Alberta estava esperando por mim no escritório do prédio administrativo dos guardiões. O papel de Alberta como capitã aqui era incrível considerando o baixo números de mulheres no nosso rank. Ela estava nos seus cinqüenta anos e era uma das mulheres mais duronas que eu tinha conhecido. O cabelo cor de areia dela estava mostrando alguns grisalhos, e anos trabalhando do lado de fora tinham escurecido a pele dela.
“Bem vinda de volta, Rose,” ela disse, se levantando enquanto me aproximava. Ela certamente não me abraçou, e ela agia como negócios, mas o fato dela estar usando meu primeiro nome era um gesto generoso dela. Isso, e eu pensei ter visto uma faísca de alivio e felicidade nos olhos dela. “Vamos para o meu escritório.”
Eu nunca estive ali antes. Qualquer problema disciplinar que eu tinha com os guardiões normalmente eram dirigidos ao comitê. Sem surpresas, o escritório era impecável, tudo arrumado com uma eficiência militar. Sentamos em lados opostos da mesa dela, e eu me preparei para o interrogatório.
“Rose,” ela disse, se inclinando em minha direção. “Vou ser brusca com você. Não vou te dar sermão ou exigir explicações. Honestamente, já que você não é mais minha estudante, não tenho o direito de perguntar ou te dizer nada.”
Era como o que Adrian havia dito. “Você pode dar sermão,” eu disse a ela. “Eu sempre respeitei você e quero ouvir o que você tem a dizer.”
O fantasma de um sorriso passou no rosto dela. “Muito bem, o negócio é o seguinte. Você estragou tudo.”
“Wow. Você não estava brincando sobre ser brusca.”
“As razões não importam. Você não deveria ter partido. Você não deveria ter desistido. Sua educação e treinamento são muito valiosos – não importa o quanto você acha que sabe – e você é talentosa demais para arriscar jogar fora seu futuro.”
Eu quase ri. “Para falar a verdade? Não tenho mais certeza sobre qual é meu futuro.”
“E é por isso que você precisa se formar.”
“Mas eu desisti.”
Ela bufou. “Então volte!”
“Eu – o que? Como?”
“Com papelada. Como tudo no mundo.”
Para ser honesta, eu não sabia o que faria quando voltasse para cá. Minha preocupação imediata era Lissa – estar com ela e me certificar que ela estava bem. Eu sabia que não poderia mais ser oficialmente sua guardiã, mas achei que assim que estivéssemos juntas, ninguém poderia impedir ela de andar com uma amiga. Eu seria a guarda costas contratada dela, por assim dizer, como os que Abe tinha. E enquanto isso, eu iria andar pelo campus como Adrian.
Mas voltar?
“Eu... eu perdi um mês. Talvez mais. Meus dias estavam atrapalhados. Era a primeira semana de maio, e eu parti perto do fim de março, no meu aniversário.
Quando era isso? Cinco semanas? Quase seis?”
“Você perdeu dois anos e conseguiu alcançar. Tenho fé em você. E mesmo que você tenha problemas, se formar com notas baixas é melhor do que não se formar.”
Eu tentei me imaginar de volta nesse mundo. Realmente só havia passado um pouco mais de um mês? Aulas... intrigas do dia a dia... como eu poderia voltar a isso? Como eu poderia voltar para esta vida depois de ter visto o jeito que a família de Dimitri vivia, depois de estar e perder Dimitri – de novo. Ele teria dito que me amava?
“Eu não sei o que dizer,” eu disse a Alberta. “Isso é um pouco demais para absorver.”
“Bem, você deveria se decidir rapidamente. Quanto mais cedo você voltar para as aulas, melhor.”
“Eles realmente me deixariam voltar?” Essa era a parte que eu acha inacreditável.
“Eu vou permitir,” ela disse. “De jeito nenhum vou deixar alguém como você escapar. E agora que Lazar se foi... bem, as coisas estão malucas por aqui. Ninguém vai me dar muitos problemas para preencher a papelada.” O sorriso torto diminuiu um pouco. “E se eles nos derem problemas... eu fui levada a entender que você tem um benfeitor que pode cobrar alguns favores para suavizar as coisas.”
“Um benfeitor,” eu repeti. “Um benfeitor que usa roupas extravagantes e muitas jóias?”
Ela deu nos ombros. “Ninguém que eu conheça. Nem sei o nome dele – só que ele ameaçou retirar uma quantidade considerável de doação da escola se você não for aceita de volta. Se você quiser voltar.”
Yeah. Tratos e chantagem. Eu tinha certeza que sabia quem era meu benfeitor.
“Me dê um tempo para pensar. Eu vou decidir em breve – prometo.”
Ela franziu, pensativa, e então me deu um aceno. “Muito bem.”
Nós duas levantamos, e ela me levou até a entrada do prédio. Eu olhei para ela.
“Hey, se eu me formar... você acha que tem algum jeito de eu estar na fila para ser a guardiã oficial de Lissa de novo? Eu sei que eles já escolheram pessoas para ela e que estou em, ah, um pouco de desgraça.”
Paramos perto das portas, e Alberta pôs a mão no quadril. “Eu não sei. Podemos certamente tentar. A situação ficou muito mais complicada.”
“Yeah, eu sei,” eu disse tristemente, lembrando das ações de Tatiana.
“Mas, como eu disse, podemos tentar. O que eu disse sobre se formar com notas baixas? Você não irá. Bem, talvez em matemática e ciências – mas isso está fora do meu controle. Você será a melhor entre os novatos. Eu mesma vou trabalhar com você.”
“Ok,” eu disse, percebendo a concessão da parte dela. “Obrigada.”
Eu tinha acabado de sair quando ela chamou meu nome. “Rose?”
Eu peguei a porta e olhei para trás. “Yeah?”
O rosto de Alberta ficou gentil... algo que nunca vi antes. “Sinto muito,” ela disse.
“Sinto muito por tudo que aconteceu. E que nenhum de nós possa fazer nada sobre isso.”
Eu vi nos olhos dela então que ela sabia sobre Dimitri e eu. Eu não tinha certeza de como. Talvez ela tenha ouvido depois da batalha; talvez ela tenha adivinhado de antemão. Independentemente, não havia punição no rosto dela, só um pesar e empatia sincera. Eu dei a ela um breve aceno de reconhecimento e saí. Eu encontrei Christian no dia seguinte, mas nossa conversa foi breve. Ele estava a caminho de se encontrar com alguns dos estudantes dele e já estava atrasado. Mas ele me abraçou e parecia genuinamente feliz em me ver. Mostrava o quão longe tínhamos chegado, considerando a relação antagonista que tivemos quando nos conhecemos.
“Já era hora,” ele disse. “Lissa e Adrian se dividiram na preocupação com você, mas eles não foram os únicos. E alguém precisa colocar Adrian em seu lugar, sabe. Eu não posso fazer isso o tempo todo.”
“Obrigado. Me mata dizer isso, mas eu senti sua falta também. O sarcasmo de ninguém se compara ao seu na Rússia.” Minha diversão caiu. “Mas já que você mencionou Lissa –”
“Não, não.” Ele ergueu a mão em forma de protesto, o rosto endurecendo. “Eu sabia que você iria ir aí.”
“Christian! Ela te ama. Você sabe que o que aconteceu não fui culpa dela –”
“Eu sei disso,” ele interrompeu. “Mas não significa que não doeu. Rose, eu sei que é a sua natureza se intrometer e dizer o que todo mundo tem medo, mas por favor... não dessa vez. Eu preciso de tempo para entender as coisas.”
Eu tive que engolir muitos comentários. Lissa tinha mencionado Christian em nossa conversa ontem. O que aconteceu entre eles era um dos maiores arrependimentos dela – provavelmente a coisa que ela odiava mais em Avery. Lissa queria se aproximar dele e fazer as pazes, mas ele manteve distância. E sim, ele tinha razão. Eu não deveria me intrometer – ainda. Mas eu precisava consertar isso. Então eu respeitei os desejos dele e simplesmente acenei. “Ok. Por agora.”
Minhas últimas palavras fizeram o sorriso dele se entortar um pouco. “Obrigado. Olha, eu tenho que ir. Se algum dia você quiser mostrar para aqueles garotos como chutar traseiros do jeito antigo, apareça. Jill iria desmaiar se te visse de novo.”
Eu disse a ele que iria e deixei ele ir, já que eu tinha lugares para estar. Mas de jeito nenhum eu tinha terminado com ele. Eu tinha um encontro com Adrian e Lissa, em um dos lounges da minha casa de convidado. Falar com Christian me atrasou, e eu corri pelo lobby do prédio, mal olhando meus arredores.
“Sempre com pressa,” uma voz disse. “É de se admirar que alguém consiga fazer você parar de se mover.”
Eu parei e virei, meus olhos largos. “Mãe...”
Ela estava inclinada contra a parede, os braços cruzados, com seu cabelo ruivo tão encaracolado e bagunçado quanto o meu. O rosto dela, manchado como o de Alberta por enfrentar o clima, estava cheio de alivio e – amor. Não havia raiva e nem condenação. Eu nunca fiquei tão feliz em ver ela na minha vida.
Eu estava nos braços dela em um instante, descansando minha cabeça no peito dela embora ela fosse mais baixa que eu.
“Rose, Rose,” ela disse através do meu cabelo. “Nunca mais faça isso. Por favor.”
Eu me afastei e olhei para o rosto dela, surpresa por ver lágrimas saírem dos olhos dela. Eu tinha visto minha mãe chorar depois do ataque na escola, mas nunca, nunca eu a vi chorar por completo. Certamente não por mim. Me fez querer chorar também, e eu inutilmente tentei secar o rosto dela com o cachecol de Abe.
“Não, não, está tudo bem. Não chore,” eu disse, achando estranho a troca de papéis. “Desculpe. Não vou fazer isso de novo. Senti tanto a sua falta.”
Era verdade. Eu amava Olena Belikov. Eu achava que ela era gentil e maravilhosa e eu iria guardar as memórias dela me confortando sobre Dimitri e sempre saindo do seu caminho para me alimentar. Em outra vida, ela poderia ter sido minha sogra. Nessa, eu sempre iria considerar ela como uma mãe adotiva. Mas ela não era minha verdadeira mãe. Janine Hathaway era. E parada ali com ela, eu estava tão feliz – tão, tão feliz – por ser filha dela. Ela não era perfeita, mas ninguém é, como eu estava aprendendo. Ela era, no
entanto, boa e corajosa e feroz e compassiva – e eu acho que ela me entendia melhor do que eu perco as vezes. Se eu pudesse ser metade da mulher que ela era, minha vida seria bem gasta.
“Eu estava tão preocupada,” ela me disse, se recuperando. “Onde você foi – eu quero dizer eu sei que você foi para Rússia... mas porque?”
“Eu pensei...” Eu engoli e de novo vi Dimitri com minha estaca no peito. “Bem, tinha algo que eu precisava fazer. Eu pensei que tinha que ir fazer sozinha.” Eu não tinha certeza sobre essa última parte agora. Verdade, eu tinha completado meu objetivo por conta própria, mas eu estava percebendo agora quantas pessoas me amavam e estavam aqui por mim. Quem sabe o quão diferente as coisas poderiam ter sido se eu pedisse ajuda? Talvez tivesse sido mais fácil.
“Eu tenho muitas perguntas,” ela avisou.
A voz dela endureceu, e eu sorri. Agora ela voltou a ser a Janine Hathaway que eu conhecia. E eu a amava por isso. Os olhos dela passaram por meu rosto e então para meu pescoço, e eu vi ela endurecer. Por um momento de pânico, eu me perguntei se Oksana tinha esquecido de curar uma das marcas de mordida. A idéia de minha mãe ver o que eu tinha me rebaixado a fazer na Sibéria fez meu coração parar. Ao invés disso, ela se esticou e tocou as cores brilhantes do cachecol de cashmere, o rosto dela cheio de admiração tanto quanto choque. “Isso... isso é o cachecol de Ibrahim... é uma herança de família...”
“Não, pertence a um gangster moderno chamado Abe...”
Eu parei assim que o nome cruzou meus lábios. Abe. Ibrahim. Ouvir os dois em voz alta me fez perceber o quão similar eles eram. Abe... Abe era apelido para Abraham em inglês. Abraham, Ibrahim. Só havia uma pequena variação. Abraham era um nome comum o bastante nos EUA, mas só ouvi Ibrahim uma vez, falado pela rainha Tatiana quando ela estava se referindo a alguém com quem minha mãe tinha se envolvido...
“Mãe,” eu disse descrente. “Você conhece Abe.”
Ela ainda estava tocando o cachecol, olhos mais uma vez cheios de emoção – mas de um tipo diferente do que ela tinha para mim. “Sim, Rose. Eu conheço ele.”
“Por favor não me diga...” Oh, cara. Porque eu não podia ser uma ilegítima meia-real como Robert Doru? Ou até a filha do carteiro? “Por favor não me diga que Abe é meu pai...”
Ela não precisou me dizer. Estava na cara dela, a expressão sonhadora lembrando um outro tempo e lugar – um tempo e lugar que sem duvidas tinha envolvido minha concepção. Ugh.
“Oh, Deus,” eu disse. “Eu sou a filha de Zmey. Zmey Junior. Zmeyette, até.”
Isso chamou a atenção dela. Ela olhou para mim. “Do que diabos você está falando?”
“Nada,” eu disse. Eu estava atordoada, tentando desesperadamente pensar nessa novidade em meu mundo. Eu convoquei uma imagem daquele rosto todo e com barba, os olhos e cabelos escuros... sim, eram os mesmo que os de Abe. Eu sempre soube que meu pai era turco.
Esse era o misterioso sotaque de Abe, o que não era russo mais ainda era estrangeiro para meus ouvidos. Ibrahim deve ser a versão turca para Abraham.
“Como?” eu perguntei. “Como diabos você se envolveu com alguém assim?”
Ela parecia ofendida. “Ibrahim é um homem maravilhoso. Você não o conhece como eu.”
“Obviamente.” Eu hesitei. “Mãe... o que Abe faz para viver?”
“Ele é um negociante. E ele conhece e faz favores para muita gente, e é por isso que ele tem a influencia que tem.”
“Mas que tipo de negócio? Eu ouvi falar em ilegais. Não é... oh Deus. Por favor não me diga que ele vende meretrizes de sangue ou algo assim.”
“O que?” ela parecia chocada. “Não. É claro que não.”
“Mas ele faz coisas ilegais.”
“Quem disse? Ele nunca foi pego com nada ilegal.”
“Eu juro, você quase soou como se estivesse tentando fazer uma piada.” Eu nunca teria esperado que ela defendesse um criminoso, mas eu sabia melhor que a maioria sobre o que o amor poderia nos fazer coisas malucas.
“Se ele quiser te dizer, ele vai te dizer. Fim da história, Rose. Além do mais, você certamente tem sua conta de segredos também. Vocês dois tem muito em comum.”
“Você está brincando? Ele é arrogante, sarcástico, gosta de intimidar as pessoas, e – oh.” Ok. Talvez ela tivesse razão.
Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela. “Eu nunca realmente esperei que você o conhecesse desse jeito. Eu nunca esperei que você o conhecesse, ponto final. Nós dois
achamos que seria melhor se ele não se envolvesse em sua vida.”
Um novo pensamento me ocorreu. “Foi você, não foi? Você contratou ele para me encontrar.”
“O que? Eu o contatei quando você sumiu... mas eu certamente não o contratei.”
“Então quem foi?” eu me perguntei. “Ele disse que ele estava trabalhando para alguém.”
O sorriso cheio de amor remanescente se tornou torto. “Rose, Ibrahim Mazur não trabalha para ninguém. Ele não é o tipo de pessoa que você pode contratar.”
“Mas ele disse... espera. Porque ele estava me seguindo? Você está dizendo que ele estava mentindo?”
“Bem,” ela admitiu, “não seria a primeira vez. Se ele estava te seguindo, não era porque alguém estava obrigando ou pagando ele. Ele o fez porque queria. Ele queria te encontrar e se certificar que você estava bem. Ele se certificou que todos os seus contatos soubessem te procurar.”
Eu repassei minha breve história com Abe. Sombria, insultante, enfurecida. Mas ele dirigiu pela noite para me resgatar quando fui atacada, foi fiel a seu objetivo de me trazer de volta para a escola em segurança, e aparentemente tinha me dado uma herança porque ele achava que eu fosse ficar com frio no meu caminho para casa. Ele é um homem maravilhoso, minha mãe havia dito.
Eu suponho que existam pais piores para se ter.
“Rose, aí está você. Porque demorou tanto?” Minha mãe e eu viramos enquanto Lissa entrava no lobby, o rosto dela
brilhando quando ela me viu. “Andem – as duas. A comida está esfriando. E você não vai acreditar no que Adrian conseguiu.”
Minha mãe e eu trocamos um breve olhar, nenhuma de nós precisando falar. Tínhamos uma longa conversa diante de nós, mas teria que esperar. Eu não fazia idéia de como Adrian tinha arranjado isso, mas quando chegamos no lounge, havia comida chinesa na mesa. A academia quase nunca servia, e mesmo quando servia, nunca tinha o gosto... certo. Mas essa era da boa. Tigelas e tigelas de frango com molho agridoce e omelete. Em um canto estava uma lata de lixo, e eu vi uns desenhos de entrega com um endereço em Missouri escrito do lado.
“Como diabos você trouxe isso para cá?” eu exigi. Não apenas isso, ainda estava quente.
“Não questione essas coisas, Rose,” disse Adrian, olhando para seu prato com arroz frito. Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo. “Só deixe rolar. Assim que Alberta acertar sua papelada, você vai comer assim todo dia.”
Eu parei no meio da mastigação. “Como você sabe disso?”
Ele meramente piscou. “Quando você não tem nada para fazer a não ser andar pelo campus o tempo todo, você capta as coisas.”
Lissa olhou entre nós. Ela esteve em aula o dia todo, e não tivemos muito tempo para conversar. “O que é isso?”
“Alberta quer que eu me matricule de novo e me forme,” eu expliquei. Lissa quase derrubou seu prato. “Ela vai deixar?”
“Foi o que ela me disse.” Eu disse.
“Então aceite!” minha mãe exclamou.
“Sabe,” disse Adrian, “eu meio que gosto da idéia de nós cairmos na estrada juntos.”
“Tanto faz,” eu respondi. “Você provavelmente não me deixaria dirigir;”
“Pare com isso,” minha mãe estava firmemente de volta a si, nenhuma dor sobre a partida de sua filha ou seu amor perdido. “Você precisa levar isso a sério. Seu futuro está em jogo.” Ela acenou em direção a Lissa. “O futuro dela está em jogo. Termine sua educação aqui e seja guardiã e –”
“Sim,” eu disse.
“Sim?” ela perguntou, confusa.
Eu sorri. “Sim, eu concordo.”
“Você concorda... comigo?” Eu acho que minha mãe não conseguia se lembrar de isso acontecendo. Nem eu conseguiam para falar a verdade.
“Yup. Eu faço os testes, me formo, e me torno um membro respeitável da sociedade como puder. Não que soe muito divertido,” eu provoquei. Eu mantive meu tom leve, mas por dentro, eu sabia que precisava disso. Eu precisava voltar para as pessoas que me amavam. Eu precisava de um novo propósito, caso contrário eu nunca iria superar Dimitri. Eu nunca iria parar de ver o rosto dele ou ouvir sua voz.
Ao meu lado, Lissa ofegou e apertou suas mãos juntas. Sua alegria me inundou. Adrian não exibia suas emoções tão abertamente, mas eu podia ver que ele também estava contente por me ter por perto. Minha mãe ainda parecia meio atordoada. Eu acho que ela estava acostumada comigo sendo irracional – o que, normalmente, eu era.
“Você realmente irá ficar?” ela perguntou.
“Bom Deus.” Eu ri. “Quantas vezes eu tenho que dizer isso? Sim, eu irei voltar para a escola.”
“E ficar?” ela incitou. “Os dois meses e meio inteiros?”
“Isto não está implícito?”
Seus rosto estava sério – e mais como o de mãe. “Eu quero ter certeza se você não vai planejar e fugir de novo. Você irá ficar e terminar o ensino não importa o que? Vai ficar até a sua graduação? Você promete?”
Eu encontrei os olhos dela, surpresa com a sua intensidade. “Sim, sim. Eu prometo.”
“Excelente,” ela disse. “Você ficará contente que fez isso ao decorrer da vida.”
Suas palavras eram do tipo formal de guardião, mas em seus olhos, eu vi amor e alegria.
Nós terminamos o jantar e ajudamos a empilhar os pratos na área do serviço de limpeza. Enquanto raspava restos de comida em uma lata de lixo, eu senti Adrian ao meu lado.
“Isso é muito doméstico de você,” ele disse. “É meio excitante, realmente. Me dando todo o tipo de fantasias sobre você em um avental aspirando minha casa.”
“Oh, Adrian, como eu senti falta de você,” eu disse rolando os olhos. “Eu não suponho que você vá ajudar?”
“Nah. Eu ajudei quando eu comi tudo no meu prato. Nenhuma sujeira no caminho.” Ela pausou. “E sim, você é bem vinda.”
Eu ri. “Você sabe, foi uma boa coisa que você não falou muito enquanto eu prometia a mamãe que eu ficaria aqui. Eu poderia ter mudado de idéia.”
“Não estou certo se você conseguiria ter ficado contra ela. Sua mãe parece como alguém que muitas vezes consegue as coisa que quer.” Ele lançou um olhar disfarçado para onde Lissa e minha mãe estavam conversando do outro lado da sala. Ele abaixou a voz. “Isso deve ser de família. Em fato, talvez eu devesse pedir a ajuda dela em algo.”
“Adquirir cigarros ilegais?”
“Chamar sua filha para sair.”
Eu quase derrubei o prato que segurava. “Você me chamou para sair uma tonelada de vezes.”
“Não de verdade. Eu fiz sugestões inapropriadas freqüentemente seguidas por nudez. Mas eu nunca chamei você para sair para um encontro real. E, se memória serve, você disse que me daria uma justa chance uma vez que eu deixasse você limpar meu fundo de garantia.”
“Eu não limpei ele,” eu zombei.
Mas estando ali, olhando para ele, eu lembrei que eu tinha dito que se sobrevivesse a minha busca por Dimitri, eu daria a Adrian uma chance. Eu teria dito qualquer coisa para conseguir o dinheiro que eu precisava na época, mas agora, eu via Adrian por novos olhos. Eu não estava pronta para casar com ele por nenhum desenrolar da imaginação, nem eu o considerava material confiável para namorar. Eu nem mesmo sabia se eu queria um namorado algum dia.
Mas ele tinha sido um bom amigo para mim e todo mundo durante todo esse caos. Ele foi carinhoso e firme, e sim, eu não podia negar... que mesmo com um pálido olho preto, ela ainda era extraordinariamente bonito.
E apesar disso não dever importar, Lissa tinha conseguido fazer ele confessar que boa parte da paixão cega dele por Avery foi induzida por compulsão. Ele gostava dela mas não tinha sido querer uma ligação romântica, mas os poderes dela tinha aumentado a intensidade para mais do que ele realmente sentia. Ou assim ele dizia. Se eu fosse um cara e tudo isso tivesse acontecido comigo, eu provavelmente diria que estava sob a influência de mágica também.
Ainda, do jeito que ele olhava para mim agora, eu achei difícil de acreditar que alguém tinha tomado o meu lugar para ele no último mês ou algo assim.
“Me faça uma oferta,” eu disse finalmente. “Escreva ela, e me dê um esboço ponto por ponto do porque você é um bom suposto pretendente.”
Ele começou a rir, então olhou para a minha cara. “Seriamente? Isso é como dever de casa. Há uma razão para eu não estar na faculdade.”
Eu estralei os dedos. “Faça, Ivashkov. Eu quero ver você passar por um bom dia de trabalho.”
Eu esperei uma piada ou um pode esperar, mas ao invés, ele disse, “Ok.”
“Ok?” Agora eu me senti como minha mãe tinha sentido mais cedo, quando eu concordei rapidamente com ela.
“Yep. Eu estou indo de volta para o meu quarto agora para começar traçar minha tarefa.”
Eu o fitei incredulamente enquanto ele alcançava algo no seu casaco. Eu nunca tinha visto Adrian se mover tão rápido quando qualquer tipo de trabalho estava envolvido. Oh não. No que eu tinha me enfiado?
Ele de repente pausou e alcançou o bolso de seu casaco com um sorriso exasperante. “Na verdade, eu já praticamente te escrevi um ensaio. Quase esqueci.” Ele pegou um pedaço de papel dobrado e balançou isso no ar. “Você tem que arrumar um telefone para você. Eu não irei ser sua secretária outra vez.”
“O que é isso?”
“Um cara estrangeiro me ligou mais cedo... disse que meu número estava na memória do telefone dele.” De novo, Adrian olhou para Lissa e minha mãe. Elas ainda estavam concentradas na conversa. “Ele disse que tinha uma mensagem para você e não queria que eu dissesse para mais ninguém. Ele me fez escrevê-la e lê-la de volta para ele. Você é a única pessoa pela qual eu faria isso, você sabe. Eu acho que eu vou mencionar isso quando eu escrever minha proposta de encontro.”
“você poderia apenas me entregar isso?”
Ele me passou a nota com uma piscada, me fazendo uma reverencia, e então disse boa noite para Lissa e minha mãe. Eu meio que me perguntei se ele realmente estava indo escrever uma proposta de encontro. Principalmente, minha atenção estava na nota. Eu não tinha nenhuma duvida de quem tinha ligado para ele. Eu usei o telefone de Abe para ligar para Adrian em Novosibirsk e tinha depois dito a Abe sobre o envolvimento financeiro de Adrian na minha viagem. Aparentemente, meu pai – ugh, esse ainda era um pensamento surreal – tinha decidido que aquilo fazia de Adrian confiável, entretanto eu me perguntei porque minha mãe não poderia ter sido usada como mensageira.
Eu desdobrei a nota, e levei alguns segundos para decifrar a letra de Adrian. Se ele fosse me escrever uma proposta de encontro, eu realmente espero que ele digite. A nota dizia:
Mandei uma mensagem para o irmão de Robert. Ele me disse que não havia nada que eu pudesse oferecer que faria ele revelar a localização de Robert – e acredite em mim, eu tenho muito a oferecer. Assim ele disse enquanto ele tiver que passar o resto da vida dele lá, a informação morreria com ele. Pensei que você gostaria de saber.
Era dificilmente o bem que Adrian queria que fosse. Talvez era um pouco críptico, mas então, Abe não iria querer seu conteúdo facilmente entendido por Adrian. Para mim, o significado era claro. O irmão de Robert era Victor Dashkov. Abe tinha de alguma forma enviado uma mensagem na qualquer que fosse horrível e remota prisão que ele estava preso. (De alguma forma, não me surpreendeu que Abe conseguisse fazer isso.) Abe sem duvidas tinha tentado um dos seus tratos com Victor para descobrir onde Robert estava, mas Victor recusou. Nenhuma surpresa nisso também. Victor não era a pessoa mais prestativa, e eu não poderia culpar ele totalmente agora. O cara estava trancado para sempre “lá” – na prisão. O que alguém poderia oferecer a um homem condenado que faria diferença em sua vida?
Eu suspirei e guardei o bilhete, de alguma forma tocada pelo que Abe tinha feito por mim, por mais inútil que tenha sido. E de novo, o mesmo argumento me veio a cabeça. Mesmo que Victor não tenha dado a localização de Robert, porque importava?
Quanto mais eu pensava sobre os eventos na Rússia, mais ridículo se tornava se quer considerar transformar um Strigoi de volta a sua forma original. Só a verdadeira morte podia libertar eles, só a morte.... A voz da minha mãe me poupou de reviver a cena na ponte mais uma vez na minha cabeça. Ela me disse que tinha que partir mais prometeu que conversaríamos mais tarde. Assim que ela se foi, Lissa e eu nos certificamos que tudo estava arrumado no lounge antes de ir para o meu quarto. Ela e eu ainda tínhamos muito que conversar. Nós subimos, e eu me perguntei sobre quando eles iriam me tirar da casa de hóspedes e voltar para o dormitório. Provavelmente quando Alberta terminasse com a fita vermelha. Ainda parecia impossível aceitar que eu iria ser capaz de voltar a minha velha vida e seguir em frente pelo que tinha acontecido no ultimo mês.
“Adrian te deu uma carta de amor?” Lissa me perguntou. A voz dela era provocativa, mas através do laço, eu sabia que ela ainda estava preocupada sobre meu luto por Dimitri.
“Ainda não,” eu disse. “Explico mais tarde.”
Fora do meu quarto, um dos atendentes estava prestes a bater na porta. Quando ela me viu, ela me entregou um grosso envelope. “Estava trazendo para você. Chegou hoje pelo correio.”
“Obrigada,” eu disse.
Eu peguei dela e olhei. Meu nome e o endereço da St. Vladimir estavam escritos numa excelente caligrafia, o que achei estranho, já que minha chegada aqui tinha sido repentina. Não havia endereço para devolução, mas tinha
carimbos da Rússia e foi entregue por correspondência global.
“Você sabe de quem é?” Lissa perguntou quando a mulher se foi.
“Não sei. Eu conheci muitas pessoas na Rússia.” Poderia ser de Olena, Mark, ou Sydney. Ainda sim... algo que eu não conseguia explicar me colocou em alerta. Eu abri de um lado e virei. Minha mão se fechou ao redor de algo frio e metálico. Eu sabia o que era antes de eu puxar para fora. Era uma estaca de prata.
“Oh Deus,” eu disse.
Eu virei a estaca, passando meus dedos pelo padrão geométrico na sua base. Não havia duvidas. Era única. Essa era a estaca que peguei do cofre de Galina. A que eu – “Porque alguém te mandaria uma estaca?” perguntou Lissa.
Eu não respondi e ao invés disso peguei o próximo item dentro do envelope. Uma pequena nota. Ali, em uma letra que eu conhecia bem demais, dizia:
Você esqueceu outra lição: Nunca vire suas costas até ter certeza que seu inimigo está morto. Parece que vamos ter que repassar a lição da próxima vez que eu te ver – que vai ser logo.
Amor, D.
“Oh,” eu disse, quase derrubando o cartão. “Isso não é bom.”
O mundo girou por um momento, e eu fechei meus olhos, respirando fundo. Pela centésima vez, eu repassei os eventos na noite que escapei de Dimitri. Cada vez, minhas emoções e atenção estavam sempre no rosto dele quando
eu o empalei, a visão do corpo dele caindo na água negra. Agora minha mente convocou os detalhes da luta. Eu lembrei como o desvio de último minuto dele tinha interferido com minha mira ao coração. Por um momento lá, eu não consegui afundar a estaca o bastante – até que vi o rosto dele ficar calmo e vi ele cair.
Mas eu não tinha afundado a estaca o bastante. Meu primeiro instinto estava certo, mas as coisas aconteceram rápido demais. Ele caiu... e então o que? A estaca estava solta o bastante para cair sozinha? Ele foi capaz de tirar ela? O impacto no rio a derrubou?
“Todos aqueles bonecos de prática, para nada,” eu murmurei, lembrando de como Dimitri me fez enfiar de novo e de novo a estaca no peito deles para que passasse as costelas e entrasse no coração.
“Rose,” exclamou Lissa. Eu tinha o pressentimento que essa não era a primeira vez que ela dizia meu nome. “O que está acontecendo?
A morte mais importante da minha vida... e eu a perdi. O que iria acontecer agora? Parece que teremos que repassar a lição da próxima vez que eu te ver – o que vai ser logo.
Eu não sabia o que sentir. Desespero por não ter libertado a alma de Dimitri e cumprido a promessa que eu tinha secretamente feito a ele? Alivio por não ter matado o homem que eu amava? E sempre, sempre a pergunta: Ele teria dito que me amava se tivéssemos tido alguns momentos a mais?
Eu ainda não tinha respostas. Minhas emoções estavam passando feito loucas, e eu precisava deixar elas na espera
e analisar o que eu sabia aqui. Primeiro: dois meses e meio. Eu prometi a minha mãe dois meses e meio.
Nenhuma ação até lá.
Enquanto isso, Dimitri ainda estava andando por aí, ainda um Strigoi. Enquanto ele estivesse solto no mundo, não haveria paz para mim. Nenhum encerramento. Olhando para o cartão de novo, eu percebi que não teria paz nem se tentasse ignorar ele. Eu entendi a mensagem no cartão.
Dimitri estava vindo atrás de mim dessa vez. E algo me disse que eu tinha estragado minha chance de ser transformada em Strigoi. Ele estava vindo me matar. O que ele tinha dito quando escapei da mansão? Que de jeito nenhum nós dois poderíamos viver no mundo? E ainda sim, talvez pudéssemos...
Quando eu não respondi ela imediatamente, Lissa ficou mais preocupada. “Seu rosto está me assustando um pouco. O que você está pensando?”
“Você acredita em contos de fadas?” eu perguntei, olhando nos olhos dela. Mesmo enquanto dizia as palavras, eu podia imaginar Mark desaprovando.
“O que... que tipo de conto?”
“Do tipo não são para você desperdiçar sua vida.”
“Eu não entendo,” ela disse. “Estou totalmente perdida. Me diga o que está acontecendo. O que posso fazer?”
Dois meses e meio. Eu tinha que ficar aqui por dois meses e meio – parecia uma eternidade. Mas prometi a minha mãe que ficaria, e me recusava a ser apressada de novo – particularmente com as apostas tão altas. Promessas. Eu
estava me afogando em promessas. Eu tinha até prometido a Lissa algo.
“Você falou sério antes? Você quer ir comigo na minha próxima busca maluca? Não importa o que?”
“Sim.” Não havia incerteza ou hesitação na palavra, nenhum vacilo nos olhos verdes dela. É claro, eu me pergunto se ela se sentiria da mesma forma quando ela descobrisse o que iríamos fazer.
O que alguém poderia oferecer a um homem condenado que fizesse diferença em sua vida?
Eu ponderei sobre isso mais cedo, tentando entender o que faria Victor Dashkov falar. Victor tinha dito a Abe que não havia nada que ninguém pudesse oferecer que fizesse ele dar informações sobre a legendaria habilidade do seu irmão de restaurar Strigoi. Victor estava cumprindo uma sentença de prisão perpétua; nenhum suborno poderia importar mais para ele. Mas uma coisa poderia, eu percebi. Liberdade. E só havia uma forma de conseguir isso.
Teríamos que tirar Victor Dashkov da prisão.
Mas eu decidi não mencionar isso para Lissa ainda.
E eu sabia que por agora eu tinha uma chance de salvar Dimitri. Mark disse que era um conto de fadas, mas eu teria que arriscar. A pergunta era: quanto tempo eu tinha até que Dimitri viesse me matar? Quanto tempo eu tinha para descobrir se o impossível era na verdade possível? Esse era o verdadeiro problema. Porque se Dimitri aparecesse antes de eu ter a chance de encontrar o dragão dessa história – Victor – as coisas iriam ficar feias. Talvez toda essa coisa do Robert fosse uma enorme mentira, mas mesmo que não
fosse... bem, o tempo estava passando. Se Dimitri viesse até mim antes de eu conseguir pegar Victor e Robert, eu teria que lutar com ele. Sem duvidas. Eu não poderia esperar uma cura mágica. Eu teria que matar Dimitri para valer dessa vez e perder qualquer chance que eu poderia ter de trazer de volta meu príncipe.
Merda.
É uma boa coisa eu trabalhar bem sob pressão.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 30
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
às 20:44
Marcadores: Academia de Vampiros, Promessa de Sangue
0 Comments:
Postar um comentário