Para alguém que pregava para Denis sobre controle do impulso, eu não estava dando um exemplo muito bom. Uma vez que fiquei sozinha na suíte, eu continuei tentando de tudo o possível para sair – ênfase na parte do “tentar”.
Nathan tinha agido como se manter um prisioneiro fosse uma coisa rara, mas pelo que eu podia dizer, esse tinha sido construído para manter as pessoas. A porta e janela permaneciam impassíveis, não importava o quão forte eu as batia ou jogava objetos contra elas. Eu não me incomodei com a cadeira dessa vez e ao invés usei uma das mesas da sala de estar, esperando que ela fosse mais pesada. Não era. Quando isso não funcionou, eu na verdade, comecei a inserir códigos ao acaso no teclado da porta. Também inútil.
Finalmente, exausta, eu desmoronei no sofá de couro e tentei avaliar minhas opções. O progresso não foi muito longe. Eu estava presa em uma casa cheia de Strigoi. Ok, eu não tinha certeza disso, mas eu sabia que tinha pelo menos 3 aqui, o que já eram muitos para mim. Dimitri tinha se referido a esse lugar como uma “propriedade”, o que eu não achei reconfortante. Propriedades eram enormes. O fato que eu parecia estar no quarto andar era prova disso. Um lugar grande significava que lá podiam haver muitos quartos para muitos vampiros.
O único conforto que eu tinha era que Strigoi não cooperavam muito bem. Encontrar grandes grupos deles trabalhando juntos era raro. Eu tinha observado isso
algumas vezes – o ataque a Academia sendo uma dessas ocasiões. Eles tinham vindo assim porque as proteções da escola tinha caído, e aquilo tinha sido um incentivo grande o suficiente para os Strigoi se unirem. Mesmo quando eles tentavam trabalhar juntos, as uniões não duravam muito. O atrito que eu tinha observado entre Dimitri e Nathan era prova disso.
Dimitri.
Eu fechei meus olhos. Dimitri era a razão de eu estar aqui. Eu tinha vindo para livrá-lo desse estado de morto vivo e tinha falhado prontamente, assim como ele disse. Agora, parecia que eu estava a beira de me juntar a ele. Yeah, bom trabalho, Rose. Eu tremi, tentando me imaginar como um deles. Anéis vermelhos ao redor dos meus olhos. Pele bronzeada virando pálida. Eu não conseguia imaginar isso, e eu suponho que nunca teria que realmente me ver se isso acontecesse. Strigoi não tem reflexo no espelho. Isso faria arrumar meu cabelo um verdadeiro pé no saco.
A mais assustadora mudança de todas seria por dentro, a perda da conexão com minha alma. Ambos, Dimitri e Nathan tinham sido cruéis e hostis. Mesmo que eu não estivesse por perto para começar a briga, provavelmente não demoraria muito para eles encontrarem outra razão para se virarem um contra o outro. Eu era briguenta, mas isso sempre era motivado por algum aborrecimento com outros. Strigoi brigavam porque eles gostavam da matança. Eu não queria ser assim, procurando sangue e violência porque eu gostaria disso.
Eu também não queria acreditar nisso sobre Dimitri, mas suas ações já o condenavam como um Strigoi. Eu também sabia o que ele tinha estado comendo esse tempo todo para sobreviver. Strigoi podiam agüentar ficar sem sangue mais que Moroi, mas já fazia mais de um mês desde que ele foi transformado. Não havia dúvida que ele tinha se alimentado, e Strigoi quase sempre matavam suas vitimas para comer.
Eu não consegui imaginar isso em Dimitri... não o homem que eu tinha conhecido. Eu abri os olhos. O tópico sobre alimentação tinha trazido meu almoço a mente. Pizza e brownies. Duas das mais perfeitas comidas do planeta. A pizza tinha a muito ficado fria durante meus esforços para escapar, mas enquanto eu encarava o prato, tanto isso quanto o brownie pareciam deliciosos. Se a luz do lado de fora fosse alguma indicação, não tinha passado 24 horas desde que Dimitri tinha me pego, mas estava ficando bem perto. Este era um tempo muito longo para ficar sem comida, e eu queria comer muito aquela pizza, fria ou não, eu realmente não queria morrer de fome. Claro, eu também não queria virar Strigoi, mas essa situação estava rapidamente indo em uma direção que eu não queria. Morrer de fome levava muito tempo, e eu suspeitava que Dimitri estava certo; ela me transformaria muito antes que eu tivesse a chance de realmente morrer de fome. Eu tinha que encontrar outra forma de morrer – Deus, não que eu quisesse isso de qualquer maneira – e enquanto isso, eu decidi que poderia muito bem manter minhas forças para a fraca possibilidade de eu poder escapar.
Uma vez que a decisão estava tomada, eu devorei a comida em aproximadamente 3 minutos. Eu não tinha idéia de quem os Strigoi contratavam para fazer a comida – inferno, Strigoi não podiam nem comer comida comum, diferentemente dos Moroi – mas ela era fantástica. Alguma parte irônica de mim percebeu que tinham me dado comida que não requeria talheres.
Eles realmente tinham pensado em todos os possíveis modos que eu poderia por minha mãos em uma arma. Minha boca estava cheia com a minha última mordida gigante quando a porta de repente abriu. Inna escorregou habilidosamente para dentro, a porta se fechando quase que imediatamente.
“Filha da puta!” ou pelo menos eu tentei dizer isso pela minha boca cheia de comida. Enquanto eu estava debatendo se comia ou não, eu deveria ter estado vigiando a porta. Dimitri tinha dito que Inna viria me checar. Eu deveria ter estado esperando para dominá-la. Ao invés, ela tinha entrado enquanto eu não estava prestando atenção. Mais uma vez, eu tinha fracassado.
Assim como quando ela estava perto de Dimitri e Nathan, Inna fez muito pouco contato visual. Ela segurava uma pilha de roupas em seus braços e parou na minha frente, as oferecendo. Incerta, eu as peguei dela e as coloquei ao meu lado no sofá.
“Um, obrigada,” eu disse.
Apontando para a bandeja vazia, ela de fato olhou timidamente para mim, uma pergunta em seus olhos castanhos.
Vendo ela diretamente, eu fui surpreendida em como ela era bonita. Ela poderia até ser mais nova do que eu, e eu me perguntei como ela tinha acabado sendo forçada a trabalhar aqui. Entendendo a pergunta dela, eu acenei.
“Obrigada.”
Ela pegou a bandeja e esperou um momento. Eu não sabia o porque; então me ocorreu que ela poderia estar esperando para ver se eu queria mais alguma coisa. Eu tinha certeza que “a combinação da fechadura” não traduziria muito bem. Eu dei os ombros e balancei a mão para ela ir, minha mente girando enquanto eu a assistia se aproximar da porta. Eu deveria esperar para ela abrir a porta e então pular em cima dela, eu pensei. Imediata-mente, uma reação instintiva se apoderou de mim, hesitação em atacar uma inocente. Outro pensamento esmagou esse: sou eu ou ela. Eu enrijeci. Inna se pressionou perto da porta enquanto ela colocava a combinação, efetivamente bloqueando minha visão. Julgando por quando tempo ela ficou apertando os números, o código parecia ser bem longo. A porta clicou aberta, e eu me preparei para a ação.
Aí – eu decidi contra isso no último instante.
Por tudo que eu sabia, poderia ter um exército de Strigoi lá fora. Se eu iria usar Inna para escapar, eu provavelmente só teria uma oportunidade. Eu precisava fazer ela valer. Dessa forma, ao invés de pular em cima, eu me movi ligeiramente para assim poder ver além dela. Ela foi tão rápida quanto antes, escorregando para fora assim que a porta
destrancou. Mas naquele momento, eu vi de relance um curto corredor e o que parecia como outra pesada porta.
Interessante. Portas duplas na minha prisão. Se eu seguisse ela, aquilo me preveniria de fazer uma fuga imediata. Ela poderia simplesmente esperar na outra pesada porta, resistindo até o auxilio de um Strigoi aparecesse. Isso fazia as coisas muito mais difíceis, mas entendendo a estrutura pelo menos me dava uma faísca de esperança. Eu só precisava calcular o que fazer com essa informação, contanto que eu não tivesse ferrado as coisas por não agir agora. Por tudo que eu sabia, Dimitri estava prestes as entrar e me transformar em uma Strigoi.
Eu suspirei. Dimitri, Dimitri, Dimitri.
Olhando para baixo, eu levei um tempo para realmente ver o que ela tinha me trazido. Meu traje atual não estava me incomodando, mas se eu ficasse aqui por mais tempo, meu jeans e blusa iram ficar imundas.
Como Tamara, alguém queria me arrumar.
As roupas que Inna tinha trazido eram todos vestidos e todas do meu tamanho. Um apertadinho de seda vermelha. Um vestido de manga comprida, ajustado de tricô com detalhes de cetim. Um vestido de chiffon de cintura alta, ate o tornozelo.
“Oh, certo. Eu sou uma boneca.”
Indo mais fundo na pilha, eu descobri que haviam algumas camisolas e pijamas enfiados lá – assim como calcinhas e sutiãs. Todos deles de cetim e seda. O item mais casual de todos os itens era um vestido tricotado verde-floresta, mas mesmo isso era feito da mais macia caxemira.
Eu o levantei, tentando me imaginar fazendo uma ousada fuga nele. Não.
Balançando a cabeça, eu joguei descuidadamente todas as roupas no chão. Parecia que eu estaria usando roupas imundas por algum tempo.
Eu fiquei vagando de um lado para outro depois disso, mudando de planos de fuga fúteis que eu já tinha pensando e repensado um milhão de vezes. Andando, eu percebi como estava cansada. Tirando o blecaute de quando Dimitri tinha me batido, eu não tinha dormido durante um dia. Decidindo como lidar com isso era como decidir com o que fazer com a comida. Baixar a guarda ou não? Eu precisava de força, mas cada concessão que eu fazia me colocava mais em risco.
Finalmente, eu desisti, e quando eu deitei na grandiosa cama, uma idéia de repente me ocorreu.
Eu não estava totalmente sem ajuda. Se Adrian viesse me visitar em meu sono, eu poderia dizer a ele o que tinha acontecido. Verdade, eu tinha dito a ele para fica longe de mim da última vez, mas ele nunca tinha me escutado antes. Porque dessa vez seria diferente? Eu me foquei nele o mais forte o que eu pude enquanto eu esperava para o sono vir, como se meus pensamentos pudessem agir como algum tipo de sinal morcego e convocá-lo.
Isso não funcionou. Não houve nenhuma visita nos meus sonhos, e quando eu acordei, e estava surpresa em perceber o quanto aquilo me machucava. Apesar da paixonite de Adrian por Avery, eu não consegui me segurar e lembrei como gentil ele tinha sido com Jill da última vez
que eu os vi. ele estava preocupado com Lissa, também, e ele não tinha exibido nenhum dos seus usuais despreocupados bravatos.
Ele tinha sido sério e... bem, doce. Um caroço se formou na minha garganta. Mesmo que eu não tivesse nenhum interesse romântico nele, eu ainda o tinha tratado mal. Eu tinha perdido tanto a nossa amizade como qualquer chance de chamar por ajuda por ele.
Um leve farfalhar de papéis me tirou das minhas reflexões e eu me levantei rapidamente. Alguém estava na sala, suas costas para mim enquanto ele sentava no sofá, e levou só um momento para eu perceber quem era. Dimitri.
“O que você está fazendo aqui?” eu perguntei, saindo da cama. No meu estado grogue, eu nem tinha registrado a náusea.
“Esperando você acordar,” ele disse, não se incomodando de se virar para mim. Ele estava confiante de mãos na minha inabilidade de infligir dano – assim como ele deveria ter estado.
“Parece meio chato.”
Eu fui para a sala, me movendo para longe do lado dele e me apoiando contra a parede. Eu cruzei meus braços embaixo do meu peito, novamente me confortando naquela postura protetora.
“Não tão chato. Eu tinha companhia.”
Ele olhou para mim e segurou um livro. Um de faroeste. Eu acho que aquilo me chocou quase tanto quanto a sua aparência alterada. Havia algo tão... normal sobre isso. Ele tinha amado romances de faroeste quando ele era um
Dhampir, e eu tinha freqüentemente tesado ele sobre querer ser um cowboy. De alguma forma, eu tinha imaginado que aquele hobby tinha acabado quando ele se transformou.
Irritantemente esperançosa, eu estudei seu rosto como se eu pudesse ver alguma mudança radical, como se talvez ele tivesse voltado a ser do jeito que ele tinha sido enquanto eu dormia. Talvez o último mês e meio tivesse sido um sonho.
Não. Olhos vermelhos e uma expressão dura olhavam de volta para mim. Minhas esperanças se quebraram.
“Você dormiu por muito tempo,” ele adicionou. Eu ousei um rápido olhar para a janela. Totalmente escuro. Era noite. Merda. Eu só tinha querido um cochilo de duas horas. “E você comeu.”
A diversão na voz dele me irritava. “Yeah, bem, eu sou louca por pepperoni. O que você quer?”
Ele colocou um marcador no livro e o pousou na mesa. “Ver você.”
“Realmente? Eu pensei que a sua única meta era me fazer um dos mortos vivos.”
Ele fingiu que não ouviu, o que era um pouco frustrante. Eu odiava sentir como se o que eu tinha dito tivesse sido ignorado. Ao invés, ele tentou me fazer sentar.
“Você não está cansada de sempre ficar em pé?”
“Eu acabei de acordar. Além disso, se eu consigo passar uma hora jogando móveis por ai, ficar um pouco em pé não é grande coisa.”
Eu não sabia porque eu estava gastando minhas comuns tiradas irônicas. Honestamente, considerando a situação,
eu deveria apenas ter ignorado ele. Eu deveria ter ficado calada ao invés de participar desse jogo. Eu acho que eu meio que esperava que se eu fizesse algumas piadas que eu costumava fazer, eu conseguiria algum tipo de resposta do antigo Dimitri. Eu reprimi um suspiro. Lá esta eu de novo, esquecendo as lições do próprio Dimitri. Strigoi não eram as pessoas que eles costumavam ser.
“Sentar também não é uma grande coisa,” ele respondeu. “Eu te disse antes, eu não vou machucar você.”
“Machucar é meio que um termo subjetivo.” Então, em uma decisão repentina para parecer destemida, eu andei e sentei na poltrona em frente a ele. “Feliz agora?”
Ele inclinou a cabeça, e alguns fios do cabelo castanho escaparam da onde ele o tinha prendido em um rabo de cavalo. “Você ainda continua bonita, mesmo depois de dormir e lutar.” Seus olhos se desviaram para as roupas que eu tinha jogado no chão.
“Você não gostou de nenhuma delas?”
“Eu não estou aqui para brincar de me vestir com você. Roupas de marca não vão de repente conseguir me convencer a entrar no grupo de Strigoi.”
Ele me deu uma encarada longa e penetrante. “Porque você não confia em mim?”
Eu encarei de volta, só que meu olhar era de descrença. “Como você pode perguntar isso? Você me raptou. Você mata pessoas inocentes para sobreviver. Você não é o mesmo.”
“Eu sou melhor, eu te disse. E os inocentes...” ele deu de ombros. “Ninguém é realmente inocente. Além disso, o
mundo é feito de predadores e presa. Aqueles que são fortes conquistam aqueles que são fracos. Isso é parte da ordem natural. Você costumava estar por dentro disso, se eu me lembro corretamente.”
Eu desviei o olhar. De volta a escola, minha aula não-guardiã favorita tinha sido de biologia. Eu amava ler sobre comportamento animal, sobre a sobrevivência do mais forte. Dimitri tinha sido meu macho Alpha, o mais forte de todos os outros competidores.
“Isso é diferente,” eu disse.
“Mas não do jeito que você pensa. Porque beber sangue seria tão estranho para você? Você viu Moroi fazerem isso. Você deixou um Moroi fazer isso.”
Eu vacilei, não querendo realmente me estender sobre como eu costumava deixar Lissa beber de mim enquanto nós vivíamos entre os humanos. Eu certamente não queria pensar sobre a sensação da endorfina que vinha com aquilo e como isso quase tinha se tornado um vicio.
“Eles não matam.”
“Eles estão perdendo. É incrível,” ele respirou. Fechando os olhos por um momento, e então os abrindo. “Beber sangue de outro... assistir a vida deles enfraquecendo e sentir ela se derramar dentro de você... é a melhor experiência no mundo.”
Ouvindo ele falar sobre matar outros aumentou a minha náusea. “Isso é doentio e errado.”
Ocorreu tão rápido que eu nem tive tempo de reagir. Dimitri pulou e me agarrou, me puxando para ele e me esparramando no sofá.
Com seu braço ainda ao meu redor, ele se posicionou para assim estar metade ao meu lado e metade em cima de mim. Eu estava muito atordoada para me mover.
“Não, não é. E isso é onde você tem que confiar em mim. Você amaria isso. Eu quero estar com você, Rose. Realmente estar com você. Nós estamos livres das regras que os outros colocam sobre nós. Nós podemos ficar juntos agora – os mais fortes dos fortes, conseguindo tudo que nós quisermos. Nós podemos eventualmente ser tão fortes quanto Galina. Nós podemos ter um lugar assim como esse, todo nosso.”
Enquanto sua pele nua ainda era fria, a pressão do resto do seu corpo contra o meu era quente. O vermelho em seus olhos praticamente brilhando assim perto, e enquanto ele falava, eu vi as presas em sua boca. Eu estava acostumada a ver presas em Moroi, mas nele... isso era repugnante. Eu brevemente brinquei com a idéia de tentar me libertar, mas prontamente desisti. Se Dimitri quisesse me prender, eu iria
ficar presa.
“Eu não quero nada disso,” eu disse.
“Você não me quer?” ele perguntou com um sorriso travesso. “Você me quis uma vez.”
“Não,” eu disse, sabendo que mentia.
“Então o que você quer? Votar para a Academia? Servi os Moroi que irão te colocar em perigo sem pensar duas vezes? Se você queria esse tipo de vida, porque você veio aqui?”
“Eu vim para libertar você.”
“Eu sou livre,” ele respondeu. “E se você realmente tinha intenção de me matar, você teria.” Ele se mexeu ligeiramente, descansando seu rosto perto do meu pescoço.
“Você não conseguiu.”
“Eu falhei. Isso não vai acontecer de novo.”
“Suponha que fosse verdade. Suponha que você fosse capaz de me matar. Suponha que você fosse até capaz de fugir. Então o que? Você vai voltar para casa? Você retornará para Lissa e a deixará continuar empurrando a escuridão do Espírito dentro de você?”
“Eu não sei,” eu respondi duramente. E isso era verdade. Meus planos nunca tinham ido além de encontrá-lo.
“Isso irá te consumir, você sabe. Enquanto ela continuar a usar magia, não importa o quão longe você vá, você sempre irá sentir os efeitos colaterais. Pelo menos enquanto ela viver.”
Eu endureci em seus braços e movi meu rosto para longe. “O que isso significa? Você vai se juntar a Nathan e caçá-la?”
“O que acontece com ela não é preocupação minha,” ele disse. “Você é. Se você fosse despertada, Lissa não seria mais uma ameaça a você. Você seria fria. A ligação quebraria.”
“E o que aconteceria com ela? Ela seria deixada sozinha.”
“Como eu disse, esta não é uma preocupação para mim. Estar com você é.”
“Yeah? Bem, eu não quero estar com você.”
Ele virou meu rosto para ele assim nós estávamos olhando um para o outro de novo. Mais uma vez, eu tive aquele
estranho sentimento de estar com Dimitri e não com Dimitri. Amor e medo. Ele estreitou os olhos. “Eu não acredito em você.”
“Acredite no que quiser. Eu não quero mais você.”
Os lábios dele se curvaram em um daqueles sorrisos assustadores e maliciosos.
“Você está mentindo. Eu sei. Eu sempre fui capaz de saber.”
“É verdade. Eu queria você antes. Eu não quero você agora.” Se eu continuasse dizendo isso, isso viraria verdade.
Ele se moveu para mais perto de mim, e eu congelei. Se eu me movesse mesmo meia polegada, nossos lábios tocariam. “Meu exterior...meu poder, sim, esses estão diferentes. Melhores. Mas de outra forma, eu sou o mesmo, Roza. Minha essência não mudou. A conexão entre nós não mudou. Você apenas não consegue ver isso ainda.”
“Tudo está mudado.” Com os nossos lábios tão próximos, tudo sobre o que eu continuava pensando era aquele breve e apaixonado beijo que ele tinha me dado da última vez que ele esteve aqui. Não, não, não. Não pense sobre isso.
“Se eu estou tão diferente, então porque eu não forço você a despertar? Porque eu estou dando a você uma chance?”
Uma resposta mordaz estava nos meus lábios, mas então ela sumiu. Aquela era uma excelente pergunta. Porque ele estava me dando uma escolha? Strigoi não dão escolha a suas vitimas. Eles matavam impiedosamente e levam o que querem. Se Dimitri realmente queria que eu me juntasse a ele, então ele teria me transformado assim que ele me pegou. Mais de um dia tinha passado, e ele tinha me banhado com luxuria. Porque? Se ele me transformasse, eu
não teria duvidas que eu me tornaria tão retorcida quanto ele. Isso faria tudo muito mais simples.
Ele continuou quando eu fiquei calada. “E se eu sou tão diferente, então porque você me beijou de volta mais cedo?”
Eu ainda não sabia o que dizer, e isso fez o sorriso dele crescer. “Nenhuma resposta. Você sabe que estou certo.”
Os lábios deles de repente encontraram com os meus. Eu fiz um pequeno som de protesto e tentei em vão escapar do seu abraço. Ela era muito forte, e depois de um momento, eu não queria escapar. A mesma sensação de antes me inundou. Seus lábios estavam frios, mas o beijo queimava entre nós. Fogo e gelo. E ele estava certo – eu o beijei de volta. Desesperadamente, aquela parte racional de mim gritava que isso era errado. Da última vez, ele tinha quebrado o beijo antes que muito mais pudesse acontecer. Não dessa vez.
E enquanto nós continuávamos beijando agora, aquela parte racional em mim ficava cada vez menor. A parte de mim que iria sempre amar Dimitri tomou o controle, alegre no modo que sentia o corpo dele contra o meu, do jeito que ele envolvia meu cabelo ao redor de uma das suas mãos, deixando seus dedos se enroscarem. A outra mão dele deslizou para dentro da minha camisa, fria contra minha pele quente. Eu me empurrei para mais perto dele e senti a pressão do beijo aumentar enquanto o próprio desejo dele o apanhava.
Então, no meio disso tudo, minha língua levemente passou contra a ponta afiada de uma de suas presas. Isso foi como
uma balde de água fria jogado em mim. Com tanta força quanto eu pude reunir, eu empurrei minha cabeça para longe, saindo do beijo. Eu só podia achar que a guarda dele estava momentaneamente em baixa, me permitindo essa pequena escapada.
Minha respiração estava pesada, meu corpo inteiro ainda querendo ele. Minha mente, no entanto, era a parte de mim em controle – por agora, pelo menos. Deus, o que eu estava fazendo? Esse não é o Dimitri que você conhecia. Não é ele. Eu estava beijando um monstro. Mas o meu corpo não estava tão certo.
“Não,” eu murmurei, surpresa por como patética e implorante eu soava. “Não. Nós não podemos fazer isso.”
“Você tem certeza?” ele perguntou. Sua mão ainda estava no meu cabelo, e ele forçadamente virou minha cabeça assim eu estava cara a cara com ele de novo. “Você não parecia se importar. Tudo pode ser assim como era antes... como foi na cabana... você certamente queria isso então...”
A cabana... “Não,” eu repeti. “Eu não quero aquilo.”
Ele pressionou seus lábios na minha bochecha e então fez um caminho surpreendente gentil de beijos até o meu pescoço. De novo, eu senti meu corpo ansiando por ele, e eu me odiei por essa fraqueza.
“E isso?” ele perguntou, sua voz mal um suspiro. “Você quer isso?”
“O q –”
Eu senti. A afiada mordida de dentes na minha pele enquanto ele fechava sua boca em meu pescoço. Por um instante, isso foi agonizante. Doloroso e horrível. E então,
assim como apareceu, a dor sumiu. A sensação de felicidade e prazer se derramou por mim. Era tão doce. Eu nunca tinha me sentido tão maravilhosamente bem na minha vida. Isso me lembrava um pouco de como tinha sido quando Lissa bebeu de mim. Aquilo tinha sido incrível, mas isso... isso era dez vezes melhor. Cem vezes melhor. A sensação da mordida de um Strigoi era melhor do que a de um Moroi. Era como estar na manhã pela primeira vez, preenchida com aquele total e absoluto, sentimento alegre.
Quando ele parou, foi como se toda a felicidade e maravilha do mundo tivesse sumido. Ele passou uma mão pela sua boca, e eu o encarei com os olhos arregalados.
Meu instinto inicial foi de perguntar porque ele tinha parado, mas então, devagar, eu me concentrei em mim mesma para lutar contra a confusa felicidade que a mordida
dele tinha me mandado.
“Porque... o que...” minhas palavras pouco compreensíveis. “Você disse que seria minha escolha...”
“Ainda é,” ele disse. Seus próprios olhos arregalados, sua respiração também pesada. Ele tinha sido tão afetado quanto eu. “Eu não estou fazendo isso para te despertar, Roza. Uma mordida como essa não irá transformar você. Isso... bem, isso é apenas diversão...”
Então, a sua boca se moveu de volta para o meu pescoço para beber de novo, e eu perdi noção do mundo.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 19
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às 19:52
Marcadores: Academia de Vampiros, Promessa de Sangue
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