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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Capitulo 13

No dia seguinte, ao voltar para casa, depois do trabalho, lembro de 

minha mãe. No Clayton's o dia foi relativamente tranquilo, tive muito tempo 

para pensar. 

Eu estou inquieta, nervosa, porque amanhã terei que enfrentar o obcecado 

por controle, e no fundo, eu estou preocupada porque possivelmente fui 

muito negativa em minha resposta ao contrato. Talvez ele vá desistir da coisa 

toda. 

 Minha mãe está muito triste, sente muito por não poder vir à entrega 

do diploma. Bob torceu um ligamento e esta mancando. Honestamente, ele é 

tão propenso a acidentes como eu sou. Ele deverá se recuperar sem 

problemas, mas tem que fazer repouso, e minha mãe tem que atendê-lo o 

tempo todo. 

 — Ana, querida, sinto muitíssimo, — lamenta minha mãe ao telefone. 

 — Mãe, está tudo bem. Ray estará aqui. 

 — Ana, parece distraída... você está bem, querida? 

 — Sim, mamãe. — Oh, se você soubesse... conheci um cara 

escandalosamente rico, que quer manter comigo uma espécie de estranha e 

perversa relação sexual, em que eu não tenho nem palavras nem opinião. 

 — Conheceu alguém? 

 — Não, mamãe. — Agora mesmo não gostaria de falar do assunto. 

 — Bem, querida, na quinta-feira, eu pensarei em você. Amo você... vou 

sabe disso, querida? — Fecho os olhos. Suas carinhosas palavras me 

reconfortavam. 

 — Eu também te amo, mamãe. Dê meu olá para Bob. Espero que se 

recupere logo. 

— Certo, querida. Adeus. 

— Adeus. 

 Enquanto falava com mamãe, entrei em meu quarto. Ligo meu 

computador infernal e abro a caixa de correio. Tenho um e-mail do 

Christian, da última hora de ontem à noite ou primeira hora desta manhã, 

dependendo de como você veja a coisa. Meu coração acelera 

instantaneamente, e ouço o sangue bombear em meus ouvidos. Maldito 

seja... talvez ele me diga que não... certo... talvez tenha cancelado o jantar. A 

ideia me parece dolorosa. Descarto-a rapidamente e abro o email. 

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De: Christian Grey 

 Data: 24 de maio de 2011 01:27 

 Para: Anastásia Steele 

 Assunto: Suas objeções 

 Querida senhorita Steele: 

 Depois de revisar com mais detalhe suas objeções, permita-me lhe 

recordar a definição de submisso. 

Submisso - adjetivo 

 1. inclinado ou disposto a submeter-se; que obedece humildemente: 

servente submisso. 

 2. que indica submissão: uma resposta submissa. 

 Origem: 1580-1590; submeter-se, submissão 

 Sinônimos: 

1. obediente, complacente, humilde. 

2. passivo, resignado, paciente, dócil, contido. 



Antônimos: 

1. rebelde, desobediente. 

 Por favor, tenha isso em mente quando nos reunirmos na quarta-feira. 

Christian Grey 

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc. 



Meu sentimento inicial foi de alívio. Ao menos está disposto a 

comentar minhas objeções e ainda quer que nos vejamos amanhã. Penso um 

pouco e lhe respondo. 

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 De: Anastásia Steele 

 Data: 24 de maio de 2011 18:29 

 Para: Christian Grey 

 Assunto: Minhas objeções... O que acontece com as suas? 

 Senhor: 

 Rogo-lhe que observe a data de origem: 1580-1590. Queria recordar ao 

senhor, com todo respeito, que estamos em 2011. Percorremos um longo 

caminho desde então. 

 Permita-me lhe oferecer uma definição para que a tenha em conta em 

nossa reunião: 

Compromisso: essencial 

 1. chegar a um entendimento mediante concessões mútuas; alcançar 

um acordo ajustando exigências ou princípios em conflito ou oposição 

mediante a recíproca modificação das demandas. 

2. O resultado de certo acordo. 

3. Algo intermediário entre duas coisas diferentes. A divisão de nível é um 

compromisso entre uma casa de fazenda e uma de muitos andares. 

4. Um comprometimento, especialmente da reputação; expor em perigo, 

suspeita, etc.: comprometer a integridade de alguém. 

Ana 

 De: Christian Grey 

 Data: 24 de maio de 2011 18:32 

 Para: Anastásia Steele 

 Assunto: O que acontece com minhas objeções? 

 Bem entendido, como sempre, senhorita Steele. Passarei para pegá-la 

em sua casa às sete em ponto. 



Christian Grey 

 CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc. 

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De: AnastásiaSteele 

 Data: 24 de maio de 2011 18:40 

 Para: Christian Grey 

 Assunto: 2011 - As mulheres sabem dirigir 

 Senhor, 

 Tenho carro e sei dirigir. 

 Preferiria que nos encontrássemos em outro lugar. 

 Onde nos encontramos? 

 Em seu hotel às sete? 

 Ana 

 De: Christian Grey 

 Data: 24 de maio de 2011 18:43 

 Para: Anastásia Steele 

 Assunto: Jovenzinha teimosa 

 Querida senhorita Steele: 

 Remeto ao meu e-mail de 24 de maio de 2011, enviado a 01:27, e à 

definição que contém. 

 Acredita que será capaz de fazer o que lhe diga? 

Christian Grey 

 CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc. 



 De: Anastásia Steele 

 Data: 24 de maio de 2011 18:49 

 Para: Christian Grey 

 Assunto: Homem intratável 

 Senhor Grey, 

Eu prefiro dirigir. 

 Por favor. 

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 Ana 

 De: Christian Grey 

 Data: 24 de maio de 2011 18:52 

 Para: Anastásia Steele 

Assunto: Homem exasperado 

 Muito bem. 

 Em meu hotel às sete. 

 Vemo-nos no Marble Bar. 

 Christian Grey 

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc. 

Até por e-mail fica de mau humor. Não entende que posso precisar sair 

correndo? Não que minha lata-velha seja muito rápida... mas mesmo assim, 

necessito de uma via de escape. 

 De: Anastásia Steele 

 Data: 24 de maio de 2011 18:55 

 Para: Christian Grey 

 Assunto: Homem não tão intratável 

 Obrigada. 

 Ana 

 De: Christian Grey 

 Data: 24 de maio de 2011 18:59 

 Para: Anastásia Steele 

 Assunto: Mulher exasperante 

 De nada. 

 Christian Grey 

 CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc. 



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 Ligo para Ray, que está pronto para ver um partida dos Sounders, 

uma equipe de futebol de Salt Lake City, assim, felizmente, nossa conversa 

será breve. 

 Virá na quinta-feira para a graduação. Depois quer me levar para 

comer em algum lugar. Sinto uma grande ternura quando falo com Ray, isso 

me faz sentir um nó na garganta. Sempre esteve ao meu lado diante dos 

devaneios amorosos de minha mãe. Temos um vínculo especial, que é muito 

importante para mim. Embora seja meu padrasto, sempre me tratou como a 

uma filha, e tenho muita vontade de vê-lo. Faz muito que não o vejo. Agora 

mesmo, preciso de sua força e tranquilidade. Sinto a sua falta. Talvez deva 

canalizar meu Ray interior para minha entrevista de amanhã. 

 Kate e eu nos dedicamos empacotar e compartilhamos uma garrafa de 

vinho barato, como tantas vezes. Quando por fim quase terminei de 

empacotar minhas coisas do quarto vou para a cama, estou mais calma. A 

atividade física de colocar tudo em caixas foi uma boa distração, e estou 

cansada. Quero descansar. Aconchego-me na cama e em seguida durmo. 

 Paul retornou de Princeton antes de se mudar para Nova Iorque para 

fazer negócios em uma entidade financeira. Passa o dia me seguindo pela 

loja e me pedindo que fiquemos juntos. É um pesadelo. 

 — Paul, já lhe falei cem vezes, esta noite vou sair. 

 — Não, não vai. Diz isso para me dar o fora. Sempre me dá o fora. 

 Sim... parece que ando me esquivando. 

 — Paul, eu sempre pensei que não era boa ideia sair com o irmão do 

chefe. 

 — Deixará de trabalhar aqui na sexta-feira. E amanhã não trabalha. 

 — E a partir sábado estarei em Seattle, e você em Nova Iorque. Nem de 

propósito poderíamos estar mais longe. Além disso, é verdade que tenho um 

encontro esta noite. 

 — Com o José? 

 — Não. 

 — Com quem? 

 — Paul... Oh. — Suspirou exasperada. Não ia se dar por vencido. — 

Com Christian Grey. — Não pude evitar o tom de chateação. Mas funcionou. 

Paul ficou boquiaberto e mudo. Droga... até o seu nome deixa às pessoas 

sem palavras. 

 — Você vai sair com Christian Grey? — perguntou quando se 

recuperou do susto. Seu tom de incredulidade é evidente. 

 — Sim. 

 — Estou vendo. - Paul parecia abatido, mesmo atordoado, e uma 

pequena parte de mim se incomodava que lhe tenha surpreendido tanto. À 

deusa interior também. Ela faz um gesto muito vulgar e pouco atraente para 

ele com os dedos. 

Depois disso, ele me ignorou, e as cinco em ponto saio correndo da loja. 

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 Kate me emprestou dois vestidos e dois pares de sapatos, para esta 

noite e para a graduação de amanhã. Eu queria poder sentir-me mais 

entusiasmada com roupas e fazer um esforço extra, mas não são minhas. 

Qual é a sua, Anastásia? A pergunta de Christian, a meia voz, me 

perseguia. Balançando a cabeça e me esforçando para acalmar os nervos, 

escolho o vestido cor de ameixa para esta noite. É discreto e parece 

adequado para uma entrevista de negócios, por que, depois de tudo, vou 

negociar um contrato. 

 Tomo um banho, depilo minhas pernas e as axilas, lavo os cabelos e 

passo uma boa meia hora secando-os, isso para que caia ondulado sobre 

meus seios e costas. Pego algumas mechas com um pente para retirá-lo do 

rosto, aplico algum rímel e brilho de labial. Quase nunca uso maquiagem. 

Sinto-me intimidada. 

 Nenhuma das minhas heroínas literárias teve que se maquiar, talvez 

soubesse algo mais sobre isso se o fizessem. Calço os sapatos de salto cor de 

ameixa, combinando com o vestido, e por volta das seis e meia, estou pronta. 

 — Bem? — pergunto para Kate. 

Ela sorri. 

 — Rapaz, você vai arrasar, Ana. — Ela acena com aprovação. —Você 

está linda. 

 — Linda! Pretendo ser discreta e parecer uma mulher de negócios. 

 — Também, mas sobretudo, está um escândalo. Este vestido fica 

muito bem com seu tom de pele. E marca tudo. — disse com uma risadinha. 

 — Kate! — repreendo-a. 

 — As coisas são como são, Ana. A impressão geral é... muito boa. Com 

esse vestido, terá ele comendo em sua mão. 

 Aperto os lábios. Oh, você não poderia estar mais errada. 

 — Deseje-me sorte. 

 — Você precisa de sorte para ficar com ele? — pergunta ela franzindo o 

cenho, confusa. 

 — Sim, Kate. 

— Bem, pois então tenha sorte. — Ela me abraçou e eu sai pela porta da 

frente. 

 Tenho que tirar os sapatos para conduzir. Wanda, meu fusca azul 

marinho, não foi desenhado para ser conduzido por mulheres com saltos 

altos. Estacionei em frente ao Heathman as sete, faltando dois minutos 

exatamente, dando as chaves ao manobrista, percebo que ele olha para meu 

fusca com cara feia, mas eu o ignoro. Respiro fundo, me preparo 

mentalmente para a batalha e me dirijo ao hotel. 

 Christian está inclinado sobre o balcão, bebendo um copo de vinho 

branco. Ele está vestido com a habitual camisa branca de linho, jeans preto, 

gravata preta e jaqueta preta. Tem os cabelos tão alvoroçados como sempre. 

Suspiro. Fico uns segundos parada na entrada do bar, observando, 

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admirando a vista. Ele lança um olhar, acredito que nervoso, para a porta se 

esticando e fica imóvel. Pestaneja um par de vezes e depois esboça 

lentamente um sorriso indolente e sexy que me deixa sem palavras e isso me 

derrete por dentro. Avanço para ele fazendo um enorme esforço para não 

morder meus lábios, consciente de que eu, Anastásia Steele de Clumsyville, 

estou de saltos. Ele caminha graciosamente par me encontrar. 

 — Você está linda, — ele murmura, inclinando-se para me beijar 

rapidamente na bochecha. — Lindo vestido, senhorita Steele. Parece-me 

muito bem. — Agarra minha mão, e me leva a uma mesa reservada e faz um 

gesto ao garçom. 

 — O que quer tomar? 

 Esboço um ligeiro sorriso enquanto me sento na mesa. Bem, ao menos 

pergunta-me. 

 — Tomarei o mesmo que você, obrigado. — Viu? Sei fazer meu papel e 

me comportar. 

Divertido, pede outro copo do Sancerre e se senta em frente a mim. 

 — Têm uma adega excelente aqui, — me diz, inclinando a cabeça para 

um lado. 

Ele apoia os cotovelos na mesa e junta os dedos de ambas as mãos à altura 

da boca. Em seus olhos brilham uma incompreensível emoção. E aí está... 

uma descarga elétrica que conecta com o meu eu mais profundo. Remexo-
me, incômoda diante de seu olhar escrutinador, com o coração pulsando 

rapidamente. Tenho que manter a calma. 

 — Está nervosa? — Ele pergunta amavelmente. 

 — Sim. 

Ele inclina-se para frente. 

 — Eu também, — ele sussurra com cumplicidade. Mantenho meus 

olhos nos seus. Ele? Nervoso? 

Nunca. Eu pestanejo e ele me dá seu precioso sorriso meio de lado. Chega o 

garçom com meu vinho, um pratinho com frutas secas e outro com 

azeitonas. 

 — Então, como faremos isso? — Eu pergunto. — Revisamos meus 

pontos um a um? 

 — Sempre tão impaciente, senhorita Steele. 

 — Bem, eu poderia perguntar o que você achou do tempo hoje? 

Ele sorriu e pegou uma azeitona com seus longos dedos. Ele botou na boca e 

meus olhos se fixam na sua boca, que esteve sobre a minha... em todo meu 

corpo. Ruborizo. 

 — Acredito que o tempo hoje não teve nada de especial, — Ele riu. 

 — Está rindo de mim, senhor Grey? 

 — Sim, senhorita Steele. 

 — Sabe que esse contrato não tem nenhum valor legal. 

 — Sou perfeitamente consciente disso, senhorita Steele. 

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 — Pensou em me dizer isso, em algum momento? 

 Ele franze o cenho. 

 — Você acredita que estou te coagindo para que faça algo que não 

quer fazer, e que além disso pretendo ter algum direito legal sobre você? 

 — Bem... sim. 

 — Não tem um bom conceito de mim, não é verdade? 

 — Não respondeu a minha pergunta. 

 — Anastásia, não importa se é legal ou não. É um acordo que eu 

gostaria de ter contigo... o que eu gostaria de ter de você e o que você pode 

esperar de mim. Se você não gostar, não assine. Se o assinar e depois decidir 

que você não gosta, há suficientes cláusulas que lhe permitirão deixá-lo. 

Mesmo se você for legalmente vinculada, acredita que levaria você a 

julgamento se decidisse partir? 

Tomo um comprido gole de vinho. Meu subconsciente me dá um golpe no 

ombro. Tem que estar atenta. Não beba muito. 

 — As relações deste tipo se apoiam na sinceridade e na confiança, — 

seguiu me dizendo. — Se não confiar em mim... tem que confiar em mim 

para que saiba em que medida estou te afetando, até onde posso ir contigo, 

até onde posso te levar... se não puder ser sincera comigo, então, realmente, 

não podemos fazer isso. 

 Oh meu Deus, vá diretamente ao ponto. Até onde pode me levar. 

Caramba. O que quer dizer? 

 — É muito simples, Anastásia. Confia em mim ou não? — Ele 

perguntou com os olhos ardentes. — Você manteve este tipo de conversa 

com... bem, com as quinze? 

— Não. 

 — Por que não? 

 — Porque elas já eram submissas. Sabiam o que queriam da relação 

comigo, e em geral, o que eu esperava. Com isso, era uma simples questão 

de afinar os limites possíveis, esses tipos de detalhes. 

 — Você as procura em alguma loja? Nós somos Submissas? 

Ele ri. 

 — Não exatamente. 

 — Então como? 

 — É disso que quer falar? Ou passamos ao melhor da questão? Às 

objeções, como você diz. 

 Engulo em seco. Confio nele? É nisso que se resume tudo, à confiança? 

Sem dúvida deveria ser coisa mais importante para os dois. Lembro-me de 

sua raiva quando liguei para José. 

 — Você está com fome? — Ele pergunta, e me distrai de meus 

pensamentos. 

 Oh, não... a comida. 

 — Não. 

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 — Você comeu hoje? 

 Eu olho para ele. Honestamente... Caramba, não vai gostar da minha 

resposta. 

 — Não. — respondo em voz baixa. 

Ele me olhou com expressão muito séria. 

 — Tem que comer, Anastásia. Podemos jantar aqui ou em minha suíte. 

O que você prefere? 

 — Acredito que é melhor ficamos em terreno neutro. 

 Ele sorriu com ar zombador. 

 — Crê que isso me deteria? — pergunta em voz baixa, como uma 

sensual advertência. 

 Arregalo os olhos e volto a engolir a saliva. 

 — Eu espero. 

 — Vamos, reservei um jantar privado. — Ele sorriu enigmaticamente e 

saiu da mesa me estendendo a mão. 

 — Traga o seu vinho — murmura. 

 Agarro a sua mão, levanto e paro a seu lado. Solta a minha mão, põe 

no braço, cruzamos o bar e subimos uma grande escada até a sobreloja. Um 

rapaz com uniforme do Heathman se aproxima de nós. 

 — Senhor Grey, por aqui, por favor. 

 Nós o seguimos por uma luxuosa sala de sofás, até um refeitório 

privado, com uma só mesa. Era pequeno, mas suntuoso. Sob um candelabro 

cintilante, a mesa está coberta por linho engomado, taças de cristal, talheres 

de prata e um ramo com uma rosa branca. Um encanto antigo e sofisticado 

impregnava a sala, forrada com painéis de madeira. O garçom retira a 

cadeira e me sento. Eu coloco o guardanapo no colo. Ele coloca as taças na 

mesa. Christian se senta em frente a mim. Eu fico olhando para ele. 

— Não morda o lábio, — ele sussurra. 

 Eu franzo o cenho. Caramba. Nem sequer me dei conta de que estava 

fazendo isso. 

 — Já pedi a comida. Espero que não se importe. 

 A verdade é que me parece um alívio. Não estou segura de que possa 

tomar mais decisões. 

 — Não, está tudo bem, — eu respondo. 

 — Eu gosto de saber que pode ser dócil. Agora, onde estávamos? 

 — No x da questão. — Dou outro longo gole de vinho. Está muito bom. 

Christian Grey conhece bem os vinhos bons. Eu lembro do último gole que 

me ofereceu, em minha cama. O inoportuno pensamento me fez ruborizar. 

 — Sim, suas objeções. — Põe a mão no bolso interno da jaqueta e tira 

uma folha de papel. 

Meu e-mail. 

 — Cláusula 2. De acordo. É em benefício dos dois. Voltarei a redigi-lo. 

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 Pestanejo. Caramba... vamos passar por cada um destes pontos, um 

de cada vez. Não me sinto tão valente estando com ele. Ele parece tão sério. 

Reforço-me com outro gole de vinho. Christian continua. 

 — Minha saúde sexual. Bem, todas as minhas companheiras 

anteriores fizeram análise de sangue, e eu faço exames a cada seis meses, de 

todos estes riscos que existam. Meus últimos exames estavam perfeitos. 

Nunca usei drogas. Na realidade, sou totalmente contra as drogas, e minha 

empresa leva uma política antidrogas muito a sério. Insisto em que se façam 

exames aleatórios e de surpresa nos meus empregados para detectar 

qualquer possível consumo de drogas. 

 Uau... A obsessão controladora leva à loucura. Eu o encaro perplexa. 

 — Nunca fiz uma transfusão. Isso responde a sua pergunta? 

 Concordo, impassível. 

 — Seu ponto seguinte eu já comentei antes. Você pode sair a qualquer 

momento, Anastásia. Não vou te deter. Mas se for... acaba tudo. Quero que 

saiba. 

 — Ok, — eu respondo em voz baixa. Se eu for, acabou. A ideia me 

parece inesperadamente dolorosa. 

O garçom chega com o primeiro prato. Como vou comer? Caramba... ele 

pediu ostras em uma cama de gelo. 

 — Espero que você goste das ostras, — Christian diz em tom amável. 

— Nunca as provei. — Nunca. 

 — Sério? Bem. Pegue uma. A única coisa que tem que fazer é colocar 

isso na boca e engolir. Acredito que conseguirá. — Ele olha para mim e sei a 

que está se referindo. Fico vermelha como um tomate. Sorrindo me diz que 

devo espremer suco de limão em uma ostra e colocá-la na boca. 

 — Mmm, deliciosa. Tem sabor de mar, — ele diz sorrindo. — Vamos, — 

ele me encoraja. 

 — Não tenho que mastigá-la? 

— Não, Anastásia. — Seus olhos brilham divertidos. Parece muito jovem. Eu 

aperto os lábios, e sua expressão muda instantaneamente. Ele me olha 

muito sério. Estico o braço e pego a primeira ostra. Ok... isto não vai sair 

bem. Jogo suco de limão e a coloco na boca. Ela desliza por minha garganta, 

todo o mar, sal, e a forte acidez do limão e sua textura carnuda... Oooh. 

Lambo os lábios, e ele me olha fixamente, com olhos impenetráveis. 

 — É bom? 

 — Comerei outra e lhe responderei. 

 — Boa garota, — me diz orgulhoso. 

 — Você pediu ostras de propósito? Não dizem que são afrodisíacas? — 

Não, é só o primeiro prato do menu. Não necessito de afrodisíacos contigo. 

Acredito que sabe, e acredito que é assim contigo também, — ele diz 

tranquilamente. — Onde estávamos? — Ele dá uma olhada no meu e-mail, 

enquanto pego outra ostra. 

190 

Acontece o mesmo com ele. Eu o afeto... Uau. 

 — Obedecer-me em tudo. Sim, quero que faça. Necessito que o faça. 

Considera um papel difícil, Anastásia? 

 — Mas me preocupa que me faça mal. 

 — Que te faça mal como? 

 — Fisicamente. — E emocionalmente. 

— De verdade acredita que te faria mal? Que transpassaria os limites, ao 

ponto de não poder aguentar? 

 — Você disse que tinha feito mal a alguém antes. 

 — Sim, mas foi há muito tempo. 

 -O que aconteceu? 

 -Pendurei-a no teto do quarto de jogos. De fato, é um dos seus pontos. 

Suspensão... para isso são os mosquetões. Com cordas. E apertei muito uma 

corda. 

 Levanto uma mão lhe suplicando que pare. 

 — Não preciso saber mais. Então, você que me suspender? 

 — Não, se realmente não quiser. Pode tirar da lista dos limites rígidos. 

 — Ok. 

— Bom, crê que poderá me obedecer? 

Lança-me um olhar intenso. Passam os segundos. 

 — Poderia tentar, — eu sussurro. 

 — Bom. — Ele sorri. — Novo termo. Um mês não é nada, 

especialmente se quiser um fim de semana livre de cada mês. Não acredito 

que eu possa aguentar ficar longe de ti tanto tempo. Mal o consigo agora. — 

Ele pausa. 

Não pode ficar longe de mim? O que? 

 — Que tal, um dia de um fim de semana por mês só para você. Mas 

ficará comigo uma noite no meio da semana. 

 — De acordo. 

 — E, por favor, tentamos por três meses. Se você não gostar, pode 

partir a qualquer momento. 

 — Três meses? — Sinto-me pressionada. Dou outro comprido gole de 

vinho e me concedo o gosto de outra ostra. Poderia aprender o que eu gosto. 

 — O tema da propriedade, é meramente terminologia e remete ao 

princípio da obediência. É para você entrar no estado de ânimo adequado, 

para que entenda de onde venho. 

— E quero que saiba que, assim que cruzar a porta de minha casa, você é 

minha por inteiro, farei contigo o que me der vontade. Terá que aceitar de 

boa vontade. Por isso tem que confiar em mim. 

— Vou foder você, quando quiser, como quiser e onde quiser. Vou disciplinar 

você, por que você vai estragar tudo. Adestrarei você para que me agrade. 

Mas sei que tudo isto é novo para você. 

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— De inicio iremos com calma, e eu te ajudarei. Nós vamos atuar em vários 

cenários. Quero que confie em mim, mas sei que tenho que ganhar sua 

confiança, e o farei. O "em qualquer outro âmbito"... de novo, é para ajudar 

você a se colocar em uma situação. Significa que tudo está permitido. 

Ele se mostra apaixonado, cativante. Está claro que é sua obsessão, sua 

maneira de ser... Não conseguia afastar os olhos dele. Quero-o de verdade. 

Ele para de falar e me olha. 

 — Continua comigo? — pergunta em um sussurro, com voz intensa, 

cálida e sedutora. Ele toma um gole de vinho sem tirar seus penetrantes 

olhos de mim. 

 O garçom se aproxima da porta, e Christian assente ligeiramente para 

lhe indicar que pode retirar os pratos. 

 — Quer mais vinho? 

 — Tenho que dirigir. 

 — Água, então? 

Eu concordo. 

 — Normal ou com gás? 

 — Com gás, por favor. 

 O garçom parte. 

 — Está muito pensativa, — sussurra Christian. 

 — Você está muito falador. 

 Ele sorri. 

 — Disciplina. A linha que separa o prazer da dor é muito fina, 

Anastásia. São as duas caras de uma mesma moeda. E uma não existe sem 

a outra. Posso lhe ensinar quão prazerosa pode ser a dor. Agora não me 

acreditas, mas a isso me refiro quando falo de confiança. Haverá dor, mas 

nada que não possa suportar. Voltamos para o tema da confiança. Confia em 

mim, Ana? 

 Ana! 

 — Sim, confio em ti, — respondo espontaneamente, sem pensar... por 

que é verdade... Eu confio nele. 

 — De acordo, — ele diz aliviado. — O resto, são apenas detalhes. 

 — Detalhes importantes. 

 — Ok, vamos falar sobre eles. 

 Minha cabeça dá voltas com tantas palavras. Devia ter trazido o 

gravador da Kate para poder voltar a ouvir depois o que ele disse. Muita 

informação, muitas coisas para processar. O garçom volta a aparecer com o 

segundo prato: bacalhau, aspargos e purê de batatas com molho holandês. 

Eu nunca me senti com menos fome por alimentos. 

 — Espero que você goste de pescado, — Christian diz em tom amável. 

 Olho minha comida e bebo um longo gole de água com gás. Eu 

veementemente gostaria que fosse vinho. 

 — A normas. Falemos das normas. Rompe o contrato pela comida? 

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 — Sim. 

 — Posso mudar e dizer que comerá no mínimo três vezes ao dia? 

 — Não. — Eu não vou ceder neste tema. Ninguém vai dizer-me o que 

tenho que comer. 

Como foder, sim, mas comer... não, de jeito nenhum. 

Ele aperta os lábios. 

 — Preciso saber que não passa fome. 

 Franzo o cenho. Por quê? 

 — Tem que confiar em mim. 

Ele me olha por um instante e relaxa. 

 — Touché, senhorita Steele, — diz em tom tranquilo. Aceito o da 

comida e o de dormir. 

 — Por que não posso te olhar? 

 — Isso é uma coisa de Dominante e Submissa. Você vai se acostumar 

com isso. 

Eu vou? 

 — Por que não posso te tocar? 

 — Porque não. 

 Ele aperta os lábios. 

 — Isso é por causa da senhora Robinson? 

Ele me olhou com curiosidade. 

 — Por que você pensa isso? — E imediatamente o entende. — Você 

acredita que ela me traumatizou? 

 Eu concordo. 

 — Não Anastásia, não é por isso. Além disso, a senhora Robinson não 

tomaria qualquer dessas merdas de mim. 

Oh... mas eu sim, tenho que aceitar. Faço cara feia. 

 — Então não tem nada que ver com isso... 

 — Não. E tampouco quero que se toque. 

 O que? Ah, sim, a cláusula de que não posso me masturbar. 

 — Só por curiosidade... por quê? 

 — Porque quero todo o seu prazer para mim, — diz em tom rouco, mas 

determinado. 

 Oh... Não sei o que responder. Por um lado, aí está com seu "Quero te 

morder os lábios"; pelo outro, é muito egoísta. Franzo o cenho e espeto um 

pedaço de bacalhau, tentando avaliar mentalmente o que me aconteceu. A 

comida e o sono. Eu posso olhar nos olhos dele. Ele vai levar devagar, e 

ainda não falamos nos limites suaves. Mas não estou segura de que posso 

confrontar enfrentar isso de comida. 

 — Terá muitas coisas para pensar, não é verdade? 

 — Sim. 

 — Quer que passemos já aos limites passíveis? 

193 

 — Não, depois de comer. 

 Ele sorriu. 

 — Delicado? 

 — Mais ou menos. 

 — Você não comeu muito. 

 — Comi o suficiente. 

 -Três ostras, quatro pedacinhos de bacalhau e um aspargo. Nem purê 

de batatas, nem frutas secas, nem azeitonas. E não comeste o dia todo. Você 

me disse que podia confiar. 

 Caramba. Ele vai fazer um sermão completo. 

 — Christian, por favor, não estou acostumada a ter conversas deste 

tipo todos os dias. 

 — Preciso que esteja sadia e em forma, Anastásia. 

 — Eu sei. 

 — E agora mesmo quero tirar esse vestido de seu corpo. 

 Engulo a saliva. Tirar o vestido de Kate. Sinto um puxão no mais 

profundo de meu ventre. Alguns músculos que agora estou mais 

familiarizada, se contraem com suas palavras. Mas não posso aceitar. Volta 

a utilizar contra mim sua arma mais potente. É fabuloso praticando sexo... 

Até eu me dei conta disso. 

 — Não acredito que seja uma boa ideia, — eu murmurei. — Ainda não 

comemos a sobremesa. 

 — Quer sobremesa? — ele pergunta baixinho. 

 — Sim. 

 — A sobremesa poderia ser você, — murmura sugestivamente. 

 — Não estou segura de que seja bastante doce. 

 — Anastásia, você é deliciosamente doce. Eu sei. 

 — Christian, você utiliza o sexo como arma. Não me parece justo, — 

sussurro olhando para minhas mãos, e logo o encaro nos olhos. Levanta as 

sobrancelhas, surpreso, e vejo que esta pesando minhas palavras. Segura o 

queixo, pensativo. 

 — Tem razão. Faço isso. Na vida, cada um utiliza o que sabe, 

Anastásia. Isso não muda o fato que eu deseje muitíssimo você. Aqui. Agora. 

 Como é possível que me seduza somente com a voz? Já estou 

ofegando, com o sangue circulando a todo vapor pelas veias, e os nervos 

estremecendo. 

 — Eu gostaria de tentar algo, — ele respira. 

 Franzo o cenho. Acaba de me dar um montão de ideias que tenho que 

processar, e agora isto. 

 — Se você fosse minha sub, você não teria que pensar sobre isso. Seria 

fácil. — Sua voz é doce e sedutora. — Todas estas decisões... todo o 

desgastante processo de pensamento por trás delas. Coisas como, “Ésta é a 

coisa certa a fazer?”, "Se isso poderia acontecer aqui?", "Poderia acontecer 

194 

agora?". Não teria que se preocupar com esses detalhes. Seria eu, como seu 

Dom. E agora mesmo, eu sei que me deseja, Anastásia. 

 Franzo o cenho ainda mais. Como ele pode dizer? 

 — Estou tão seguro porque... 

 Maldito seja, responde às perguntas que não lhe faço. É também 

adivinho? 

 — ...seu corpo a delata. Está apertando as coxas, estás mais vermelha 

e sua respiração mudou. 

 Oh, sim é demais. 

 — Como sabe sobre minhas coxas? — pergunto em voz baixa, em tom 

incrédulo. Elas estão sob a mesa, pelo amor de Deus. 

 — Eu notei que a toalha se movia, e deduzi, me apoiando em anos de 

experiência. Estou certo, não é? 

 Ruborizo-me e encaro minhas mãos. Seu jogo de sedução me põe 

muito difícil. Ele é o único que conhece e entende as normas. Eu sou muito 

ingênua e inexperiente. Meu único ponto de referência é Kate, mas ela não 

aguenta bobagens dos homens. As demais experiências que tenho são do 

mundo da ficção: Elizabeth Bennet estaria indignada, Jane Eyre 

aterrorizada, e Tess sucumbiria, como eu. 

 — Não terminei o bacalhau. 

 — Prefere o bacalhau frio a mim? 

 Levanto a cabeça, de repente, e o encaro. Um desejo imperioso brilha 

em seus olhos ardentes, como prata fundida, com necessidade imperiosa. 

 — Pensei que você gostaria que comesse toda a comida do prato. 

 — Agora mesmo, senhorita Steele, importa-me uma merda sua 

comida. 

 — Christian, não joga limpo, de verdade. 

 — Eu sei. Nunca joguei limpo. 

 Minha deusa interior franze o cenho e tenta me convencer. Você pode. 

Jogue o seu jogo. Posso? De acordo. O que tenho que fazer? Minha 

inexperiência é um peso em torno do meu pescoço. 

Espeto um aspargo, o encaro e mordo o lábio. Logo, muito devagar, coloco a 

ponta do aspargo na boca e o chupo. 

 Christian abre os olhos de maneira imperceptível, mas eu o noto. 

 — Anastásia, o que está fazendo? 

 Mordo a ponta. 

 — Estou comendo um aspargo. 

 Christian se remexe em sua cadeira. 

 — Acredito que está jogando comigo, senhorita Steele. 

 Finjo inocência. 

 — Só estou terminando a comida, senhor Grey. 

 Nesse preciso momento o garçom bate na porta e entra sem esperar 

resposta. Olho um segundo para Christian, que faz cara feia, mas concorda 

195 

em seguida, assim que o garçom recolhe os pratos. A chegada do garçom 

quebrou o feitiço, e me apego a esse instante de lucidez. Tenho que ir. Se 

ficar, nosso encontro só poderá terminar de uma maneira, e preciso pôr 

certas barreiras depois de uma conversa tão intensa. Minha cabeça se rebela 

tanto como meu corpo morre de desejo. Preciso de um tempo, uma distancia 

para pensar em tudo o que me foi dito. Ainda não tomei uma decisão, e seus 

atrativos e sua destreza sexual não é nada fácil para mim. 

 — Quer sobremesa? — pergunta Christian, tão cavalheiro como 

sempre, mas com os olhos ainda ardentes. 

 — Não, obrigado. Acredito que tenho que ir, digo olhando para minhas 

mãos. 

 — Já vai ? — pergunta sem poder ocultar sua surpresa. 

 O garçom sai às pressas. 

 — Sim. 

 É a decisão correta. Se ficar nesta mesa com ele, me entregarei. 

Levanto com determinação. — Amanhã nos vemos as duas na cerimônia de 

graduação. 

 Christian se levanta automaticamente, manifestando anos de 

arraigada urbanidade. 

 — Não quero que vá. 

 — Por favor... Tenho que ir. 

 — Por quê? 

 — Porque você me expôs muitas coisas, nas quais devo pensar... e 

preciso de uma certa distância. 

 — Poderia fazer você ficar, — ele ameaça. 

 — Sim, não seria difícil, mas não quero que faça. 

Ele passa a mão pelos cabelos, me olhando atentamente. 

 — Olha, quando veio para minha entrevista e entrou em meu 

escritório, tudo era "Sim, senhor", "Não, senhor". Pensei que fosse uma 

submissa nata. Mas, na verdade, Anastásia, não estou seguro de que seja 

totalmente submissa, diz em tom tenso, se aproximando de mim. 

 — Talvez você tenha razão, — eu respondo. 

 — Quero ter a oportunidade de descobrir se é, — ele murmura, me 

olhando. Levanta um braço, acaricia meu rosto e passa o polegar pelo meu 

lábio inferior. Não sei fazer de outra maneira, Anastásia. Sou assim. 

 — Eu sei. 

Ele inclina-se para me beijar, mas para antes de seus lábios tocarem os 

meus, seus olhos procuram os meus, como me pedindo permissão. Elevo os 

lábios para ele e me beija, e como não sei se voltarei a beijá-lo mais, deixo-
me levar. Minhas mãos se movem, deslizam por seu cabelo, atraindo-o para 

mim. Minha boca se abre e minha língua acaricia a sua. Me pega pela nuca 

para me beijar mais profundamente, respondendo ao meu ardor. Desliza a 

196 

outra mão pelas minhas costas, e ao chegar ao final da coluna, para e me 

aperta contra seu corpo. 

 — Não posso te convencer de ficar? — pergunta sem deixar de me 

beijar. 

 — Não. 

 — Passe a noite comigo. 

 — Sem tocar em você? Não. 

 Ele geme. 

 — Você é impossível, garota. — Queixa-se. Levanta a cabeça e me olha 

fixamente. —Por que tenho a impressão de que está se despedindo de mim? 

 — Porque eu tenho que ir, agora. 

 — Não é isso o que quero dizer, e você sabe. 

 — Christian, eu tenho que pensar em tudo isto. Não sei se posso 

manter o tipo de relação que você quer. 

 Ele fecha os olhos e pressiona sua cabeça contra a minha, dando a 

ambos a oportunidade de relaxar ou respirar. Um momento depois me beija 

na testa, respira fundo, com o nariz afundado em meu cabelo, me solta e dá 

um passo atrás. 

 — Como quiser, senhorita Steele, — diz com rosto impassível. 

Acompanho você até o vestíbulo. 

 Estendo a mão. Inclino-me, pego a bolsa e lhe dou a mão. Maldito seja, 

isto poderia ser tudo. Eu o sigo pela grande escada até o vestíbulo, sinto 

coceira no couro cabeludo, e o sangue me bombeia depressa. Poderia ser o 

último adeus se eu não aceitar. 

Meu coração se contrai dolorosamente no peito. Que reviravolta. Que 

diferença um momento de clareza pode fazer a uma menina. 

 — Tem o ticket do estacionamento? 

 Pego o ticket na bolsa e entrego. Christian o entrega ao porteiro. O 

encaro enquanto esperamos. 

 — Obrigada pelo jantar, — eu murmuro. 

 — Foi um prazer como sempre, senhorita Steele, — ele responde 

educadamente, embora pareça distante em seus pensamentos, 

completamente distraído. 

 Observo atentamente e memorizo seu formoso perfil. Obcecada com a 

desagradável ideia de que poderia não voltar a vê-lo. Tudo isso é muito 

doloroso para mim, de repente, se vira e me olha com expressão intensa. 

 — Esta semana eu volto para Seattle. Se tomar a decisão correta, 

poderei ver você no domingo? — pergunta em tom inseguro. 

 — Bem, vou ver. Talvez. — Eu respiro. Momentaneamente, ele parece 

aliviado, mas em seguida franze o cenho. 

 — Agora faz frio. Você trouxe casaco? 

 — Não. 

 Ele sacode a cabeça com irritação e tira a sua jaqueta. 

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 — Toma. Não quero que passe frio. 

 Eu pisco para ele, enquanto ele segurava a jaqueta aberta. Ao passar 

os braços pelas mangas, lembro um momento em seu escritório em que ele 

pôs a jaqueta sobre os ombros, no dia em que o conheci, e a impressão que 

me causou. Nada mudou. Na realidade, agora é até mais intenso. 

Sua jaqueta estava quente, era muito grande e cheira a ele. Oh meu... 

delicioso. 

 Chega o meu carro. Christian fica boquiaberto. 

 — Esse é seu carro? — Ele estava horrorizado. Agarra minha mão e sai 

comigo ao encalço. O manobrista sai, me entrega as chaves, e Christian lhe 

dá uma gorjeta. 

 — Está em condições de circular? — pergunta, me fulminando com o 

olhar. 

 — Sim. 

 — Chegará até Seattle? 

 — Claro que sim. 

 — Em segurança? 

 — Sim — respondo irritada. Veja, é velho, mas é meu e funciona. — 

Meu padrasto comprou pra mim. 

 — Oh, Anastásia, acredito que podemos melhorar isso. 

 — O que você quer dizer? — de repente, entendo. — Nem pense em me 

comprar um carro. 

Ele me olha com o cenho franzido e a mandíbula tensa. 

 — Logo veremos, — responde. 

Faz uma careta enquanto abre a porta do condutor e me ajuda a entrar. Eu 

tiro os sapatos e abaixo o vidro. Ele me olha com expressão impenetrável e 

olhos turvos. 

 — Conduza com cuidado, — diz em voz baixa. 

 — Adeus, Christian. — Eu digo com voz rouca, como se estivesse a 

ponto de chorar... caramba, eu não vou chorar. Eu sorrio ligeiramente. 

Enquanto me afasto, sinto uma pressão no peito, começam a aflorar as 

lágrimas e sufoco um soluço. 

As lágrimas não demoram a rolar por minhas bochechas, embora, a verdade 

é que não entendo por que choro. Eu estava me segurando. Ele explicou 

tudo. Ele foi claro. Ele me quer, mas preciso de mais. Preciso que ele me 

queira como eu o quero e preciso, e no fundo sei que não é possível. Estou 

triste. 

 Eu nem sei como classificá-lo. Se aceitar... ele será meu namorado? 

Poderei apresentá-lo aos meus amigos? Ir com ele a bares, ao cinema ou 

jogar boliches? Acredito que não, na verdade. Ele não vai me deixar tocá-lo, 

nem dormir com ele. Sei que não tenho feito estas coisas no passado, mas 

quero fazer no futuro. E não é este o futuro que ele tem pra mim. 

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 E se eu disser que sim, e no prazo de três meses ele disser que não, 

que se cansou de tentar me moldar-me em algo que não sou. Como vou me 

sentir? Estarei comprometida emocionalmente? E durante três meses terei 

feito coisas que não estou segura de que queira realmente fazer. E se depois 

me diz que não, que acabou o acordo, como vou sobreviver o abandono? 

Possivelmente o melhor seja desistir agora, quero manter minha auto-estima 

mais ou menos intacta. 

 Mas a ideia de não voltar mais a vê-lo parece insuportável. Como ele 

entrou em minha pele em tão pouco tempo? Não pode ser apenas sexo... 

pode? Passado a mão pelos olhos para secar as lágrimas. Não quero analisar 

o que sinto por ele. Assusta-me só de pensar o que poderia descobrir. O que 

vou fazer? 

 Estaciono em frente a nossa casa. Não vejo luzes acesas, assim acho 

que Kate deve ter saído. É um alívio. Não quero ter que responder perguntas. 

Enquanto me dispo, ligo meu computador infernal e encontro uma 

mensagem de Christian na caixa de entrada. 

 De: Christian Grey 

 Data: 25 de maio de 2011 22:01 

 Para: Anastásia Steele 

 Assunto: Esta noite 

 Não entendo por que saiu correndo esta noite. Espero sinceramente ter 

respondido todas as suas perguntas de forma satisfatória. Sei que tem que 

expor muitas coisas e espero fervorosamente que leve a sério minha 

proposta. Quero de verdade que isto funcione. Temos que levar com calma. 

 Confie em mim. 

 Christian Grey 

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc. 

Este e-mail me fez chorar ainda mais. Não sou uma fusão empresarial. 

Não sou uma aquisição. Lendo este email, qualquer uma diria sim. Não lhe 

respondo. Não sei o que lhe dizer, essa é a verdade. Ponho o pijama e me 

meto na cama enrolada em sua jaqueta, deitada na escuridão, penso em 

todas as vezes que me advertiu para que me mantivesse afastada dele. 

 "Anastásia, deveria se manter afastada de mim. Não sou um homem 

para ti." 

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 "Eu não tenho namoradas." 

 "Não sou um homem de flores e corações." 

 "Eu não faço amor." 

 "Não sei fazer de outra maneira." 

 Eu choro silenciosamente, abraçada em meu travesseiro, é nessa 

última ideia que me agarro. Tampouco eu sei fazer de outra maneira. 

Talvez juntos possamos encontrar um outro caminho.

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