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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 11

Nós saímos do avião e fomos atingidos imediatamente por um tempo estrondoso. Granizo caia

em nós, de forma muito pior que a coisa branca em Montana. Estavamos na costa Oeste

agora, ou bem, perto disso. A corte da rainha era em Pennsylvania, perto das Montanhas

Pocono, em um alcance que eu só tinha idéia. Eu sabia que não era perto de nenhuma cidade

grande, como Philadelphia ou Pittsburgh, que eram as únicas que eu conhecia no estado.

A pista onde pousamos era parte da propriedade da Corte, então já estávamos protegidos

pelas wards. Era como a pequena pista de pouso da Academia. Na verdade, de muitos jeitos, a

Corte Real foi feita exatamente como a escola. Era o que eles diziam aos humanos que era, na

verdade. A Corte era uma coleção de prédios, lindos e ornamentados, que se espalhavam por

lindas terras adornadas com árvores e flores. Pelo menos, a terra seria adornada com elas

quando a primavera vinha. Assim como em Montana, a vegetação era deserta e sem folhas.

Nós fomos recebidos por um grupo de 5 guardiões, todos bem vestidos com calças pretas e

casacos combinando, com camisetas brancas por baixo. Não eram uniformes exatamente, mas

o costume normalmente diz que para ocasiões formais, guardiões usem algum tipo de

conjunto. Comparando, nossas jeans e camisetas, nosso grupo parecia pobre. Mas ainda sim

não podia deixar de pensar que estávamos estaríamos muito mais confortáveis se houvesse

uma luta com Strigoi.

Os guardiões conheciam Alberta e Dimitri – honestamente, aqueles dois conheciam todo

mundo – e depois de algumas formalidades, todos relaxaram e ficaram amigáveis. Estávamos

todos ansiosos para sair do frio, e nossa escolta nos levou até os prédios. Eu sabia o suficiente

sobre a Corte que os maiores e mais elaborados prédios eram onde todos os negócios Moroi

oficial aconteciam. Lembrava um tipo de palácio gótico por fora, mas por dentro, eu

suspeitava que provavelmente parecia algum tipo de instalação do governo.

Não fomos levados lá, no entanto. Nós fomos levados para outro prédio adjacente, tão lindo

por fora quanto os outros, mas da metade do tamanho. Um dos guardiões explicou que ali era

onde todos os convidados e dignitários que estavam viajando para dentro e fora da Corte

ficavam. Para a minha surpresa, cada um fomos para um quarto.

Eddie começou a protestar, dizendo que precisava ficar com Lissa. Dimitri sorriu e disse a ele

que não era necessário. Num lugar como esse, guardiões não precisavam ficar perto de seus

Moroi. Na verdade, muitas vezes eles se separavam e iam fazer suas próprias coisas. A Corte

era mais segura que a Academia. E na verdade, os visitantes Moroi na Academia também

raramente eram seguidos por seus guardiões. Era só pela nossa experiência de campo que isso

estava sendo feito conosco. Eddie concordou com alguma relutância,e de novo, eu estava

espantada com dedicação dele.

Alberta falou brevemente e então retornou para o resto de nós. “Vá descansar um pouco e se

apronte para o jantar em algumas horas. Lissa, a rainha quer falar com você em uma hora.”

Um pulso de surpresa passou por Lissa, e ela e eu trocamos olhares admirados. A ultima vez

que Lissa tinha visto a rainha, Tatiana tinha esnobado e embaraçado ela na frente da escola

por ter fugido comigo. Nós duas nos perguntamos porque ela queria ver Lissa agora.

“Claro,” disse Lissa. “Rose e eu estaremos prontas.”

Alberta balançou a cabeça. “Rose não vai. A rainha pediu especificamente para falar com você

sozinha.”

É claro que ela tinha. Que interessa a rainha teria na sombra de Vasilisa Dragomir? Uma voz

suja falou em minha cabeça, descartável, descartável...

O sentimento negro cresceu em mim, e eu o coloquei de lado. Eu fui para meu quarto, aliviada

por ver que tinha uma TV. A idéia de vegetar pelas próximas horas soava fantástica. O resto do

quarto era bem chique, estilo muito moderno, com mesas prestas e moveis brancos. Eu estava

meio com medo de sentar neles. Ironicamente, apesar do quão bonito era, o lugar como o

hotel de esqui que tínhamos ficado nas férias. Eu suponho que quando se trata da Corte Real,

você veio a negócios, não em férias.

Eu tinha acabado de me espalhar no sofá de couro e ligado a TV quando senti Lissa na minha

mente. Venha conversar, ela disse. Eu levantei, surpresa com a mensagem e seu conteúdo.

Normalmente nossa ligação era toda sobre sentimentos e impressões. Pedidos específicos

como esse eram raros.

Eu levantei e sai do meu quarto, indo para a porta ao lado. Lissa abriu.

“O que, você não podia ir falar comigo?” eu perguntei.

“Desculpe,” ela disse, parecendo como se falasse a verdade. Era difícil ser mau humorada com

alguém tão bom. “Eu só não tinha tempo. Estou tentando decidir o que usar.”

A mala dela já estava aberta na cama, com coisa penduradas no armário. Diferente de mim,

ela veio preparada para cada ocasião, formal e casual. Eu sentei no sofá. O dela era de veludo,

não couro.

“Use a blusa estampada com a calça preta,” eu disse a ela. “Não um vestido.”

“Porque não um vestido?”

“Porque você não quer parecer que esta rastejando nos pés dela.”

“Essa é a rainha, Rose. Se arrumar mostra respeito, não puxação de saco.”

“Se você diz.”

Mas Lissa usou a roupa que eu sugeri. Ela conversou comigo enquanto terminava de se

arrumar, e eu observei com inveja enquanto ela aplicava a maquiagem. Eu não percebi o

quanto eu sentia falta de cosméticos. Quando ela e eu vivemos com humanos, eu fui muito

severa em me arrumar todo dia. Agora, nunca parecia ter tempo o suficiente – ou nenhuma

razão. Eu estava sempre em algum tipo de situação que fazia da maquiagem uma inutilidade e

a estragava de qualquer forma. O máximo que eu podia fazer era passar no meu rosto um

creme hidratante. Parecia excessivo de manhã – como se eu estivesse colocando uma mascara

– mas ainda sim na hora que eu encarava a água fria e outras condições duras, estava sempre

surpresa por ver minha pele sugar todo o creme.

Um pouco de arrependimento se apoderou de mim por eu ter poucas oportunidades de fazer

isso o resto da minha vida. Lissa iria passar a maior parte da sua vida se arrumando, com

funções da realeza. Ninguém irá me notar. É estranho, considerando que até o ano passado,

eu fui sempre aquela a ser notada.

“Porque você acha que ela quer me ver?” Lissa perguntou.

“Talvez para explicar porque estamos aqui.”

“Talvez.”

Agitação encheu Lissa, apesar da calma exterior. Ela ainda não tinha se recuperado

inteiramente da humilhação que a rainha a tinha feito passar no outono. Minha própria inveja

patética e mau humor de repente pareciam idiotas comparados com o que ela tinha que

passar. Eu mentalmente me bati, me lembrando que eu não era só sua guardiã invisível. Eu

também era sua melhor amiga, e nós não conversamos muito ultimamente.

“Você não tem nada para temer, Lissa. Você não fez nada errado. E na verdade, você tem feito

tudo certo. Suas notas são perfeitas. Seu comportamento é perfeito. Lembra de todas aquelas

pessoas que você impressionou na viagem de esqui? Aquela vaca não tem nada para reclamar

de você.”

“Você não deveria dizer isso,” disse Lissa automaticamente. Ela colocou mais rímel nos cílios,

os observou, e então adicionou outra camada.

“Só chamo ela como a vejo. Se ela te der alguma repreensão vai ser porque ela tem medo de

você.”

Lissa riu. “Porque ela deveria ter medo de mim?”

“Porque as pessoas são atraídas por você, e pessoas como ela não gostam quando outros

chamam atenção.” Eu estava um pouco surpresa por quão sábia eu soava. “Além do mais, você

é a ultima Dragomir. Você sempre está na frente dos holofotes. Quem é ela? Só outra

Ivashkov. Tem vários deles. Provavelmente porque todos os caras são como Adrian e tem todo

tipo de filhos ilegítimos.”

“Adrian não tem filhos.”

“Que a gente saiba,” eu disse misteriosamente.

Ela riu e se afastou do espelho, satisfeita com sua aparência. “Porque você é sempre tão má

com o Adrian?”

Eu dei a ela um olhar de surpresa zombada. “Você está defendendo Adrian agora? O que

aconteceu com o aviso para ficar longe dele? Você praticamente arrancou minha cabeça da

primeira vez que eu encontrei com ele – e não foi nem por escolha minha.”

Ela tirou um lenço dourado de sua mala e tentou colocar ele ao redor do pescoço. “Bem, é...

eu não o conhecia. Ele não é tão ruim. E é verdade, ele não é um grande modelo, mas eu

também acho que aquelas histórias sobre ele e as outras garotas são exageradas.”

“Eu não acho,” eu disse, pulando. Ela ainda não tinha conseguido arrumar o lenço, então eu p

peguei e arrumei para ela.

“Obrigado,” ela disse, passando suas mãos pelo laço no pescoço. “Eu acho que Adrian

realmente gosta de você. Tipo, do jeito eu-quero-ficar-sério.”

Eu balancei a cabeça e dei um passo para trás.”Não. Ele gosta de mim no jeito eu-quero-tiraras-

roupas-da-fofa-dhampir.”

“Eu não acredito nisso.”

“Isso porque você acredita no melhor lado de todos.”

Ela parecia cética quando começou a escovar seu cabelo suave por cima de seus ombros. “Eu

também não sei sobre isso. Mas eu acho que ele não é uma má pessoa. Eu sei que não faz

tanto tempo desde o Mason, mas você deveria pensar em sair com outra pessoa...”

“Use seu cabelo preso.” Eu entreguei uma tiara que estava na sua mala. “Mason e eu não

estávamos realmente saindo.Você sabe disso.”

“Sim. Bem, acho que essa é mais uma razão para começar a sair de novo. Colegial não acabou

ainda. Você deveria estar fazendo algo divertido.”

Divertido. Que irônico. Meses atrás, eu discuti com Dimitri sobre não ser justo que,como uma

guardiã em treinamento, eu tinha que cuidar da minha reputação e não fazer coisas loucas. Ele

concordou que não era justo eu não poder fazer as mesmas coisas que as garotas da minha

idade, mas esse era o preço a pagar pelo meu futuro. Eu fiquei chateada, mas depois do

encontro com Victor, eu comecei a ver que Dimitri tinha razão – a tal extensão que ele avisou

que eu não deveria me limitar tanto assim. Agora, depois de Spokane, eu me sentia como uma

garota completamente diferente daquela que falou com Dimitri no outono sobre se divertir. Só

falta alguns meses pra formatura. Coisas do ensino médio... danças... namorados... o que elas

importam no grande cenário das coisas? Tudo na Academia parece trivial – a não ser o que me

faz ser uma guardiã melhor.

“Eu não acho que eu preciso de um namorado para completar minha experiência escolar,” eu

disse a ela.

“Eu também não acho que você precisa,” ela concordou, arrumando seu rabo de cavalo. “Mas

você costumava flertar e sair as vezes. Eu acho que vai ser bom pra você fazer um pouco disse.

Não é como se você tivesse que ter algo sério com o Adrian.”

“Bem, eu não vou ter nenhuma discussão com ele sobre isso. Acho que a ultima coisa que ele

quer é algo sério, esse é o problema.”

“Bom, de acordo com algumas histórias, ele está bem sério. Eu ouvi o outro dia que vocês

estavam noivos. Alguém disse que ele foi deserdado porque ele disse ao pai que nunca amaria

mais ninguém.”

“Ahhhh.” Não havia uma resposta adequada para esse tipo idiota de rumor. “A coisa bizarra é

que as mesmas histórias estão no campos do ensino fundamental também.” Eu encarei o teto.

“Porque essas coisas ficam acontecendo comigo?”

Ela andou até o sofá e olhou para mim, “Porque você é incrível, e todo mundo ama você.”

“Bem, então, nós somos as duas incríveis e amadas. E um desses dias” – uma faísca enganosa

dançou nos olhos dela – “vamos encontrar um cara que você também ame.”

“Não espere de pé. Nada disso importa. Não agora. Você é a única com quem eu tenho que me

preocupar. Nós vamos nos formar, e você vai pra faculdade, e vai ser ótimo. Nada mais de

regras, só nós por nossa conta.”

“É um pouco assustador,” ela disse. “Pensar em estar por minha conta. Mas você vai estar

comigo. E Dimitri também.” Ela encarou. “Não consigo imaginar não ter você por perto. Eu

nem consigo lembrar quando você não estava.”

Eu sentei e dei um leve soco no braço dela. “Hey, cuidado. Você vai deixar Christian com

ciúmes. Oh merda. Eu suponho que ele vai estar por perto, huh? Não importa onde você acabe

indo?”

“Provavelmente. Você, eu, ele, Dimitri, e qualquer guardião que estiver com Christian. Uma

grande família feliz.”

Eu ridicularizei, mas por dentro, tinha um sentimento quente e confuso se formando. As coisas

estão loucas no nosso mundo agora, mas eu tenho todas essas grandes pessoas na minha vida.

Desde que fiquemos juntos, tudo vai ficar bem.

Ela olhou para o relógio, e seu medo retornou. “Eu tenho que ir. Você vai... você vai comigo?”

“Você sabe que não posso.”

“Eu sei... não fisicamente... mas tipo, você vai fazer aquilo?Quando você assiste pela minha

cabeça? Vai me fazer sentir que não estou sozinha.”

Era a primeira vez que Lissa me pediu para propositalmente fazer isso. Normalmente, ela

odiava pensar que eu estava vendo tudo pelos olhos dela. Era um sinal do quão nervosa ela

estava.

“Claro,” eu disse.”É provavelmente melhor do que qualquer outra coisa na TV de qualquer

forma.“

Eu voltei para meu quarto, tomando uma posição idêntica a que eu estava antes no sofá.

Limpando meus pensamentos, eu me abri para mente de Lissa, indo além de simplesmente

saber seus sentimentos. Era algo que a ligação de uma shadow-kissed me permitia fazer e era

a parte mais intensa da nossa conexão. Não era só sentir os pensamentos dela – era estar

dentro dela, olhando através dos olhos dela e dividindo as mesmas experiências. Eu aprendi a

controlar recentemente. Eu costumava fazer isso sem querer, por mais que as vezes eu

mantivesse os sentimentos dela fora de mim. Eu podia controlar minhas experiências “fora do

carpo” agora e até resolver quando usá-las – assim como eu estava prestes a fazer.

Lissa tinha acabado de chegar na sala em que a rainha estava esperando. Moroi podem usar

termos como “majestade” e até se ajoelhar as vezes, mas não tinha um trono ou algo assim

aqui. Tatiana estava sentada numa cadeira comum, vestida com uma saia azul marinho e um

blazer, parecendo mais uma mulher de negócios que algum tipo de monarca. Ela também não

estava sozinha. Uma Moroi alto cujo cabelo loiro tinha mexas pratas, estava sentado perto

dela. Eu reconheci ela: Priscilla Voda, a amiga e conselheira da rainha. Nós a conhecemos na

viagem de esqui, e ela se impressionou com Lissa. Eu tomei a presença dela como um bom

sinal. Guardiões silenciosos, vestidos em preto e branco, estavam perto da parede. Para minha

surpresa, Adrian também estava ali. Ele estava sentado em um pequena cadeira

completamente inconsciente ao fato de estar com o líder máximo dos Moroi. O guardião com

Lissa a anunciou.

“Princesa Vasilisa Dragomir.”

Tatiana acenou em reconhecimento. “Bem Vinda, Vasilisa. Por favor sente-se.”

Lissa sentou perto de Adrian, sua apreensão crescendo. Um servo Moroi veio para oferecer

chá ou café, mas Lissa não aceitou. Enquanto isso Tatiana pegou sua xícara de chá e avaliou

Lissa da cabeça as pés. Priscilla Voda quebrou o estranho silencio.

“Lembra o que eu disse sobre ela??” Priscilla perguntou alegremente. “Ela foi muito

impressionante no jantar em Idaho. Encontrou uma solução para a discussão sobre os Moroi

lutarem com os guardiões. Ela até conseguiu acalmar o pai de Adrian.”

Um sorriso gelado apareceu nas feições frias de Tatiana. “Isso é impressionante. Na metade do

tempo, eu ainda acho que Nathan tem 12 anos.”

“Eu também,’ disse Adrian, bebendo uma taça de vinho.

Tatiana o ignorou e de novo se focou em Lissa. “Todos parecem impressionados com você, na

verdade. Eu não ouvi nada a não ser coisas boas sobre você, apesar das transgressões

passadas... que pelo que eu entendi não foram inteiramente sem razão.” O jeito surpreso de

Lissa fez a rainha rir. Não havia muito calor ou humor na risada, no entanto. “Sim, sim... eu sei

sobre seus poderes, e é claro eu sei o que aconteceu com Victor. Adrian me contou sobre o

Espírito também. É tão estranho. Me diga...você pode...” Ela olhou para uma mesa ali perto. Ali

tinha um vaso de flor, as flores pretas. Era um tipo de planta que alguém estava cultivando no

lado de fora. Como seus companheiros de rua, ela estava esperando a primavera chegar.

Lissa hesitou. Usar seus poderes na frente de outros era uma coisa estranha para ela. Mas,

Tatiana estava observando com expectativa. Depois de alguns momentos, Lissa se inclinou

sobre a planta e a tocou. As raízes levantaram da terra, ficando mais fortes – quase 30

centímetros. Grandes flores se formaram dos lados enquanto a planta crescia, se abrindo e

revelando a fragrância de uma flor branca. Lilás do Leste. Lissa retirou sua mão.

Fascinação apareceu no rosto de Tatiana, enquanto ela murmurava numa língua que eu não

entendi. Ela não tinha nascido nos Estados Unidos mas havia escolhido colocar sua Corte aqui.

Ela falava com nenhum sotaque, mas, como com Dimitri, momentos de surpresa

aparentemente a faziam falar em sua língua nativa. Em segundos, ela se recompôs.

“Hmm. Interessante,’ ela disse. Em falar em discurso.

“Poderia ser muito útil,” disse Priscilla. “Vasilisa e Adrian podem ser os únicos com isso. Se

pudéssemos encontrar outros, tanto poderia ser aprendido. O poder de cura já é um dom, sem

contar tudo mais que eles podem conjurar. Só pense no que podemos fazer com isso.”

Lissa ficou otimista. Há um tempo, ela tem procurado sozinha por outros como ela. Adrian foi

o único que ela descobriu, e isso por pura sorte. Se a rainha e o conselho dos Moroi

colocassem seus recursos nisso, não havia como dizer o que eles poderiam encontrar. Mas

ainda sim, algo sobre as palavras de Priscilla incomodaram Lissa.

“Me desculpe, Princessa Voda... não tenho certeza se devíamos estar tão ansioso em usar o

meu – ou de outros – poderes de cura por mais que você queira.”

“Porque não?” perguntou Tatiana. “Pelo que eu entendi, você pode curar praticamente tudo.”

“Eu posso...” disse Lissa devagar. “E eu quero. Eu queria poder ajudar a todos, mas não posso.

Eu quero dizer, não me entenda mal, eu definitivamente vou ajudar algumas pessoas. Mas sei

que vamos encontrar outras pessoas como Victor, que querem abusar. E depois de um

tempo... eu quero dizer, como escolher? Quem vive? Parte da vida é... bem, algumas pessoas

tem que morrer. Meus poderes não são uma prescrição que você pode pedir mais sempre que

precisar, e honestamente, eu temo que só seria usado para, uh, certos tipos de pessoa. Assim

como os guardiões são.”

Uma leve tensão se criou na sala. O que Lissa insinuou era raramente mencionado em público.

“O que você está falando?” perguntou Tatiana com olhos estreitos. Eu pude notar que ela já

sabia.

Lissa estava com medo de dizer suas próximas palavras, mas ela disse mesmo assim. “Todos

sabem que tem um certo, um, método de como os guardiões são distribuídos. Apenas a elite

os tem. A realeza. Pessoas ricas. Pessoas no poder.”

Um calafrio atingiu a sala. A boca de Tatiana permaneceu em uma linha. Ela não falou por

vários segundos, e eu tive o pressentimento que todos estavam segurando sua respiração. Eu

certamente estava. “Você não acha que a realeza merece proteção especial?” ela perguntou

finalmente. “Você não acha que você merece – a ultima dos Dragomirs?”

“Eu acho que manter nossos lideres a salvo é importante, sim. Mas eu também acho que

precisamos parar as vezes e ver o que estamos fazendo. Pode ser hora de reconsiderar o jeito

que fazemos as coisas.”

Lissa soava tão sábia e segura. Eu estava orgulhosa dela. Prestando atenção em Priscilla Voda,

eu podia ver que ela também estava orgulhosa. Ela sempre gostou de Lissa. Mas eu também

podia perceber que Priscilla estava nervosa. Ela respondia a rainha e sabia que Lissa estava

nadando em águas perigosas.

Tatiana bebeu seu chá. Eu acho que foi uma desculpa para organizar seus pensamentos. “Eu

entendo,” ela disse, “que você também é a favor dos Moroi lutarem com os guardiões e atacar

os Strigoi?”

Outro tópico perigoso, um que Lissa insistiu. “Eu acho que tem Moroi que se desejam, não

devem ter a oportunidade negada.”Jill de repente apareceu na mente dela.

“A vida dos Moroi são preciosas,” disse a rainha. “Elas não devem ser arriscadas.”

“A vida dos dhampir também são preciosas,” Lissa respondeu. “Se eles lutarem com os Moroi,

poderia salvar todos. E de novo, se os Moroi quiserem, porque negar a elas? Eles merecem

saber como se defender. E pessoas como Tasha Ozera desenvolveram jeitos de lutar usando

magia.”

A menção a tia de Christian trouxe uma expressão carrancuda ao rosto da rainha. Tasha tinha

sido atacada por Strigoi quando era mais nova e passado o resto de sua vida aprendendo a se

defender. “Tasha Ozera... ela é uma problemática. Ela está começando a reunir muitos outros

problemáticos.”

“Ela está tentando introduzir novas idéias.” Eu notei que Lissa não estava mais com medo. Ela

estava confiante em suas crenças e queria expressar elas. “Atraves da história, pessoas com

novas idéias – que pensam de forma diferente e tentam mudar as coisas – sempre foram

chamadas de problemáticas. Mas serio? Você quer a verdade?”

Uma expressão divertida apareceu no rosto de Tatiana, quase um sorriso. “Sempre.”

“Nós precisamos mudar. Eu quero dizer, nossas tradições são importantes. Não devemos

desistir delas. Mas as vezes, eu acho que a gente se engana.”

“Se engana?”

“Enquanto o tempo passa, nós mudamos. Nós evoluímos. Computadores. Eletricidade.

Tecnologia em geral. Todos concordamos que eles nós fazem viver melhor. Porque não pode

ser do mesmo jeito em como agimos? Porque ainda estamos apegados ao passado quando

tem jeitos melhores de fazer as coisas?”

Lissa estava sem ar, excitada e inquieta. Suas bochechas estavam quentes, seu coração batia

rapidamente. Todos nós estávamos observando Tatiana, procurando qualquer pista em seu

rosto de mármore.

“Você é muito interessante para conversar,” ela finalmente disse. Ela fez ‘interessante’ parecer

uma palavra suja. “Mas eu tenho coisas a fazer agora.” Ela levantou, e todos se apressaram

para seguir seu passo, até Adrian. “Eu não vou me juntar a você para jantar, mas você e seus

companheiros vão ter tudo que precisam. Eu vejo você amanhã no julgamento. Não importa o

quão radicais e ingênuas sejam suas idéias, estou feliz por você estar lá para completar a

sentença dele. Sua prisão, pelo menos, é algo que todos podemos concordar.”

Tatiana saiu, dois guardiões imediatamente a seguiram. Priscilla também a seguiu, deixando

Lissa e Adrian sozinhos.

“Muito bem, prima. Não tem muitas pessoas que deixam a rainha despreparada daquele

jeito.”

“Ela não parecia despreparada.”

“Oh, ela estava. Acredite em mim. A maioria das pessoas com quem ela lida todo dia não fala

com ela desse jeito, muito menos pessoas da sua idade.” Ele levantou e estendeu uma mão

para Lissa. “Anda. Eu vou mostrar o lugar para você. Para distrair um pouco.”

“Eu já estive aqui antes,” ela disse. “Quando era mais nova.”

“É, bem, as coisas que você viu quando era jovem são diferentes das coisas que você vai ver

agora que é mais velha. Você sabia que tem um bar 24 horas aqui? Vamos te pegar um drink.”

“Eu não quero um drink.”

“Você vai querer antes dessa viagem terminar.”

Eu deixei a cabeça de Lissa e voltei ao meu quarto. O encontro com a rainha estava acabado, e

Lissa não precisava do meu invisível suporte. Além do mais, eu não queria ver Adrian agora.

Me sentando, eu descobri que estava surpreendentemente alerta. Estar na cabeça dela foi

meio como tirar um cochilo.

Eu decidi fazer uma exploração sozinha. Eu nunca estive na Corte real. Deveria ser como uma

pequena cidade, e eu me perguntava o que mais tinha para ver, fora o bar que Adrian

provavelmente vivia visitando.

Eu me dirigi para o andar de baixo, imaginando que eu tinha que sair. Até onde eu sabia, esse

prédio era apenas para convidados. Era como um palácio hotel. Quando eu cheguei na

entrada, no entanto, eu vi Christian e Eddie parados e falando com alguém que eu não

conseguia ver. Eddie, sempre vigilante, me viu rapidamente.

“Hey, Rose. Veja quem eu achei.”

Eu me aproximei, Christian deu um passo para o lado, revelando a pessoa misteriosa. Eu levei

um susto, e ela riu para mim.

”Olá, Rose.”

Um momento mais tarde, eu senti um sorriso vagarosamente aparecer no meu rosto. “Olá,

Mia.”

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