Image Map

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 29

O vôo foi mais como trinta horas.

Sair do meio da Sibéria para o meio de Montana não era fácil. Eu voei de Novosibirsk para Moscou para Amsterdã para Seattle para Missouri. Quatro vôos diferentes. Cinco aeroportos diferentes. Muita correria. Era exaustivo, mas quando entreguei meu passaporte para voltar para os EUA, em Seattle, eu senti uma estranha onda de emoção em mim... alegria e alivio.

Antes de partir da Rússia, eu pensei que Abe fosse voltar comigo e terminar ele mesmo sua tarefa, me entregando em mãos para quem quer que tenha contratado ele.

“Você realmente vai voltar agora, não vai?” ele perguntou no aeroporto. “Para a escola? Você não vai descer em nenhuma das suas paradas e desaparecer?”

Eu sorri. “Não. Vou voltar para St. Vladimir.”

“E você vai ficar lá?” ele pressionou. Ele não parecia tão perigoso quanto havia parecido em Baia, mas eu podia ver um brilho de dureza em seus olhos. Meu sorriso diminuiu. “Eu não sei o que vai acontecer. Eu não tenho mais um lugar lá.”

“Rose –”

Eu ergui minha mão para impedir ele, surpresa com minha própria determinação.

“Chega. Nenhum especial de depois das aulas. Você disse que foi contratado para me fazer voltar. Não é seu trabalho dizer o que eu vou fazer depois disso.” Pelo menos, eu

esperava que não. Quem quer que fosse que me queria de volta tinha que ser alguém na academia. Eu estaria lá em breve. Eles tinham ganhado. Os serviços de Abe não eram mais requeridos.

Apesar da vitória dele, ele não parecia feliz em me deixar ir. Olhando para o quadro de partidas, ele suspirou. “Você precisa passar pela segurança, ou vai perder seu vôo.”

Eu acenei. “Obrigado por...” Pelo que exatamente? Ajuda dele? “... por tudo.”

Eu comecei a me afastar, mas ele tocou meu ombro. “Isso é tudo que você vai usar?”

A maior parte das minhas roupas ficaram espalhadas pela Rússia. Um dos alquimistas encontrou tênis, jeans, e um suéter, mas era com isso que eu teria que viajar de volta aos EUA. “Eu não preciso de mais nada.” Eu disse a ele.

Abe arqueou a sobrancelha. Virando para um dos seus guardiões, ele fez um pequeno gesto em minha direção. Imediatamente, o guardião tirou seu casaco e me entregou. O cara era magro mas o casaco dele ainda era grande demais para mim.

“Não, eu não preciso –”

“Pegue,” ordenou Abe.

Eu o peguei, e para meu choque, Abe começou a tirar seu cachecol do pescoço. Era um dos seus bons: cashmere, tecido com cores brilhantes, mais apropriado para o caribe do que para Montana. Eu comecei a protestar também, mas o olhar dele me silenciou. Eu coloquei o cachecol ao redor do meu pescoço e o agradeci, me perguntando se o veria de

novo. Eu não me incomodei em perguntar porque eu tinha o pressentimento que ele não iria me dizer mesmo.

Quando finalmente pousei em Missouri 30 horas mais tarde, eu tinha certeza que não queria voar em um avião tão cedo – em, tipo, nos próximos cinco anos. Talvez dez.

Sem bagagem, sair do aeroporto foi fácil. Abe tinha informado sobre minha chegada, mas eu não fazia idéia quem eles mandariam alguém para me pegar. Alberta, que comandava os guardiões em St. Vladimir, parecia a escolha provável. Ou talvez minha mãe. Eu não sabia onde ela estava no presente momento, e de repente, eu realmente, realmente queria ver ela. Ela seria uma escolha lógica também.

Então foi com surpresa que eu vi que a pessoa esperando por mim na saída do aeroporto era Adrian.

Um sorriso se espalhou no meu rosto, e eu aumentei meu ritmo. Eu joguei meus braços ao redor dele, surpreendendo nós dois. “Eu nunca estive tão feliz em ver você em toda minha vida,” eu disse.

Ele me apertou com força e então me soltou, me admirando. “Os sonhos nunca fazem justiça a vida real, pequena Dhampir. Você está incrível.” Eu me limpei depois de lutar com Strigoi, e Oksana continuou a me curar apesar dos meus protestos – até mesmo os ferimentos no meu pescoço, os quais ela nunca perguntou nada. Eu não queria que mais ninguém soubesse sobre eles.

“E você está...” Eu o estudei. Ele estava bem vestido, com um casaco meio comprido e um cachecol verde que combinava com seus olhos. O cabelo castanho escuro dele

tinha aquela bagunça que ele gostava, mas o seu rosto – ah, bem. Eu notei antes, Simon tinha dado alguns socos nele. Um dos olhos de Adrian estava inchado e marcado com ferimentos. Mesmo assim, pensar sobre ele e tudo o que ele fez... bem, nenhuma dessas falhas importavam. “...lindo.”

“Mentirosa,” ele disse.

“Lissa não poderia ter curado o olho roxo imediatamente?”

“É um ferimento de honra. Me faz parecer mais masculino. Anda, sua carruagem te espera.”

“Porque eles enviaram você?” eu perguntei enquanto caminhávamos em direção ao estacionamento. “Você está sóbrio, não está?”

Adrian não se dignou a responder. “Bem, a escola não tem nenhuma responsabilidade oficial com você, já que você abandonou e tudo mais. Então eles não são realmente obrigados a virem te buscar. Nenhum dos seus outros amigos pode sair do campus... mas eu? Eu sou espírito, andando por aí. Então peguei um carro emprestado, e aqui estou.”

As palavras dele provocaram reações misturadas em mim. Eu estava tocada por ele ter tido o trabalho de vir aqui mas incomodada com a parte sobre a escola não ter responsabilidade por mim. Por toda minha viagem, eu fiquei pensando em St. Vladimir como meu lar... ainda sim, nos termos mais técnicos, realmente não era mais. Eu poderia ser apenas um visitante.

Enquanto começávamos a sair com o carro, Adrian me contou sobre o pós luta na escola. Depois do grande show psíquico, eu não entrei muito na mente de Lissa.

Oksana tinha curado meu corpo, mas mentalmente, eu ainda estava exausta e lamentando. Embora eu tenha cumprido o que fui fazer, a imagem de Dimitri caindo e caindo ainda me atormentava.

“Acabou que você tinha razão sobre Avery ter um laço com Simon e Reed,” Adrian disse. “Pelas informações que conseguimos reunir. Parece que Simon foi morto em uma luta que Avery testemunhou anos atrás. Todos pensaram que foi um milagre ele ter sobrevivido, sem perceber a verdade.”

“Então ela manteve seus poderes escondidos como o resto de vocês,” eu disse. “E então Reed morreu mais tarde?”

“Bem, aí é que está a coisa estranha,” disse Adrian, franzindo. “Ninguém sabe dizer quando ele morreu. Eu quero dizer, ele é da realeza. Ele foi paparicado a vida toda, certo? Mas baseado no que conseguimos tirar dele – o que não foi muito, já que todos eles estão bem acabados agora – parece que Avery pode ter matado ele intencionalmente e então trazido ele de volta.”

“Como com Lissa,” eu disse, lembrando das palavras de Simon durante a briga.

“Avery queria matar ela, trazer ela de volta, e se ligar a ela. Mas porque Lissa dentre todas as pessoas?”

“Meu palpite? Porque ela é uma usuária de espírito. Agora que espírito não é mais um segredo, era só questão de tempo antes de Avery saber sobre Lissa e eu. Eu acho que

Avery pensou que se ligando com Lissa ela fosse aumentar seu próprio poder.

Como estava, ela estava sugando muita energia daqueles dois.” Adrian balançou a cabeça. “Eu não estava brincando sobre sentir espírito por todo o campus. A quantidade que Avery tinha que usar para compelir tantas pessoas, mascarar sua aura, e quem sabe mais o que... bem, era incrível.”

Eu olhei para a estrada diante de nós, considerando as conseqüências das ações de Avery. “E é por isso que Reed está tão perturbado – porque ele estava tão irritado e pronto para brigar. Ele e Simon estavam absorvendo toda aquela escuridão que ela estava produzindo ao usar espírito. Como o que eu faço com Lissa.”

“Yeah, só que você não é nada como aqueles caras. Não era tão óbvio com Simon – ele era melhor em manter o rosto limpo – mas os dois estavam no limite. E agora? Eles passaram do limite. Os três.”

Eu lembrei de Simon olhando para o nada e Avery gritando. Eu tremi. “Quando você diz passar do limite...?”

“Eu me refiro a total e completamente insanos. Aqueles três vão ficar internados pelo resto de suas vidas.”

“Por causa do que você... todos nós fizemos?” eu perguntei, perplexa.

“Parcialmente,” ele concordou. “Avery estava usando todo o seu poder em nós, e quando jogamos de volta para eles e então uma... bem, eu acho que foi uma sobrecarga na mente deles. E para ser honesto, considerando como Reed

e Simon já estavam, o palco provavelmente já estava montado para isso. Com Avery também.”

“Mark tinha razão,” eu murmurei.

“Quem?”

“O outro shadow-kissed que encontrei. Ele estava falando sobre como Lissa e eu poderemos ser capazes de curar a escuridão uma da outra algum dia. É necessário um cuidadoso equilíbrio entre o usuário de espírito e o shadow-kissed. Eu ainda não entendo completamente, mas suponho que o pequeno circo de Avery de três não foi capaz de lidar com esse tipo de balanço. Eu não acho que se ligar a mais de uma pessoa seja saudável.”

“Huh.” Adrian não disse nada por um tempo e simplesmente ponderou tudo isso. Finalmente, ele riu. “Cara, não acredito que você encontrou outro usuário de espírito e um shadow-kissed. É como encontrar uma agulha em um palheiro, mas esse tipo de coisa sempre acontece com você. Mal posso esperar para ouvir o que mais você esteve fazendo.”

Eu desviei o olhar e coloquei minha bochecha contra o vidro. “Na verdade não é muito interessante.”

Nenhum dos oficiais da academia sabia sobre meu papel na briga com Avery. Então não foi como se alguém tivesse me questionado sobre isso quando voltamos. Eles ainda estavam fazendo limpeza e fazendo a Adrian e Lissa muitas perguntas. Espírito era um fenômeno tão novo que nenhum deles sabia o que pensar sobre o que tinha acontecido. Avery e seus parceiros de laço foram levados para ajuda, e o pai dela já tinha saído em uma licença temporária. Adrian

me registrou como convidada dele, o que me fez ganhar um passe para o campus. Como todos os visitantes, eu também recebi uma lista de onde eu ficaria e o que eu poderia e não poderia fazer. Eu prontamente a ignorei.

“Eu preciso ir,” eu disse a Adrian imediatamente.

Ele me deu um sorriso sábio. “Eu imaginei.”

“Obrigado... por ir me buscar. E desculpe por ter deixado você –”

Ele ignorou minhas preocupações. “Você não estava me deixando. Você voltou; isso é o que conta. Fui paciente todo esse tempo – eu posso agüentar um pouco mais.”

Eu mantive seus olhos por um momento, surpresa com os sentimentos quentes que de repente passaram dentro de mim. Eu os mantive para mim mesma, só dando a Adrian um rápido sorriso antes de sair andando pelo campus.

Eu recebi vários olhares estranhos quando fui para o dormitório de Lissa. Foi logo depois das aulas terem acabado, então o trânsito de alunos estava bem cheio com pessoas indo e voltando para chegar a algum lugar. Ainda sim, quando eu passei, silêncio caiu e as pessoas pararam de andar e conversar. Eu me lembrei de quando Lissa e eu voltamos para a academia depois de fugir. Passamos pela cafeteria e recebemos um tratamento similar dos nossos colegas.

Talvez fosse minha imaginação, mas parecia pior dessa vez. Os olhares eram mais chocados. O silêncio mais pesado. Da última vez, eu acho que as pessoas acreditaram que nós tínhamos fugido como um tipo de brincadeira. Dessa vez, ninguém sabia porque parti. Eu saí do ataque da escola

como uma heroína, só para abandonar e desaparecer. Eu acho que alguns dos colegas de dormitório de Lissa pensaram que estavam vendo um fantasma.

Ignorar as fofocas e opiniões dos outros era algo que eu tinha muita pratica, e eu passei pelos espectadores sem olhar para trás, subindo pelas escadas dois degraus por vez. Eu me fechei para os sentimentos de Lissa enquanto andava pelo corredor dela. Parecia bobo, mas eu queria que fosse surpresa. Eu só queria abrir meus olhos e ver ela pessoal-mente, sem me preocupar em como ela estava se sentindo ou o que ela estava pensando. Eu bati na porta.

Adrian havia dito que me ver em sonhos não se comparava a me ver em pessoa. O mesmo era verdade com Lissa. Estar na mente dela não era nada como estar realmente perto dela. A porta abriu, e foi como se uma aparição se materializasse diante de mim, algum tipo de mensageiro descendo de cima. Eu nunca estive tanto tempo longe dela, e depois de todo esse tempo, parte de mim se perguntou se eu estava imaginando isso.

A mão dela foi para sua boca, e ela me olhou de olhos bem abertos. Eu acho que ela se sentia da mesma forma – e ela nem foi avisada da minha visita. Ela só foi avisada de que eu chegaria “logo”. Sem duvidas eu parecia um fantasma para ela também.

E com aquela reunião... era como se estivesse emergindo de uma caverna – uma em que estive pelas últimas 5 semanas – e entrado na luz do dia. Quando Dimitri se transformou, eu me sentia como se tivesse perdido parte de minha alma. Quando deixei Lissa, outro pedaço se foi.

Agora, vendo ela... eu comecei a pensar que minha alma poderia ser curada. Talvez eu pudesse realmente seguir em frente. Eu não me sentia 100% inteira ainda, mas a presença dela preencheu aquela parte sumida de mim. Eu me senti mais como eu mesma do que me sentia a séculos.

Várias perguntas e confusão estavam no silêncio entre nós. Apesar de tudo que passamos com Avery, ainda havia muitos assuntos não resolvidos de quando eu parti da escola. Pela primeira vez desde que pus o pé no terreno da escola, eu me sentia com medo. Medo que Lissa fosse me rejeitar ou gritar comigo pelo que eu havia feito. Ao invés disso, ela me deu um gigante abraço. “Eu sabia,” ela disse. Ela já estava sufocando em seu choro. “Eu sabia que você iria voltar.”

“É claro,” eu murmurei sob o ombro dela. “Eu disse que iria.” Minha melhor amiga. Eu tinha minha melhor amiga de volta. Se eu tivesse ela, eu poderia me recuperar do que havia acontecido na Sibéria. Eu poderia seguir com minha vida.

“Desculpe,” ela disse. “Sinto muito pelo que fiz.”

Eu me afastei surpresa. Entrando no quarto, fechei a porta atrás de nós.

“Desculpe? O que você tem para sentir muito?” Apesar da minha alegria de ver ela, eu vim aqui esperando que ela ainda estivesse brava comigo por ter partido. Nenhuma daquela confusão com Avery teria acontecido se eu tivesse ficado. E eu me culpava. Ela sentou na cama, os olhos molhados. “Pelo que eu disse... quando você partiu. Eu não tinha direito de dizer as coisas que disse. Eu não tenho

direito de te controlar. E eu me sinto horrível porque...” Ela esfregou a mão nos olhos, tentando secar o pior das lágrimas. “Eu me sinto horrível porque eu te disse que não traria Dimitri de volta. Eu quero dizer, eu sei que não importava, mas eu deveria ter oferecido –”

“Não, não!” Eu sentei na frente dela e agarrei as mãos dela, ainda apavorada por estar com ela de novo. “Olhe para mim. Você não tem nada pelo que se desculpar. Eu disse coisas que não deveria ter dito também. Acontece quando as pessoas estão chateadas. Nenhuma de nós deveria se sentir culpada por isso. E quanto a trazer ele de volta...” Eu suspirei. “Você fez a coisa certa ao se recusar. Mesmo que tivéssemos encontrado ele antes dele se transformar, não teria importado. Você não pode se ligar com segurança a mais de uma pessoa. Esse era o problema com Avery.”

Bem, isso era parte do que havia dado errado com Avery. Manipulação e abuso de poder tinham tido um enorme papel também. O choro de Lissa se aquietou. “Como você fez aquilo, Rose? Como você estava no fim quando eu precisei de você? Como você sabia?”

“Eu estava com outro usuário de espírito. Eu a conheci na Sibéria. Ela pode ativamente tocar a mente das pessoas – a de qualquer um, não só com quem ela tem um laço – e se comunicar. Como Avery podia, na verdade. Oksana entrou na minha mente enquanto estava conectada com você. É realmente estranho como aconteceu.” Para dizer o mínimo.

“Outro poder que eu não tenho,” disse Lissa amargamente.

Eu sorri. “Hey, eu ainda estou pra conhecer outro usuários de espírito que podem dar um soco como você. Aquilo foi poesia em movimento, Liss.”

Ela gemeu, mas senti o prazer dela ao usar o velho apelido. “Eu espero não ter que fazer aquilo nunca mais. Eu não fui feita para ser uma lutadora, Rose. Era você que estava no comando. Sou eu que espera com apoio moral e cura pós batalha.” Ela ergueu suas mãos e olhou para elas. “Ugh. Não. Eu definitivamente não preciso de mais batidas e socos.”

“Mas pelo menos agora você sabe que pode. Se quiser algum dia praticar...”

“Não!” ela riu. “Eu tenho coisas demais para praticar com Adrian agora – especialmente depois do que você me disse sobre mais e mais coisas que todo mundo pode fazer com espírito.”

“Tudo bem. Talvez seja melhor que as coisas voltem a ser como eram.”

O rosto dela ficou sóbrio. “Deus, espero que sim. Rose... eu fiz tantas coisas idiotas enquanto Avery estava por perto.” Através da ligação, eu senti o seu maior arrependimento: Christian. O coração dela doía por ele, e ela derramou muitas lágrimas. Depois de ter Dimitri arrancado de mim, eu sabia como era perder esse tipo de amor, e eu jurei para mim mesma que eu faria algo para ajudar ela. Mas agora não era a hora. Ela e eu precisávamos nos reconectarmos primeiro.

“Mas você não conseguiu se impedir,” eu apontei. “Ela era muito forte na compulsão – especialmente quando ela fez você beber e matou suas defesas.”

“Yeah, mas nem todo mundo sabe ou vai entender isso.”

“Eles vão esquecer,” eu disse. “Eles sempre esquecem.”

Eu entendia a angustia dela por sua reputação, mas eu duvidava que houvesse um dano realmente permanente – fora Christian. Adrian e eu analisamos a manipulação de Avery e entendemos as coisas com o comentário de Simon sobre Lissa ter um infeliz acidente. Avery queria que Lissa parecesse instável naquele evento e Avery de alguma forma não teria a força para ressuscitar ela. Se Lissa realmente tivesse morrido, ninguém iria investigar muito. Depois de semanas de um comportamento maluco de bêbada, ela perder o controle e um acidente caindo da janela, seria trágico mas não uma possibilidade impossível.

“Espírito é um saco,” Lissa declarou. “Todos querem se aproveitar de você – não usuários como Victor e usuários como Avery. Eu juro, eu voltaria a meus remédios se não estivesse paranóica sobre me proteger de outras pessoas como Avery. Porque ela queria me matar e não o Adrian? Porque eu sou sempre o alvo?”

Eu não pude me impedir de sorrir apesar do assunto sério. “Porque ela queria você como serva e ele como namorado. Ela provavelmente queria um cara que fosse aumentar seu prestígio na sociedade e não poderia arriscar matar ele em uma tentativa ousada. Ou quem sabe? Talvez ela eventualmente tentasse com ele também.

Eu honestamente não ficaria surpresa dela se sentir ameaçada por você e só queria se certificar que ela tivesse a única outra usuária de espírito sob seu controle. Encare os fatos, Liss. Poderíamos passar horas tentando descobrir como Avery Lazar pensava e não chegar a lugar nenhum.”

“Verdade, verdade.” Ela saiu da cama e sentou perto de mim no chão. “Mas quer saber? Eu sinto que podemos falar sobre qualquer coisa por horas. Você está aqui a 10 minutos e é como... bem, é como se você nunca tivesse partido.”

“Yeah,” eu concordei. Antes dele ser um Strigoi, estar com Dimitri sempre pareceu natural e certo. Estar com Lissa também era natural e certo – embora fosse um diferente tipo de certo. Em minha dor por Dimitri, eu quase esqueci o que tinha com ela. Haviam dois lados de mim.

Naquele jeito estranho que ela tinha de adivinhar pensamentos, Lissa disse, “Eu falei sério sobre o que comentei mais cedo. Desculpe pelo que eu disse – sobre agir como se eu tivesse algum direito de mandar na sua vida. Eu não tenho. Se você decidir ficar e me guardar, você fará isso por sua própria escolha e sua bondade. Eu quero me certificar que você viva e escolha sua própria vida.”

“Não tem nada ‘gentil’ sobre isso. Eu sempre quis proteger você. Eu ainda quero.”

Eu suspirei. “É só que... eu só tinha coisas para cuidar. Eu tinha que me recompor – e desculpe por não ter lidado com você muito bem.” Havia muitas desculpas acontecendo, mas percebi que era assim que era com as pessoas que você se importa.

Você perdoa um ao outro e segue em frente.

Lissa hesitou antes de me perguntar a próxima pergunta, mas eu sabia que ela estava vindo. “Então... o que aconteceu? Você... você encontrou ele...?”

A principio, eu não achei que queria falar sobre isso, mas então percebi que eu precisava. E o negócio era que, algumas coisas diferentes tinham dado errado com Lissa e eu antes. Uma foi que ela me tomou como garantida. A outra é que eu não contei a ela a verdade – e então me ressenti com ela mais tarde. Se iríamos consertar essa amizade e perdoar uma a outra, tínhamos que nos certificar que não repetíssemos o passado.

“Eu encontrei ele,” eu disse finalmente.

E eu comecei a história, contando a ela sobre tudo o que tinha acontecido comigo: minha viagem, os Belikov, os alquimistas, Oksana e Mark, os não prometidos, e é claro, Dimitri. Como Lissa tinha brincado mais cedo, conversamos durante horas. Eu revelei meu coração para ela, e ela ouviu sem me julgar. O rosto dela era compassivo o tempo todo, e quando eu cheguei no fim, eu estava chorando, todo o amor e raiva e angustia que estive mantendo dentro de mim desde a noite na ponte explodiu para fora de mim. Eu não tinha contado a mais ninguém em Novosibirsk sobre o que exatamente eu estive fazendo durante meu tempo com Dimitri. Eu não me atrevi a contar a ninguém que fui uma meretriz de sangue para um Strigoi. Eu fui vaga, esperando que se eu não falasse sobre isso, talvez não fosse real.

Agora, com Lissa, eu tinha que aceitar a realidade de tudo e o que eu realmente sentia: eu tinha matado o homem que amava.

Uma batida na porta nos tirou do mundo que continha apenas eu e ela. Eu olhei para o relógio e me surpreendi por ver que já era quase hora do toque de recolher. Eu me perguntei se estava sendo expulsa. Mas quando Lissa abriu a porta – depois que eu rapidamente sequei meus olhos – o trabalhador que esperava na porta tinha uma mensagem diferente.

“Alberta quer ver você,” a mulher me disse. “Ela achou que você poderia estar aqui.”

Lissa e eu nos olhamos. “Quando? Agora?” eu perguntei.

A mulher deu de ombros. “Pelo jeito dela? Yeah, eu diria agora. Ou mais cedo.” Ela fechou a porta. Alberta era a capitã dos guardiões no campus, e quando ela falava, as pessoas agiam.

“Eu me pergunto sobre o que é isso?” perguntou Lissa.

Eu levantei, com pressa para sair. “Várias coisas eu imagino. Eu vou ver ela e voltar para a casa de hóspedes. Não que eu vá dormir. Não tenho idéia em que horário estou.”

Lissa me deu um abraço parcial, um que nós duas tivemos dificuldade para soltar.

“Boa sorte.”

Eu comecei a virar a maçaneta da porta e então pensei em algo. Eu tirei o anel de prata do meu dedo e entreguei para Lissa.

“É esse o anel que você – oh!” Ela colocou sua mão ao redor dele, o rosto dela ficando extasiado.

“Você consegue sentir a mágica nele?” eu perguntei.

“Yeah... está fraca, mas está aqui.” Ela ergueu o anel para a luz e o olhou. Ela provavelmente não iria notar quando saísse porque eu tinha o pressentimento que ela iria estudar o anel a noite toda. “É tão estranho. Eu posso quase imediatamente sentir como ela fez isso.”

“Mark disse que nós provavelmente vamos ter um tempo para passar antes de curar como eles fazem... mas talvez possamos descobrir como fazer amuletos enquanto esperamos?”

Os olhos de jade dela ainda estavam no anel. “Yeah... eu acho que posso.”

Eu sorri pela excitação dela e tentei sair de novo, mas ela pegou meu braço.

“Hey... Rose... eu sei que vou te ver amanhã, mas...”

“Mas o que?”

“Eu só queria dizer, depois de tudo o que aconteceu... bem, não quero que nunca mais a gente se separe desse jeito. Eu quero dizer, eu sei que não podemos ficar juntas a cada segundo – e que é meio bizarro mesmo – mas nos ligamos por uma razão. Fomos feitas para cuidar uma da outra e estar lá uma pela outra.”

As palavras dela mandaram calafrios através de mim, como se estivéssemos envolvidas em um poder maior do que nós mesmas. “Seremos.”

“Não, quero dizer... você sempre esteve lá por mim. Toda vez que estou em perigo, e você vem correndo para me salvar. Não mais.”

“Você não quer mais que eu te salve?”

“Não é o que eu quero! Eu quero estar lá por você também, Rose. Se eu posso dar um soco, eu posso fazer qualquer coisa. Embora aquilo tenha doido.” Ela exalou em frustração. “Deus, não estou fazendo sentido. Olha, o ponto é que se você tiver que sair sozinha, me leve com você. Não me deixe pra trás.”

“Liss –”

“Estou falando sério.” A beleza iluminada dela queimou com determinação e propósito. “Qualquer que seja o obstáculo que você tenha que passar, vou estar lá por você. Não passe por ele sozinha. Jure para mim que se você decidir ir embora de novo, você irá me levar. Vamos fazer isso juntas.”

Eu comecei a protestar enquanto um milhão de medos passavam pela minha mente. Como eu poderia arriscar a vida dela? Ainda sim, olhando pra ela, eu sabia que ela tinha razão. Para melhor ou para pior, tínhamos um laço do qual não podíamos escapar. Lissa estava de fato amarrada aquele pedaço da minha alma, e somos mais fortes lutando juntas do que separadas.

“Ok,” eu disse, batendo na mão dela. “Eu juro. Da próxima vez que eu sair para fazer algo idiota que pode me matar, você pode ir junto.”

0 Comments:

Postar um comentário