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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 11

Todo mundo se deu tão bem no almoço com Avery que o grupo se juntou de novo aquela tarde e teve meio que um tempo selvagem. Lissa estava pensando nisso enquanto estava sentada no primeiro período de aula tendo inglês, na manhã seguinte. Eles ficaram acordados até mais tarde ontem a noite, ignorando o toque de recolher. A memória trouxe um sorriso ao rosto de Lissa, mesmo enquanto ela abafava um bocejo. Eu não consegui evitar sentir um pouquinho de ciúmes. Eu sabia que Avery era responsável pela felicidade de Lissa, e isso aborreceu uma pequena parte de mim.

Ainda... a nova amizade de Avery estava também me fazendo sentir menos culpada sobre deixar Lissa.

Lissa bocejou novamente. Era difícil se concentrar em A Carta Escarlate enquanto lutava com uma leve ressaca. Avery parecia ter um suplemento inacabável de licor. Adrian tinha caído em cima do licor imediatamente, mas Lissa tinha sido um pouco mais hesitante. Ela tinha abandonado seus dias de festa há muito tempo atrás, porém ela tinha finalmente sucumbido na noite passada e bebido mais copos de vinho do que ela deveria. Ironicamente, isso não era diferente da minha situação com a vodka.

Ambas nos excedemos, apesar de estarmos separadas por km’s e km’s. De repente, um som alto e agudo preencheu o ar. A cabeça de Lissa se levantou, junto com a de todos os outros da turma. No canto da sala, um pequeno alarme de

incêndio brilhava e soava seu alerta. Naturalmente, alguns estudantes começaram a se animar enquanto outros fingiam estar assustados. O resto só aparentava surpresa e espera.

A instrutora de Lissa também parecia meio desorientada, e depois de uma rápida examinação, Lissa percebeu que esse não era um alarme planejado. Professores geralmente eram pré-avisados de quando haveria treinamento, e Sra. Malloy não estava com a usual expressão enfadada dos professores quando tentavam calcular quanto tempo o treinamento poderia tirar de suas aulas.

“Em pé e andando,” disse Sra. Malloy aborrecida, agarrando uma prancheta.

“Vocês sabem aonde ir.” O procedimento do treinamento contra incêndios era padrão.

Lissa seguiu os outros e acabou alcançando Christian. “Você armou isso?” ela provocou.

“Não. Queria eu, de qualquer forma. Essa aula estava me matando.”

“Você? Eu estou com a pior de todas as dores de cabeça.”

Ele deu um sorriso de compreensão. “Que isto seja uma lição para você, Pequena Senhorita Bêbada.”

Ela fez uma cara em resposta e deu um leve soco nele. Eles alcançaram o ponto de encontro na quadra e se juntaram as aparentes filas que os outros estavam tentando formar. Sra. Malloy chegou e checou a lista de pessoas na prancheta, satisfeita que ninguém tinha sido deixado para trás.

“Eu não acho que isso foi planejado,” disse Lissa.

“Concordo,” disse Christian. “O que significa que mesmo não tendo fogo, isso pode demorar um pouco.”

“Bem, e aí. Nada útil em ficar esperando aqui, né?”

Christian e Lissa viraram surpresos pela voz atrás deles e viram Avery. Ela vestia um vestido de lã roxo e sandália de salto preta que parecia totalmente inadequado na grama molhada.

“O que você esta fazendo aqui?” perguntou Lissa. “Achei que você estaria em seu quarto.”

“Que seja. Estava tão chato lá. Eu tive que vir libertar vocês.”

“Você fez isso?” perguntou Christian, levemente impressionado.

Avery encolheu os ombros. “Eu disse a vocês, eu estava entediada. Agora, venham enquanto ainda está meio caótico.”

Christian e Lissa se olharam. “Bem,” Lissa disse devagar, “eu achou que eles já anotaram a presença...”

“Rápido!” Avery disse. O entusiasmo dela era contagiante, e, sentindo corajosa, Lissa se apressou depois dela, Christian atrás. Com tantos alunos vagando por ali, ninguém notou eles andando pelo campus – até eles chegarem do lado de fora do edifício para hóspedes. Simon estava encostado contra a porta, e Lissa endureceu. Eles foram descobertos.

“Tudo certo?” perguntou Avery a ele.

Simon, definitivamente o tipo forte-e-silencioso, deu um rápido aceno com sua única resposta antes de se endireitar.

Ele enfiou suas mãos nos bolsos do casaco e saiu andando. Lissa olhou assombrada.

“Ele acabou... ele acabou de nos deixar ir? E ele está metido nisso?” Simon não estava no campus como professor, mas ainda... isso não significava necessariamente que ele deixaria estudantes matarem aula por causa de um treinamento de incêndio falso.

Avery sorriu de forma travessa, o observando ir. “Nós estamos juntos há um tempo.

Ele tem coisas melhores a fazer do que ser nossa babá.”

Ela nos liderou para dentro, porém ao invés de ir para o quarto dela, eles seguiram por uma parte diferente do prédio e foram para um lugar que eu conhecia bem: o quarto de Adrian.

Avery bateu na porta. “Hey, Ivashkov! Abra.”

Lissa pôs uma mão sobre sua boca para abafar os risinhos. “Depois de tanta discrição. Todo mundo vai te ouvir.”

“Eu preciso que ele me escute,” respondeu Avery.

Ela continuou esmurrando a porta e gritando, até que finalmente, Adrian respondeu. Seu cabelo estava todo bagunçado, e ele tinha círculos escuros embaixo dos seus olhos. Ele tinha bebido duas vezes mais que Lissa a noite passada.

“O que...?” Ele piscou. “Vocês não deveriam estar na aula? Oh Deus. Eu não dormi tanto assim, não foi?”

“Nos deixe entrar,” disse Avery, abrindo passagem. “Nós temos refugiados de um incêndio aqui.”

Ela se jogou no sofá dele, se fazendo confortável enquanto ele continuava encarando. Lissa e Christian se juntaram a ela.

“Avery acionou o alarme de incêndio,” explicou Lissa.

“Bom trabalho,” disse Adrian, caindo em uma macia cadeira. “Mas porque vocês tinham que vir para cá? Este é o único lugar que não está pegando fogo?”

Avery bateu seus cílios para ele. “Você não está feliz em nos ver?”

Ele a observou especulativamente por um momento. “Sempre feliz por te ver.”

Lissa normalmente era muito certinha pra esse tipo de coisa, mas algo sobre isso a divertia. Isso era tão selvagem, tão bobo... era um descanso de todas as suas recentes preocupações. “Não vai levar muito para eles perceberem o que aconteceu, você sabe. Eles podem estar mandando todo mundo entrar agora mesmo.”

“Eles poderiam estar,” concordou Avery, colocando seus pés em cima da mesinha de café. “Mas eu posso dizer com certeza que outro alarme está para ser acionado na escola uma vez que eles abram as portas das salas novamente.”

“Como infernos você fez isso?” Christian perguntou.

“Super secreto.”

Adrian coçou os olhos, também claramente divertido com a situação, apesar de ter sido acordado bruscamente. “Você não pode ativar alarmes de incêndio o dia todo, Lazar.”

“Na verdade, eu tenho certeza que uma vez que eles tenham se recuperado do segundo alarme, um terceiro será acionado.”

Lissa riu alto, apesar de isso ser mais por causa da reação dos garotos do que pelo anúncio de Avery. Christian, devido a sua rebelião anti-social, tinha posto fogo em pessoas. Adrian passava a maior parte dos seus dias bêbado e fumando como uma chaminé. Para uma fofa garota da alta sociedade como Avery os surpreender, algo realmente memorável tinha acontecido. Avery parecia muito satisfeita por ter os ultrapassado.

“Se a interrogação acabou agora,” ela disse, “você não vai oferecer aos seus convidados nenhum refresco?”

Adrian se levantou e bocejou. “Certo, certo, sua garota insolente. Eu irei fazer café.”

“Batizado né?” ela inclinou sua cabeça em direção ao gabinete de licor de Adrian.

“Você tem que estar brincando,” Christian disse. “Você pelo menos tem algo do fígado sobrando?”

Avery perambulou até o gabinete e pegou uma garrafa de alguma coisa. Ela a ofereceu para Lissa. “Tá dentro?”

Até mesmo a rebelião matutina de Lissa tinha limites. A dor de cabeça do vinho ainda pulsava em seu crânio. “Ugh, não.”

“Covardes,” disse Avery. Ela se virou para Adrian. “Então certo, Sr. Ivashkov, é melhor você começar a fazer esse café. Eu sempre gosto de um pouco de café com meu Brandy.”

Não muito depois disso, eu saí da cabeça de Lissa e escorreguei de volta para a minha, retornando para a escuridão do sono e de sonhos comuns. Isso durou pouco,

porém, sendo que uma pancada forte me sacudiu de volta para a consciência.

Meus olhos se abriram, e uma funda, e queimante dor apareceu na parte de trás do meu crânio – os efeitos colaterais daquela vodka tóxica, sem duvida. A ressaca de Lissa não tinha sido nem um pouco como a minha. Eu comecei a fechar meus olhos, esperando afundar de volta e deixar o sono curar o pior da minha dor. Entretanto, eu ouvi a batida de novo – e pior, toda a minha cama estremeceu violentamente. Alguém estava chutando ela.

Abrindo meus olhos novamente, eu virei e me encontrei olhando para os perspicazes olhos escuros de Yeva. Se Sydney tivesse encontrado principalmente Dhampirs como Yeva, eu poderia entender o porquê ela pensava que a nossa raça era serviçal do inferno. Franzinho seus lábios, Yeva chutou a cama novamente.

“Hey,” eu gritei. “Eu acordei, okay?”

Yeva murmurou alguma coisa em russo, e Paul saiu de trás dela, traduzindo. “Ela disse que você não está acordada até você de fato estar fora da cama e em pé.”

E sem nenhum aviso, a velha sádica mulher continuou a chutar a cama. Eu levantei rápido, e o mundo girou ao meu redor. Eu tinha dito isso antes, mas desta vez, eu realmente queria dizer isso: eu nunca mais iria beber de novo. Nenhum bem vem disso. Os cobertores pareciam incrivelmente tentadores para o meu agonizante corpo, porém mais alguns chutes das botas pontudas de Yeva me jogaram para fora da cama.

“Okay, okay. Está feliz agora? Levantei.” A expressão de Yeva não mudou, mas pelo menos ela parou de chutar a cama. Eu virei para Paul. “O que está acontecendo?”

“Vovó diz que você tem que ir com ela.”

“Onde?”

“Ela diz que você não precisa saber.”

Eu comecei a dizer que não iria seguir aquela velha bruxa doida a lugar algum, entretanto depois de olhar para seu assustador rosto, eu pensei melhor. Eu não tinha descartado o fato dela ser capaz de transformar as pessoas em sapos.

“Certo,” eu disse. “Eu estarei pronta para ir assim que eu tomar banho e trocar de roupa.”

Paul traduziu minhas palavras, mas Yeva balançou a cabeça e falou de novo. “Ela disse que não há tempo,” ele explicou. “Nós temos que ir agora.”

“Eu posso pelo menos escovar meus dentes?”

Ela concedeu esta pequena concessão, porém uma mudança de roupas estava totalmente fora de questão. Mas isso estava tudo bem. Cada passo que eu dava me fazia sentir tonta, e eu provavelmente teria desmaiado fazendo algo tão complicado como tirar e vestir a roupa. As roupas não cheiravam mal ou algo do tipo; elas estavam mais amassadas onde eu tinha dormido em cima.

Quando eu cheguei no andar de baixo, eu vi que ninguém estava acordado exceto Olena. Ela estava lavando os pratos sobressalentes da noite passada e parecia surpresa em me ver de pé. Isto fazia duas de nós.

“Isso é muito cedo para você, não?” ela perguntou.

Eu virei e vi o relógio da cozinha. Eu arfei. Eram apenas 4 horas depois de eu ter ido para a cama. “Bom Deus. O sol já nasceu?”

Incrivelmente, já. Olena se ofereceu para fazer café da manhã para mim, mas novamente, Yeva repetiu que nosso tempo era curto. Meu estômago parecia simultaneamente querer e odiar comida, desse jeito eu não poderia dizer se abstinência era a melhor coisa ou não.

“Que seja,” eu disse. “Apenas vamos logo para acabar com isso.”

Yeva foi para a sala de estar e retornou um tempo depois com uma grande sacola. Ela me passou isso expectativa-mente. Eu dei os ombros e peguei, pendurando em um dos ombros. Isso claramente estava cheio de coisas, porém não tão pesada. Ela entrou em outro quarto e retornou com outra sacola. Eu peguei essa também e a pendurei no mesmo ombro, balanceando elas duas. Esta era mais pesada, entretanto minhas costas não reclamaram muito. Quando ela saiu uma terceira vez e retornou com uma caixa gigante, eu comecei a ficar irada. “O que é isso?” eu reclamei, pegando dela. Parecia como se a caixa tivesse pedras dentro dela.

“Vovó precisa de você para carregar algumas coisas,” Paul me disse.

“Sim,” eu disse com os dentes cerrados. “Eu meio que percebi isso 23 quilos atrás.”

Yeva me deu mais uma caixa, colocando-a no topo da outra. Não estava assim tão pesada, mas há essa hora isso não importava. Olena me lançou um olhar simpático, balançou a

cabeça, e retornou silenciosamente para seus pratos, aparentemente não a fim de discutir com Yeva.

Yeva saiu depois disto, e eu segui obedientemente, tentando ao mesmo tempo segurar as coisas e não deixar as sacolas caírem do meu ombro. Isso era uma carga pesada, uma que meu corpo com ressaca realmente não queria carregar, mas eu era forte o suficiente que eu achei que não seria um problema ir a cidade ou a qualquer lugar ao qual ela estava me levando. Paul ia ao meu lado, aparentemente lá para me deixar saber se Yeva achou alguma coisa no caminho que ela queria que eu carregasse também.

Parecia como se a primavera estivesse se espalhando pela Sibéria mais rápido que ela fazia em Montana. O céu estava claro, e o sol da manhã estava aquecendo as coisas surpreendentemente rápido. Isso era dificilmente a estação do verão, mas o calor era o suficiente para ser notado. Isso poderia ter feito a caminhada para um Moroi muito inconfortável.

“Você realmente sabe para onde estamos indo?” eu perguntei a Paul.

“Não,” ele disse alegremente.

Para alguém tão velho, Yeva podia se mover a um passo muito bom, e eu me encontrei tendo que me apressar para alcançá-la com a minha carga. Em um ponto, ela olhou para trás e disse algo que Paul traduziu pra mim como, “Ela esta meio surpresa que você não pode se mover mais rápido.”

“Yeah, bem, eu estou meio surpresa que ninguém mais possa carregar qualquer dessas coisas.”

Ele traduziu novamente: “Ela disse que se você é realmente uma famosa matadora de Strigoi, então isso não deveria ser um problema.”

Eu fui tomada por um grande alívio quando o centro da cidade entrou no campo de vista... só que nós passamos isso.

“Oh, vamos lá,” eu disse. “Onde diabos nós estamos indo?”

Sem nem olhar pra trás para mim, Yeva tagarelou alguma coisa. “Vovó disse que tio Dimitri nunca teria reclamado tanto,” disse Paul.

Nada disso era culpa de Paul; ele era apenas o mensageiro. Ainda, toda vez que ele falava, eu meio que queria chutá-lo. Apesar de tudo, eu continuei carregando meu fardo e não disse mais nada pelo resto da caminhada. Yeva estava correta até certo ponto. Eu era uma caçadora de Strigoi, e era verdade que Dimitri nunca teria reclamado sobre alguns caprichos de uma velha senhora louca. Ele teria feito seu dever pacientemente.

Eu tentei chamá-lo para minha mente e tirar força de sua imagem. Eu pensei sobre o tempo na cabana de novo, pensei no modo como seus lábios se sentiam nos meus e o maravilhoso cheiro de sua pele quando eu estava pressionada perto dele. Eu podia ouvir sua voz mais uma vez, murmurando no meu ouvido que ele me amava, que eu era linda, que eu era a única... pensando nele não tirou o desconforto da minha jornada com Yeva, mas fez isso um pouco mais tolerável.

Nós andamos por quase mais uma hora antes de alcançar um pequena casa, e eu estava pronta para cair em alivio,

ensopada de suor. A casa era de um andar, feita de toras de madeira marrons, planas e desgastadas. A janela, porém, era cercada nos 3 lados por persianas azuis, delicadas e altamente estilizadas revestidas com um design branco. Era o mesmo tipo do ofuscante uso da cor que eu tinha visto nos edifícios em Moscou e São Petersburgo. Yeva bateu na porta. primeiramente só houve silêncio, e eu entrei em pânico, pensando que nós teríamos que dar a volta e ir para casa.

Finalmente, uma mulher atendeu a porta – uma Moroi mulher. Ela tinha talvez uns 30, muito bonita, com altos ossos na bochecha e cabelo louro morango. Ela exclamou em surpresa por ver Yeva, sorrindo e cumprimentando ela em russo. Vendo eu e Paul, e mulher rapidamente se afastou e gesticulou para nós entrarmos. Ela trocou para o inglês assim que percebeu que eu era americana. Todas essas pessoas bilíngües era meio que espantoso. Isso não era algo que eu via muito freqüentemente nos EUA. Ela apontou para a mesa e me disse para colocar tudo lá, o que eu fiz com alivio.

“Meu nome é Oksana,” ela disse, apertando minha mão. “Meu marido, Mark, está no jardim e deve estar aqui logo.”

“Eu sou Rose,” eu disse a ela.

Oksana nos ofereceu cadeiras. A minha era de madeira e de costas retas, mas naquele momento, parecia com uma cama confortável. Eu suspirei feliz e sequei o suor da minha sobrancelha. Enquanto isso, Oksana desempacotava as coisas que eu tinha carregado.

As sacolas estavam cheias de sobras do funeral. A caixa de cima continha alguns pratos e potes, o que Paul explicou que tinha sido emprestado por Oksana um tempo atrás. Oksana finalmente chegou na caixa de baixo, e ninguém merece, ela estava cheia de tijolos para jardim.

“Você tem que estar brincando,” eu disse. Do outro lado da sala, Yeva parecia muito orgulhosa.

Oksana estava alegre pelos presentes. “Oh, Mark irá ficar feliz de tê-lo,” ela sorriu para mim. “Isso foi muito doce da sua parte carregá-los o caminho todo.”

“Feliz por ajudar,” eu disse diretamente.

A porta de trás abriu, e um homem entrou – Mark, presumivelmente. Ele era alto e com o corpo bem construído, o seu cabelo cinza indicando uma idade maior que a de Oksana. Ele lavou suas mãos na pia da cozinha e então se juntou a nós. Eu quase arfei quando eu vi seu rosto e descobri algo mais estranho que a diferença de idade. Ele era um Dhampir. Por um momento, eu pensei que era outra pessoa e não o marido dela, Mark. Mas este foi o nome que ela o introduziu, e ai a verdade me acertou: um casal Moroi e Dhampir casados. Certo, nossas duas raças se tinham relações o tempo todo.

Mas casamento? Era muito escandaloso no mundo Moroi.

Eu tentei manter a surpresa longe do meu rosto e me comportar tão educadamente quanto pudesse. Oksana e Mark pareciam muito interessados em mim, apesar dela ter feito a maior parte da conversa. Mark simplesmente assistia, curiosidade por todo o seu rosto. Meu cabelo estava solto, assim minhas tatuagens não podiam denunciar

meu status não prometido. Talvez ele só tivesse se perguntando como uma garota americana tinha encontrado o caminho para o meio desse buraco. Talvez ele pensasse que eu era uma nova recrutada meretriz do sangue.

Pelo meu terceiro copo de água, eu comecei a me sentir melhor. Foi por volta dessa hora que Oksana disse que nós deveríamos comer, aí nesse momento, meu estômago estava pronto para isso. Oksana e Mark prepararam a comida juntos, negando minhas ofertas de ajuda.

Observando o casal trabalhar era fascinante. Eu nunca tinha visto um time tão eficiente. Eles nunca entravam no caminho um do outro e nunca precisavam falar sobre o que fazer depois. Eles apenas sabiam. Apesar da localização remota, os componentes da cozinha eram modernos, e Oksana colocou um prato de algum tipo de batata de caçarola no microondas. As costas de Mark estavam pra ela enquanto ele inspecionava a geladeira, mas assim que ela apertou o start, ele disse, “Não, não precisa ser por tanto tempo.”

Eu pisquei em surpresa, olhando de um lado para o outro entre eles. Ele não tinha nem visto quanto tempo ela tinha selecionado. Foi aí que eu entendi. “Vocês estão ligados,” eu exclamei.

Ambos olharam para mim com igual surpresa. “Sim. Yeva não te contou?” Oksana perguntou.

Eu lancei um olhar rápido para Yeva, que estava com aquele irritante olhar de auto-satisfação no rosto. “Não, Yeva não tem sido muito sociável esta manhã.”

“Quase todos por aqui sabem,” Oksana disse, retornando ao seu trabalho.

“Então... então você é uma usuária do Espírito.”

Isto a fez parar novamente. Ela e Mark trocaram olhares assustados. “Isto,” ela disse, “não é algo que é largamente conhecido.”

“A maioria das pessoas pensa que você não se especializou, certo?”

“Como você sabe?”

Porque isso era exatamente como tinha sido para mim e Lissa. História sobre laços tinham sempre existido no folclore Moroi, mas como laços se formavam sempre tinha sido um mistério. Era geralmente acreditado que eles “apenas aconteciam”. Como Oksana, Lissa tinha sido geralmente considerada como uma Moroi não-especializada – uma que não tinha nenhuma habilidade especial com nenhum dos elementos. Nós percebemos agora, claro, que a ligação apenas ocorria com usuários de espírito, quando eles salvavam a vida dos outros.

Algo na voz de Oksana me disse que ela não estava totalmente surpresa por eu saber. Eu não conseguia entender como ela tinha percebido isso, porém, eu estava muito surpresa pela minha descoberta para dizer alguma coisa. Lissa e eu nunca, nuca tínhamos encontrado outros com a ligação. Os únicos outros dois que nós sabíamos sobre, era o legendário Vladimir e Anna. E aquelas histórias estavam cobertas por centenas de anos de história incompleta, fazendo difícil saber o que é fato e o que é ficção. As únicas outras pistas que nós tínhamos sobre o

mundo dos espíritos eram Sra. Karp – um antiga professora que ficou louca – e Adrian. Até agora, ele tinha sido nossa maior descoberta, um usuário de espírito que era mais ou menos estável – dependendo de como você analisava.

Quando a comida estava pronta, espírito nunca virou um tópico. Oksana liderou a conversa, mantendo tópicos leves e trocando de língua. Eu estudei ela e Mark enquanto comia, procurando por sinais de instabilidade. Eu não vi nenhum. Eles pareciam perfeitamente felizes, pessoas perfeitamente comuns. Se eu não soubesse o que eu sabia, eu não teria nenhum razão para suspeitar disso. Oksana não parecia deprimida ou doida. Mark não tinha herdado aquela escuridão vil que as vezes penetrava em mim.

Meu estômago recebeu bem a comida, e o resto da minha dor de cabeça acabou.

Nesse ponto, entretanto, uma estranha sensação passou por mim. Isso foi desorientador, como uma palpitação na minha cabeça, uma onda da calor e então de frio passou por mim. A sensação desapareceu tão rápida quanto apareceu e eu esperava que esse tivesse sido o último demônio dos efeitos colaterais da vodka. Nós terminamos de comer, e eu pulei para ajudar. Oksana balançou a cabeça.

“Não, não precisa. Você deveria ir com Mark.”

“Huh?” eu perguntei.

Ele limpou o rosto com o guardanapo e levantou. “Sim. Vamos para o jardim.”

Eu comecei a seguir, então pausei e olhei para Yeva. Eu esperei que ela me xingasse por abandonar as louças. Ao

invés disso, eu não encontrei nenhum olhar presunçoso ou de desaprovação. A expressão dela era... sábia. Quase de expectativa. Algo sobre isso mandou calafrios pelas minhas costas, e eu lembrei das palavras de Viktoria: Yeva tinha sonhado com minha chegada.

O jardim que Mark me levou era maior do que eu esperava, fechado com uma profunda cerca e árvores alinhadas. Folhas novas estavam penduradas nelas, bloqueando a maior parte do calor. Vários arbustos e flores já estavam florescendo, e aqui e ali, os botões estavam bem no seu caminho para a vida adulta. Era lindo, e eu me perguntei se Oksana tinha uma mão nisso. Lissa era capaz de fazer plantas cresceram com espírito. Mark gesticulou em direção a um banco de pedra. Sentamos lado a lado, e silêncio caiu.

“Então,” ele disse. “O que você gostaria de saber?”

“Wow. Você não perde tempo.”

“Não vejo por que. Você deve ter várias perguntas. Vou fazer meu melhor para responder.”

“Como você sabia?” eu perguntei. “Que eu também sou uma shadow-kiss. Você sabia, certo?”

Ele concordou. “Yeva nos disse.”

Ok, isso era uma surpresa. “Yeva?”

“Ela pode sentir coisas... coisas que o resto de nós não pode. Mas ela nem sempre sabe o que está sentindo. Ela só sabia que havia algo estranho em você, e ela só sentia isso ao redor de outra pessoa. Então ela te trouxe até mim.”

“Parece que ela poderia ter feito isso sem me fazer carregar uma caixa cheia de coisas.”

Isso fez ele rir. “Não leve para o lado pessoal. Ela estava testando você. Ela queria ver se você era uma digna companheira para o neto dela.”

“Qual o ponto? Ele está morto agora.” Eu quase engasguei com a palavra.

“Verdade, mas para ela, ainda é importante. E, por sinal, ela acha que você é digna.”

“Ela tem um jeito engraçado de demonstrar. Eu quero dizer, fora me trazer aqui para conhecer você, eu suponho.”

Ele riu de novo. “Mesmo sem ela, Oksana saberia o que você é assim que ela te conheceu. Ser uma shadow-kiss tem um efeito na aura.”

“Então ela também vê auras,” eu murmurei. “O que mais ela pode fazer? Ela deve ser capaz de curar, ou você não seria um shadow-kissed. Ela tem super compulsão? Ela pode entrar em sonhos?”

Isso o pegou de guarda baixa. “A compulsão dela é forte, sim... mas como assim, entrar em sonhos?”

“Tipo... ela é capaz de entrar na mente de alguém quando estão dormindo. A mente de qualquer um – não só a sua. Então eles podem conversar, como se estivessem juntos. Meu amigo consegue fazer isso.”

A expressão de Mark me disse que isso era novidade para ele. “Seu amigo? Seu parceiro de laço?”

Parceiro de laço? Nunca ouvi esse termo. Soava estranho, mas fazia sentido.

“Não... outro usuário de espírito.”

“Outro? Quantos você conhece?”

“Três, tecnicamente. Bem, quatro agora, contando Oksana.”

Mark virou, encarando distraidamente o amontoado de flores rosa. “Tantos... isso é incrível. Só conheci outro usuário de espírito, e isso foi há anos atrás. Ele também estava ligado a seu guardião. O guardião morreu, e isso o destruiu. Ele ainda nos ajudou quando Oksana e eu estávamos tentando entender as coisas.” Eu me preparava para minha própria morte o tempo todo, e temia por Lissa. Ainda sim nunca me ocorreu como seria com nosso laço. Como isso afetaria a outra pessoa? Isso seria como fazer um buraco, onde antes você estava intimamente ligado com outra pessoa?

“Ele nunca mencionou entrar nos sonhos também,” Mark continuou. Ele riu de novo, linhas amigáveis aparecendo ao redor dos seus olhos azuis. “Eu pensei que iria te ajudar, mas talvez você me ajude.”

“Eu não sei,” eu disse em dúvida. “Eu acho que vocês tem mais experiência nisso do que nós.”

“Onde está seu parceiro de laço?”

“Nos EUA.” Eu não precisava elaborar, mas de alguma forma, eu precisava contar a ele toda a verdade. “Eu... eu deixei ela.”

Ele franziu. “Deixou como em... você simplesmente viajou? Ou deixou como em abandonou ela?”

Abandonei. A palavra foi como um tapa no meu rosto, e de repente, tudo o que eu podia ver era o último dia com ela, quando eu a deixei chorando.

“Eu tinha coisas para fazer,” eu disse evasivamente.

“Sim, eu sei. Oksana me disse.”

“Te disse?”

Agora ele hesitou. “Ela não deveria ter feito isso... ela tenta não fazer.”

“Fazer o que?” eu exclamei, inquieta por uma razão que eu não conseguia explicar.

“Ela, bem... ela tocou na sua mente. Durante o almoço.”

Eu pensei e de repente lembrei de um formigamento na minha cabeça, o calor passando por mim. “O que isso significa exatamente?”

“Uma aura pode dizer a um usuário de espírito sobre a personalidade de alguém. Mas Oksana pode também ir mais a fundo, alcançando e fazendo leituras mais especificas de informação sobre uma pessoa. As vezes ela pode ligar essa habilidade com compulsão... mas os resultados são muito, muito poderosos. E errados. Não é certo fazer isso com alguém com quem você não tem um laço.”

Eu levei um segundo para processar isso. Nem Lissa nem Adrian liam o pensamento de outros. O mais perto que Adrian podia chegar da mente de alguém era entrar em sonhos. Lissa não conseguia fazer isso, nem mesmo comigo. Eu podia sentir ela, mas o oposto não ocorria.

“Oksana pode sentir... oh, eu não sei como explicar. Tem uma imprudência em você. Você está em algum tipo de busca. Tem vingança escrito por toda a sua alma.” Ele de repente levantou meu cabelo, olhando meu pescoço. “Como pensei. Você não é prometida.”

Eu afastei minha cabeça. “Porque que isso é tão importante? Toda a cidade está cheia de Dhampirs que não são guardiões.” Eu ainda achava que Mark era um cara legal, mas levar sermão sempre me irritava.

“Sim, mas eles escolheram se acomodar. Você... e outros como você... vocês se tornam vigilantes. Ficam obcecados com caçar Strigoi sozinhos, com idéias próprias de certo e errado que toda a raça trouxe para nós. Isso só pode trazer problemas. Eu vejo o tempo todo.”

“O tempo todo?” eu perguntei, surpresa.

“Porque você acha que o número de guardiões está diminuindo? Estão saindo de suas casas e suas famílias. Ou eles agem como você, ainda lutando mas sem responder a ninguém – a não ser que sejam contratados como guarda-costas de caçadores de Strigoi.”

“Dhampirs contra...” eu de repente comecei a entender como a não realeza como Abe tinha seus guarda-costas. Dinheiro podia fazer as coisas acontecerem, eu suponho. “Eu nunca ouvi falar de nada assim.”

“É claro que não. Você acha que os Moroi e os outros guardiões querem que saibam? Querem balançar isso na sua frente como uma opção?”

“Não vejo qual o problema de caçar Strigoi. Sempre nos defendemos, nunca atacamos, quando se trata de Strigoi. Talvez se mais Dhampirs fossem atrás deles, eles não fossem tanto problema.”

“Talvez, mas tem jeitos diferentes de tratar isso, alguns melhores do que os outros. E quando você sai como você está fazendo – com o coração cheio de pesar e raiva? Esse

não é uma das melhores maneiras. Te deixa descuidada. A escuridão do shadow-kissed complica as coisas.”

Eu cruzei meus braços no peito e olhei para frente duramente. “Yeah, bem, não é como se eu pudesse fazer muita coisa sobre isso.”

Ele virou para mim, sua expressão mais uma vez surpresa. “Porque você não faz seu parceiro de laço curar a escuridão em você?”

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