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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 15

EU NÃO GOSTO DE VER Victor Dashkov estar certo. Mas, oh, ele sempre estava.

Com a proclamação de Lissa, a sala que estava segurando a respiração, de repente explodiu. Eu me perguntei se alguma vez, na história Moroi, já existiu uma sessão do Conselho pacifica, ou se por coincidência eu só entro nas que são controversas. O que estava acontecendo hoje me lembrou muito do dia em que o decreto sobre a idade dos dhampirs foi aprovado. Gritaria, argumentos, pessoas fora de suas cadeiras... Guardiões que normalmente cobriam as paredes e assistiam, estavam juntos com os outros, com olhar de preocupação em seus rostos enquanto eles se preparam para qualquer disputa que possa ir além de palavras.

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Tão rápido quanto Lissa estava no centro de tudo, a sala pareceu se esquecer dela. Ela se sentou de novo, e Christian achou a sua mão novamente. Ela apertou a mão dele bem forte, tão forte que eu me perguntei se ela tinha cortado a circulação dele. Ela olhou diretamente para frente, ainda vacilando. A mente dela não estava focada em todo aquele caos, mas tudo que seus olhos e ouvidos percebiam vinha para mim. Sério, a única atenção que meus amigos receberam foi quando Daniella chegou e repreendeu Adrian por nomear alguém de fora de sua família. Ele deu de ombros em seu modo costumeiro, e ela bufou percebendo — como muitos de nós — que não tinha realmente uma razão em tentar argumentar com Adrian.

Você pensaria que em uma sala onde todo mundo estava brigando para impor vantagens para sua própria família, cada pessoa estaria argumentando que a nomeação de Lissa era inválida. Esse não era o caso, no entanto — particularmente por que nem todo mundo na sala era da realeza. Assim como eu notei mais cedo, Moroi de todo o mundo vieram para testemunhar os acontecimentos que iriam determinar o seu futuro. E um bom número deles estava vendo essa garota Dragomir com interesse, essa princesa de uma linhagem que estava morrendo e que alegava fazer milagres. Eles não foram vorazmente entoando seu nome, mas muitos ficaram no meio dos argumentos, dizendo que ela tinha todo o direito de representar sua família. Parte de mim também suspeitou que alguns dos — suportes comuns — simplesmente gostavam da ideia de frustrar a agenda real.

O jovem casal que tinha sido assediado por Lady Badica não foram os únicos que foram diminuídos por seus — superiores. — Surpreendentemente, havia alguns membros da realeza apoiando Lissa também. Eles podem ser leais a suas próprias famílias, mas nem todos eram cúmplices sem coração e egoístas. Muitos tinham um senso de certo e errado — e se Lissa tinha a lei do lado dela, então ela estava certa. E muitos membros da realeza simplesmente gostavam e respeitavam ela. Ariana foi uma pessoa que advogou para a nomeação de Lissa, alem de que a competição que isso criou. Ariana sabia bem a lei e sem dúvida percebeu que a mesma brecha que permitiu Lissa competir, também não deixaria acontecer quando a época de eleição chegar. Ainda assim, Ariana manteve sua posição, o que me fez gostar dela ainda mais. Quando a votação realmente chegar, eu espero que Ariana ganhe a coroa. Ela é inteligente e justa — exatamente o que os Moroi precisam.

Claro que Ariana não era a única que conhecia a lei. Outros perceberam a brecha e argumentaram a nomeação de um candidato que ninguém podia votar por se inútil. Normalmente, eu concordaria com eles. E o debate durou enquanto os meus amigos ficaram quietos sentados no olho do furacão. No final, o assunto foi resolvido da forma

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que a maioria das decisões devem ser tomadas: através do voto. Com Lissa ainda negando o seu lugar no Conselho, deixou apenas onze membros para determinar o seu futuro. Seis deles aprovaram a sua candidatura, fazendo isso oficial. Ela poderia concorrer. Eu suspeitei que alguns daqueles que votaram a favor, não queria que ela realmente concorresse, mas os respeito deles pela lei prevaleceu.

Muitos Moroi não ligavam para o que o Concelho dizia. Eles deixaram claro que consideraram o assunto longe do fim, provando o que Victor havia dito: isso iria fazer eles ficarem furiosos por um tempo, e iria piorar se ela realmente passar nos testes e chegar à fase de votação. Por agora, a multidão se dispersou, parecendo aliviada — não só por que eles queria escapar da gritaria, mas também por que eles queriam espalhar as noticias sensacionais.

Lissa continou falando pouco enquanto ela e nossos amigos saiam. Passando pelos curiosos ela era o modelo de realeza e calma, como se ela já tivesse sido declarada rainha. Mas quando ela finalmente escapou de tudo aquilo e estava de volta no quanto dela com os outros, um olhando para o outro, sentimentos congelados explodiram.

Junto com Adrian, Christian e Eddie, o resto dos conspiradores se mostrou: Tasha, Abe e minha mãe. Todos eles estavam tão aturdidos por essa reação vindo da doce Lissa que nenhum deles poderia responder agora. Lissa tomou vantagem do silêncio deles.

— Você armou para mim! Você me colocou no meio de um pesadelo político! Você acha que eu quero isso? Você realmente acha que eu quero ser rainha? —

Abe se recuperou primeiro, naturalmente.

— Você não será rainha — ele disse, com a voz estranhamente calma. — As pessoas discutindo sobre a outra parte da lei estão certas: ninguém pode realmente votar em você. Você precisa de uma família para isso. —

— Então qual é o ponto? — ela exclamou. Ela estava furiosa. Ela tinha todo o direito de estar. Mas aquela indignação, aquela raiva... isso foi alimentado por alguma coisa pior do que essa situação sozinha. Espírito estava vindo para reclamar o seu preço e torná-la ainda mais chateada do que ela estaria.

— O ponto — disse Tasha — é toda aquela loucura que você viu na sala do Conselho. Para cada argumento, para cada vez que alguém arrasta um dos livros de direito para fora novamente, temos mais tempo para salvar Rose e descobrir quem matou Tatiana. —

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— Quem quer que tenha feito isto, tem que ter algum interesse no trono — explicou Christian. Ele colocou a mão no ombro de Lissa e ela se afastou. — Ou para eles mesmos ou para alguém que eles conhecem. Quanto mais nós atrasarmos o plano deles, mais tempo nós vamos ter para descobrir quem é. —

Lissa passou as mãos pelos seus longos cabelos em frustração. Tentei puxar o rolo de fúria dela, pegá-lo para mim. Eu consegui um pouco, o bastante para ela deixar as mãos caírem ao lado do corpo. Mas ela ainda estava brava.

— Como que eu posso procurar pelo assassino se eu vou estar lá fazendo todos aqueles testes estúpidos? — ela exigiu.

— Você não vai estar procurando. — Abe disse. — Nós vamos. —

Os olhos dela se alargaram. — Isso nunca foi parte do plano! Eu não vou pular nos aros reais enquanto a Rose precisa de mim. Eu quero ajudá-la! —

Isso foi quase cômico. Quase. Nem Lissa nem eu podemos — ficar quietas — quando nós pensamos que a outra precisa de nossa ajuda. Nós queremos estar lá fora, ativamente fazendo o que podemos para consertar a situação.

— Você está a ajudando, — disse Christian, sua mão se contraiu, mas ele não tentou a tocar de novo. — é de um jeito diferente daquele que você esperava, mas no final, vai acabar ajudando-a. —

O mesmo argumento que todo mundo estava usando comigo. Também a fez ficar tão nervosa quanto eu fiquei, e eu desesperadamente puxei a onde de instabilidade de espirito que ficava passando por ela.

Lissa olhou em volta da sala, um olhar acusatório em seu rosto.

— Quem no mundo pensou nessa ideia? — Mais silencio incomodo encheu a sala.

— Foi a Rose, — disse Adrian afinal.

Lissa se virou e o encarou.

— Ela não fez! Ela não faria isso comigo! —

— Ela fez, — ele disse. — Eu falei com ela num sonho. Foi ideia dela, e... foi uma muito boa. — Eu realmente não gostei de como isso

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pareceu ser uma surpresa para ele. — Além disso, você meio que a colocou numa situação ruim também. Ela continua falando em quanto a cidade que ela esta é uma droga. —

— Okay, — estalou Lissa, ignorando a parte sobre minha situação. — Supondo que seja verdade, que Rose passou essa ideia — brilhante — para você, então porque ninguém se incomodou em contar para mim? Vocês não acham que um pequeno aviso iria ajudar? — de novo, isso era exatamente como eu fiquei reclamando sobre o meu resgate ter sido mantido sobre segredo para mim.

— Não realmente, — disse Adrian. — Nós imaginamos que você agiria exatamente assim e que planejaria uma recusa. Nós meio que imaginamos que se você fosse pega desprevenida, você aceitaria. —

— Isso foi um pouco arriscado, — ela disse.

— Mas funcionou, — foi a resposta dura de Tasha. — Nós sabíamos que você iria nos ajudar. — Ela piscou. — E pelo que importa, eu acho que você daria uma ótima Rainha. —

Lissa deu um olhar afiado para ela, e eu fiz mais um esforço para tirar um pouco da escuridão. Eu me concentrei naqueles sentimentos agitados, imaginando eles em mim em vez dela. Eu não tirei tudo mas administrei o suficiente para tirar a luta dela. Raiva subitamente cresceu em mim, me cegando momentaneamente, mas eu fui capaz de socar em um canto da minha mente. Ela subitamente se sentiu exausta. Eu meio que me senti também.

— O primeiro teste é amanha, — ela disse calmamente. — Se eu falhar, estou fora. O plano vai por água abaixo. —

Christian fez uma outra tentativa de colocar os braços ao redor dela, e desta vez, ela deixou. — Voce não vai. —

Lissa não disse mais nada, e eu pude sentir o alivio no rosto de todo mundo. Ninguém acreditou nem por um segundo que ela gostou disso, mas eles pareceram achar que ela não iria retirar sua nomeação, o que era o máximo que eles podiam esperar.

Minha mãe e Eddie não tinham dito nada esse tempo todo. Como era comum para os guardiões, eles ficaram em segundo plano, ficando nas sombras enquanto os negócios dos Moroi eram conduzidos. Com a tempestade inicial acabada, minha mãe tomou a dianteira. Ela acenou para Eddie. — Um de nós vai tentar ficar com você o tempo todo. —

— Porque? — perguntou Lissa, assustada.

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— Porque nós sabemos que há alguém lá fora que não se importa de matar para conseguir o que quer, — disse Tasha. Ela acenou para minha mãe e Eddie. — Esses dois e Mikhail são realmente os únicos guardiões que podemos confiar. —

— Você tem certeza? — Abe deu a ela um olhar astuto. — Estou surpreso que você não colocou seu guardião — amigo — especial a bordo. —

— Que amigo especial? — ordenou Christian, instantaneamente pegando a insinuação. Tasha, para minha surpresa geral, ficou vermelha.

— Só um cara que eu conheço. —

— Que segue você com cara de cachorro molhado, — continuou Abe. — Qual é o nome dele? Evan? —

— Ethan, — ela corrigiu.

Minha mãe, parecendo exasperada com uma conversa tão ridícula, prontamente deu um fim nisso — o que deu certo desde que Christian parecia ter coisas a dizer.

— Deixe-a em paz, — ela avisou Abe. — Nós não temos tempo para isso. Ethan é um cara legal, mas quanto menos pessoas souberem sobre isso, melhor. Já que Mikhail tem um posto permanente, Eddie e eu faremos a segurança. —

Eu concordei com tudo que ela tinha acabado de falar, mas pareceu-me que para ter minha mãe dentro disso, alguém — provavelmente Abe — a tinha enchido com toda aquela atividade ilícita que estava acontecendo recentemente. Ou ele era mesmo muito convincente ou ela me ama muito. De má vontade, eu suspeitava que os dois eram verdade. Quando os Moroi estavam na Corte, seus guardiões não precisavam acompanhar eles a todo lugar, o que significava que minha mãe ficaria meio que livre da sua tarefa com o Lord Szelsky enquanto ele ficasse aqui. Eddie ainda não tinha uma designação, o que também lhe dava flexibilidade.

Lissa começou a dizer algo quando uma sacudida na minha própria realidade me jogou para fora da dela.

— Desculpe, — disse Sydney. O aperto nos freios foi o que me trouxe de volta. — Aquela idiota me botou para fora. —

Não era culpa da Sydney, mas eu me sentia irritada sobre a interrupção e queria gritar com ela. Com um suspiro profundo, eu me

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lembrei que isso era simplesmente efeito das reações do espírito e que eu não podia permitir que isso me fizesse agir irracionalmente. Ela iria desaparecer, como sempre, mas alguma parte de mim sabia que não poderia continuar a tomar as trevas de Lissa sempre. Eu não poderia sempre ser capaz de controlá-lo.

Agora que eu estava de volta para mim mesma, eu olhei pela janela, percebendo nossos novos arredores. Nos estávamos numa área urbana, e enquanto o tráfego era dificilmente grande (vendo que ainda era o meio da noite para os humanos), havia definitivamente mais carros na estrada do que tínhamos visto em algum tempo.

— Onde nós estamos? — eu perguntei.

— Na periferia de Lexington, — Sydney disse. Ela parou num posto de gasolina próximo, para encher o tanque e para que pudéssemos colocar o endereço de Donovan no GPS. A casa dele era mais ou menos umas cinco milhas de distância.

— Não é uma parte muito boa da cidade, pelo que eu ouvi, — Dimitri disse. — Donovan tem um estúdio de tatuagem que só abre de noite. Alguns outros Strigois trabalham com ele. Eles pegam garotos bêbados e que festejam... o tipo de pessoas que pode facilmente desaparecer. O tipo que os Strigoi amam. —

— parece que a policia vai eventualmente notar que toda vez que alguém vai fazer uma tatuagem, desaparece. — Eu apontei.

Dimitri deu uma risada forçada. — Bem, a coisa — engraçada — é que eles não matam todo mundo que vai la. Eles na verdade até tatuam alguns deles e os deixam ir. Eles contrabandeiam drogas la também.

Eu considerei ele curiosamente, assim que a Sydney se enfiou de volta no carro. — Você certamente sabe bastante. —

— Eu fiz disso meu trabalho, saber muito, e os Strigoi tem que manter um teto sobre suas cabeças também. Eu na verdade me encontrei com Donovan uma vez, e peguei a maior parte disso direto da fonte. Eu apenas não sabia onde exatamente ele trabalhava até agora. —

— Okay, então, nós temos informação sobre ele. O que fazemos com isso? —

— Atraímos ele para fora. Mandamos um — cliente — com uma mensagem minha precisando encontrar com ele. Eu não sou exatamente o tipo de pessoa que possa ser ignorada — bom, que ele não poderia —

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deixa pra lá. Um vez ele fora, nós levamos ele para um lugar que nós escolhermos. —

Eu assenti. — Eu posso fazer isso. —

— Não, — disse Dimitri. — Você não pode. —

— Por que não? — Eu perguntei, imaginando se ele achava que era perigoso demais para mim.

— Porque eles vão saber que tu és uma damphir no preciso momento que te virem. Eles provavelmente vão sentir primeiro teu cheiro. Nenhum Strigoi teve um damphir a trabalhar para eles — só humanos. —

Houve um silêncio desconfortável no carro.

— Não! — Disse Sidney. — Eu não vou fazer isso! —

Dimitri balançou a cabeça. — Eu também não gosto disso, mas nós não temos muitas opções. Se ele pensar que você trabalha para mim, ele não vai te machucar. —

— Sim? E o que acontece se ele não acreditar em mim? — Ela exigiu.

— Eu não acho que ele vá fazer isso. Ele provavelmente irá com você para procurar as coisas, com a ideia de que se você está mentindo, então depois disso eles vão te matar. —

Isso não parecia fazer com que ela se sentisse melhor. Ela gemeu.

— Você não pode mandá-la ir, — eu disse. — Saberão que ela é um alquimista. Um deles nunca trabalhou com qualquer Strigoi. —

Surpreendentemente, Dimitri não havia considerado isso. O silencio cresceu novamente sobre nós, e foi Sydney que inesperadamente surgiu com uma solução.

— Quando eu estava dentro do posto de gasolina, — ela disse lentamente, — eles tinham, assim, um kit de maquilhagem. Nós provavelmente poderíamos cobrir a maior parte da minha tatuagem com pó. —

E nós fizemos. O único frasco de base que estava á venda não era exactamente da cor do seu tom de pele, mas nós solidificamos o suficiente para obscurecer o lírio dourado em seu rosto. Escovar os

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cabelos para frente ajudou um pouco. Satisfeitos nós tínhamos feito tudo o que podíamos, nós partimos para Donovan.

É verdade que estava em uma parte degradada da cidade. A poucas quadras da loja de tatuagens, que eu vi o que parecia ser uma discoteca, mas caso contrário, o bairro parecia deserto. Eu não estava enganada, porém. Este não era o lugar que eu quereria andar sozinha à noite. Ali gritava — assalto. — Ou pior.

Nós verificamos a área até Dimitri encontrar o local, ele sentia-se bem consigo. Era um beco, dois prédios de distância do salão. A cerca com fios retorcidos ficava de um lado, enquanto um prédio de tijolos de baixa ladeado do outro. Dimitri instruiu Sydney sobre como conduzir o Strigoi para nós. Ela tomou tudo, balançando a cabeça junto, mas eu podia ver o medo nos olhos dela.

— Você tem que olhar admirada, — disse ele. — Seres humanos que servem culto aos Strigoi — estão ansiosos por agradar. Desde que eles não andem tanto em torno dos Strigoi, eles não são tão assustadores ou terríveis. Colocar um pouco de medo, claro, mas não tanto como você olha agora. —

Ela engoliu em seco. — Eu realmente não posso ajudar nisto. —

Eu me senti mal por ela. Ela acreditava firmemente que todos os vampiros eram maus, e nós estávamos mandando-a para um ninho da pior espécie, colocando-a em grande risco. Eu também sabia que ela só vi tinha visto um Strigoi vivo, e apesar das advertências de Dimitri, ver mais deles ela iria se chocar completamente. Se ela congelasse na frente de Donovan, tudo podia desmoronar. Num impulso, dei-lhe um abraço. Para minha surpresa, ela não resistiu.

— Você pode fazer isso, — eu disse. — Você é forte e eles estão com muito medo de Dimitri. Ok? —

Após algumas respirações profundas, Sydney assentiu. Nós demos-lhe mais algumas palavras encorajadoras, e então ela virou a esquina do edifício, em direcção á rua, e desapareceu de nossa vista. Olhei para Dimitri.

— Podemos tê-la apenas mandado para a sua morte. —

Seu rosto estava sombrio.

— Eu sei, mas não podemos fazer nada agora. É melhor se colocar na posição. —

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Com sua ajuda, eu consegui subir para o telhado do edifício baixo. Não havia nada de íntimo na maneira como ele içou-me, mas eu não poderia evitar, ter o mesmo sentimento eléctrico a qualquer contacto dele causava uma facilidade marcante com que nós trabalhávamos juntos. Uma vez que eu estava posicionada de forma segura, Dimitri seguiu para o lado oposto do edifício que Sydney tinha dado a volta. Ele espreitou ao virar da esquina, e então não havia nada a fazer senão esperar.

Foi angustiante, e não apenas porque estávamos à beira de uma luta. Fiquei pensando sobre Sydney, o que lhe pedimos para fazer. Meu trabalho era proteger os inocentes do mal não os lançar para o meio dela. E se o nosso plano falhou? Vários minutos se passaram, e eu finalmente ouvi passos e vozes murmurou ao mesmo tempo, uma onda de náusea familiar passou por mim. Nós puxaríamos o Strigoi para fora.

Três deles caminhavam em torno do canto do edifício, Sydney na liderança. Eles chegaram a um impasse, e vi Donovan. Ele era o mais alto, um ex-Moroi com cabelos escuros e uma barba que me lembrou a de Abe. Dimitri tinha me dado a sua descrição para que (espero) eu o matasse. O capanga de Donovan pairava por trás dele, todos eles de alerta e em guarda. Eu estaquei, minha estaca firmemente agarrada na minha mão direita.

— Belikov? — Exigiu Donovan com voz rouca. — Onde você está? —

— Eu estou aqui, — veio a resposta de Dimitri — em uma voz fria e terrível de Strigoi. Ele apareceu no canto oposto do arredor do edifício, mantendo-se nas sombras.

Donovan relaxou um pouco, reconhecendo Dimitri, mas mesmo na escuridão, a verdadeira aparência de Dimitri se materializou. Donovan ficou rígido — de repente vê a ameaça, mesmo que fosse uma que o confundia e o desafiava do que sabia. No mesmo momento, uma das cabeças de seus caras girou.

— Dhampirs! — Exclamou. Não foi as características de Dimitri que o avisou. Foi o nosso cheiro, e eu respirei uma oração silenciosa de agradecimento que havia levado tanto tempo para perceber.

Então, eu pulei fora do telhado. Não era uma distância fácil de saltar, mas não iria me matar. Além disso, a minha queda foi amparada por um Strigoi.

Caí em cima de um dos caras de Donovan, batendo-o no chão. Eu apontei minha estaca em seu coração, mas seus reflexos foram rápidos. Com o meu peso leve, eu era fácil de empurrar. Eu tinha esperado aquilo

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e consegui manter o equilíbrio. Pelo canto do meu olho, eu vi Sydney correndo por ali fora, por nossas instruções. Nós queríamos ela longe do fogo cruzado e lhe disse para ir para o carro, preparando-se para partir, se as coisas corressem mal.

Claro que, com Strigoi, as coisas eram sempre ruins. Donovan e seu outro cara tinha ido para Dimitri, avaliando-o como maior ameaça. Meu adversário, a julgar pelo seu sorriso com presas, não parecia considerar-me como uma ameaça de todo. Lançou-se para mim, e me esquivei distanciando, mas não antes de serpentear e lhe dar um chute no joelho. Meu pontapé não pareceu prejudicá-lo, mas danificou o seu equilíbrio. Fiz outra grande aposta e foi jogado fora novamente, batendo no chão duro. Minhas pernas descobertas roçaram n o cimento bruto, rasgando a pele. Porque o meu jeans estava muito sujo e rasgado, eu fui forçada a usar um par de shorts da mochila que Sydney tinha trazido para mim. Eu ignorei a dor, atirando para trás com a velocidade que o Strigoi não esperava. Minha estaca encontrou seu coração. O processo não foi tão duro quanto eu teria gostado, mas foi o suficiente para coloca-lo fora, em seguida, conduzi a estaca na maior e acabei com ele. Nem mesmo fiquei á espera de vê-lo cair, eu retirei a minha estaca e me virei para os outros.

Eu não tinha hesitado nem uma vez nas batalhas que travei, mas agora, eu paralisei pelo que estava vendo. O rosto de Dimitri. Era... aterrorizante. Feroz. Ele tinha um olhar parecido quando tinha me defendido na minha prisão — aquela expressão de Deus Guerreiro Foda que dizia que ele podia fazer tudo sozinho. O jeito que ele parecia agora... bem, levou aquela ferocidade para um outro nível. Isso era pessoal, eu percebi. Lutar contra esses Strigoi não era somente sobre encontrar a Sonya e ajudar a Lissa. Era sobre redenção, uma tentativa de apagar seu passado destruindo o mal diretamente em seu caminho.

Eu me movi para me juntar a ele, assim que ele cravou sua estaca no segundo cara. Havia poder naquele golpe, muito mais poder do que Dimitri precisaria para jogar o Strigoi contra a parede e acertar o coração dele. Isso era impossível, mas eu podia imaginar a estaca passando pelo corpo e indo direto para a parede. Dimitri colocou mais atenção e esforço naquela luta do que deveria. Ele deveria ter agido como eu e imediatamente ter se virado para outra ameaça, uma vez que o Strigoi estivesse morto. Em vez disso, Dimitri estava tão focado em sua vitima que ele nem notou Donovan tomando vantagem da situação.

Felizmente para Dimitri, eu estava lá para ajuda-lo.

Eu joguei meu corpo em Donovan, tirando ele de perto de Dimitri. Assi quem fiz isso, eu vi Dimitri tirar sua estaca e então jogar o corpo do Strigoi contra a parede de novo. Enquanto isso, eu consegui a atenção

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de Donovan e agora estava tendo dificuldades em o lubridiar sem o matar.

— Dimitri — eu gritei. — Venha me ajudar. Preciso de você! —

Eu não podia ver o que Dimitri estava fazendo, mas alguns segundos depois ele estava do meu lado. Com o que parecia ser um rugido, ele correu para Donovan, com a estaca, e jogou o Strigoi no chão. Eu dei um suspiro de alívio e me movi para ajuda-lo com a retenção. Então, eu vi Dimitri alinhar sua estaca com o coração de Donovan.

— Não — eu me joguei no chão, tentando tanto segurar Donovan quanto botar o braço de Dimitri para longe. — Nós precisamos dele! Não o mate! —

Pelo olhar no rosto de Dimitri, não estava claro se ele mesmo tinha me ouvido. Havia morte em seus olhos. Ele queria matar Donovan. O desejo tinha subitamente tomado prioridade.

Ainda tentando segurar Donovan com um braço, eu dei um soco na cara de Dimitri com minha outra — indo para o outro lado daquele que eu tinha acertado na outra noite. Eu não acho que ele sentiu a dor no ápice da adrenalina, mas o soco chamou sua atenção. — Não o mate! — eu repeti.

O comando chegou ao Dimitri. Nossa briga infelizmente, deu a Donovan uma margem de manobra. Ele começou a se soltar de nós, mas então, como um só, Dimitri e eu nos juntamos para segurar ele.

Isso me lembrou o tempo em que eu interrogava os Strigoi na Rússia. Foi preciso todo um grupo de Damphirs para imobilizar uma Strigoi. Mas Dimitri parecia ter uma força não-natural.

— Quando nós estávamos interrogando, nós costumávamos… —

Minhas palavras foram interrompidas quando Dimitri resolveu usar seu próprio método de interrogação. Ele pegou Donovan pelos cotovelos e o sacudiu forte, fazendo o Strigoi bater a cabeça no cimento varias vezes.

— Onde esta Sonya Karp? — berrou Dimitri.

— Eu não… — começou Donovan. Mas Dimitri não tinha paciência para as evasivas do Strigoi.

— Onde esta ela? Eu sei que você a conhece! —

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— Eu… —

Eu vi algo no rosto de Donovan que eu nunca tinha visto num Strigoi antes: medo. Eu achei que fosse uma emoção que eles simplesmente não possuíam. Ou, se possuíssem, fosse apenas em lutas um contra o outro.

Eles não iriam perder tempo com medo de miseráveis damphirs.

Mas oh! Donovan estava com medo de Dimitri.

E para ser honesta, eu também.

Aqueles olhos vermelhos estavam arregalados — arregalados, desesperados e aterrorizados.

Quando Donovan disse suas palavras, algo me disse que eram verdadeiras. Ele estava muito chocado e despreparado para tudo isso.

— Paris, — ele cuspiu. — Ela esta em Paris! —

— Cristo — eu exclamei. — Nós não podemos viajar para Paris —

Donovan balançou sua cabeça — o tanto que conseguia com Dimitri ainda sacudindo ele. —

— É uma pequena cidade — a uma hora daqui. Tem um pequeno lago. Dificilmente alguém vai lá. Casa azul. — direções muito vagas. Precisávamos de mais. —

— Você tem um fim. —

Dimitri aparentemente não dividia minha necessidade por mais informações. Antes que eu pudesse terminar de falar, sua estaca estava fora — no coração de Donovan. O Strigoi deu um horrível grito, cheio de sangue que diminuía enquanto a morte o levava. Estremeci. Quanto tempo até alguém que ouviu tudo isso e chamar a policia? Dimitri arrancou sua estaca — então a enfiou de novo. E de novo. Eu encarava com descrença e horror, paralisada por alguns segundos. Então, eu agarrei o braço de Dimitri e comecei a chacoalha-lo, apesar de eu achar que faria mais efeito chocalhando o prédio atrás de mim.

— Ele está morto, Dimitri! Ele está morto! Pare com isso. Por favor. —

O rosto de Dimitri ainda estava com uma terrível expressão — raiva, agora marcado com um pouco de desespero. Desespero que dizia para

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ele que se ele pudesse aniquilar Donovan, talvez ele pudesse aniquilar tudo de ruim na vida dele.

Eu não sabia o que fazer. Precisávamos dar o fora daqui. Precisávamos que a Sydney desintegrasse os corpos. O tempo estava passando, e continuava repetindo para mim mesma.

— Ele esta morto! Solte isso. Por favor. Ele esta morto. —

Então, em algum lugar, de alguma forma, eu cheguei até Dimitri. Seus movimentos diminuíram e finalmente pararam. A mão que segurava a estaca caia lentamente de lado enquanto ele olhava para o que sobrava de Donovan — o que não era bonito. A raiva no rosto do Dimitri deu lugar completamente para a desesperança... então deu lugar ao desespero.

Eu puxei gentilmente seu braço. — Acabou. Você fez o bastante. —

— Nunca é o bastante, Roza. — Ele sussurrou. A dor em sua voz me matava. — Nunca vai ser o bastante. —

— É por agora — eu disse. Eu e o puxei para mim. Sem resistir, ele largou sua estaca e escondeu seu rosto no meu ombro. Eu larguei minha estaca também e abracei ele, puxando ele para mais perto. Ele envolveu seus braços ao meu redor em retorno, procurando o contato com outro ser vivo, o contato que eu há muito tempo sabia que ele precisava.

— Você é a única. — Ele agarrou-se mais firmemente em mim. — A única que entende. A única que viu como eu era. Eu nunca poderia explicar para ninguém... você é a única. A única que eu posso dizer isso... —

Fechei os olhos por um instante, dominada por aquilo que ele estava dizendo. Ele poderia ter jurado lealdade a Lissa, mas não significava que ele revelasse tudo que estava e seu coração para ela. Por muito tempo, ele e eu estávamos em perfeita sincronia, sempre entendendo um ao outro. Esse era o caso, não importava se nós estivámos juntos, não importava se eu estava com Adrian. Dimitri sempre mantivera o coração e os sentimentos guardados até me encontrar. Eu pensei que ele tinha o bloqueado de volta, mas, aparentemente, ele ainda confiava em mim o suficiente para revelar o que o estava matando por dentro.

Abri os olhos e encontrei em sua escuridão, um olhar sério.

— Tudo bem, — eu disse. — Tudo bem agora. Eu estou aqui. Eu sempre estarei aqui para você. —

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— Eu sonho com eles, você sabe. Todos os inocentes que eu matei. — Seus olhos se voltaram para o corpo de Donovan. — Eu fico pensando... talvez se eu destruir Strigoi o suficiente, os pesadelos vão embora. Só assim estarei certo de que não sou com eles. —

Toquei seu queixo, virando seu rosto para perto do meu e longe de Donovan.

— Não. Você tem que destruir Strigoi porque eles são monstros. Porque isso é o que fazemos. Se quiser que o pesadelo vá embora, você tem que viver. Esse é o único caminho. Nós poderíamos ter morrido há pouco. Mas não morremos. Talvez morreremos amanhã. Eu não sei. O que importa é que estamos vivos agora. —

Eu estava divagando neste momento. Eu nunca tinha visto Dimitri tão cabisbaixo, não desde a sua volta. Ele alegou que virar Strigoi tivesse matado todas suas emoções. E não o fez. Elas estavam lá, eu percebi. Tudo o que ele tinha sido ainda estava dentro dele, só saindo em momento de raiva e desespero como esse. Ou quando ele tinha me defendido dos guardiões que iriam me prender. O velho Dimitri não estava desaparecido. Ele só foi trancado, e eu não sei como deixá-lo sair. Isto não foi o que eu fiz. Ele sempre foi o que tinha palavras de sabedoria e discernimento. Não eu. Ainda assim, ele estava ouvindo agora. Eu tinha a sua atenção. O que eu poderia dizer? Como eu poderia chegar até ele?

— Lembra-se do que você disse antes? — perguntei. De volta a Rubysville? Viver é um detalhe. Você tem que começar a apreciar os detalhes. Esta é a única maneira de derrotar o que ser Strigoi fez com você. A única maneira de trazer de volta quem você realmente é. Você mesmo disse: você fugiu comigo para poder de sentir o mundo novamente. Sua beleza. —

Dimitri começou a voltar-se para Donovan novamente, mas eu não ia deixa-lo.

— Não há nada de bonito aqui. Apenas a morte. —

— Isso só é verdade se você deixá-los se tornar realidade, — eu disse desesperadamente, ainda sentindo a pressão do tempo. — Procure alguma coisa. Uma coisa que seja bonita. Qualquer coisa. Tudo o que mostra que você não é um deles. —

Seus olhos estavam de volta em mim, estudando meu rosto em silêncio. Pânico correu através de mim. Ele não estava trabalhando. Eu não poderia fazer isso. Nós tínhamos que sair daqui, independentemente do estado em que ele estava. Eu sabia que ele tinha que deixar, também.

Vampire Academy Livro 6 Último Sacrifício

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Se aprendi alguma coisa, foi que os instintos de guerreiro do Dimitri ainda funcionavam. Se eu dissesse que o perigo estava chegando, ele iria responder instantaneamente, não importava o quão atormentado ele sentia. Eu não queria, no entanto. Eu não queria que ele saísse em desespero. Eu queria que ele deixasse aqui um passo mais para perto de ser o homem que eu sabia que ele poderia ser. Eu queria que ele tivesse menos um pesadelo. Era além da minha capacidade, no entanto. Eu não era terapeuta. Eu estava prestes a dizer-lhe que tínhamos de sair por aí, prestes a fazer os seus reflexos de soldado ascenderem, quando de repente ele falou. Sua voz era quase um sussurro.

— Seu cabelo. —

— O quê? — Por um segundo, eu me perguntei se ele estava pegando fogo ou algo assim. Toquei uma mecha. Não, nada de errado, exceto que ele estava uma bagunça. Eu o tinha usado num coque na batalha para impedir o Strigoi o usasse como uma forma de arma, assim como Angeline tinha feito. Muito do qual havia sido desfeito na luta, no entanto.

— Seu cabelo, — repetiu Dimitri. Seus olhos estavam arregalados, quase aterrorizado. — Seu cabelo é lindo. —

Eu não pensava assim, e não em seu estado atual. Naturalmente, considerando que estávamos em um beco escuro cheio de corpos, as escolhas eram muito limitadas.

— Você vê? Você não é um deles. Strigoi não vê a beleza. Não apenas a morte. Encontrou algo bonito. Uma coisa que é bonita. —

Hesitante, nervoso, ele correu os dedos ao longo das mechas que eu havia tocado anteriormente. — Mas isso é suficiente? —

— É sim, por agora — Pressionei um beijo na testa e o ajudei a levantar. — É por agora. —

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