, para uma área que ainda ficava na ponta do campus. Eu

rapidamente percebi onde ele estava indo. Era uma cabana. Quando tinha mais guardiões no

campus, alguém ficava nesses pequenos postos distantes, providenciando proteção regular

nas fronteiras do campus. Já fazia muito que eles estavam abandonados, mas essa tinha sido

limpa quando a tia de Christian visitou. Ele preferiu ficar aqui do que na casa de hospedes da

escola onde outros Moroi a consideravam uma Strigoi em potencial.

Ele abriu a porta. Estava escuro lá dentro, mas eu podia ver bem o bastante para ver ele

encontrar fósforos e uma lanterna a base de querosene. Não iluminou muito, mas estava bom

para nossos olhos. Olhando ao redor, eu vi que Tasha tinha feito um bom trabalho com o

lugar. Estava limpo e quase aconchegante, a cama estava feita com um suave cobertor e

algumas cadeiras estavam perto da lareira. Tinha um pouco de comida – enlatada e embalada

– no lado da cozinha.

“Sente,” disse Dimitri, fazendo um gesto em direção da cama. Eu sentei, e em um minuto, ele

fez uma fogueira na lareira. Quando ela estava completamente acessa, ele pegou o kit de

primeiros socorros e uma garrafa de água do balcão e andou até a cama, arrastando a cadeira

para que ele pudesse sentar do lado oposto ao meu.

“Você tem que me deixar ir,” eu implorei. “Você não vê?Você não vê como Jesse tem que

pagar?Ele torturou ela!Ele fez coisas horríveis com ela.”

Dimitri molhou uma gaze e a colocou no lado da minha testa. Eu senti a dor, então

aparentemente eu tinha um corte ali. “Ele vai ser punido, acredite em mim. E os outros.”

“Com o que?” eu perguntei amargamente. “Detenção? Isso foi tão ruim quanto Victor

Dashkov. Ninguém faz nada por aqui! Pessoas cometem crimes e se safam. Ele precisa sofrer.

Todos eles precisam.”

Dimitri parou sua limpeza, me dando um olhar preocupado. “Rose, eu sei que você está

chateada, mas você sabe que não punimos as pessoas desse jeito. É... selvagem.”

“É? E qual o problema nisso? Eu aposto que os impediria de fazer de novo.” Eu mal podia ficar

sentada. Cada parte do meu corpo tremia de fúria. “Eles precisam sofrer pelo que fizeram! E

eu quero fazer isso! Eu quero machucar todos eles. Eu quero matar todos eles.” Eu comecei a

me levantar, de repente sentindo como se eu fosse explodir. As mãos dele estavam no meu

ombro em um segundo, me empurrando de volta. Os primeiros socorros foram esquecidos. A

expressão dele era uma mistura de preocupação e ferocidade enquanto ele me segurava. Eu

lutei contra ele, e os dedos dele seguraram firme.

“Rose! Sai dessa!” Ele também estava gritando. “Você não está falando sério. Você andou

estressada e sob muita pressão – o que fez desse terrível evento muito pior.”

“Pare!” eu gritei de volta para ele. “Você está fazendo isso – como sempre faz. Sempre sendo

razoável, não importa que tipo de coisa horrível seja. O que aconteceu com você querer matar

Victor na prisão, huh? Porque aquilo não teve problema, mas isso não?”

“Porque foi um exagero. Você sabe que foi. Mas isso... isso é algo diferente. Tem algo errado

com você agora.”

“Não, tem algo certo em mim.” Eu estava o avaliando, esperando que minhas palavras o

distraíssem. Se eu fosse rápida o bastante, talvez – só talvez – eu pudesse passar por ela. “Sou

eu que quer fazer algo por aqui, e se isso é errado, sinto muito. Você fica querendo que eu seja

impossivelmente, uma boa pessoa, mas eu não sou! Eu não sou uma santa como você.”

“Nenhum de nós é santo,’ ele disse secamente. “Acredite em mim, eu não-“

Eu fiz meu movimento, dando um pulo e o empurrando. Eu me livrei dele, mas não fui longe.

Eu mal me afastei 60 centímetros da cama quando ele me segurou de novo e me puxou para

baixo, dessa vez usando toda a força do seu corpo para me manter imobilizada. De alguma

forma, eu sabia que eu devia ter percebido que era impossível escapar dele, mas eu não

conseguia pensar direito.

“Me solta!” eu grite pela centésima vez hoje a noite tentando me soltar.

“Não,” ele disse, sua voz dura e quase desesperada. “Não até você sair dessa. Isso não é você!”

Tinha lagrimas quentes nos meus olhos. “É sim! Me solta!”

“Não é. Não é você!Não é você!” Havia agonia na voz dele.

“Você está errado! É-“

Minhas palavras de repente morreram. Não é você. Foi a mesma coisa que eu disse a Lissa

quando a vi, aterrorizada, enquanto ela usava sua magia para torturar Jesse. Eu fiquei parada

lá, incapaz de acreditar no que ela estava fazendo. Ela não percebeu que perdeu o controle e

estava prestes a virar um monstro. E agora, olhando nos olhos de Dimitri, vendo o pânico e o

amor, eu percebi que estava acontecendo comigo. Eu era a mesma que ela, tão presa, tão cega

pelos emoções irracionais que eu ao reconheci minhas próprias ações. Era como se eu

estivesse sendo controlada por outra coisa.

Eu tentei lutar contra aquilo, tirar os sentimentos que queimavam em mim. Eles eram muito

fortes. Eu não conseguia. Eu não conseguia deixar eles. Eles me tomaram completamente,

assim como eles tinham feito com Anna e a Sra. Karp.

“Rose,” disse Dimitri. Era apenas o meu nome, mas foi tão poderoso, cheio de tanta coisa.

Dimitri tinha uma fé absoluta em mim, fé na minha própria força e bondade. E ele tinha força

também, uma força que eu vi que ele não tinha medo de me emprestar se eu precisasse. Podia

ter um pouco disso em Lissa, mas ela estava completamente inconsciente sobre Dimitri. O que

ele tinha era amor. Nós éramos como duas metades de um todo, sempre prontos para

suportar o outro. Nenhum de nós era perfeito, mas isso não importava. Com ele, eu consegui

derrotar essa raiva que me enchia. Ele acreditava que eu era mais forte que isso. E eu era.

Devagar, eu senti a escuridão sumir. Eu parei de lutar contra ele. Meu corpo tremeu, mas não

era mais de fúria. Era de medo. Dimitri imediatamente reconheceu a mudança e me soltou.

“Oh meu Deus,” eu disse, a voz tremula.

As mãos dele tocaram o lado do meu rosto, seus dedos passando levemente em minha

bochecha. “Rose,” ele suspirou. “Você está bem?”

Eu engoli as lagrimas. “Eu... eu acho que sim. Por agora.”

“Acabou,” ele disse. Ele ainda estava me tocando, dessa vez afastando meu cabelo do rosto.

“Acabou. Tudo está bem.”

Eu balancei a cabeça. “Não. Não está. Você... você não entende. É verdade – tudo que eu

estava preocupada. Sobre Anna? Sobre eu pegar a loucura do Espírito? Esta acontecendo,

Dimitri. Lissa perdeu o controle com Jesse. Ela estava descontrolada, mas eu a parei porque eu

peguei a raiva dela e pus em mim. E foi – foi horrível. É como se eu fosse, eu não sei, uma

marionete. Eu não consigo me controlar.”

“Você é forte,” ele disse. “Não vai acontecer de novo.”

“Não,” eu disse. Eu podia ouvir minha voz se quebrando enquanto eu lutava para sentar. “Vai

acontecer de novo. Eu vou ser como Anna. Eu vou ficar pior e pior. Dessa vez eu tive sede de

sangue devido ao ódio. Eu queria destruir eles. Eu precisava destruir eles. E da próxima vez? Eu

não sei. Talvez seja loucura como a da Sra. Karp. Talvez eu já seja louca, e é por isso que eu

estou vendo Mason. Talvez eu fique deprimida como Lissa costumava ficar. E eu vou continuar

caindo e caindo nessa situação, e então eu serei como Anna e vou me matar –“

“Não,” Dimitri me interrompeu gentilmente. Ele moveu seu rosto em direção ao meu, nossas

testas quase se tocando. “Não vai acontecer com você. Você é forte. Você vai lutar contra isso,

como você fez dessa vez.”

“Eu só consegui porque você estava aqui.” Ele pos seus braços ao meu redor, e eu pus meu

rosto no peito dele. “Eu não consigo fazer isso sozinha,” eu sussurei.

“Você consegue,” ele disse. Tinha uma nota tremula na voz dele. “Você é forte – você é tão

forte. Eu sempre vou amar você.”

Eu fechei meus olhos. “Você não deveria. Eu vou me tornar algo horrível. Eu já posso ser algo

terrível.” Eu pensei sobre meus comportamentos passados, o jeito que eu andava sendo

grossa com todos. O jeito que eu tentei assustar Ryan e Camille.

Dimitri se afastou para poder olhar para meus olhos. Ele pos meu rosto em suas mãos. “Você

não é. Você não será,” ele disse. “Eu não vou permitir. Não importa o que, eu não vou deixar.”

Emoções encheram meu corpo de novo, mas agora não era ódio ou raiva ou nada disso. Era

um sentimento quente e maravilhoso que fez meu coração bater doer – de um jeito bom. Eu

envolvi meus braços ao redor do pescoço dele, e nossos lábios se encontraram. O beijo foi

amor puro, doce e abençoado, sem desespero ou escuridão. A intensidade do nosso beijo

então aumentou. Ainda estava cheio de amor mas se tornou algo mais – algo faminto e

poderoso. A eletricidade que passava entre nós quando eu lutei e o segurei voltou, nos

envolvendo de novamente.

Me lembrava da noite em que estivemos sobre o feitiço de luxuria de Victor, nós dois sendo

dirigidos por forças que não podíamos controlar. Era como se estivéssemos morrendo de fome

ou nos afogando, e só a outra pessoa pudesse nos salvar. Eu me segurei nele, apenas um braço

ao redor do pescoço dele enquanto minha outra mão segurava as costas dele com tanta força

que minhas unhas praticamente se afundaram na pele. Ele me deitou na cama. As mãos dele

se envolveram na minha cintura, e então uma delas deslizou para a minha coxa e a puxou para

que eu ficasse enrolada ao redor dele.

Ao mesmo tempo, nós dois nos afastamos brevemente, ainda muito perto um do outro. Tudo

no mundo parou naquele momento.

“Não podemos...” ele me disse.

“Eu sei,” eu concordei.

Então a boca dele estava na minha de novo, e dessa vez, eu sabia que não tinha volta. Não

havia paredes dessa vez. Nossos corpos se enrolaram juntos enquanto ele tentava tirar meu

casaco, e então a camiseta dele, então minha camiseta... era realmente muito parecido de

quando lutamos na quadra mais cedo – a mesma paixão e calor. Eu acho que no fim do dia, os

instintos daquela poderosa luta e sexo não são tão diferentes. Todos vem de um lado animal

de nós.

Ainda sim, conforme mais e mais roupas saiam, ia além de paixão animal. Era doce e

maravilhoso ao mesmo tempo. Quando olhei para os olhos dele, eu podia ver ser duvidas que

ele me amava mais que qualquer um no mundo, que eu era a salvação dele, do mesmo jeito

que ele era a minha. Eu nunca esperei que minha primeira vez fosse numa cabana na floresta,

mas eu percebi que o lugar não importava. A pessoa importava. Com alguém que você ama,

poderia ser em qualquer lugar, e seria incrível. Estar na cama mais luxuosa do mundo não

importaria se fosse com alguém que eu não amasse.

E oh, eu o amava. Eu o amava tanto que chegava a doer. Todas as roupas finalmente acabaram

em uma pilha no chão, mas a sensação da pele dele na minha foi mais que o suficiente para

me manter quente. Eu não conseguia dizer onde meu corpo terminava e o dele começava, e

eu decidi que eu sempre quis que fosse assim. Eu não queria que a gente se separasse nunca.

Eu gostaria de ter as palavras para descrever sexo, mas nada que eu possa dizer captura o

quão maravilhoso é. Eu me sentia nervosa, excitada, e um zilhão de outras coisas. Dimitri

parecia tão sábio e habilidoso e infinitamente paciente – assim como em qualquer outro

treinamento. Seguir a liderança dele parecia algo natural, mas ele sempre estava disposto a

me deixar tomar o controle também. Eram iguais finalmente, e a cada toque tinha poder,

mesmo o menor carinho das suas pontas dos dedos.

Quando acabou, eu me deitei com ele. Meu corpo dolorido ... e ao mesmo tempo, eu me

sentia incrível, abençoada e contente. Eu queria ter feito isso muito tempo atrás, mas eu

também sabia que não seria certo até esse exato momento.

Eu descansei minha cabeça no peito de Dimitri, me confortando em seu calor. Ele beijou minha

testa e passou seus dedos pelo meu cabelo.

“Eu amo você, Roza.” Ele me beijou de novo. “Eu sempre estarei lá para você. Eu não vou

deixar nada acontecer com você.”

As palavras eram maravilhosas e perigosas. Ele não deveria dizer nada disso. Ele não deveria

prometer me proteger, não quando deveríamos dedicar nossas vidas em proteger os Moroi

como Lissa. Eu não podia ser a primeira no coração dele, assim como ele não poderia ser o

primeiro no meu. É por isso que eu não deveria ter dito as próximas palavras – mas eu disse

mesmo assim.

“E eu não vou deixar nada acontecer com você,’ eu prometi. “Eu amo você.” Nos beijamos de

novo, engolindo qualquer outra palavra que pudéssemos adicionar.

Ficamos deitados juntos por um tempo depois disso, enrolados um nos braços do outro, sem

dizer muita coisa. Eu podia ter ficado desse jeito para sempre, mas finalmente, nós sabíamos

que tínhamos que ir. Os outros eventualmente iriam procurar por nós para pegar meu

relatório, e se nos encontrasse desse jeito, as coisas certamente seriam feias.

Então nos vestimos, o que não foi fácil já que não conseguíamos parar de nós beijar. E

finalmente, relutantemente, deixamos a cabana. Seguramos as mãos, sabendo que só

poderíamos fazer isso por alguns segundos. Quando estivéssemos mais próximos do campus,

teríamos que agir normalmente. Mas por agora, tudo no mundo era dourado e lindo. Cada

passo que eu dava era cheio de alegria, o ar ao nosso redor parecia cantarolar.

Perguntas ainda estavam na minha mente, é claro. O que tinha acabado de acontecer? Onde

nosso chamado auto controle tinha ido parar? Por agora, eu não me importava. Meu corpo

ainda estava quente e ainda o queria e – de repente parou. Outro sentimento – um nada bem

vindo – estava começando a crescer em mim. Era estranho, como fraca e vacilantes ondas de

náusea misturadas com um espeto contra a minha pele. Dimitri parou imediatamente e me

deu um olhar questionados.

Uma pálida e um pouco luminescente luz materializou na nossa frente. Mason. Ele parecia o

mesmo de sempre – ou não? A tristeza de sempre estava lá, mas eu podia ver outra coisa, algo

que eu não conseguia ver direito o que era.Pânico? Frustração? Eu quase podia jurar que era

medo, mas honestamente, do que um fantasma teria medo?

“Qual o problema?” perguntou Dimitri.

“Você o vê?” eu sussurrei.

Dimitri seguiu meu olhar. “Vê quem?”

“Mason.”

A expressão perturbada de Mason ficou pior. Eu podia não ser capaz de identificar

adequadamente, mas eu sabia que não era nada bom. O sentimento de náusea intensificou,

mas de alguma forma, eu sabia que não tinha nada a ver com ele.

“Rose... deveríamos voltar...” disse Dimitri cuidadosamente. Ele ainda não estava aceitando

que eu estava vendo fantasmas.

Mas eu não me mexi. O rosto de Mason estava dizendo algo para mim – ou tentando. Tinha

algo ali, algo importante que eu precisava saber. Mas eu não conseguia entender.

“O que?” eu perguntei. “O que foi?”

Um olhar de frustração cruzou o rosto dele. Ele apontou para trás de mim, e então derrubou

sua mão.

“Me diga,”! eu disse, minha frustração espelhando a dele. Dimitri estava olhando para trás e

para frente entre eu e Mason, embora Mason provavelmente fosse apenas um espaço vazio

para ele.

Eu estava muito concentrada em Mason para me preocupar com o que Dimiti podia estar

pensando. Tinha algo aqui. Algo grande. Mason abriu sua boca, querendo falar como tinha

tentando antes mas ainda incapaz de falar as palavras. Exceto, que dessa vez, depois de vários

agonizantes segundos, ele conseguiu. As palavras eram quase inaudíveis.

“Eles estão...vindo....”

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