Image Map

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 1

Eu não pensei que meu dia poderia ficar pior até que a minha melhor amiga me disse que ela podia estar enlouquecendo. De novo.

“Eu... o que foi que você disse?”

Eu estava parada do corredor do quarto dela, curvada sobre um das minhas botas e ajustando ela. Levantando minha cabeça, observei seus pensamentos através da confusão do cabelo negro que cobria meu rosto. Eu tinha dormindo depois da aula me atrasando, e passava apressadamente a escova nos cabelos para conseguir sair a tempo.

O cabelo de Lissa loiro platina estava liso e macio, é claro, suspenso por cima dos seus ombros como um véu de núpcias enquanto ela me observava com diversão.

“Eu disse que eu acho que as minhas pílulas podem não estar mais funcionando tão bem.”

Eu me ajeitei e tirei o cabelo do meu rosto. “O que isso significa?” eu perguntei. A nossa volta, Moroi passavam com pressa, enquanto se dirigiam ao encontro de amigos para ir para o jantar.

“Você começou...” eu baixei minha voz. ”Você começou a ter seus poderes de volta?”

Ela balançou a cabeça, e eu vi um flash de arrependimento em seus olhos. “Não... eu me sinto mais perto da mágica, mas eu ainda não posso usá-la. O que eu tenho notado principalmente é um pouco daquela outra coisa, você sabe... eu estou ficando mais deprimida de vez em quando. Nada nem perto do que costumava ser,” ela adicionou

apressadamente, vendo meu rosto. Antes de ela tomar suas pílulas, os humor de Lissa podia ficar tão ruim que ela se cortava.

“É só um pouco mais do que era.”

“E quanto as outros coisas que você costumava sentir? Ansiedade? Pensamentos ilusórios?”

Lissa riu, sem levar nada daquilo tão serio quanto eu. “Você soa como se tivesse lido livros de psicanálise.”

Na verdade eu tinha lido. “Eu só estou preocupada com você. Se você acha que as pílulas não estão mais funcionando, nós precisamos contar a alguém.”

“Não, não.” Ela disse rapidamente. “Eu estou bem, de verdade. Elas ainda estão funcionando... só não tão bem. Eu não acho que a gente deva entrar em pânico ainda. Especialmente você não, hoje pelo menos.”

A mudança de assunto funcionou. Eu descobri a uma hora que eu iria fazer meu teste qualificativo hoje. Era um exame- ou melhor, uma entrevista- que todos os guardiões novatos tinham que passar na Academia St. Vladimir. Já que eu estava escondida com Lissa ano passado, eu perdi o meu. Hoje eu ia ser levada para um guardião em algum lugar fora do campus que iria me fazer o teste. Obrigada pelo aviso, gente.

“Não se preocupe comigo,” Lissa repetiu, sorrindo. “Eu vou falar pra você se ficar pior.”

“Ok,” eu disse relutantemente.

Só pra ter certeza, e abri meus sentidos e me permiti sentir o que ela realmente sentia através da nossa ligação. Ela estava dizendo a verdade. Ela estava calma e feliz essa

manhã, nada para se preocupar. Mas no fundo da sua mente, eu senti um ponto negro, sentimentos desconfortáveis. Não estava consumindo ela nem nada, mas tinha o mesmo sentimento de duvidas da depressão e da raiva que ela costumava ter. Era apenas um pouco, mas eu não gostei. Eu não queria aquilo ali. Eu tentei entrar ainda mais na mente dela para que eu pudesse sentir melhor suas emoções e de repente eu tive a experiência estranha de tocar. Um sentimento meio enjoativo tomou conta, e eu sai da cabeça dela. Um pequeno calafrio percorreu meu corpo.

“Você está bem?” Lissa perguntou, franzindo a testa. “Você parece enjoada de repente.”

“Só... nervosismo pelo teste,” eu menti. “Hesitantemente, eu alcancei nossa ligação de novo. A escuridão tinha desaparecido completamente. Sem traços. Talvez não tivesse nada errado com as pílulas dela afinal de contas. “Eu estou bem.”

Ela apontou para o relógio. “Você não vai estar se não correr.”

“Merda,” eu xinguei. Ela estava certa. Eu dei nela um abraço rápido. “Vejo você mais tarde!”

“Boa sorte!” ela gritou.

Eu corri através do campus e encontrei meu mentor, Dimitri Belikov, esperando ao lado de um Honda. Que chato. Eu suponho que eu não poderia esperar que a gente andasse pelas montanhosas estradas de Montana em um Porsche, mas seria legal andar em algo mais bacana.

“Eu sei, eu sei,” eu disse, vendo seu rosto. “Eu sinto muito estou atrasada.”

Eu lembrei então que eu tinha um dos testes mais importantes da minha vida chegando, e de repente, eu esqueci completamente de Lissa e suas pílulas que possivelmente não funcionavam. Eu queria protegê-la, mas isso não significaria muito se eu não pudesse passar na escola e me tornar realmente uma guardiã.

Dimitri estava parado ali, parecendo lindo como sempre. O massivo, edifício de tijolos nos deixava nas sombras, pairando como se fosse uma grande predadora na escuridão pouco antes de amanhecer. Ao nosso redor, neve estava começando a cair. Eu vi com a luz, flocos cristalinos caindo gentilmente. Vários pousaram e derreteram no seu cabelo escuro.

“Quem mais está indo?” eu perguntei.

Ele deu nos ombros. “Só você e eu.”

Meu humor de repente mudou de “feliz” para “empolgado.” Eu e Dimitri. Sozinhos. Em um carro. Esse pode muito bem valer um teste surpresa.

“É muito longe?” Silenciosamente, eu implorei para que fosse uma viagem bem cumprida. Tipo, uma que demorasse uma semana. E que envolvesse nós passarmos a noite em hotéis luxuosos. Talvez nós batêssemos num banco de neve, e só calor corporal nos mantivesse vivos.

“Cinco horas.”

“Oh.”

Um pouco menos do que eu esperava. Mas ainda sim, 5 horas era melhor que nada. E eu também não descartei a possibilidade do banco de neve.

A estrada escura e cheia de neve teria sido difícil para humanos navegarem, mas elas não se mostraram como um problema para os olhos dos dhampir. Eu olhava para frente, tentando não pensar sobre como o pós-barba de Dimitri enchia o carro com um limpo, e afiado cheiro que me fazia querer derreter. Ao invés disso, eu tentei me focar no teste de novo.

Não era o tipo de coisa para o qual você podia estudar. Ou você passava ou não. Guardiões de altos níveis visitavam os novatos e os encontravam individualmente para discutir seu compromisso em serem guardiões. Eu não sabia exatamente o que era perguntado, mas os rumores tinham se acumulado com o passar dos anos. Os guardiões mais velhos avaliavam caráter e dedicação, e alguns novatos tinham sido considerados inapropriados para continuar no caminho dos guardiões.

“Eles normalmente não vem até a Academia?” eu perguntei a Dimitri. “Eu quero dizer, eu sou a favor da viagem de campo, as porque nós estamos indo até eles?”

“Na verdade, você está indo até ele, não eles.” Um sotaque russo suave saiu das palavras de Dimitri, a única indicação de onde ele tinha crescido. Caso contrário, eu tinha certeza que ele falava inglês melhor que eu.

“Já que esse é um caso especial e ele está nos fazendo um favor, nós estamos fazendo a viagem.”

“Quem é ele?”

“Arthur Schoenberg.”

Eu tirei meus olhos da estrada e olhei pra Dimitri.

“O que?” Eu gritei.

Arthur Schoenberg era uma lenda. Ele era um dos maiores caçadores de Strigoi na história dos guardiões vivos e ele costumava ser chefe do conselho dos guardiões – o grupo de pessoas que designavam os guardiões para os Moroi e tomavam as decisões por todos nós. Ele eventualmente se aposentou e voltou para proteger uma das famílias reais, os Badicas.

Mesmo aposentado, eu sabia que ele ainda era letal. Suas proezas eram parte do meu currículo.

“Não... não tinha mais ninguém disponível?” eu perguntei com a voz baixa. Eu podia ver que Dimitri segurava um sorriso. “Você vai ficar bem. Além do mais, se Art aprovar você, isso será uma grande recomendação para deixar no seu histórico.”

Art. Dimitri usava o primeiro nome com um dos guardiões mais incríveis. É claro, Dimitri também era incrível, então eu não deveria estar surpresa.

Silencio caiu sobre carro. Eu mordi meus lábios, de repente me perguntando se eu seria capaz de entrar nos padrões de Arthur Schoenberg. Minhas notas eram boas, mas coisas como fugir e me meter em brigar podiam lançar uma duvida sobre o quão seria eu estava sobre a minha futura carreira.

“Você vai ficar bem,” Dimitri repetiu. “O bom no seu histórico se sobressai sobre o ruim.”

Era como se ele pudesse ler minha mente às vezes. Eu sorri um pouco e ousei espiá-lo. Foi um erro. Ele tinha um corpo longe e magro, mesmo sentado. Olhos abismalmente negros. Cabelo marrou que batia nos ombros e que estava preso para trás. Aquele cabelo parecia seda. Eu sabia por que eu tinha passado meus dedos nele quando Victor Dashkov tinha nos lançado um feitiço de luxuria. Com grande dificuldade, eu me forcei a começar a respirar de novo.

“Obrigado, técnico.” Eu provoquei, me aninhando de volta no meu assento.

“Estou aqui para ajudar,” ele respondeu. Sua voz estava relaxada – raro para ele. Ele normalmente falava com força, pronto para um ataque. Provavelmente ele estava seguro dentro do Honda- ou pelo menos tão seguro quanto ele poderia ao meu redor. Eu não era a única que tinha problemas em ignorar a tensão romântica entre nós.

“Você sabe o que realmente iria ajudar?” eu perguntei, sem encontrar seus olhos.

“Hmm?”

“Se você desligasse essa musica ruim e colocasse algo que foi lançado depois que o Muro de Berlim caiu.”

Dimitri riu. “Sua pior aula é história, e de algum jeito, você sabe tudo sobre a Europa Ocidental.”

“Hey, tenho que arranjar material para as minhas piadas, Camarada.”

Ainda sorrindo, ele mudou de estação. Para uma country.

“Hey! Isso não era o que eu tinha em mente,” eu exclamei.

Eu podia notar que ele estava à beira de rir de novo. “Escolha. É um ou outro.”

Eu suspirei. “Volte para as coisas dos anos 80.”

Ele voltou à estação, e eu cruzei meus braços por cima do meu peito enquanto um vaga banda européia cantava sobre como o vídeo tinha destruído o radio. Eu desejava que alguém matasse o radio.

De repente, cinco horas não pareciam tão curtas quanto eu pensei. Arthur e a família que ele protegia viviam em uma pequena cidade na I-90 longe de Billings. A opinião dos Moroi em geral era se separar em lugares para morar. Alguém discutiu que cidades grandes eram melhores já que elas permitiam que vampiros se misturassem com a multidão; as atividades noturnas não chamavam muita atenção. Outros Moroi, como essa família, aparentemente, optou por cidades com menos gente, acreditando que se houvesse menos pessoas para notar você, então você vai ser menos notado.

Eu convenci Dimitri a parar por comida em um restaurante 24 horas no caminho, e entre isso e parar para abastecer, era perto do meio dia quando chegamos. A casa era construída em um estilo luxuoso, com madeira pintada de cinza e grandes janelas – pintadas para bloquear a luz solar, é claro. Parecia nova e cara, e mesmo estando no meio do nada, era o que eu esperava para membros da realeza.

Eu pulei pra fora do carro, minhas botas encharcadas com mais de centímetro de neve que se acumulou na entrada. O dia estava ameno e silencioso, a não ser pelo ocasional sussurro do vento. Dimitri e eu caminhamos até a casa,

seguindo uma pedra da calcada que cortava o jardim. Eu poderia ver ele voltando para o modo “negócios”, mas a sua atitude no geral era tão alegre quanto a minha. Nós dois tínhamos meio que uma atitude culpada por ter gostado da viagem de carro. Meus pés deslizaram na entrada coberta de gelo, e Dimitri me segurou instantaneamente. Eu tive um sentimento estranho de déjà vu, recordando a primeira noite em que nos encontramos, quando ele também tinha me salvado de uma queda parecida. Temperaturas frias ou não, a mão dele se parecia quente na minha, mesmo com as camadas do meu casaco.

"Você esta bem?" Ele se soltou, para meu desanimo.

"Yeah," eu disse, lançando olhos acusadores para a calcada de gelo. "Essas pessoas nunca ouviram falar de sal?" Eu disse brincando, mas Dimitri de repente parou de caminhar. Eu parei imediatamente também. A expressão dele se tornou tensa e alerta. Ele virou a sua cabeça, olhos olhando os arredores, cortinas brancas nos cercando, antes de voltarem para a casa. Eu queria fazer perguntas, mas alguma coisa na sua postura me disse para permanecer calada.

Ele estudou a construção por quase um minuto inteiro, e então olhou para baixo para a entrada coberta de gelo quebrado apenas por nossos passos.

Cuidadosamente, ele se aproximou da porta da frente, e eu o segui. Ele parou novamente, desta vez para estudar a porta. Ela não estava aberta, mas também não estava totalmente fechada. Parecia que tinha sido encostada não lacrada.

Examinando mais a funda, mostrou falhas nas pontas da porta, parecia que ela tinha sido forcada em algum momento. O mais cuidadoso toque a abriria. Dimitri delicadamente escorregou seus dedos onde a porta encontrava a sua moldura, sua respiração fazendo pequenas nuvens de ar. Quando ele tocou a maneta da porta, ela fez um barulho, como se estivesse sido quebrada.

Finalmente, ele falou silenciosamente, "Rose, vá esperar no carro."

"Mas eu—"

"Vá."

Uma palavra - mas repleta de poder. Naquela única silaba, eu tinha lembrado o homem que eu tinha visto jogando pessoas e empalando um Strigoi. Eu virei, caminhando pela neve coberta de camadas preferindo isso a me arriscar na calcada. Dimitri parou onde ele estava não se movendo ate que eu pulei de volta no carro, fechando a porta o mais suavemente possível. Então, com seus cuidadosos movimentos, ele empurrou a porta e desapareceu lá dentro. Queimando de curiosidade, eu contei ate dez e saltei do carro.

Eu sabia mais do que ir atrás dele, mas eu tinha que saber o que estava acontecendo na casa. A calcada e a estrada indicaram que ninguém tinha estado em casa por alguns dias, mas também podia significar os Badicas simplesmente nunca tinham saído da casa. Era possível, eu supus que eles tivessem sido as vitimas de assalto humano comum. Era possível também que alguma os tivesse assustado e os feito partir – como um Strigoi. Eu sabia que essa possibilidade

era que tinha feito o rosto de Dimitri se tornar tão desgostoso, mas parecia um cenário incomum com Arthur Schoenberg em serviço.

Parada na estrada, eu olhei para o céu. A luz estava fria e úmida, mas estava lá.

Meio dia. O ponto mais alto do sol. Strigoi não podiam sair à luz do sol. Eu não precisava ter medo deles, mas da raiva de Dimitri. Eu circulei ao redor da casa, caminhando na neve profunda – quase um pé de profundidade. Nada esquisito me palpitou sobre a casa. Estalactites pendurados na calha, e as janelas pintadas não revelavam segredos. Meu pé atingiu algo de repente, e eu olhe pra baixo. Ali, meio enterrado na neve, estava uma estaca de prata. Tinha sido atirada no chão. Eu a peguei a tirei da neve, franzindo a testa. O que essa estaca estava fazendo aqui? Estacas de prata eram caras. Elas eram a coisa mais mortal de um guardião, capaz de matar um Strigoi com um único ataque ao coração. Quando elas eram forjadas, 4 Morois a encantavam com mágica com cada um dos elementos. Eu não tinha aprendido a usar uma ainda, as segurando em minha mão, eu de repente me senti mais segura enquanto eu continuava minha varredura.

Uma porta grande do pátio guiava para a parte de trás da casa até um deque que provavelmente seria muito divertido ficar no verão. Mas o vidro do pátio tinha sido quebrado, tanto que uma pessoa podia facilmente atravessá-lo. Eu subi os degraus do deck, cuidando o gelo, sabendo que eu ia entrar em problemas quando Dimitri

descobrisse o que eu estava fazendo. E apesar do frio, eu suava pelo meu pescoço.

Luz do dia, luz do dia, eu me lembrava. Nada para se preocupar. Eu alcancei o pátio e estudei o vidro escuro. Eu não podia dizer o que tinha quebrado ele. Dentro, a neve tinha invadido e feito uma pequena corrente no pálido tapete azul. Eu puxei a maçaneta da porta, mas estava trancada. Não que isso tivesse feito diferença. Com cuidado para não me cortar, eu alcancei a abertura e abri a maçaneta de dentro. Eu tirei minha mão com cuidado e puxei a porta. Assoviou pelo caminho, um som silencioso que ainda sim parecia alto naquele silencio.

Eu passei pela porta, ficando na luz do sol que entrava pela porta. Meus olhos se ajustaram pela diminuição de luz. Vento entrava pela abertura do pátio, dançando com as cortinas ao meu redor. Eu estava numa sala. Tinha todos os itens comuns que se podia esperar. Sofá. TV. Uma cadeira de balanço. E um corpo.

Era uma mulher. Ela estava sentada de costas na frente da TV, seu cabelo negro no chão perto dela. Ela olhava pra cima seus olhos sem vida, sua face pálida – pálida demais até para um Moroi. Por um momento eu pensei que seu cabelo estava cobrindo seu pescoço, também, até que eu me dei conta que aquela coisa negra em sua pele era sangue – sangue seco. Sua garganta tinha sido cortada.

A cena horrível era tão surreal que eu nem reconheci o que eu estava vendo no inicio. Com a sua postura, a mulher podia muito bem estar dormindo. Então eu vi outro corpo:

um homem de lado apenas a alguns pés de distancia, sangue negro manchando o carpete ao redor dele.

Outro corpo estava parado perto do sofá: uma pequena criança. Do outro lado do quarto tinha outro. E outro. Tinha corpos em todos os lugares, corpos e sangue.

A escala de morte ao meu redor de repente foi registrada, e meu coração começou a bater mais rápido. Não, não. Não era possível. Era dia. Coisas ruins não podiam acontecer de dia. Um gritou começou a crescer na mina garganta, que parou de repente quando uma mão com luvas apareceu atrás de mim e fechou minha boca. Eu comecei a lutar; e então eu senti o cheiro do pós-barba de Dimitri.

“Porque,” ele perguntou, “você nunca escuta? Você estaria morta se eles ainda estivessem aqui.”

Eu não podia responder, por causa da mão dele e por causa do choque. Eu tinha visto alguém morto antes, mas eu nunca tinha visto morte dessa magnitude. Depois de quase um minuto, Dimitri finalmente tirou sua mão, mas ele ficou perto de mim. Eu não queria mais olhar, mas eu parecia incapaz de tirar meus olhos da cena diante de mim. Corpos em todos os lugares. Corpos e sangue.

Finalmente, eu virei em direção a ele. “É dia,” eu sussurrei. “Coisas ruins não acontecem de dia.” Eu ouvi o desespero da minha voz, uma garotinha implorando que alguém dissesse que aquele era um sonho ruim.

“Coisas ruins podem acontecer a qualquer hora,” ele me disse. “E isso não aconteceu durante o dia. Provavelmente aconteceu algumas noites atrás.”

Eu ousei espiar de novo os corpos e meu estomago revirou. Dois dias. Dois dias para se estar morto, para ter sua existência apagada – sem ninguém no mundo saber que você tinha partido. Meus olhos encararam o corpo de um homem perto da entrada do quarto. Ele era alto, muito musculoso para ser um Moroi. Dimitri deve ter notado quando eu olhei.

“Arthur Schoenberg,” ele disse.

Eu encarei a garganta sangrenta de Arthur. “Ele está morto,” eu disse, como se não fosse perfeitamente obvio. “Como ele pode estar morto? Como um Strigoi matou Arthur Schoenberg?” Não parecia ser possível. Você não pode matar uma lenda. Dimitri não respondeu. Ao invés disso, suas mãos se moveram pra baixo e se fecharam onde

minha mão segurava a estava. Eu recuei. “Onde você pegou isso?” ele perguntou. Eu afrouxei minha mão e deixei -o pegar a estaca.

“Lá fora. No chão.”

Ele levantou a estaca, estudando sua superfície enquanto brilhava contra a luz do sol.

“Quebrou o ward.”

Minha mente, ainda atordoada, levou um tempo para processar o que ele tinha dito. Então eu entendi. Ward eram anéis mágicos lançados pelos Moroi. Como as estacas, eles eram feitos usando magia dos quatro elementos. Eram necessários que um forte Moroi usuário de mágica, normalmente um grupo cada um de cada elemento. As ward podiam bloquear os Strigoi porque mágica estava ligada a vida, e Strigoi estavam mortos. Mas wards se

esgotavam rapidamente e precisavam de muita manutenção. A maioria dos Moroi não a usava, mas alguns lugares a usavam. A academia St. Vladimir usava várias.

“Strigoi não podem tocar nas estacas,” eu disse a ele. Eu notei que eu estava usando muito “Não pode” e “Não”. Não era fácil ter suas crenças mudadas. “E nenhum Moroi ou dhamphir faria isso.”

“Um humano poderia.”

Eu encontrei seus olhos. “Humanos não ajudam Strigoi-“ eu parei. Ai estava de novo. Não. Mas eu não podia evitar. A única coisa que nós podíamos contar para lutar contra os Strigoi eram suas limitações – luz do sol, ward, estaca mágica, etc. Nós usávamos a fraqueza deles contra eles.Se eles tinham outros – humanos – que os ajudavam e não eram afetados por suas limitações...

O rosto de Dimitri estava rígido, ainda pronto pra qualquer coisa, mas um pequeno brilho de simpática cruzou seus olhos negros enquanto ele observava minha travar minha batalha mental.

“Isso muda tudo, não muda?” Eu perguntei.

“É,” ele disse. “Muda.”

0 Comments:

Postar um comentário