Pela primeira vez em minha vida, saio para correr voluntariamente.
Procuro meus asquerosos tênis, que nunca uso, uma calça de moletom e
uma camiseta. Faço uma trança, ruborizo-me com as lembranças que
voltam à minha mente e ligo o iPod. Não posso me sentar em frente a essa
maravilha da tecnologia e seguir vendo ou lendo mais material inquietante.
Preciso queimar parte desta excessiva e enervante energia. A verdade é que
gostaria de correr até o hotel Heathman e exigir sexo deste maníaco por
controle. Mas está a oito quilômetros, e duvido que possa chegar a correr
dois, muito menos oito, e, claro, ele poderia não aceitar, o que seria muito
humilhante.
Quando abro a porta, Kate está saindo de seu carro. Ela quase
deixa as compras caírem quando me vê. Ana Steele com tênis de corrida. Eu
aceno e não paro, por causa da inquisição. Preciso de algum tempo sozinha.
Snow Patrol está tocando em meus ouvidos, e saio para o céu opala e aruá
marinha, do anoitecer.
Passo pelo parque. O que vou fazer? Desejo-o, mas nesses termos? A
verdade é que não sei. Talvez eu devesse negociar o que quero. Revisar esse
ridículo contrato linha a linha e dizer o que me parece aceitável e o que não.
Minha pesquisa me disse que legalmente é sem nenhum valor. Ele deve
saber. Suponho que só serve para definir os parâmetros da relação. Ele
ilustra o que posso esperar dele e o que ele espera de mim, a minha
submissão total. Estou preparada para dar isso a ele? Sou mesmo capaz?
Uma pergunta me persegue, por que é ele assim? Será que é porque
foi seduzido quando era muito jovem? Eu simplesmente não sei. Ele ainda é
um mistério.
Eu paro ao lado de um grande pinheiro e apoio as mãos em
meus joelhos, respirando com dificuldade, puxando o precioso ar para os
meus pulmões. Sinto-me bem, é fantástico. Sinto que minha determinação
se fortalece. Sim. Tenho que lhe dizer o que me parece bem e o que não.
Tenho que lhe mandar por e-mail o que penso, e então poderemos discutir
na quarta-feira. Eu respiro fundo, para me limpar por dentro, e dou a volta
para casa.
Kate foi comprar roupas, como só ela poderia, eram roupas para suas
férias em Barbados.
Principalmente biquínis e cangas combinando. Ela vai parecer
fantástica com todos esses modelos, mas mesmo assim, ela prova todos e me
obriga a sentar e comentar como ficaram. Não há muitas maneiras de dizer:
"Está fantástica, Kate". Embora esteja magra, tem umas curvas de perder o
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sentido. Ela não faz isso de propósito, eu sei, mas ao final arrasto meu
penoso corpo coberto de suor até o meu quarto com a desculpa de ir
empacotar mais caixas. Eu poderia me sentir mais inadequada? Levo comigo
o computador sem fio, ligo e escrevo um email para Christian.
De: Anastásia Steele
Data: 23 de maio de 2011 20:33
Para: Christian Grey
Assunto: Universitária escandalizada
Bem, já vi o bastante.
Foi agradável te conhecer.
Ana
Pressiono "Enviar", abraçando-me, rindo da minha piada. Será que
ele vai achar isso tão engraçado? Oh, merda...
Certamente não. Christian Grey não é famoso por seu senso de
humor. Embora saiba que ele o tem, porque experimentei. Talvez ele deixe
para lá. Espero sua resposta.
Espero... e espero. Olho para o despertador. Já se passaram dez
minutos.
Para esquecer da angústia que se abre caminho em meu estômago,
ponho-me a fazer o que havia dito a Kate que faria: empacotar as coisas de
meu quarto. Começo colocando meus livros em uma caixa.
Por volta das nove sigo sem notícias. Talvez ele tenha saído. Eu estou
amuada e petulante, ponho os fones do iPod, escuto o Snow Patrol e sento
em minha mesa para reler o contrato e a anotar minhas observações e
comentários.
Não sei por que levanto o olhar, possivelmente capto de relance um
ligeiro movimento, não sei, mas quando a levanto, Christian está na porta de
meu quarto me olhando fixamente. Leva suas calças cinza de flanela e uma
camisa branca de linho, e agita brandamente a chave do carro. Arregalo os
olhos e fico gelada. Porra!
— Boa noite, Anastásia. — Sua voz era fria, sua expressão precavida
e ilegível. A capacidade de falar me abandona. Maldita Kate, deixou-o entrar
sem me avisar. Estou vagamente ciente de que ainda estou de moletom, toda
suada e sem tomar banho, e ele está muito bonito, com as calças caindo
bem nos quadris, e o que mais, ele está em meu quarto.
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Eu senti que o seu e-mail merecia uma resposta em pessoa — explica
em tom seco.
Abro a boca e volto a fechá-la, duas vezes. A piada é sobre mim.
Nunca, neste ou em qualquer universo alternativo eu esperava que ele
largasse tudo e viesse até aqui.
Posso me sentar? — pergunta-me, agora com olhos divertidos.
Obrigada, Meu deus... Talvez a brincadeira lhe pareceu engraçada.
Eu concordo. Minha capacidade de falar permanece incerta.
Christian Grey está sentado em minha cama.
Perguntava-me como seria seu quarto, — Ele diz.
Olho ao meu redor, pensando em uma rota de fuga, não, aqui só tem
uma porta e uma janela.
Meu quarto é funcional, mas acolhedor, poucos móveis brancos de
vime e uma cama de casal branca, de ferro, com uma colcha de patchwork
que minha mãe fez quando estava em sua etapa de trabalhos caseiros. É
azul céu e creme.
— É muito sereno e tranquilo, - ele murmura. Não neste momento...
não com você aqui. Finalmente minha medula oblonga recorda o seu
propósito, eu respiro.
Como...?
Ele sorri para mim.
Ainda estou no Heathman.
Isso eu já sabia.
— Quer tomar algo? — Tenho que dizer o que a educação sempre me
impõe.
— Não, obrigado, Anastásia. Esboça um deslumbrante meio sorriso
com a cabeça ligeiramente inclinada.
Bem, eu certamente vou precisar de uma.
Então, foi agradável me conhecer?
Maldição, ofendeu-se? Olho para baixo, para os meus dedos. Como eu
vou sair dessa? Se lhe disser a ele que era uma brincadeira, não acredito que
goste de muito.
— Pensei que me responderia por e-mail. — digo-lhe em voz muito
baixa, patética.
Você está mordendo o lábio de propósito? — pergunta-me muito
sério.
Eu pisco os olhos, abro a boca e solto o lábio.
Não estava consciente de que estava mordendo o lábio, — eu
murmuro.
Meu coração está disparado. Sinto a tensão, essa deliciosa
eletricidade estática que invade o espaço. Ele está sentado muito perto de
mim, com seus olhos cinza impenetráveis, os cotovelos apoiados nos joelhos
e as pernas separadas. Inclina-se, desfaz-me uma trança muito devagar e me
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separa o cabelo com os dedos. Fico com a respiração presa e não posso me
mover. Observo hipnotizada sua mão movendo-se para a outra trança,
tirando a borracha e desfazendo a trança com seus compridos e hábeis
dedos.
— Vejo que você decidiu fazer um pouco de exercício — fala em voz
baixa e melodiosa, me colocando o cabelo atrás da orelha. — Por que,
Anastásia? — Rodeia-me a orelha com os dedos e muito suavemente,
ritmicamente, acaricia o lóbulo. Isso é muito sexual.
— Necessitava tempo para pensar, — eu sussurro. Eu sou toda
coelho e faróis, mariposa e chama, pássaro e serpente... e ele sabe
exatamente o que está fazendo.
— Pensar no que, Anastásia?
— Você.
E você decidiu que foi agradável me conhecer? Refere-te a me
conhecer em sentido bíblico?
Merda. Ruborizo-me.
— Não pensava que fosse um perito na Bíblia.
— Eu ia à catequese aos domingos, Anastásia. Aprendi muito.
Não recordo ter lido nada sobre pinças para mamilos na Bíblia.
Talvez lhe deram a catequese com uma tradução moderna.
Seus lábios se arqueiam desenhando um ligeiro sorriso e dirijo o
olhar para sua boca.
Bom, pensei que devia vir a lhe recordar quão agradável foi me
conhecer.
Meu Deus. Eu fico olhando para ele de boca aberta, e seus dedos se
movem da minha orelha para o meu queixo.
O que lhe parece, senhorita Steele?
Seus olhos cinzentos brilham para mim, há um desafio intrínseco em
seu olhar. Seus lábios estão entreabertos, está esperando, alerta para
atacar. O desejo, agudo, líquido e fumegante - arde no mais profundo de
meu ventre.
Adianto-me e me lanço para ele. De repente se move, não tenho nem
ideia de como, e em um abrir e fechar de olhos estou na cama, imobilizada
debaixo dele, com as mãos estendidas e sujeitas por cima da cabeça, com
sua mão livre me agarrando o rosto e sua boca procurando a minha.
Ele coloca a língua em minha boca, reclama-me e me possui, e eu me
deleito com sua força. Sinto-o por todo meu corpo. Deseja-me, e isso provoca
estranhas e deliciosas sensações dentro de mim. Não quer a Kate, com seus
minúsculos biquínis, nem a uma das quinze, nem à malvada senhora
Robinson. Quer a mim. Este formoso homem me deseja. Minha deusa
interior brilha tanto que poderia iluminar toda a cidade de Portland. Deixa
de me beijar. Abro os olhos e o vejo me olhando fixamente.
Confia em mim? — pergunta-me.
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Eu concordo, com os olhos muito abertos, com o coração
ricocheteando nas costelas e o sangue trovejando por todo meu corpo. Ele
estica o braço e do bolso da calça tira sua gravata de seda cinza... a gravata
cinza que deixa pequenas marcas da malha em minha pele. Senta-se
rapidamente escarranchado sobre mim e me ata as colunas, mas esta vez
ata o outro extremo da gravata ao canto da cama. Puxa o nó para comprovar
que está seguro. Não vou a nenhuma parte. Estou atada a minha cama, e
muito excitada.
Ele se levantou e ficou em pé junto à cama, me olhando com olhos
turvos de desejo. Seu olhar é de triunfo e de alívio.
— Melhor assim, — murmura e esboça um sorriso perverso de
conhecimento. Inclina-se e começa a me desamarrar um tênis. Oh, não...
não... meus pés. Acabo de correr.
Não, — protesto e empurro para que me solte.
Detém-se.
Se lutar, amarrarei também os pés, Anastásia. Se fizer o menor ruído,
te amordaçarei. Fique quieta. Katherine provavelmente está aqui e poderá
me escutar lá fora.
Amordaçar-me! Kate! Eu calo a boca.
Tirou -me os tênis e as meias, e me baixa muito devagar a calça de
moletom.
Oh... que calcinha estou vestindo? Levanta-me, retira a colcha e o
edredom de debaixo de mim e me coloca de barriga para cima sobre os
lençóis.
— Vejamos. — ele passa a língua lentamente pelo lábio inferior. —
Está mordendo o lábio, Anastásia. Sabe o efeito que tem sobre mim. —
Pressiona-me seu longo dedo indicador na boca como advertência.
Oh meu Deus. Eu mal posso me conter, estou indefesa, tombada, vejo
que ele se move tranquilamente pelo meu quarto. É um afrodisíaco
embriagador. Lentamente, sem pressas, ele tira os sapatos e as meias,
desfaz-se da calça e tira a camisa.
— Acredito que você viu muito, — ele ri maliciosamente. Volta a
sentar-se em cima de mim, escarranchado, e me levanta a camiseta. Acredito
que vai me tirar isso, mas a enrola à altura do pescoço e logo a sobe de
maneira que me deixa descoberta a boca e o nariz, mas me cobre os olhos. E
como está tão bem enrolada, não vejo nada.
— Mmm — sussurra satisfeito. — Isto está cada vez melhor. Eu vou
tomar uma bebida. Inclina-se, beija-me brandamente nos lábios e deixo de
sentir seu peso. Ouço o leve chiado da porta do quarto. Tomar uma bebida.
Onde? Aqui? Em Portland? Em Seattle? Aguço o ouvido. Distingo ruídos
surdos e sei que está falando com a Kate... Oh, não... Ele está praticamente
nu. O que vai dizer a Kate? Ouço um golpe seco. O que é isso? Retorna, a
porta volta a chiar, ouço seus passos pelo quarto e o som de gelo tilintando
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em um copo. O que está bebendo? Fecha a porta e ouço como se aproxima
tirando as calças, que caem ao chão. Sei que está nu. E volta a sentar-se
escarranchado sobre mim.
— Tem sede, Anastásia? — pergunta-me em tom zombador.
— Sim, — digo-lhe, porque de repente sinto a boca seca. Ouço o
tinido do gelo no copo. Inclina-se e, ao me beijar, derrama em minha boca
um líquido delicioso. É vinho branco. Não o esperava e é muito excitante,
embora esteja gelado, e os lábios do Christian também estão frios.
Mais? — pergunta-me em um sussurro.
Aceito. O gosto é ainda melhor porque vem de sua boca. Inclina-se e
bebo outro gole de seus lábios... Oh, meu Deus.
— Não vamos muito longe, sabemos que sua tolerância ao álcool é
limitada, Anastásia.
Não posso evitar de rir, e ele se inclina e solta outra deliciosa
baforada. Ele se coloca ao meu lado e sinto sua ereção no quadril. Oh,
quero-o dentro de mim.
Isso parece bom para você? — pergunta-me, mas ouço a borda em
sua voz.
Estou tensa. Volta a mover o copo, beija-me e, junto com o vinho,
solta um pedaço de gelo, na boca. Muito devagar começa a descer com os
lábios desde meu rosto, passando por meus seios, até meu torso e meu
ventre. Coloca-me uma parte de gelo no umbigo, onde se forma um pequeno
lago de vinho muito frio que provoca um incêndio que se propaga até o mais
profundo de meu ventre. Uau.
— Agora tem que ficar quieta, — ele sussurra. — Se você se mover,
molhara a cama de vinho, Anastásia.
Meus quadris se flexionam automaticamente.
Oh, não. Se derramar o vinho, vou te castigar, senhorita Steele.
Gemo, tento me controlar e luto desesperadamente contra a
necessidade de mover os quadris. Oh, não... por favor.
Baixa com um dedo as taças do sutiã e deixa com os seios no ar,
expostos e vulneráveis. Inclina-se, beija e pega meus mamilos com os lábios
frios, gelados. Luto contra meu corpo, que tenta responder arqueando-se.
Você gosta disto? — pergunta-me me apertando um mamilo.
Volto a ouvir o tinido do gelo, e logo o sinto ao redor de meu mamilo
direito, enquanto puxa de uma vez o esquerdo com os lábios. Gemo e luto
para não me mover. Uma desesperadora e doce tortura.
— Se derramar o vinho, não deixarei que goze.
— Oh... por favor... Christian... Senhor... por favor. — Ele estava me
deixando louca. Posso ouvi-lo sorrir.
O gelo de meu mamilo está derretendo-se. Estou muito quente...
quente, molhada e morta de desejo.
Quero-o dentro de mim. Agora.
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Ele desliza muito devagar os dedos gelados pelo meu ventre. Como
tenho a pele hipersensível, meus quadris se flexionam e o líquido do umbigo,
agora menos frio, goteja-me pela barriga. Christian se move rapidamente e o
lambe, beija-me, morde-me brandamente, chupa-me.
Oh querida, Anastásia, você se moveu. O que vou fazer contigo?
Ofego em voz alta. A única coisa que posso me concentrar é em sua
voz e seu tato. Nada mais é real. Nada mais importa. Meu radar não registra
nada mais. Desliza os dedos por dentro da minha calcinha e me alivia ouvir
que lhe escapa um profundo suspiro.
OH, querida, — ele murmura e me introduz dois dedos.
Sufoco um grito.
— Estará pronta para mim logo, — ele diz. Movendo seus tentadores
dedos devagar, dentro e fora, eu empurro para ele elevando os quadris.
— Você é uma garota gulosa, — ele me repreende baixinho, e seu
polegar circunda o meu clitóris e sem seguida, pressiona para baixo.
Ofego e meu corpo estremece sob seus peritos dedos. Estica um
braço e retira a camiseta dos meus olhos para que possa vê-lo. A tênue luz
do abajur me faz piscar. Desejo tocá-lo.
— Eu quero tocar você. — eu respiro.
— Eu sei, — ele murmura. Inclina-se e me beija sem deixar de mover
os dedos ritmicamente dentro de meu corpo, riscando círculos e
pressionando com o polegar. Com a outra mão me recolhe o cabelo para
cima e me sujeita a cabeça para que não a mova. Replica com a língua o
movimento de seus dedos. Começo a sentir as pernas rígidas de tanto
empurrar para sua mão. Ele retira gentilmente sua mão, então sou trazida
de volta da beira do abismo. Ele repete isso uma e outra vez. Isso é tão
frustrante... Oh, por favor, Christian, eu grito por dentro.
— Este é seu castigo, tão perto e de repente tão longe. Você acha isso
agradável? — sussurra-me ao ouvido.
Eu choramingo, esgotada, e puxo meus braços amarrados. Estou
indefesa, perdida em uma tortura erótica.
— Por favor, — suplico-lhe, e ele finalmente tem piedade de mim.
—Como quer que lhe foda, Anastásia?
Oh... meu corpo começa a tremer e volta a fica imóvel.
— Por favor.
— O que você quer, Anastásia?
— Você... agora, - eu grito.
— Como quer que eu lhe foda. Há uma variedade infinita de
maneiras, — ele respira contra meus lábios. Ele retira sua mão e atinge a
mesa de cabeceira, pegando o saquinho prateado. Ajoelha-se entre minhas
pernas e, muito devagar, tira-me a calcinha sem deixar de me olhar com
olhos brilhantes. Ele coloca o preservativo. Eu observo fascinada,
hipnotizada.
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Isto lhe parece agradável? — diz-me acariciando-se.
— Eu quis dizer isso como uma brincadeira, — eu choramingo. Por
favor, me foda Christian.
Ele levanta as sobrancelhas, deslizando a mão para cima e para baixo
em seu impressionante membro.
— Uma brincadeira? — pergunta-me com a voz ameaçadoramente
suave.
— Sim. Por favor, Christian, — rogo-lhe.
— Você está rindo agora?
Não, — eu choramingo.
A tensão sexual está a ponto de me fazer estalar. Olha-me por um
momento, avaliando meu desejo, e de repente me agarra e me dá a volta.
Fico surpresa, e como tenho as mãos amaradas, tenho que me apoiar nos
cotovelos. Empurra-me os joelhos para elevar o traseiro e me dá um forte
tapa. Antes que possa reagir, penetra-me. Eu grito, pelo tapa e por sua
agressão súbita, e gozo imediatamente uma e outra vez, caindo debaixo dele,
que segue a bater deliciosamente dentro de mim. Não se detém. Estou
destroçada. Não aguento mais... e ele empurra uma e outra vez... e sinto que
volta a me alagar outra vez... então eu estou começando de novo... não pode
ser... não...
— Vamos, Anastásia, mais uma vez, — ele rosna por entre os dentes
cerrados, e inacreditavelmente, meu corpo responde, convulsionando em
torno dele, quando eu chego ao clímax de novo, gritando o seu nome.
Despedaço-me novamente em pequenos fragmentos, e Christian finalmente
para, em silêncio, encontrando a sua liberação.
Ele cai em cima de mim, ofegando.
Quanto você achou bom? — pergunta-me com os dentes apertados.
Oh, meu Deus.
Estou caída na cama, devastada, ofegando e com os olhos fechados,
quando se separa de mim muito devagar. Levanta-se e começa a vestir-se.
Quando acabou, volta para a cama, desamarra-me e me tira a camiseta.
Flexiono os dedos e esfrego as bochechas, sorrindo ao ver que me marcou o
desenho do lençol. Ajusto o sutiã enquanto ele atira a colcha e o edredom
para me tampar. Olho para ele aturdida e ele me devolve o sorriso.
— Foi realmente muito bom, — sussurro timidamente.
— Não use esta palavra de novo.
— Você não gosta de que palavra?
— Não. Não tem nada que ver comigo.
— Oh... Eu não sei... parece ter um efeito benéfico para você.
— Eu sou um efeito benéfico? Isso é o que sou agora? Poderia ferir
mais meu amor próprio, senhorita Steele?
171
— Não acredito que tenha algum problema de amor próprio. Mas
sou consciente de que o digo sem convicção. Algo me passa rapidamente
pela cabeça, uma ideia fugaz, mas me escapa antes que possa apanhá-la.
— Você crê? — pergunta-me em tom amável. Ele está deitado ao meu
lado, vestido, com a cabeça apoiada no cotovelo, e eu estou apenas com o
sutiã.
— Por que você não gosta que lhe toquem?
—Porque não. — Ele inclina-se sobre mim e me beija suavemente na
testa. — Então, esse e-mail que você mandou era uma brincadeira
Sorrio a modo de desculpa e encolho de ombros.
— Estou vendo. Então ainda está pensando em minha proposta?
— Sua proposta é indecente... sim, estou pensando nela. Mas, tenho
alguns problemas, embora.
Ele me sorri aliviado.
— Ficaria decepcionado se não tivesse algumas coisas para discutir.
— Eu ia mandar isso por email, mas você me interrompeu.
— Coitus interruptus.
— Vê, eu sabia que tinha um pouco de senso de humor escondido
por aí. — digo-lhe sorridente.
— Não é tão divertido, Anastásia. Pensei que estava me dizendo não,
que nem sequer queria comentá-lo. — Sua voz falha.
— Ainda não sei. Não decidi nada. Você vai me colocar uma coleira?
Ele levanta as sobrancelhas.
— Você esteve pesquisando. Eu não sei, Anastásia. Nunca dei uma
coleira para alguém..
Oh... deveria me surpreender? Sei tão pouco sobre as sessões... Eu
não sei.
— Você já usou uma coleira? — pergunto, num sussurro
— Sim.
— Da senhora Robinson?
— Senhora Robinson! — Ele ri às gargalhadas, e parece jovem e
despreocupado, com a cabeça arremessada para trás. Sua risada é
contagiosa.
Eu sorrio para ele.
— Eu vou contar a ela como a chama, ela vai adorar.
— Você continua em contato com ela? — pergunto-lhe sem poder
dissimular meu temor.
— Sim. — responde-me muito sério.
Oh... de repente, uma parte de mim se volta louca de ciúmes. O
sentimento é tão forte que me perturba.
— Já vejo. — digo-lhe em tom tenso. — Assim tem alguém com quem
comentar seu estilo alternativo de vida, mas eu não posso.
Ele franze as sobrancelhas
172
— Acredito que nunca pensei por este ponto de vista. A senhora
Robinson fazia parte deste estilo de vida. Eu disse a você que agora é uma
boa amiga. Se quiser, posso te apresentar a uma de minhas ex-submissas.
Poderia falar com ela.
O que? Ele está, deliberadamente, tentando me deixar aborrecida?
— Esta é a sua ideia de uma piada?
— Não, Anastásia. — Confuso, e ele balança a cabeça seriamente.
— Não... eu vou fazer isso do meu jeito, muito obrigada — eu
respondi bruscamente, puxando o cobertor até ao meu queixo.
Ele observa-me perdido, surpreso.
— Anastásia, eu... — Ele não sabe o que dizer. Uma novidade, eu
acredito. — Não queria te ofender.
— Não estou ofendida. Estou consternada.
— Consternada?
— Não quero falar com nenhuma ex-namorada... escrava... sub... ou
qualquer nome que você chama.
— Anastásia Steele, está com ciúmes?
Eu fico vermelha
— Você vai ficar?
— Amanhã, no café da manhã, tenho uma reunião em Heathman.
Além disso, já te disse que não durmo com minhas namoradas, escravas,
submissas, com ninguém. Sexta-feira e sábado foram uma exceção. Não
voltará a acontecer. — Ouço a firme determinação atrás de sua doce voz
rouca.
Eu franzo os lábios.
— Bem, estou cansada agora.
— Você está me chutando para fora? — Ele levanta as sobrancelhas,
perplexo e um pouco aflito.
— Sim.
— Bem, outra novidade. — Olha-me especulativamente. — Não quer
discutir nada agora? Sobre o contrato.
— Não. — respondo-lhe de mau humor.
— Deus, eu gostaria de dar-lhe uma boa surra. Você se sentiria
muito melhor, assim como eu.
— Você não pode dizer essas coisas... Ainda não assinei nada.
— Um homem pode sonhar, Anastásia. — Ele inclina-se e me agarra
pelo queixo. — Quarta-feira? — Ele murmura, e beija-me rapidamente nos
lábios.
— Quarta-feira. — respondo-lhe. — Eu acompanho você até lá fora.
Só me dê um minuto. — Sento, coloco a camisa e empurrou-o para obter
espaço na cama. Ele faz isso com relutância.
— Passe-me à calça de moletom, por favor.
Ele a recolhe do chão e me entrega.
173
— Sim, senhora. — Ele tenta ocultar seu sorriso, mas não o
consegue.
Eu olho para ele de cara feia, enquanto ponho as calças. Meu cabelo
está um desastre e eu sei que depois que ele se for, eu terei que enfrentar a
inquisição de Katherine Kavanagh. Coloco um elástico no cabelo, dirijo-me
para a porta e abro para ver se vejo Kate. Ela não está na sala de estar.
Acredito que a ouço falando no telefone em seu quarto. Christian me segue.
Durante o breve percurso entre o meu quarto e a porta da frente, meus
pensamentos e meus sentimentos fluem e se transformam. Já não estou
zangada com ele. De repente, me sinto insuportavelmente tímida. Não quero
que parta. Pela primeira vez, eu gostaria que ele fosse normal, eu gostaria de
manter uma relação normal, que não exigisse um acordo de dez páginas,
açoites e mosquetões no teto de seu quarto de jogos.
Abro-lhe a porta e olho para as minhas mãos. É a primeira vez que
recebo um homem em minha casa para fazer sexo, e acredito que foi genial.
Mas agora me sinto como um recipiente, como um copo vazio que se enche
com o seu desejo. Meu subconsciente sacode a cabeça.
Eu queria correr até Heathman em busca de sexo... e lhe fizeram uma
entrega expressa. Cruzo os braços e bato com o pé no chão, como um ‘qual o
problema em olhar em seu rosto’. Christian parou junto à porta, agarra-me
pelo queixo e me obriga a olhá-lo. Sua testa enruga ligeiramente .
— Você está bem? — ele pergunta me acariciando o queixo com seu
polegar.
— Sim. — respondo-lhe, embora com toda a honestidade eu não
estou muito certa. Sinto uma mudança de paradigma. Eu sei que se aceitar,
vou me machucar. Ele não é capaz, não lhe interessa ou não quer me
oferecer nada mais... mas eu quero mais. Muito mais. O ataque de ciúmes
que senti por um momento, antes, me diz que meus sentimentos por ele são
mais profundos do que eu mesma posso admitir.
— Quarta-feira, — ele confirma, inclina-se e me beija com ternura.
Mas enquanto está me beijando, seus lábios ficam mais urgentes contra os
meus, sua mão se move para cima do meu queixo e está segurando a minha
cabeça, uma mão de cada lado. Sua respiração se acelera. Inclina-se para
mim e me beija mais profundamente. Coloquei minhas mãos em seus
braços. Quero deslizar as mãos pelo seu cabelo, mas resisto porque sei que
não gostaria. Ele encosta sua testa contra a minha, de olhos fechados, com a
voz tensa.
— Anastásia, — ele sussurra. — o que você está fazendo comigo?
— O mesmo eu poderia dizer para você, — sussurro de volta.
Toma uma respiração profunda, beija-me na testa e parte. Avança em
passo decidido para o carro passando a mão pelo cabelo. Enquanto abre a
porta, levanta o olhar e me lança um sorriso arrebatador. Totalmente
deslumbrada, devolvo-lhe um leve sorriso e volto a pensar em Ícaro
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aproximando-se muito ao sol. Fecho a porta da rua, enquanto se mete em
seu carro esportivo. Sinto uma irresistível necessidade de chorar. Uma triste
e solitária melancolia me oprime o coração. Volto para meu quarto, fecho a
porta e me apoio tentando racionalizar meus sentimentos, mas não posso.
Deixo-me cair no chão, cubro o rosto com as mãos e as lágrimas começam a
descer.
Kate bate na porta suavemente.
— Ana? — ela sussurra. Eu abro a porta. Ela me olha e me abraça.
— O que está errado? O que lhe fez esse bastardo repulsivo?
— Oh, Kate, nada que eu não quisesse que me fizesse.
Ela me empurra para a cama e nos sentamos.
— Você está com o cabelo horrível.
Embora esteja desconsolada, rio-me.
— O sexo foi bom, não foi terrível em nada.
Kate sorri.
— Melhor. Por que você está chorando? Você nunca chora. — Ela
pega a minha escova na mesa em frente, senta atrás de mim, e muito
devagar escova para tirar os nós.
— Eu só não acho que nosso relacionamento está indo a lugar
nenhum. — Olho para os meus dedos.
— Você não disse que ia vê-lo só na quarta-feira?
— Sim, foi o que combinamos.
— E por que ele apareceu hoje por aqui?
— Porque lhe mandei um e-mail.
— Pedindo para que ele viesse?
— Não, lhe dizendo que não queria voltar a vê-lo.
— E ele veio até aqui? Ana, você é genial.
— A verdade é que era uma brincadeira.
— Oh, agora sim não estou entendendo nada.
Pacientemente, lhe explico essência do meu e-mail, sem entrar em
detalhes.
— Pensou que responderia por email.
— Sim.
— Mas isso fez com que ele viesse aqui.
— Sim.
— Eu diria que ele está completamente apaixonado por você.
Franzo o cenho. Christian apaixonado por mim? Dificilmente. Ele só
está procurando um novo brinquedo, um novo e adequado brinquedo para
deitar-se e lhe fazer coisas indescritíveis. Meu coração se aperta.
Essa é a verdade.
— Ele veio só para foder-me, isso é tudo.
175
— Quem disse que o romantismo tinha morrido? — ela murmura
horrorizada. Eu choquei a Kate. Não pensava que isso fora possível. Encolho
os ombros, como desculpa.
— Ele utiliza o sexo como uma arma.
— Fode você para submetê-la? – Ela sacode a cabeça com
desaprovação. Eu pisco rapidamente para ela, e eu sinto o rubor se
espalhando pelo meu rosto. Oh... na mosca, Katherine Kavanagh, ganhadora
do premio Pulitzer de jornalismo.
— Ana, não a entendo, e você faz amor com ele?
— Não, Kate, não fazemos amor... fodemos... como diz Christian. Ele
não está interessado em amor.
— Sabia que havia algo estranho nele. Tem problema em assumir
compromisso.
Eu concordo, como se estivesse de acordo, mas por dentro suspiro.
Oh, Kate... eu gostaria de lhe contar tudo sobre este tipo estranho, triste e
perverso, e gostaria que você pudesse me dizer para esquecê-lo, para deixar
de ser tola.
— Eu acho que é uma situação bastante esmagadora, — murmuro.
Esse é o eufemismo do ano. Porque eu não quero mais falar sobre Christian,
eu pergunto sobre Elliot. Só de mencionar o seu nome, a atitude de
Katherine muda radicalmente, seu rosto se ilumina, sorrindo para mim.
— Ele virá cedo no sábado para nos ajudar na mudança. Abraça a
escova com força contra seu peito, ela se deu bem, e sinto uma vaga e
familiar pontada de inveja. Kate encontrou um homem normal e parece
muito feliz.
Eu viro para ela e a abraço.
— Ah, quase tinha me esquecimento. Seu pai ligou quando estava...
bem, ocupada. Parece que Bob teve um pequeno acidente, assim, sua mãe e
ele não poderão vir à entrega do diploma. Mas seu pai estará aqui na quinta-
feira. Ele quer que você ligue para ele.
— Oh... minha mãe não me ligaria para me dizer isso. O Bob está
bem?
— Sim. Ligue para ela de manhã. Agora é tarde.
— Obrigada, Kate. Já estou bem, agora. Amanhã ligarei também para
o Ray. Acredito que vou-me deitar. — Ela me sorri, mas aperta seus olhos,
preocupada.
Quando ela saiu, sento-me, volto a ler o contrato e vou tomando
notas. Uma vez que terminei, ligo o computador disposta a lhe responder.
Em minha caixa de entrada há um e-mail do Christian.
De: Christian Grey
176
Data: 23 de maio de 2011 23:16
Para: Anastásia Steele
Assunto: Esta noite
Senhorita Steele:
Espero impaciente por suas observações sobre o contrato.
Enquanto isso, que durma bem, querida.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
De: Anastásia Steele
Data: 24 de maio de 2011 00:02
Para: Christian Grey
Assunto: Objeções
Querido senhor Grey
Aqui está minha lista de objeções. Espero que na quarta-feira
possamos discutir com calma, durante o nosso jantar.
Os números remetem às cláusulas:
2: Não tenho certeza que seja exclusivamente em MEU benefício, quer
dizer, para que explore minha sensualidade e meus limites. Estou segura de
que para isso, não necessitaria um contrato de dez páginas. Certamente é
para SEU benefício.
4: Como sabe, só pratiquei sexo com você. Não tomo drogas e nunca
fiz uma transfusão. Certamente estou mais que sã. E sobre você?
8: Posso rescindir o contrato a qualquer momento, se acreditar que
não está cumprindo os limites acordados. Ok, isso me parece muito bem.
9: Devo obedecer você em tudo? Aceitar sua disciplina sem duvidar?
Temos que conversar sobre isso.
11: Período de prova de um mês, não de três.
12: Não posso me comprometer todos os fins de semana. Tenho vida
própria, e seguirei tendo. Possivelmente três de cada quatro?
15.2: Utilizar meu corpo da maneira que considere oportuna, no sexo ou em
qualquer outro âmbito... Por favor, defina "em qualquer outro âmbito".
15.5: Toda a cláusula sobre a disciplina em geral. Não estou segura de
que queira ser açoitada, surrada ou castigada fisicamente. Estou segura de
que isto infringe as cláusulas 2-5. E além disso "por qualquer outra razão" é
simplesmente mesquinho... e me disse que não era um sádico.
15.10: Como se me emprestar a alguém pudesse ser uma opção. Mas
me alegro de que o deixe bem claro.
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15.14: Sobre as normas, comento mais adiante.
15.19: Que problema há em que me toque sem sua permissão? Em
qualquer caso, sabe que não o faço.
15.21: Disciplina: veja-se acima cláusula 15.5.
15.22: Não posso te olhar nos olhos? Por quê?
15.24: Por que não posso tocar em você?
Normas:
Dormir: aceitarei seis horas.
Comida: não vou comer o que puser em uma lista. Ou a lista dos
mantimentos se elimina, ou rompo o contrato.
Roupa: de acordo, contanto que só tenha que vestir a sua roupa
quando estou com você... Ok.
Exercício: tínhamos ficado em três horas, mas segue pondo quatro.
Limites suaves:
Temos que passar por tudo isto? Não quero fisting de nenhum tipo. O
que é a suspensão? Pinças genitais... deve estar de brincadeira.
Poderia me dizer quais são seus planos para quarta-feira? Eu trabalho
até às cinco da tarde.
Boa noite.
Ana
De: Christian Grey
Data: 24 de maio de 2011 00:07
Para: Anastásia Steele
Assunto: Objeções
Senhorita Steele:
É uma lista muito longa. Por que ainda está acordada?
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
De: Anastásia Steele
Data: 24 de maio de 2011 00:10
178
Para: Christian Grey
Assunto: Queimando o óleo da meia-noite
Senhor:
Se não recordar mal, estava com esta lista quando sua obsessão por
controle me interrompeu e me levou para a cama.
Boa noite.
Ana
De: Christian Grey
Data: 24 de maio de 2011 00:12
Para: Anastásia Steele
Assunto: Pare de queimar o óleo da meia-noite
ANASTÁSIA,VÁ PARA CAMA.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
Oh... em maiúsculas! Como se gritasse. Desligo o computador. Como
pode me intimidar estando a oito quilômetros de distância?
Eu sacudo a minha cabeça. Meu coração está disparado, eu subo na
cama e imediatamente caio em um sonho profundo, embora intranquilo.
179Pela primeira vez em minha vida, saio para correr voluntariamente.
Procuro meus asquerosos tênis, que nunca uso, uma calça de moletom e
uma camiseta. Faço uma trança, ruborizo-me com as lembranças que
voltam à minha mente e ligo o iPod. Não posso me sentar em frente a essa
maravilha da tecnologia e seguir vendo ou lendo mais material inquietante.
Preciso queimar parte desta excessiva e enervante energia. A verdade é que
gostaria de correr até o hotel Heathman e exigir sexo deste maníaco por
controle. Mas está a oito quilômetros, e duvido que possa chegar a correr
dois, muito menos oito, e, claro, ele poderia não aceitar, o que seria muito
humilhante.
Quando abro a porta, Kate está saindo de seu carro. Ela quase
deixa as compras caírem quando me vê. Ana Steele com tênis de corrida. Eu
aceno e não paro, por causa da inquisição. Preciso de algum tempo sozinha.
Snow Patrol está tocando em meus ouvidos, e saio para o céu opala e aruá
marinha, do anoitecer.
Passo pelo parque. O que vou fazer? Desejo-o, mas nesses termos? A
verdade é que não sei. Talvez eu devesse negociar o que quero. Revisar esse
ridículo contrato linha a linha e dizer o que me parece aceitável e o que não.
Minha pesquisa me disse que legalmente é sem nenhum valor. Ele deve
saber. Suponho que só serve para definir os parâmetros da relação. Ele
ilustra o que posso esperar dele e o que ele espera de mim, a minha
submissão total. Estou preparada para dar isso a ele? Sou mesmo capaz?
Uma pergunta me persegue, por que é ele assim? Será que é porque
foi seduzido quando era muito jovem? Eu simplesmente não sei. Ele ainda é
um mistério.
Eu paro ao lado de um grande pinheiro e apoio as mãos em
meus joelhos, respirando com dificuldade, puxando o precioso ar para os
meus pulmões. Sinto-me bem, é fantástico. Sinto que minha determinação
se fortalece. Sim. Tenho que lhe dizer o que me parece bem e o que não.
Tenho que lhe mandar por e-mail o que penso, e então poderemos discutir
na quarta-feira. Eu respiro fundo, para me limpar por dentro, e dou a volta
para casa.
Kate foi comprar roupas, como só ela poderia, eram roupas para suas
férias em Barbados.
Principalmente biquínis e cangas combinando. Ela vai parecer
fantástica com todos esses modelos, mas mesmo assim, ela prova todos e me
obriga a sentar e comentar como ficaram. Não há muitas maneiras de dizer:
"Está fantástica, Kate". Embora esteja magra, tem umas curvas de perder o
164
sentido. Ela não faz isso de propósito, eu sei, mas ao final arrasto meu
penoso corpo coberto de suor até o meu quarto com a desculpa de ir
empacotar mais caixas. Eu poderia me sentir mais inadequada? Levo comigo
o computador sem fio, ligo e escrevo um email para Christian.
De: Anastásia Steele
Data: 23 de maio de 2011 20:33
Para: Christian Grey
Assunto: Universitária escandalizada
Bem, já vi o bastante.
Foi agradável te conhecer.
Ana
Pressiono "Enviar", abraçando-me, rindo da minha piada. Será que
ele vai achar isso tão engraçado? Oh, merda...
Certamente não. Christian Grey não é famoso por seu senso de
humor. Embora saiba que ele o tem, porque experimentei. Talvez ele deixe
para lá. Espero sua resposta.
Espero... e espero. Olho para o despertador. Já se passaram dez
minutos.
Para esquecer da angústia que se abre caminho em meu estômago,
ponho-me a fazer o que havia dito a Kate que faria: empacotar as coisas de
meu quarto. Começo colocando meus livros em uma caixa.
Por volta das nove sigo sem notícias. Talvez ele tenha saído. Eu estou
amuada e petulante, ponho os fones do iPod, escuto o Snow Patrol e sento
em minha mesa para reler o contrato e a anotar minhas observações e
comentários.
Não sei por que levanto o olhar, possivelmente capto de relance um
ligeiro movimento, não sei, mas quando a levanto, Christian está na porta de
meu quarto me olhando fixamente. Leva suas calças cinza de flanela e uma
camisa branca de linho, e agita brandamente a chave do carro. Arregalo os
olhos e fico gelada. Porra!
— Boa noite, Anastásia. — Sua voz era fria, sua expressão precavida
e ilegível. A capacidade de falar me abandona. Maldita Kate, deixou-o entrar
sem me avisar. Estou vagamente ciente de que ainda estou de moletom, toda
suada e sem tomar banho, e ele está muito bonito, com as calças caindo
bem nos quadris, e o que mais, ele está em meu quarto.
165
Eu senti que o seu e-mail merecia uma resposta em pessoa — explica
em tom seco.
Abro a boca e volto a fechá-la, duas vezes. A piada é sobre mim.
Nunca, neste ou em qualquer universo alternativo eu esperava que ele
largasse tudo e viesse até aqui.
Posso me sentar? — pergunta-me, agora com olhos divertidos.
Obrigada, Meu deus... Talvez a brincadeira lhe pareceu engraçada.
Eu concordo. Minha capacidade de falar permanece incerta.
Christian Grey está sentado em minha cama.
Perguntava-me como seria seu quarto, — Ele diz.
Olho ao meu redor, pensando em uma rota de fuga, não, aqui só tem
uma porta e uma janela.
Meu quarto é funcional, mas acolhedor, poucos móveis brancos de
vime e uma cama de casal branca, de ferro, com uma colcha de patchwork
que minha mãe fez quando estava em sua etapa de trabalhos caseiros. É
azul céu e creme.
— É muito sereno e tranquilo, - ele murmura. Não neste momento...
não com você aqui. Finalmente minha medula oblonga recorda o seu
propósito, eu respiro.
Como...?
Ele sorri para mim.
Ainda estou no Heathman.
Isso eu já sabia.
— Quer tomar algo? — Tenho que dizer o que a educação sempre me
impõe.
— Não, obrigado, Anastásia. Esboça um deslumbrante meio sorriso
com a cabeça ligeiramente inclinada.
Bem, eu certamente vou precisar de uma.
Então, foi agradável me conhecer?
Maldição, ofendeu-se? Olho para baixo, para os meus dedos. Como eu
vou sair dessa? Se lhe disser a ele que era uma brincadeira, não acredito que
goste de muito.
— Pensei que me responderia por e-mail. — digo-lhe em voz muito
baixa, patética.
Você está mordendo o lábio de propósito? — pergunta-me muito
sério.
Eu pisco os olhos, abro a boca e solto o lábio.
Não estava consciente de que estava mordendo o lábio, — eu
murmuro.
Meu coração está disparado. Sinto a tensão, essa deliciosa
eletricidade estática que invade o espaço. Ele está sentado muito perto de
mim, com seus olhos cinza impenetráveis, os cotovelos apoiados nos joelhos
e as pernas separadas. Inclina-se, desfaz-me uma trança muito devagar e me
166
separa o cabelo com os dedos. Fico com a respiração presa e não posso me
mover. Observo hipnotizada sua mão movendo-se para a outra trança,
tirando a borracha e desfazendo a trança com seus compridos e hábeis
dedos.
— Vejo que você decidiu fazer um pouco de exercício — fala em voz
baixa e melodiosa, me colocando o cabelo atrás da orelha. — Por que,
Anastásia? — Rodeia-me a orelha com os dedos e muito suavemente,
ritmicamente, acaricia o lóbulo. Isso é muito sexual.
— Necessitava tempo para pensar, — eu sussurro. Eu sou toda
coelho e faróis, mariposa e chama, pássaro e serpente... e ele sabe
exatamente o que está fazendo.
— Pensar no que, Anastásia?
— Você.
E você decidiu que foi agradável me conhecer? Refere-te a me
conhecer em sentido bíblico?
Merda. Ruborizo-me.
— Não pensava que fosse um perito na Bíblia.
— Eu ia à catequese aos domingos, Anastásia. Aprendi muito.
Não recordo ter lido nada sobre pinças para mamilos na Bíblia.
Talvez lhe deram a catequese com uma tradução moderna.
Seus lábios se arqueiam desenhando um ligeiro sorriso e dirijo o
olhar para sua boca.
Bom, pensei que devia vir a lhe recordar quão agradável foi me
conhecer.
Meu Deus. Eu fico olhando para ele de boca aberta, e seus dedos se
movem da minha orelha para o meu queixo.
O que lhe parece, senhorita Steele?
Seus olhos cinzentos brilham para mim, há um desafio intrínseco em
seu olhar. Seus lábios estão entreabertos, está esperando, alerta para
atacar. O desejo, agudo, líquido e fumegante - arde no mais profundo de
meu ventre.
Adianto-me e me lanço para ele. De repente se move, não tenho nem
ideia de como, e em um abrir e fechar de olhos estou na cama, imobilizada
debaixo dele, com as mãos estendidas e sujeitas por cima da cabeça, com
sua mão livre me agarrando o rosto e sua boca procurando a minha.
Ele coloca a língua em minha boca, reclama-me e me possui, e eu me
deleito com sua força. Sinto-o por todo meu corpo. Deseja-me, e isso provoca
estranhas e deliciosas sensações dentro de mim. Não quer a Kate, com seus
minúsculos biquínis, nem a uma das quinze, nem à malvada senhora
Robinson. Quer a mim. Este formoso homem me deseja. Minha deusa
interior brilha tanto que poderia iluminar toda a cidade de Portland. Deixa
de me beijar. Abro os olhos e o vejo me olhando fixamente.
Confia em mim? — pergunta-me.
167
Eu concordo, com os olhos muito abertos, com o coração
ricocheteando nas costelas e o sangue trovejando por todo meu corpo. Ele
estica o braço e do bolso da calça tira sua gravata de seda cinza... a gravata
cinza que deixa pequenas marcas da malha em minha pele. Senta-se
rapidamente escarranchado sobre mim e me ata as colunas, mas esta vez
ata o outro extremo da gravata ao canto da cama. Puxa o nó para comprovar
que está seguro. Não vou a nenhuma parte. Estou atada a minha cama, e
muito excitada.
Ele se levantou e ficou em pé junto à cama, me olhando com olhos
turvos de desejo. Seu olhar é de triunfo e de alívio.
— Melhor assim, — murmura e esboça um sorriso perverso de
conhecimento. Inclina-se e começa a me desamarrar um tênis. Oh, não...
não... meus pés. Acabo de correr.
Não, — protesto e empurro para que me solte.
Detém-se.
Se lutar, amarrarei também os pés, Anastásia. Se fizer o menor ruído,
te amordaçarei. Fique quieta. Katherine provavelmente está aqui e poderá
me escutar lá fora.
Amordaçar-me! Kate! Eu calo a boca.
Tirou -me os tênis e as meias, e me baixa muito devagar a calça de
moletom.
Oh... que calcinha estou vestindo? Levanta-me, retira a colcha e o
edredom de debaixo de mim e me coloca de barriga para cima sobre os
lençóis.
— Vejamos. — ele passa a língua lentamente pelo lábio inferior. —
Está mordendo o lábio, Anastásia. Sabe o efeito que tem sobre mim. —
Pressiona-me seu longo dedo indicador na boca como advertência.
Oh meu Deus. Eu mal posso me conter, estou indefesa, tombada, vejo
que ele se move tranquilamente pelo meu quarto. É um afrodisíaco
embriagador. Lentamente, sem pressas, ele tira os sapatos e as meias,
desfaz-se da calça e tira a camisa.
— Acredito que você viu muito, — ele ri maliciosamente. Volta a
sentar-se em cima de mim, escarranchado, e me levanta a camiseta. Acredito
que vai me tirar isso, mas a enrola à altura do pescoço e logo a sobe de
maneira que me deixa descoberta a boca e o nariz, mas me cobre os olhos. E
como está tão bem enrolada, não vejo nada.
— Mmm — sussurra satisfeito. — Isto está cada vez melhor. Eu vou
tomar uma bebida. Inclina-se, beija-me brandamente nos lábios e deixo de
sentir seu peso. Ouço o leve chiado da porta do quarto. Tomar uma bebida.
Onde? Aqui? Em Portland? Em Seattle? Aguço o ouvido. Distingo ruídos
surdos e sei que está falando com a Kate... Oh, não... Ele está praticamente
nu. O que vai dizer a Kate? Ouço um golpe seco. O que é isso? Retorna, a
porta volta a chiar, ouço seus passos pelo quarto e o som de gelo tilintando
168
em um copo. O que está bebendo? Fecha a porta e ouço como se aproxima
tirando as calças, que caem ao chão. Sei que está nu. E volta a sentar-se
escarranchado sobre mim.
— Tem sede, Anastásia? — pergunta-me em tom zombador.
— Sim, — digo-lhe, porque de repente sinto a boca seca. Ouço o
tinido do gelo no copo. Inclina-se e, ao me beijar, derrama em minha boca
um líquido delicioso. É vinho branco. Não o esperava e é muito excitante,
embora esteja gelado, e os lábios do Christian também estão frios.
Mais? — pergunta-me em um sussurro.
Aceito. O gosto é ainda melhor porque vem de sua boca. Inclina-se e
bebo outro gole de seus lábios... Oh, meu Deus.
— Não vamos muito longe, sabemos que sua tolerância ao álcool é
limitada, Anastásia.
Não posso evitar de rir, e ele se inclina e solta outra deliciosa
baforada. Ele se coloca ao meu lado e sinto sua ereção no quadril. Oh,
quero-o dentro de mim.
Isso parece bom para você? — pergunta-me, mas ouço a borda em
sua voz.
Estou tensa. Volta a mover o copo, beija-me e, junto com o vinho,
solta um pedaço de gelo, na boca. Muito devagar começa a descer com os
lábios desde meu rosto, passando por meus seios, até meu torso e meu
ventre. Coloca-me uma parte de gelo no umbigo, onde se forma um pequeno
lago de vinho muito frio que provoca um incêndio que se propaga até o mais
profundo de meu ventre. Uau.
— Agora tem que ficar quieta, — ele sussurra. — Se você se mover,
molhara a cama de vinho, Anastásia.
Meus quadris se flexionam automaticamente.
Oh, não. Se derramar o vinho, vou te castigar, senhorita Steele.
Gemo, tento me controlar e luto desesperadamente contra a
necessidade de mover os quadris. Oh, não... por favor.
Baixa com um dedo as taças do sutiã e deixa com os seios no ar,
expostos e vulneráveis. Inclina-se, beija e pega meus mamilos com os lábios
frios, gelados. Luto contra meu corpo, que tenta responder arqueando-se.
Você gosta disto? — pergunta-me me apertando um mamilo.
Volto a ouvir o tinido do gelo, e logo o sinto ao redor de meu mamilo
direito, enquanto puxa de uma vez o esquerdo com os lábios. Gemo e luto
para não me mover. Uma desesperadora e doce tortura.
— Se derramar o vinho, não deixarei que goze.
— Oh... por favor... Christian... Senhor... por favor. — Ele estava me
deixando louca. Posso ouvi-lo sorrir.
O gelo de meu mamilo está derretendo-se. Estou muito quente...
quente, molhada e morta de desejo.
Quero-o dentro de mim. Agora.
169
Ele desliza muito devagar os dedos gelados pelo meu ventre. Como
tenho a pele hipersensível, meus quadris se flexionam e o líquido do umbigo,
agora menos frio, goteja-me pela barriga. Christian se move rapidamente e o
lambe, beija-me, morde-me brandamente, chupa-me.
Oh querida, Anastásia, você se moveu. O que vou fazer contigo?
Ofego em voz alta. A única coisa que posso me concentrar é em sua
voz e seu tato. Nada mais é real. Nada mais importa. Meu radar não registra
nada mais. Desliza os dedos por dentro da minha calcinha e me alivia ouvir
que lhe escapa um profundo suspiro.
OH, querida, — ele murmura e me introduz dois dedos.
Sufoco um grito.
— Estará pronta para mim logo, — ele diz. Movendo seus tentadores
dedos devagar, dentro e fora, eu empurro para ele elevando os quadris.
— Você é uma garota gulosa, — ele me repreende baixinho, e seu
polegar circunda o meu clitóris e sem seguida, pressiona para baixo.
Ofego e meu corpo estremece sob seus peritos dedos. Estica um
braço e retira a camiseta dos meus olhos para que possa vê-lo. A tênue luz
do abajur me faz piscar. Desejo tocá-lo.
— Eu quero tocar você. — eu respiro.
— Eu sei, — ele murmura. Inclina-se e me beija sem deixar de mover
os dedos ritmicamente dentro de meu corpo, riscando círculos e
pressionando com o polegar. Com a outra mão me recolhe o cabelo para
cima e me sujeita a cabeça para que não a mova. Replica com a língua o
movimento de seus dedos. Começo a sentir as pernas rígidas de tanto
empurrar para sua mão. Ele retira gentilmente sua mão, então sou trazida
de volta da beira do abismo. Ele repete isso uma e outra vez. Isso é tão
frustrante... Oh, por favor, Christian, eu grito por dentro.
— Este é seu castigo, tão perto e de repente tão longe. Você acha isso
agradável? — sussurra-me ao ouvido.
Eu choramingo, esgotada, e puxo meus braços amarrados. Estou
indefesa, perdida em uma tortura erótica.
— Por favor, — suplico-lhe, e ele finalmente tem piedade de mim.
—Como quer que lhe foda, Anastásia?
Oh... meu corpo começa a tremer e volta a fica imóvel.
— Por favor.
— O que você quer, Anastásia?
— Você... agora, - eu grito.
— Como quer que eu lhe foda. Há uma variedade infinita de
maneiras, — ele respira contra meus lábios. Ele retira sua mão e atinge a
mesa de cabeceira, pegando o saquinho prateado. Ajoelha-se entre minhas
pernas e, muito devagar, tira-me a calcinha sem deixar de me olhar com
olhos brilhantes. Ele coloca o preservativo. Eu observo fascinada,
hipnotizada.
170
Isto lhe parece agradável? — diz-me acariciando-se.
— Eu quis dizer isso como uma brincadeira, — eu choramingo. Por
favor, me foda Christian.
Ele levanta as sobrancelhas, deslizando a mão para cima e para baixo
em seu impressionante membro.
— Uma brincadeira? — pergunta-me com a voz ameaçadoramente
suave.
— Sim. Por favor, Christian, — rogo-lhe.
— Você está rindo agora?
Não, — eu choramingo.
A tensão sexual está a ponto de me fazer estalar. Olha-me por um
momento, avaliando meu desejo, e de repente me agarra e me dá a volta.
Fico surpresa, e como tenho as mãos amaradas, tenho que me apoiar nos
cotovelos. Empurra-me os joelhos para elevar o traseiro e me dá um forte
tapa. Antes que possa reagir, penetra-me. Eu grito, pelo tapa e por sua
agressão súbita, e gozo imediatamente uma e outra vez, caindo debaixo dele,
que segue a bater deliciosamente dentro de mim. Não se detém. Estou
destroçada. Não aguento mais... e ele empurra uma e outra vez... e sinto que
volta a me alagar outra vez... então eu estou começando de novo... não pode
ser... não...
— Vamos, Anastásia, mais uma vez, — ele rosna por entre os dentes
cerrados, e inacreditavelmente, meu corpo responde, convulsionando em
torno dele, quando eu chego ao clímax de novo, gritando o seu nome.
Despedaço-me novamente em pequenos fragmentos, e Christian finalmente
para, em silêncio, encontrando a sua liberação.
Ele cai em cima de mim, ofegando.
Quanto você achou bom? — pergunta-me com os dentes apertados.
Oh, meu Deus.
Estou caída na cama, devastada, ofegando e com os olhos fechados,
quando se separa de mim muito devagar. Levanta-se e começa a vestir-se.
Quando acabou, volta para a cama, desamarra-me e me tira a camiseta.
Flexiono os dedos e esfrego as bochechas, sorrindo ao ver que me marcou o
desenho do lençol. Ajusto o sutiã enquanto ele atira a colcha e o edredom
para me tampar. Olho para ele aturdida e ele me devolve o sorriso.
— Foi realmente muito bom, — sussurro timidamente.
— Não use esta palavra de novo.
— Você não gosta de que palavra?
— Não. Não tem nada que ver comigo.
— Oh... Eu não sei... parece ter um efeito benéfico para você.
— Eu sou um efeito benéfico? Isso é o que sou agora? Poderia ferir
mais meu amor próprio, senhorita Steele?
171
— Não acredito que tenha algum problema de amor próprio. Mas
sou consciente de que o digo sem convicção. Algo me passa rapidamente
pela cabeça, uma ideia fugaz, mas me escapa antes que possa apanhá-la.
— Você crê? — pergunta-me em tom amável. Ele está deitado ao meu
lado, vestido, com a cabeça apoiada no cotovelo, e eu estou apenas com o
sutiã.
— Por que você não gosta que lhe toquem?
—Porque não. — Ele inclina-se sobre mim e me beija suavemente na
testa. — Então, esse e-mail que você mandou era uma brincadeira
Sorrio a modo de desculpa e encolho de ombros.
— Estou vendo. Então ainda está pensando em minha proposta?
— Sua proposta é indecente... sim, estou pensando nela. Mas, tenho
alguns problemas, embora.
Ele me sorri aliviado.
— Ficaria decepcionado se não tivesse algumas coisas para discutir.
— Eu ia mandar isso por email, mas você me interrompeu.
— Coitus interruptus.
— Vê, eu sabia que tinha um pouco de senso de humor escondido
por aí. — digo-lhe sorridente.
— Não é tão divertido, Anastásia. Pensei que estava me dizendo não,
que nem sequer queria comentá-lo. — Sua voz falha.
— Ainda não sei. Não decidi nada. Você vai me colocar uma coleira?
Ele levanta as sobrancelhas.
— Você esteve pesquisando. Eu não sei, Anastásia. Nunca dei uma
coleira para alguém..
Oh... deveria me surpreender? Sei tão pouco sobre as sessões... Eu
não sei.
— Você já usou uma coleira? — pergunto, num sussurro
— Sim.
— Da senhora Robinson?
— Senhora Robinson! — Ele ri às gargalhadas, e parece jovem e
despreocupado, com a cabeça arremessada para trás. Sua risada é
contagiosa.
Eu sorrio para ele.
— Eu vou contar a ela como a chama, ela vai adorar.
— Você continua em contato com ela? — pergunto-lhe sem poder
dissimular meu temor.
— Sim. — responde-me muito sério.
Oh... de repente, uma parte de mim se volta louca de ciúmes. O
sentimento é tão forte que me perturba.
— Já vejo. — digo-lhe em tom tenso. — Assim tem alguém com quem
comentar seu estilo alternativo de vida, mas eu não posso.
Ele franze as sobrancelhas
172
— Acredito que nunca pensei por este ponto de vista. A senhora
Robinson fazia parte deste estilo de vida. Eu disse a você que agora é uma
boa amiga. Se quiser, posso te apresentar a uma de minhas ex-submissas.
Poderia falar com ela.
O que? Ele está, deliberadamente, tentando me deixar aborrecida?
— Esta é a sua ideia de uma piada?
— Não, Anastásia. — Confuso, e ele balança a cabeça seriamente.
— Não... eu vou fazer isso do meu jeito, muito obrigada — eu
respondi bruscamente, puxando o cobertor até ao meu queixo.
Ele observa-me perdido, surpreso.
— Anastásia, eu... — Ele não sabe o que dizer. Uma novidade, eu
acredito. — Não queria te ofender.
— Não estou ofendida. Estou consternada.
— Consternada?
— Não quero falar com nenhuma ex-namorada... escrava... sub... ou
qualquer nome que você chama.
— Anastásia Steele, está com ciúmes?
Eu fico vermelha
— Você vai ficar?
— Amanhã, no café da manhã, tenho uma reunião em Heathman.
Além disso, já te disse que não durmo com minhas namoradas, escravas,
submissas, com ninguém. Sexta-feira e sábado foram uma exceção. Não
voltará a acontecer. — Ouço a firme determinação atrás de sua doce voz
rouca.
Eu franzo os lábios.
— Bem, estou cansada agora.
— Você está me chutando para fora? — Ele levanta as sobrancelhas,
perplexo e um pouco aflito.
— Sim.
— Bem, outra novidade. — Olha-me especulativamente. — Não quer
discutir nada agora? Sobre o contrato.
— Não. — respondo-lhe de mau humor.
— Deus, eu gostaria de dar-lhe uma boa surra. Você se sentiria
muito melhor, assim como eu.
— Você não pode dizer essas coisas... Ainda não assinei nada.
— Um homem pode sonhar, Anastásia. — Ele inclina-se e me agarra
pelo queixo. — Quarta-feira? — Ele murmura, e beija-me rapidamente nos
lábios.
— Quarta-feira. — respondo-lhe. — Eu acompanho você até lá fora.
Só me dê um minuto. — Sento, coloco a camisa e empurrou-o para obter
espaço na cama. Ele faz isso com relutância.
— Passe-me à calça de moletom, por favor.
Ele a recolhe do chão e me entrega.
173
— Sim, senhora. — Ele tenta ocultar seu sorriso, mas não o
consegue.
Eu olho para ele de cara feia, enquanto ponho as calças. Meu cabelo
está um desastre e eu sei que depois que ele se for, eu terei que enfrentar a
inquisição de Katherine Kavanagh. Coloco um elástico no cabelo, dirijo-me
para a porta e abro para ver se vejo Kate. Ela não está na sala de estar.
Acredito que a ouço falando no telefone em seu quarto. Christian me segue.
Durante o breve percurso entre o meu quarto e a porta da frente, meus
pensamentos e meus sentimentos fluem e se transformam. Já não estou
zangada com ele. De repente, me sinto insuportavelmente tímida. Não quero
que parta. Pela primeira vez, eu gostaria que ele fosse normal, eu gostaria de
manter uma relação normal, que não exigisse um acordo de dez páginas,
açoites e mosquetões no teto de seu quarto de jogos.
Abro-lhe a porta e olho para as minhas mãos. É a primeira vez que
recebo um homem em minha casa para fazer sexo, e acredito que foi genial.
Mas agora me sinto como um recipiente, como um copo vazio que se enche
com o seu desejo. Meu subconsciente sacode a cabeça.
Eu queria correr até Heathman em busca de sexo... e lhe fizeram uma
entrega expressa. Cruzo os braços e bato com o pé no chão, como um ‘qual o
problema em olhar em seu rosto’. Christian parou junto à porta, agarra-me
pelo queixo e me obriga a olhá-lo. Sua testa enruga ligeiramente .
— Você está bem? — ele pergunta me acariciando o queixo com seu
polegar.
— Sim. — respondo-lhe, embora com toda a honestidade eu não
estou muito certa. Sinto uma mudança de paradigma. Eu sei que se aceitar,
vou me machucar. Ele não é capaz, não lhe interessa ou não quer me
oferecer nada mais... mas eu quero mais. Muito mais. O ataque de ciúmes
que senti por um momento, antes, me diz que meus sentimentos por ele são
mais profundos do que eu mesma posso admitir.
— Quarta-feira, — ele confirma, inclina-se e me beija com ternura.
Mas enquanto está me beijando, seus lábios ficam mais urgentes contra os
meus, sua mão se move para cima do meu queixo e está segurando a minha
cabeça, uma mão de cada lado. Sua respiração se acelera. Inclina-se para
mim e me beija mais profundamente. Coloquei minhas mãos em seus
braços. Quero deslizar as mãos pelo seu cabelo, mas resisto porque sei que
não gostaria. Ele encosta sua testa contra a minha, de olhos fechados, com a
voz tensa.
— Anastásia, — ele sussurra. — o que você está fazendo comigo?
— O mesmo eu poderia dizer para você, — sussurro de volta.
Toma uma respiração profunda, beija-me na testa e parte. Avança em
passo decidido para o carro passando a mão pelo cabelo. Enquanto abre a
porta, levanta o olhar e me lança um sorriso arrebatador. Totalmente
deslumbrada, devolvo-lhe um leve sorriso e volto a pensar em Ícaro
174
aproximando-se muito ao sol. Fecho a porta da rua, enquanto se mete em
seu carro esportivo. Sinto uma irresistível necessidade de chorar. Uma triste
e solitária melancolia me oprime o coração. Volto para meu quarto, fecho a
porta e me apoio tentando racionalizar meus sentimentos, mas não posso.
Deixo-me cair no chão, cubro o rosto com as mãos e as lágrimas começam a
descer.
Kate bate na porta suavemente.
— Ana? — ela sussurra. Eu abro a porta. Ela me olha e me abraça.
— O que está errado? O que lhe fez esse bastardo repulsivo?
— Oh, Kate, nada que eu não quisesse que me fizesse.
Ela me empurra para a cama e nos sentamos.
— Você está com o cabelo horrível.
Embora esteja desconsolada, rio-me.
— O sexo foi bom, não foi terrível em nada.
Kate sorri.
— Melhor. Por que você está chorando? Você nunca chora. — Ela
pega a minha escova na mesa em frente, senta atrás de mim, e muito
devagar escova para tirar os nós.
— Eu só não acho que nosso relacionamento está indo a lugar
nenhum. — Olho para os meus dedos.
— Você não disse que ia vê-lo só na quarta-feira?
— Sim, foi o que combinamos.
— E por que ele apareceu hoje por aqui?
— Porque lhe mandei um e-mail.
— Pedindo para que ele viesse?
— Não, lhe dizendo que não queria voltar a vê-lo.
— E ele veio até aqui? Ana, você é genial.
— A verdade é que era uma brincadeira.
— Oh, agora sim não estou entendendo nada.
Pacientemente, lhe explico essência do meu e-mail, sem entrar em
detalhes.
— Pensou que responderia por email.
— Sim.
— Mas isso fez com que ele viesse aqui.
— Sim.
— Eu diria que ele está completamente apaixonado por você.
Franzo o cenho. Christian apaixonado por mim? Dificilmente. Ele só
está procurando um novo brinquedo, um novo e adequado brinquedo para
deitar-se e lhe fazer coisas indescritíveis. Meu coração se aperta.
Essa é a verdade.
— Ele veio só para foder-me, isso é tudo.
175
— Quem disse que o romantismo tinha morrido? — ela murmura
horrorizada. Eu choquei a Kate. Não pensava que isso fora possível. Encolho
os ombros, como desculpa.
— Ele utiliza o sexo como uma arma.
— Fode você para submetê-la? – Ela sacode a cabeça com
desaprovação. Eu pisco rapidamente para ela, e eu sinto o rubor se
espalhando pelo meu rosto. Oh... na mosca, Katherine Kavanagh, ganhadora
do premio Pulitzer de jornalismo.
— Ana, não a entendo, e você faz amor com ele?
— Não, Kate, não fazemos amor... fodemos... como diz Christian. Ele
não está interessado em amor.
— Sabia que havia algo estranho nele. Tem problema em assumir
compromisso.
Eu concordo, como se estivesse de acordo, mas por dentro suspiro.
Oh, Kate... eu gostaria de lhe contar tudo sobre este tipo estranho, triste e
perverso, e gostaria que você pudesse me dizer para esquecê-lo, para deixar
de ser tola.
— Eu acho que é uma situação bastante esmagadora, — murmuro.
Esse é o eufemismo do ano. Porque eu não quero mais falar sobre Christian,
eu pergunto sobre Elliot. Só de mencionar o seu nome, a atitude de
Katherine muda radicalmente, seu rosto se ilumina, sorrindo para mim.
— Ele virá cedo no sábado para nos ajudar na mudança. Abraça a
escova com força contra seu peito, ela se deu bem, e sinto uma vaga e
familiar pontada de inveja. Kate encontrou um homem normal e parece
muito feliz.
Eu viro para ela e a abraço.
— Ah, quase tinha me esquecimento. Seu pai ligou quando estava...
bem, ocupada. Parece que Bob teve um pequeno acidente, assim, sua mãe e
ele não poderão vir à entrega do diploma. Mas seu pai estará aqui na quinta-
feira. Ele quer que você ligue para ele.
— Oh... minha mãe não me ligaria para me dizer isso. O Bob está
bem?
— Sim. Ligue para ela de manhã. Agora é tarde.
— Obrigada, Kate. Já estou bem, agora. Amanhã ligarei também para
o Ray. Acredito que vou-me deitar. — Ela me sorri, mas aperta seus olhos,
preocupada.
Quando ela saiu, sento-me, volto a ler o contrato e vou tomando
notas. Uma vez que terminei, ligo o computador disposta a lhe responder.
Em minha caixa de entrada há um e-mail do Christian.
De: Christian Grey
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Data: 23 de maio de 2011 23:16
Para: Anastásia Steele
Assunto: Esta noite
Senhorita Steele:
Espero impaciente por suas observações sobre o contrato.
Enquanto isso, que durma bem, querida.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
De: Anastásia Steele
Data: 24 de maio de 2011 00:02
Para: Christian Grey
Assunto: Objeções
Querido senhor Grey
Aqui está minha lista de objeções. Espero que na quarta-feira
possamos discutir com calma, durante o nosso jantar.
Os números remetem às cláusulas:
2: Não tenho certeza que seja exclusivamente em MEU benefício, quer
dizer, para que explore minha sensualidade e meus limites. Estou segura de
que para isso, não necessitaria um contrato de dez páginas. Certamente é
para SEU benefício.
4: Como sabe, só pratiquei sexo com você. Não tomo drogas e nunca
fiz uma transfusão. Certamente estou mais que sã. E sobre você?
8: Posso rescindir o contrato a qualquer momento, se acreditar que
não está cumprindo os limites acordados. Ok, isso me parece muito bem.
9: Devo obedecer você em tudo? Aceitar sua disciplina sem duvidar?
Temos que conversar sobre isso.
11: Período de prova de um mês, não de três.
12: Não posso me comprometer todos os fins de semana. Tenho vida
própria, e seguirei tendo. Possivelmente três de cada quatro?
15.2: Utilizar meu corpo da maneira que considere oportuna, no sexo ou em
qualquer outro âmbito... Por favor, defina "em qualquer outro âmbito".
15.5: Toda a cláusula sobre a disciplina em geral. Não estou segura de
que queira ser açoitada, surrada ou castigada fisicamente. Estou segura de
que isto infringe as cláusulas 2-5. E além disso "por qualquer outra razão" é
simplesmente mesquinho... e me disse que não era um sádico.
15.10: Como se me emprestar a alguém pudesse ser uma opção. Mas
me alegro de que o deixe bem claro.
177
15.14: Sobre as normas, comento mais adiante.
15.19: Que problema há em que me toque sem sua permissão? Em
qualquer caso, sabe que não o faço.
15.21: Disciplina: veja-se acima cláusula 15.5.
15.22: Não posso te olhar nos olhos? Por quê?
15.24: Por que não posso tocar em você?
Normas:
Dormir: aceitarei seis horas.
Comida: não vou comer o que puser em uma lista. Ou a lista dos
mantimentos se elimina, ou rompo o contrato.
Roupa: de acordo, contanto que só tenha que vestir a sua roupa
quando estou com você... Ok.
Exercício: tínhamos ficado em três horas, mas segue pondo quatro.
Limites suaves:
Temos que passar por tudo isto? Não quero fisting de nenhum tipo. O
que é a suspensão? Pinças genitais... deve estar de brincadeira.
Poderia me dizer quais são seus planos para quarta-feira? Eu trabalho
até às cinco da tarde.
Boa noite.
Ana
De: Christian Grey
Data: 24 de maio de 2011 00:07
Para: Anastásia Steele
Assunto: Objeções
Senhorita Steele:
É uma lista muito longa. Por que ainda está acordada?
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
De: Anastásia Steele
Data: 24 de maio de 2011 00:10
178
Para: Christian Grey
Assunto: Queimando o óleo da meia-noite
Senhor:
Se não recordar mal, estava com esta lista quando sua obsessão por
controle me interrompeu e me levou para a cama.
Boa noite.
Ana
De: Christian Grey
Data: 24 de maio de 2011 00:12
Para: Anastásia Steele
Assunto: Pare de queimar o óleo da meia-noite
ANASTÁSIA,VÁ PARA CAMA.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
Oh... em maiúsculas! Como se gritasse. Desligo o computador. Como
pode me intimidar estando a oito quilômetros de distância?
Eu sacudo a minha cabeça. Meu coração está disparado, eu subo na
cama e imediatamente caio em um sonho profundo, embora intranquilo.
179
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Capitulo 12
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