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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Capitulo 17


Por alguns segundos, Thomas sentiu como se o mundo tivesse
sido congelado num só lugar. Um pesado silêncio seguiu o barulho
ensurdecedor do fechamento da porta e um véu de escuridão parecia cobrir
o céu, como se o sol se ocultasse do labirinto. O crepúsculo tinha caído, e as
paredes pareciam gigantescas lápides num cemitério de gigantes, enormes e
infestadas com plantas daninhas.
Thomas inclinou-se contra a pedra bruta, vencido pela descrença
do que acabara de fazer.
Cheio do terror em que poderiam ser as consequências
Em seguida, o grito agudo de Alby depois chamou a atenção de
Thomas; Minho gemeu. Thomas afastou-se do muro e correu em direção
aos dois habitantes da clareira. Minho tinha subido e estava de pé
novamente, mas parecia terrível, inclusive a luz pálida que ainda havia:
suado, sujo, arranhado. Alby, no chão,parecia pior, com roupas rasgadas,
com os braços cobertos de cortes e hematomas.
Thomas estremeceu. Havia sido Alby atacado por um griever
(verdugo)?
Greenie (Fedelho) disse Minho, - Se você acha que foi corajoso
vindo aqui, ouça.
Você é o maior idiota que já existiu.
Você está tão morto quanto nós.
Thomas sentiu um calor subir, esperava pelo menos por um pouco
de reconhecimento.
- Eu não podia ficar lá e deixá-los aqui.
- E você está melhor com a gente? - Minho revirou os olhos. -
Nunca amigo.
Nunca quebre a regra número um, se matar.
- De nada. Eu só estava tentando ajudar. Thomas sentiu como se
tivesse sido chutado no rosto.
Minho forçou um riso amargo, então se ajoelhou no chão ao lado
de Alby.
Thomas deu um olhar mais atento ao rapaz que estava caído e ele
se deu conta do quão ruim as coisas estavam.
Alby parecia à beira da morte. Sua normalmente pele escura havia
perdido a cor e sua respiração era rápida e superficial. O desespero caiu
sobre Thomas.
- O que aconteceu? Ele perguntou, tentando deixar de lado sua
raiva.
Eu não quero falar sobre isso, Minho disse, enquanto verificava o
pulso de Alby e se inclinava para escutar o seu peito.
- Vamos apenas dizer que eles os grievers (verdugos) podem jogar
muito bem mortos.
Esta declaração tomou Thomas de surpresa. - Assim que foi...
ferroado? - Ferido, ou o que seja? Vai passar pela transformação?
- Você tem muito a aprender, foi tudo o que Minho disse.
Thomas queria gritar. Ele sabia que tinha muito a aprender, era por
isso que fazia as perguntas. - Ele vai morrer? Obrigou-se a dizer, morria de
vergonha por soar tão vazio e superficial.
- Se nós não voltarmos antes do anoitecer, provavelmente. Poderia
estar morto em uma hora... não sei quanto tempo leva, se não receber o
soro. No devido tempo, vamos morrer também, então não chore por ele.
- Sim, todos nós teremos uma morte breve e agradável, disse ele de
modo casual, Thomas não poderia processar o significado das palavras.
Mas, rapidamente, a triste realidade da situação começou a bater
em Thomas, e dentro dele começava a apodrecer.
- Será que realmente vamos morrer? Se perguntou, incapaz de
aceitar. Você está me dizendo que não temos nenhuma possibilidade?
-Não.
Thomas estava chateado pela negatividade constante de Minho.
- Ah, vamos lá, deve haver algo que possamos fazer. Quantos
grievers (verdugos) vieram atrás de nós? Ele olhou para o corredor que
levava para a parte mais profunda do labirinto como se esperasse que as
criaturas tivessem chegado na mesma hora,como se fossem convocadas pelo
som de seu nome.
- Eu não sei.
Um pensamento surgiu na mente de Thomas, dando-lhe esperança.
- Mas...
E sobre o Ben? E Gally, e outros que foram mordidos e
sobreviveram?
Minho deu-lhe um olhar que dizia que ele era mais burro do que
bosta de vaca.
- Não está me ouvindo? Eles estavam de volta antes do anoitecer,
estúpido.
Voltaram e conseguiram o soro. Todos eles.
Thomas perguntou sobre a menção de um soro, mas havia muitas
outras perguntas a fazer em primeiro lugar.
- Mas eu pensei que os grievers (verdugos) só saíssem á noite.
- Então você esta errado, idiota. Sempre saem à noite. Mas isso não
quer dizer que nunca se mostrem durante o dia.
Thomas não se deixou afundar no desespero de Minho, não iria
desistir e ainda morrer.
- Alguém já tinha sido deixado de fora das paredes durante a
noite e viveu depois?
- Não nunca.
Thomas fez uma careta, esperando encontrar uma pequena faísca
de esperança. - Quantos já morreram, então?
Minho olhou para o chão, agachando com o antebraço em um
joelho.
Ele estava claramente exausto, quase delirando. - Pelo menos doze.
Você não foi no cemitério?
- Sim. - Então é esse o modo como eles morreram, ele disse.
- Bem, esses são só os que encontramos. Há mais, cujos corpos
nunca foram descobertos.
Minho sinalizou distraidamente para a solitária clareira. - Esse
incrível cemitério está no bosque por uma razão. Nada mata mais um
tempo feliz do que ficar se lembrando de seus amigos assassinados todos os
dias.
Minho levantou-se e agarrou os braços de Alby, em seguida,
apontou para pés.
- Agarre os malditos pés fedorentos dele. Temos que levá-lo até o
portão.
Assim, o corpo será fácil de encontrar na manhã seguinte.
Thomas não podia acreditar em quanto a declaração era mórbida. -
Como isso pode estar acontecendo! Ele gritou para as paredes, que giram
em um círculo. se sentia perto de se perder de uma vez por todas.
- Pare de ficar se lamentando. Você deveria ter seguido as regras e
ficar dentro da habitação. Vamos pegue as pernas.
Estremecendo com as dores de estômago que estavam ficando
maiores,Thomas aproximou-se e levantou os pés de Alby como ele disse.
Metade levavam, metade arrastavam o corpo sem vida quase mais ou menos
uma centena de metros perto do portão onde Minho encostou Alby contra
a parede em uma posição semi-sentada. O peito de Alby subia e descia na
sua luta para respirar, mas sua pele estava encharcada de suor, parecia que
não ia durar muito mais tempo.
- Onde o ferroaram? Perguntou Thomas.
Você consegue ver?
- Eles não vão te mordem inesperadamente. Eles te picam. E não,
eu não consigo ver.
Poderia haver dezenas de picadas ao redor do corpo. Minhocruzou
os braços e se inclinou contra a parede.
Por alguma razão, Thomas pensou que a palavra ferrão soava muito
pior do que mordida.
- Ferroada? O que significa isso?
- Irmão, você tem de ver para saber o que quero dizer. Thomas
olhou os braços de Minho, depois as pernas. - Bem, por que aquela coisa
não te ferroou também?
Minho levantou suas mãos. - Talvez ele fez, talvez eu entre em
colapso a qualquer instante.
- Eles... -começou Thomas, mas não sabia como terminar. Ele não
poderia dizer se Minho estava falando sério.
- Não houve nenhum deles, apenas um que acreditávamos que
estivesse morto. Voltou enlouquecido e ferroou Alby, mas depois fugiu. -
Minho olhou para trás para o labirinto, que agora estava quase
completamente às escuras durante a noite. Mas tenho certeza que ele e um
montão deles estarão aqui em breve para nos matar com suas agulhas.
- Agulhas? - As coisas simplesmente foram soando cada vez mais
preocupantes para Thomas.
- Sim, agulhas. - Ele não entrou em detalhes, e seu rosto, dizia que
pretendia não fazê-lo.
Thomas olhou para as imensas paredes de espessura cobertas com
cipós de hera, o desespero, finalmente,fez clic no modo de resolução de
problemas.
- Não podemos subir esta coisa? Ele olhou para Minho, que não
disse uma palavra. As vinhas... não podemos subir por elas?
Minho soltou um suspiro de frustração.
- Juro, Greenie (Fedelho), você deve pensar nós somos um bando
de idiotas.
Você realmente acha,que nunca tivemos a grande ideia de escalar
essas malditas paredes, porra?
Pela primeira vez, Thomas sentiu raiva se arrastando- para
competir com o medo e o pânico.
- Estou apenas tentando ajudar, homem. Por que você não para de
choramingar a cada palavra que eu digo e começar a conversar direito
comigo?
Minho repente pulou para Thomas e agarrou-o pela camisa. - Você
não compreende, shuck-face (Cara de mértila)! Você não sabe nada, e é
justo por isso que você está errado ao ter esperança! Nós estamos mortos,
está me ouvindo? Mortos!
Thomas não sabia o que sentia mais nesse momento, se era raiva ou
pena de Minho.
- Ele perdeu a esperança com muita facilidade.
Minho olhou para as mãos entrelaçadas na camisa de Thomas e o
constrangimento cruzou seu rosto.
Lentamente, ele a largou e se afastou.
Thomas arrumou sua camisa e se endireitou com tom desafiador.
- Oh, homem, oh homem, sussurrou Minho, e depois se sentou no
chão, enterrando o rosto nos punhos fechados. Eu nunca estive tão
assustado, amigo. Não como agora.
Thomas queria dizer alguma coisa, dizer que cresceu, lhe dizerpara
pensar, dizer-lhe para explicar tudo o que sabia. Algo! Abriu a boca
para falar, mas a fechou rapidamente quando ouviu o barulho. A cabeça de
Minho apareceu, olhou para baixo para um dos corredores escuros de pedra.
Thomas sentiu a própria respiração acelerando. Vinha das profundezas do
labirinto, um baixo, e inquietante som.
Tinha um constante zumbido metálico fazendo intervalos de
poucos segundos cada, como facas retráteis afiadas girando em sua volta.
Ficando mais forte a cada segundo, em seguida uma série de cliques
estranhos batendo, Thomas pensou numas longas garras colidindo contra o
vidro.
Um gemido apagado enchia o ar, e então algo que parecia o som de
cordas.
Tudo isso junto, era horrível, e à pequena quantidade de coragem
que Thomas tinha reunido havia começado a desaparecer.
Minho se levantou, seu rosto era quase invisível à luz
desvanecendo-se. Mas quando falou, Thomas ficou com seus olhos
arregalados de terror.
- Temos de nos separar, é a nossa única chance. Apenas se
mantenha em movimento.
- Não pare!
E então ele se virou, correu e desapareceu em segundos, engolido
pela escuridão do labirinto.

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