Convencer eles a soltar um Strigoi – particularmente quando ele estava preso – não foi fácil. Meu questiona-mento não tinha feito sentido para eles também, mas eles colaboraram. Deixar um Strigoi ir? Isso era realmente maluco – mesmo para um não prometido. Eles trocaram olhares agitados uns com os outros, e eu me perguntei se eles desobedeceriam. No fim, minha dureza e autoridade prevaleceu. Eles me queriam como sua líder e tinham fé em minhas ações – não importava o quão malucas elas fossem.
É claro, assim que soltamos o Strigoi, nós tivemos problemas em nos certificar que ele fosse embora. A principio, ele começou a atacar de novo, e então, percebendo que ele provavelmente iria ser derrubado, ele finalmente fugiu. Ele nos deu um último olhar enquanto desaparecia na escuridão. Eu não achava que ser derrubado por um grupo de adolescentes tinha feito muita coisa para a confiança dele. Ele me deu um olhar particular de ódio, e eu tremi com a idéia dele saber meu nome. Não havia nada para ser feito agora; eu só podia esperar que meu plano funcionasse.
Denis e os outros superaram eu deixar um Strigoi partir quando fizemos outras mortes aquela semana. Nós caímos numa rotina, investigando clubes e partes perigosas da cidade, confiando em meus sentidos para nos dizer quando o perigo estava próximo. Era engraçado para mim o quanto esse grupo começou a depender da minha liderança. Eles
alegavam que não queriam participar das regras dos guardiões ou de autoridade, mas eles responderam surpreendentemente bem a mim dizendo a eles o que fazer.
Bem, mais ou menos. De vez em quando, eu via um pouco daquele descuido. Um deles tentava bancar o herói, subestimando um Strigoi, ou atacar sem o resto de nós. Artur quase acabou com uma concussão dessa forma. Como o maior de nós, ele ficou um pouco arrogante e foi pego de guarda baixa quando um Strigoi jogou ele contra uma parede. Foi um momento preocupante para todos nós. Por alguns segundos agonizantes, eu temi que Artur estivesse morto – e era minha culpa sendo a líder deles. Um dos alquimistas de Sydney tinha vindo – embora eu tenha me certificado de não estar por perto, com receio que Abe me encontrasse – e tratou Artur. O cara disse que Artur ficaria bem depois de um descanso, o que significava que ele tinha que parar de caçar por um tempo. Foi difícil para ele – e eu tive que gritar com ele quando ele tentou nos seguir uma noite, lembrando ele dos seus amigos que tinham morrido por causa de tal idiotice.
No mundo humano, Dhampirs tendem a seguir o horário humano. Agora eu estava num horário noturno, como o da Academia. Os outros o seguiram, a não ser Tamara, já que ela tinha um emprego diurno. Eu não queria estar sonolenta durante a hora em que os Strigoi andavam pelas ruas. Eu liguei para Sydney toda vez que deixamos um morto, e os rumores tinham que estar aparecendo na comunidade Strigoi que alguém estava fazendo muitos
danos. E se o Strigoi que eu libertei levou minha mensagem, alguns desses Strigoi estariam procurando por mim especificamente.
Conforme os dias passaram, nossas mortes caíram um pouco, me fazendo pensar que os Strigoi estavam de fato tendo cuidado agora. Eu não conseguia decidir se isso era ou coisa boa ou ruim, mas eu pedi aos outros para terem cuidado extra. Eles estavam começando a me reverenciar como uma deusa, mas eu fiquei satisfeita com a adoração deles. Meu coração ainda doía pelo que tinha acontecido com Lissa e Dimitri.
Eu me envolvi em minha tarefa, tentando só pensar em trabalhar na comunidade Strigoi para chegar mais perto de Dimitri. Mas quando não estávamos caçando Strigoi, eu tinha muito tempo com nada para fazer.
Então eu continuei a visitar Lissa.
Eu sei que tem muitos garotos – como Mia – que vivem na Corte Real porque seus pais trabalham lá. Mas eu não percebi quantos deles havia. Avery naturalmente conhecia a todos, e para surpresa de ninguém (pelo menos não a minha), a maior parte deles eram mimados e ricos.
O resto da visita de Lissa tinha sido uma série de festas formais. Quanto mais ela ouvia os Moroi da realeza falar de negócios, mais ela se irritava. Ela via o mesmo abuso de poder que ela notou antes, o mesmo jeito injusto de distribuir os guardiões como se eles fossem propriedades. O assunto controverso sobre se Moroi deveriam ou não lutar com os guardiões também era um assunto quente. A maior parte das pessoas com quem Lissa se encontrava na Corte
tinha a mentalidade antiga: Deixe guardiões lutar e os Moroi ficarem protegidos. Depois de ver o resultado dessa política – e o sucesso que havia ocorrido quando pessoas como Christian e eu tentamos mudá-la – ouvir o egoísmo da elite Moroi irritava Lissa.
Ela dava boas vindas a suas escapadas desses eventos sempre que podia, ansiosa para fazer algo selvagem com Avery. Avery sempre era capaz de encontrar pessoas para andar e freqüentar festas de uma natureza muito diferente das de Tatiana. Os políticos sufocantes da Corte nunca iam para essas festas, mas ainda havia várias outras coisas para deixar Lissa para baixo.
Em particular, Lissa sentia culpa, raiva, e depressão por mim ficando cada vez mais profundas. Ela viu o bastante dos efeitos do espírito no humor dela para reconhecer possíveis sinais de aviso, embora ela não tenha usado ativamente espírito nessa viagem. Independente da causa dos humores, ela ainda continuava a fazer seu melhor para procurar distração e sufocar sua depressão.
“Observe,” avisou Avery uma noite. Ela e Lissa estavam em uma festa antes de voarem de volta para a Academia. Muitos dos que viviam na Corte tinham residência permanente, e essa festa era na casa de um tal de Szelsky que servia e assistia um comitê que Lissa não conhecia.
Lissa não conhecia o anfitrião também, mas isso não importou, já que seus pais estavam fora da cidade.
“Observe o que?” perguntou Lissa, olhando ao redor. A casa tinha um jardim na parte de trás, iluminado por tochas e barbantes de luzes cintilantes. Havia bebida e comida a
força total, e um cara Moroi tinha uma guitarra e estava tentando impressionar as garotas com suas habilidades musicais – que não existiam. Na verdade, a música dele era tão horrível que ele poderia ter descoberto um novo jeito de matar Strigoi. Mas ele era fofo o bastante para suas admiradoras não parecerem se importar com o jeito que ele tocava.
“Isso,” disse Avery apontando para o Martini de Lissa. “Você está contando quantos deles está tomando?”
“Não que eu saiba,” disse Adrian. Ele estava esticado em uma cadeira ali perto, um drink em sua própria mão.
Lissa se sentia um pouco amadora comparada a eles. Enquanto Avery ainda era sua selvagem flertadora, ela não tinha o ar louco ou idiota de alguém completamente acabado. Lissa não sabia o quanto as outras garotas tinham bebido, mas era presumivelmente muito já que Avery sempre tinha um drink na mão. Igualmente, Adrian nunca parecia estar sem bebida, os efeitos dos quais na maior parte o suavizavam. Lissa supôs que eles tinham muito mais experiência que ela. Ela ficou mole com o passar dos anos.
“Estou bem,” mentiu Lissa, que estava vendo seus arredores girarem um pouco e estava seriamente contemplando umas garotas dançando em uma mesa no jardim. Os lábios de Avery se torceram em um sorriso, embora os olhos dela tenham mostrado um pouco de preocupação. “Claro. Só não fique enjoada nem nada assim.
Esse tipo de coisa se espalha, e a última coisa que nós precisamos é todo mundo saber que a garota Dragomir não
agüenta beber. Sua família tem uma poderosa reputação para manter.”
Lissa bebeu mais. “De alguma forma, eu duvido que consumo de álcool seja parte da família dos meus ilustres antepassados.”
Avery empurrou Adrian e deitou perto dele na cadeira. “Hey, você ficaria surpresa. Em dez anos, esse grupo será seus pares no conselho. E você vai tentar aprovar alguma resolução, e eles vão estar tipo, ‘Lembra daquela vez quando ela ficou enjoada e vomitou naquela festa?’” Lissa e Adrian riram disso. Lissa não achava que ia vomitar, mas como tudo mais, ela iria se preocupar com isso mais tarde. O melhor ponto de tudo isso era que beber estava ajudando a amortecer as memórias do que tinha acontecido mais cedo naquele dia. Tatiana tinha apresentado ela a seus futuros guardiões: um cara maduro chamado Grant e uma “senhorita”, cujo nome era Serena.
Eles foram gentis, mas a comparação deles com Dimitri e eu foi demais. Aceitar eles parecia uma traição a nós, e ainda sim Lissa simplesmente acenou e agradeceu Tatiana.
Mais tarde Lissa soube que Serena originalmente tinha sido designada para proteger uma garota que ela conheceu toda a sua vida. A garota não era da realeza, mas as vezes, dependendo do número de guardiões, até mesmo não reais tinham guardiões – embora nunca mais do que um. Quando a posição para proteção de Lissa ficou vaga, no entanto, Tatiana tinha tirado Serena do seu trabalho com sua amiga.
Serena sorriu e disse a Lissa que não importava. O dever vinha primeiro, ela disse, e ela estava feliz por servir ela.
Ainda sim Lissa se sentia mal, sabendo que deve ter sido difícil para as duas garotas – e terrivelmente injusto. Mas lá estava de novo: uma balança de poder injusta com ninguém para mantê-la na linha.
Saindo daquele encontro, Lissa amaldiçoou sua própria mansidão. Se ela não tivesse a coragem para me seguir, ela pensou, ela deveria pelo menos bater o pé e exigir que Tatiana dessa a ela minha mãe. Então Serena poderia voltar para sua amiga, e haveria uma amizade ainda intacta no mundo.
O Martini simultaneamente pareceu adormecer a dor e fazer ela se sentir ainda pior, o que honestamente não fazia sentido para Lissa. Tanto faz, ela pensou. E quando ela viu um servo passando, ela o chamou e pediu mais um.
“Hey, posso – Ambrose?”
Ela encarou surpresa o cara parado diante dela. Se houvesse um calendário de roupa de banho com os caras Dhampir mais gostosos, esse seria o modelo da capa (fora Dimitri – mas então, eu era tendenciosa). O nome desse cara era Ambrose, e ela e eu conhecemos ele na nossa viagem para lá juntas. Ele tinha uma pele profundamente bronzeada e músculos bem formados debaixo daquela camisa cinza de botões. Ele era uma excentricidade em particular na Corte, um Dhampir que rejeitou servir como guardião e fazia todo tipo de tarefas ali, como dar massagens e – se os rumores eram verdade – ter “encontros românticos” com a rainha. Esse ainda me dava medo, e eu já me deparei com algumas coisas bem nojentas na vida.
“Princesa Dragomir,” ele disse, dando a ela um sorriso perfeito. “Uma surpresa inesperada.”
“Como você tem estado?” ela perguntou, genuinamente feliz por vê-lo.
“Bem, bem. Eu tenho o melhor emprego no mundo afinal de contas. E você.”
“Ótima,” ela respondeu.
Ambrose parou, olhando para ela. Ele não soltou aquele incrível sorriso, mas Lissa percebeu que ele não concordava com ela. Ela podia ver a desaprovação no rosto dele. Avery acusar ela de beber demais era uma coisa. Mas um servo Dhampir? Inaceitável. Lissa ficou fria, e ergueu sua taça.
“Eu preciso de outro Martini,” ela disse, a voz dela tão arrogante quanto qualquer perfeito da realeza.
Ele sentiu a mudança nela, e o sorriso amigável dele se tornou educadamente indiferente. “Imediatamente.” Ele fez uma pequena reverência e foi para o bar. “Jeez,” disse Avery, observando admirada enquanto ele se afastava. “Porque você não nos apresentou para o seu amigo?”
“Ele não é meu amigo,” disse Lissa. “Ele não é ninguém.”
“Concordo,” disse Adrian, colocando um braço ao redor de Avery. “Porque olhar para toda parte quando você tem o melhor aqui mesmo?” Se eu não o conhecesse bem, eu juraria que aquilo era uma dica de um ciúmes legitimo por debaixo daquele tom jovial. “Eu não saí do meu caminho para trazer você para tomar café com minha tia?”
Avery deu a ele um sorriso preguiçoso. “Esse é um bom começo. Mas você ainda tem que trabalhar para me
impressionar, Ivashkov.” O olhar dela foi para a cabeça de Lissa e ficou surpreso. “Hey, belezura está aqui.”
Mia, com Jill agora, vinham passando pelo jardim, indiferentes ao olhar chocado que ela recebeu. As duas claramente estavam deslocadas.
“Hey,” disse Mia quando ela alcançou o grupo de Lissa. “Meu pai foi chamado, e eu tenho que ir com ele. Vim trazer Jill de volta.”
“Sem problemas,” disse Lissa automaticamente, embora ela claramente não estivesse feliz por Jill estar ali. Lissa ainda imaginava se Christian tinha algum interesse especial nela. “Tudo bem?”
“Yeah, só negócios.”
Mia se despediu de todos e saiu da festa tão rapidamente quanto tinha chego, virando os olhos para todas as caras surpresas e chocadas das pessoas da realeza enquanto passava.
Lissa voltou sua atenção para Jill, que estava sentada em uma cadeira próxima e estava olhando ao seu redor com admiração. “Como você tem estado? Você se divertiu com Mia?”
Jill se voltou para Lissa, o rosto brilhando. “Oh yeah. Ela é ótima. Ela fez tanto progresso com a água. É loucura! E ela me ensinou alguns golpes de luta também. Eu posso dar um soco de direita... embora não seja muito forte.”
Ambrose voltou com a bebida de Lissa. Ele entregou para ela sem dizer nada e se suavizou um pouco quando viu Jill. “Quer alguma coisa?”
Ela balançou a cabeça. “Não, obrigado.”
Adrian estava observando Jill com cuidado. “Você está bem? Você quer que eu te leve de volta para o seu quarto?” Como antes, a atenção dele não era romântica. Ele parecia considerar ela uma irmã menor, o que eu pensei que era fofo. Eu não achei que ele fosse capaz desse tipo de comportamento protetor.
Ela balançou a cabeça de novo. “Está tudo bem. Não quero que você tenha que sair... a não ser...” A expressão dela ficou preocupada. “Você quer que eu vá?”
“Nah,” disse Adrian. “É bom ter alguém responsável nessa névoa de confusão. Você deveria pegar uma comida, se você estiver com fome.”
“Você parece uma mãe,” provocou Avery, ecoando meus pensamentos. Por qualquer que fosse a razão, Lissa levou para o lado pessoal o comentário sobre “responsabilidade” de Adrian, como se ele tivesse xingado ela diretamente. Eu não achava que esse era o caso, mas ela não estava pensando direito. Decidindo que ela queria comida para si, ela levantou e foi até a mesa no jardim que tinha bandejas com aperitivos nela. Bem, tinha mais cedo. Agora a mesa estava sendo usada pelas garotas dançantes que Lissa tinha notado antes. Alguém tinha arrumado espaço movendo todas as bandejas de comida para o chão. Lissa se inclinou e pegou um pequeno sanduíche, observando as garotas e se perguntando como elas conseguiram encontrar algum tipo de ritmo naquela horrível música da realeza.
Uma das garotas viu Lissa e sorriu. Ela estendeu a mão. “Hey, suba aqui.”
Lissa a encontrou uma vez mas não lembrava seu nome. Dançar de repente parecia uma grande idéia. Lissa terminou seu sanduíche e, com uma bebida na mão, se permitiu ser puxada. Isso recebeu alguma salva de palmas das pessoas reunidas ao redor. Lissa descobriu que a música louca era irrelevante e se encontrou entrando no ritmo. Os movimentos dela e das outra garotas variavam para super sexual até disco.
Tudo era diversão, e Lissa se perguntou se Avery alegaria que isso iria perseguir ela por 10 anos também.
Depois de um tempo, ela e as outras tentaram sincronizar seus movimentos. Elas começaram jogando seus braços no ar e então foram fazer uns chutes juntas. Aqueles chutes se provaram desastrosos. Um tropeço – Lissa estava usando salto – de repente enviou ela para a ponta da mesa. Ela perdeu a bebida e quase caiu antes de um par de braços pegar ela e a manter erguida. “Meu herói,” ela murmurou. Então ela olhou bem para seu salvador. “Aaron?”
O ex namorado de Lissa – e o primeiro cara com quem ela dormiu – olhou para ela com um sorriso e a soltou assim que ele teve certeza que ela podia ficar em pé. Cabelo loiro e olhos azuis, Aaron era bonito de um jeito surfista. Eu não consegui me impedir de imaginar o que teria acontecido se Mia tivesse visto. Ela, Aaron, e Lissa uma vez estiveram envolvidos em um triangulo amoroso digno de uma novela mexicana.
“O que você está fazendo aqui? Pensamos que você tinha desaparecido,” Lissa disse. Aaron tinha partido da academia alguns meses atrás.
“Vou para a escola em New Hampshire,” ele respondeu. “Estamos aqui visitando familiares.”
“Bem, é ótimo ver você,” disse Lissa. As coisas terminaram entre eles, mas no estado atual dela, ela falou cada palavra pra valer. Ela estava bêbada o bastante para achar que era ótimo ver todos na festa.
“Você também,” ele disse. “Você está incrível.”
As palavras dele a atingiram mais do que ela esperava, provavelmente porque todo mundo aqui havia implicado que ela parecia um lixo e irresponsável. E separados ou não, ela não podia se impedir de lembrar que ela já gostou dele. Honestamente, ela ainda achava ele atraente. Ela só não o amava mais.
“Você deveria manter contato,” ela disse. “Nos contar o que está acontecendo.”
Por um momento, ela se perguntou se ela tinha dito isso, já que ela tinha um namorado. Então ela ignorou as preocupações. Não havia nada errado em andar com outros caras – particularmente já que Christian não tinha se importado o bastante com ela para vir junto.
“Seria bom,” disse Aaron. Havia algo nos olhos dele que ela achava prazerosamente desconcertante. “Mas eu não suponho que vá receber um beijo de adeus, já que eu te resgatei e tudo mais?”
A idéia era absurda – então, depois de um momento, Lissa riu. O que importava? Christian era quem ela amava, e um beijo entre dois amigos não iria significar nada. Olhando para cima, ela deixou Aaron se abaixar e segurar seu rosto. Os lábios deles se encontraram, e não havia como negar: O
beijo durou um pouco mais do que um beijo de amigos. Quando terminou, Lissa se encontrou sorrindo com uma estudante deslumbrada – o que, tecnicamente, ela era.
“Te vejo por aí,” ela disse, indo em direção a seus amigos.
Avery usava um olhar punitivo, mas não era por causa de Aaron ou o beijo. “Você está louca? Você quase quebrou a perna. Você não pode fazer esse tipo de coisa.”
“Era para vocês serem os divertidos,” apontou Lissa. “Não foi nada demais.”
“Diversão não é a mesma coisa que estupidez,” Avery respondeu, o rosto sério.
“Você não pode fazer merdas estúpidas como essa. Eu acho que deveríamos levar você para casa.”
“Estou bem,” disse Lissa. Ela teimosamente desviou o olhar de Avery e ao invés disso se focou em uns caras que estavam tomando doses de tequila. Eles estavam fazendo algum tipo de competição – e metade deles parecia pronto para desmaiar.
“Defina ‘bem’,” disse Adrian secamente. Ainda sim ele também parecia preocupado.
“Estou bem,” Lissa repetiu. O olhar dela voltou para Avery. “Eu não me machuquei.” Ela esperava um xingamento por causa de Aaron e estava surpresa por eles não terem dito nada a ela – o que fez ser ainda mais surpreendente quando veio de uma fonte diferente.
“Você beijou aquele cara!” exclamou Jill, se inclinando para frente. O rosto dela estava irritado, e ela não mostrava nenhuma das suas habituais reticências.
“Não foi nada,” disse Lissa, que estava irritada por ter Jill a repreendendo entre todas as pessoas. “Certamente não é da sua conta.”
“Mas você está com Christian! Como você pode fazer isso com ele?”
“Relaxe, Belezura.” Disse Avery. “O beijo de uma bêbada não é nada comparado com a queda de uma bêbada. Deus sabe que beijei muitos caras bêbada.”
“E ainda sim, eu permaneço não beijado essa noite,” disse Adrian, com um balançar de cabeça.
“Não importa.” Jill estava agitada. Ela passou a gostar e respeitar Christian. “Você o traiu.”
Com aquelas palavras, Jill poderia muito bem ter praticado seu gancho de direita em Lissa. “Eu não trai!” Lissa exclamou. “Não traga sua paixão por ele nisso e imagine coisas que não estão lá.”
“Eu não imaginei aquele beijo,” disse Jill, corando.
“Aquele beijo é a última das nossas preocupações,” suspirou Avery. “Estou falando sério – só deixem para lá por agora, gente. Vamos conversar de manhã.”
“Mas –” começou Jill.
“Você ouviu. Deixe para lá,” uma nova voz rosnou. Reed Lazar apareceu do nada e estava olhando para Jill, o rosto mais duro e assustador do que nunca. Os olhos de Jill se alargaram. “Só estou dizendo a verdade...” eu tinha que admirar a coragem dela, considerando a sua natureza normalmente tímida.
“Você está irritando todo mundo,” disse Reed, se aproximando e fechando seus punhos. “E você está me
irritando.” Eu tinha certeza que eu isso era o máximo que eu já tinha ouvido ele falar. Eu tendia a pensar que ele era tipo um homem das cavernas, juntando três palavras.
“Whoa.” Adrian pulou para o lado de Jill. “Você precisa deixar isso para lá. O que, você vai começar uma briga com uma garota?”
Reed olhou para Adrian. “Fique fora disso.”
“O inferno que eu vou! Você é maluco.”
Se todos me pedissem para fazer uma lista das pessoas mais prováveis de se arriscar em uma luta para defender a honra de uma dama, Adrian Ivashkov estaria na parte debaixo da lista. Ainda sim ali estava ele, o rosto duro e a mão protetora no ombro de Jill. Eu estava assombrada. E impressionada.
“Reed,” disse Avery. Ela também tinha se levantado e agora estava do outro lado de Jill. “Ela não quis dizer nada disso. Se afaste.”
Os dois irmãos ficaram ali, olhos trancados em algum tipo de conversa silenciosa. Avery estava com o olhar mais duro que eu já tinha visto nela, e finalmente, ele cedeu e se afastou. “Tudo bem. Tanto faz.”
O grupo observou com surpresa enquanto ele se afastava abruptamente. A música estava tão alta que apenas alguns festeiros ouviram a briga. Eles pararam e encararam, e Avery parecia envergonhada enquanto voltava para sua cadeira. Adrian ainda estava ao lado de Jill. “O que diabos foi isso?” Adrian exigiu.
“Eu não sei,” Avery admitiu. “Ele fica estranho e super protetor as vezes.” Ela deu a Jill um sorriso apoplético. “Realmente sinto muito.”
Adrian balançou a cabeça. “Eu acho que está na hora de irmos.”
Mesmo em seu estado bêbado, Lissa tinha que concordar. O confronto com Reed a chocou fazendo ela ficar sóbria, e ela estava nervosamente reavaliando suas ações de hoje a noite. A luz brilhante e os coquetéis chiques da festa tinham perdido seu charme. A brincadeira bêbada dos outros da realeza parecia desajeitada e idiota. Ela tinha o pressentimento que iria se arrepender dessa vez amanhã.
Quando voltei para minha cabeça, eu senti medo. Ok. Algo estava errado com Lissa, e ninguém pareceu notar – bem, não na extensão que eles deveriam. Adrian e Avery pareciam preocupados, mas eu tinha o pressentimento que eles estavam culpando o comportamento dela por causa da bebida. Lissa estava me lembrando muito sobre quando nós voltamos para St. Vladimir, quando espírito estava se apoderando e mexendo com a mente dela.
A não ser que... eu conhecia o bastante sobre mim para perceber que minha raiva e fixação em destruir Strigoi estava sendo influenciada pelo lado negro do espírito também. Isso significava que eu o estava drenando dela. Ele deveria estar deixando Lissa, não aumentando. Então qual era o problema dela? Esse pavio curto, loucura, e ciúmes estavam vindo da onde? A escuridão do espírito estava simplesmente se intensificando tanto que se espalhou para nós duas? Estávamos nos separando?
“Rose?’
“Huh?” eu olhei para onde eu estava olhando em branco para a TV. Denis estava olhando para mim, seu celular na mão.
“Tamara teve que trabalhar até mais tarde. Ela está pronta para ir agora, mas...”
Ele acenou em direção a janela. O sol estava quase se pondo, o céu púrpura, com apenas um pouco de horizonte laranja. O trabalho de Tamara era longe caminhando, e embora enquanto estivesse lá provavelmente não houvesse problemas, eu não queria que ela ficasse sozinha no pôr-do-sol. Eu levantei. “Anda, vamos buscar ela.” Para Lev e Artur eu disse, “Vocês podem ficar aqui.”
Denis e eu andamos meio quilômetro até o pequeno escritório onde Tamara trabalhava. Ela fazia todo tipo de tarefa, como tirar cópias e arquivamentos, e aparentemente houve algum tipo de projeto que fez ela se atrasar. Encontramos com ela na porta e andamos de volta para o apartamento sem incidentes, conversando animados sobre nossos planos de caça para noite. Quando chegamos no prédio de Tamara, eu ouvi um estranho lamento do outro lado da rua. Todos viramos, e Denis engasgou.
“Meu Deus, é aquela mulher louca de novo,” eu murmurei.
Tamara não vivia numa parte ruim da cidade, mas como em qualquer cidade haviam sem teto e mendigos. A mulher que observávamos era quase tão velha quanto Yeva, e ela regularmente andava pela rua, falando consigo mesma. Hoje, ela estava deitada de costas na calçada, fazendo
barulhos estranhos enquanto mexia seus membros como uma tartaruga.
“Ela está ferida?” eu perguntei.
“Não. Só maluca,” disse Denis. Ele e Tamara viraram para entrar, mas uma parte de mim não podia abandonar ela. Eu suspirei.
“Eu já vou entrar.”
A rua estava silenciosa (fora a velha) e eu atravessei sem medo do trânsito. Alcançando a mulher, eu estendi minha mão para ajudar ela, tentando não pensar em quão suja ela estava. Como Denis disse, ela meramente parecia estar no modo maluca hoje. Ela não estava ferida; ela aparentemente tinha só decidido se deitar. Eu tremi. Eu usava muito a palavra louca quando se tratava de Lissa e eu, mas isso era realmente louco. Eu realmente, realmente esperava que o espírito nunca nos levasse tão longe. A senhora sem teto parecia surpresa por mim ajudar ela mas pegou minha mão e começou a falar excitadamente em russo. Quando ela tentou me abraçar em gratidão, eu me afastei e ergui minha mão no sinal internacional de “se afaste”.
Ela de fato se afastou mas continuou a conversar feliz. Ela agarrou a lateral do seu longo casaco e os segurava como se fosse uma saia de vestido antigo, e a começou a rodar elas e a cantar. Eu ri, surpresa que em meu mundo severo, isso fosse me alegrar.
Eu comecei a cruzar a rua de volta para o lugar de Tamara. A senhora parou de dançar e começou a falar feliz comigo de novo.
“Desculpe, tenho que ir,” eu disse a ela. Ela não pareceu registrar.
Então ela congelou na metade da frase. A expressão dela me avisou apenas um milésimo de segundo antes da minha náusea. Em um movimento fluído, eu virei para encontrar quem estava atrás de mim, tirando minha estaca enquanto me movia. Havia um Strigoi ali, alto e imponente, tendo aparecido de fininho enquanto eu estava distraída.
Idiota, idiota. Eu me recusei a deixar Tamara a andar pra casa sozinha, mas eu nunca considerei o perigo do lado de fora da minha –
“Não...”
Eu não tinha certeza se eu tinha dito as palavras ou pensado. Não importava. A única coisa que importava ali era o que meus olhos viam diante de mim. Ou melhor, o que meus olhos pensavam que estavam vendo. Porque certamente, certamente, eu estava imaginando. Não podia ser real. Não depois de todo esse tempo. Dimitri.
Eu o reconheci instantaneamente, embora ele... tenha mudado. Eu acho que em uma multidão de um milhão de pessoas, eu teria reconhecido ele. A conexão entre nós dois não permitia nada diferente. E depois de ter ficado tanto tempo privada dele, eu absorvi cada feição. Seu cabelo escuro, hoje solto e com algumas mechas em seu rosto. O familiar par de lábios, virados agora em um sorriso divertido e ainda sim gelado. Ele até estava usando o mesmo casaco de sempre, comprido e de couro que poderia ter saído direto de um filme de cowboy.
E então... haviam as feições de Strigoi. Os seus olhos escuros – olhos que eu amava – brilhavam em vermelho. A pálida, pálida pele. Quando vivo, sua cor era tão bronzeada quanto a minha, graças a tanto tempo do lado de fora. Se ele abrisse a boca, eu sabia que veria presas.
Toda minha avaliação aconteceu em um segundo. Eu reagi rápido quando eu senti ele – mais rápido do que ele provavelmente esperava. Eu ainda tinha o elemento de surpresa, minha estaca apontada e pronta. Eu estava numa linha perfeita do coração dele. Eu percebi, ali e agora, que eu poderia acertar mais rápido do que ele poderia se defender. Mas...
Os olhos. Oh Deus, os olhos.
Mesmo com aquele anel vermelho ao redor de suas pupilas, os olhos dele ainda me lembravam o Dimitri que eu conhecia. O olhar dele – o brilho sem alma e malicioso – que não era nada como ele. Mas havia uma semelhança o bastante para agitar meu coração, para sobrepujar meus sentidos e sentimentos. Minha estaca estava pronta.
Tudo o que eu tinha que fazer era dar o golpe. Eu tinha o momento ao meu lado... Mas eu não podia. Eu precisava de mais alguns segundos, mais alguns segundos para absorver ele antes de o matar. E foi então que ele falou.
“Roza.” A voz dele tinha aquela mesma maravilhosa humildade, o mesmo sotaque... só era mais fria. “Você esqueceu minha primeira lição: Não hesite.”
Eu mal vi o punho dele vir em direção a minha cabeça... e então não vi mais nada.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 17
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às 19:45
Marcadores: Academia de Vampiros, Promessa de Sangue
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