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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 1

Muitas pessoas gostariam de estar em um abrigo subterrâneo em uma noite

assustadora de tempestade. Não eu.

Coisas que eu poderia explicar e definir logicamente não me assustavam.

Esse era o motivo de eu ter ficado silenciosamente recitando os fatos para mim

mesma conforme descia cada vez mais até o nível da rua. O abrigo foi uma

relíquia da Guerra Fria, construída como proteção num tempo onde as pessoas

pensavam que haviam mísseis nucleares em cada esquina. A parte de cima do

prédio abrigava uma ótica. Essa era a frente. Nada assustador. E a tempestade?

Simplesmente um fenômeno natural. Sinceramente, se você ficar preocupado em

se machucar em uma tempestade, então seria mais inteligente ir para o subsolo.

Então, não. Essa jornada aparentemente sinistra não me assustaria em

nada. Tudo era construído em fatos racionais e lógicos. Eu poderia lidar com isso.

Era com o resto do meu trabalho que eu tinha problemas.

Sinceramente, talvez esse fosse o motivo para uma viagem com tempestade

não me pertubar. Quando você passou a maior parte dos seus dias entre vampiros

e meio-vampiros, os transportando para conseguir sangue, e manter sua

existência em segredo para o resto do mundo... bem, isso lhe dá uma perspectiva

única sobre a vida. Eu testemunhei batalhas de vampiros e vi proezas máginas

que desafiaria as leis da física que conheci. Minha vida era uma batalha constante

em controlar meu horror ao inexplicável e encontrar desesperadamente uma forma

de explicar isso.

"Veja onde pisa", meu guia me disse conforme ainda descíamos outros

lances da escada de concreto. Tudo que vi até agora foi concreto - as paredes, o

chão e o teto. O cinza da superfície áspera absorveu a luz fluorescente que

tentava iluminar nosso caminho. Era deprimente e frio, misterioso na sua

quietude. O guia pareceu adivinhar meus pensamentos. "Fizemos modificações e

expansões desde a construção original. Você verá assim que chegarmos na seção

principal.

Certamente. As escadas finalmente se abriram para um corredcor com

diversas portas fechadas alinhando-se lado a lado. A decoração ainda era

concreto mas todas as portas eram modernas com fechaduras eletrônicas

monstrando luzes verdes ou vermelhas. Ele me levou ao segundo andar a direita,

um com luz verde, e me encontrei entrando numa sala de estar perfeitamente

normal, como uma sala de espera que você encontra em escritórios modernos.

Carpete verde cobria o chão numa tentativa melancólica de imitar grama, e as

paredes eram de um castanho amarelado dando um ar de aconchego. Um sofá

estilo puffy e duas cadeiras colocadas em lados opostos da sala, junto a uma

mesa com revistas. O melhor de tudo, a sala tinha um balcão com uma pia - e

uma máquina de café.

"Fique a vontade," meu guia falou. Eu suspeitava que ele tinha a minha

idade, dezoito, mas sua tentativa de deixar crescer uma barba desigual o fazia

parecer mais jovem. " Eles lhe atenderão em breve."

Meus olhos não deixavam a máquina de café. " Posso fazer um café?"

"Claro", ele disse. "Qualquer coisa que quiser."

Ele saiu, e eu praticamente corri até o balcão. O café era pré-moído e

parecia tão compacto que ele bem que poderia estar ali desde a Guerra Fria.

Desde de que tivesse cafeína, para mim estava bom. Peguei um vôo cansativo da

Califórnia, e mesmo com parte do dia para me recuperar ainda me sentia

sonolenta e com olhos embassados. Deixei a máquina funcionando e então andei

de um lado para outro na sala. As revistas estavam todas bagunçadas, então as

arrumei em pilhas.Eu não suportava desordem.

Sentei no sofá e esperei pelo café, pensando novamente sobre o que seria

essa reunião. Gastei boa parte da minha tarde aqui na Virgínia me reportando

para um par de oficiais alquimistas sobre o andamento da minha missão atual.

Estava vivendo em Palm Springs, fingindo ser mais experiente numa escola

particular para manter meus olhos em Jill Mastrano Dragomir, uma princesa

vampira forçada a se esconder. Mantê-la viva significava manter seu povo fora de

uma guerra civil - algo que definitivamente mantinham os humanos fora do mundo

sobrenatural que espreitava sob a superfície da vida moderna. Era uma missão

vital para os alquimistas, então não estava totalmente surpresa por eles quererem

ficar a par. O que me surpreendeu foi que eles não puderam fazer isso por

telefone. Não conseguia entender a razão de terem me trazido até aqui.

O café ficou pronto. Eu programei para fazer apenas três copos, o que seria

provavelmente o bastante para me manter durante a noite. Tinha acabado de

encher meu copinho de isopor quando as portas se abriram. Um homem entrou e

eu quase derrubei o café.

"Sr. Darnell, " eu disse colocando o copo de volta. Minhas mãos tremeram.

"É - é muito bom vê-lo novamente, senhor."

"Você também, Sydney," ele disse, forçando um sorriso. "Você com certeza

cresceu."

"Obrigada, senhor," disse sem saber se aquilo era um elogio.

Tom Darnell tinha a idade de meu pai e cabelos castanhos já grisalhos.

Tinham mais linhas em seu rosto desde a última vez que o vi, e seus olhos azuis

tinham uma aparência inquieta que eu normalmente não associava a ele. Tom

Darnell era um alto oficial entre os alquimistas e ganhou sua posição através de

ações decisivas e intensa ética de trabalho. Ele sempre pareceu heróico quando

eu era mais nova, intensamente confiante e inspirador. Agora, ele parecia ter

medo de mim, o que não fazia sentido. Ele não estava bravo? Afinal, eu era uma

das responsáveis por seu filho ter sido preso pelos Alquimistas.

"Gostei de você ter vindo até aqui," ele adicionou, depois que alguns

momentos de desconfortável silêncio se passaram. "Eu sei, essa é uma longa

viagem especialmente num fim de semana. "

"Isso de forma alguma é um problema, senhor," disse esperando soar

confiante. " Estou feliz por ajudar com... qualquer coisa que precise." Eu continuo

perguntando o que exatamente isso poderia ser.

Ele me estudou por alguns segundos e deu um breve aceno de cabeça.

"Você é muito dedicada, " ele disse. "Como seu pai."

Não respondi. Sabia que aquele comentário tinha a intenção de ser um

elogio, mas eu não via dessa forma.

Tom limpou sua garganta. "Bem, então. Vamos deixar isso de lado. Eu

realmente não quero te incomodar além do necessário."

Novamente, eu capturei aquela vibração nervosa e diferente. Por que ele

estaria tão consciencioso dos meus sentimentos? Depois do que eu tinha feito a

seu filho, Keith, eu teria esperado por fúria e acusações. Tom me abriu a porta e

fez um gesto para eu seguir adiante.

"Posso trazer meu café, senhor?"

"Claro."

Ele me levou de volta ao corredor de concreto, através de mais algumas

portas fechadas. Segurei meu café com força o cobrindo com a mão, muito mais

assustada do que estava quando entrei a primeira vez nesse lugar. Tom deu uma

parada algumas portas para baixo, na frente de uma com luz vermelha, mas

hesitou antes de abrí-la.

"Preciso que você saiba... aquilo que você fez foi incrivelmente corajoso, "

ele disse, não encontrando meus olhos. "Eu sei que você e Keith eram - são -

amigos, e não deve ter sido fácil entregá-lo. Isso mostra o quão você é

comprometida com seu trabalho - algo que não é fácil quando sentimentos

pessoais estão envolvidos."

Keith e eu não éramos amigos agora ou naquela época, mas eu imaginava

que poderia entender o engano de Tom. Keith viveu com minha família por um

verão, e mais tarde, eu e ele trabalhamos juntos em Palm Springs. Entregá-lo por

seus crimes de forma alguma foi difícil para mim. Na verdade até gostei. Vendo a

aflição no rosto de Tom, mesmo assim, eu sabia que não poderia dizer nada

parecido com aquilo.

Eu engoli. "Bem. Nosso trabalho é importante,senhor."

Ele me deu um sorriso triste. "Sim. Com certeza é."

A porta tinha um teclado de segurança. Tom digitou uma série de dez dígitos,

e a fechadura clicou em aceitação. Ele empurrou a porta aberta, e eu o segui para

dentro. A desolada sala era fracamente iluminada e tinha três pessoas dentro,

inicialmente não me dei conta o que a sala continha. Eu soube imediamente que

os outros eram Alquimistas. Caso contrário, não teria nenhuma outra razão para

eles estaram naquele lugar. E, é claro, eles possuiam sinais que os denunciavam

e que poderiam ser identificados por mim mesmo numa rua lotada. Trajes de

negócios em cores não definidas. As tatuagens de lírio dourado brilhando em suas

bochechas esquerda. Essa era a uniformidade que nós dividíamos. Éramos um

exército secreto, a espreita nas sombras de nossos companheiros humanos.

Três deles estavam segurando pranchetas e olhando para uma das paredes.

Foi quando percebi o propósito desta sala. A janela na parede dava para outro

quarto, um muito mais iluminado do que esse.

E Keith Darnell estava naquela sala.

Ele se atirou no vidro que nos separava e começou espancá-lo. Meu coração

acelerou, e dei alguns passos assustados para trás, certa de que ele viria atrás de

mim. Levei um momento para perceber que ele não poderia realmente me ver.

Relaxei um pouco. Bem pouco. O vidro era espelho somente de um lado. Ele

presionou suas mãos no vidro, olhando freneticamente de lá pra cá nas faces que

ele sabia estarem ali mas que não podia ver.

"Por favor, por favor", ele chorava. "Deixe-me sair. Por favor deixe-me sair

daqui."

Keith parecia mais barbudo desde a última vez que o vi. Seu cabelo estava

despenteado e parecia não ter sido cortado em nosso mês separados. Ele vestia

um macacão cinza sem estampas, do tipo que você via em prisioneiros ou

pacientes mentais, que me lembrava o concreto da entrada. O mais evidente de

tudo era o desespero, terror em seus olhos – ou melhor, olho. Keith tinha perdido

um de seus olhos em um ataque de vampiros que ajudei secretamente a

orquestrar. Nenhum dos Alquimistas sabia disso, assim como nenhum deles

sabiam sobre como Keith violentou minha irmã mais velha Carly. Duvidei que Tom

Darnell teria me elogiado pela minha “dedicação” se ele ficasse sabendo sobre

meu ato de vigança. Vendo o estado que Keith estava agora, me senti um pouco

mal por ele – e especialmente mal por Tom, cujo o rosto estava preenchido com

uma dor profunda. Contudo, eu continuava não me sentindo mal pelo que fiz à

Keith. Não pela detenção e nem pelo olho. Colocando as coisas de maneira

simples, Keith Darnell era uma pessoa má.

“Tenho certeza que reconheceu Keith, “ disse uma das Alquimistas com

prancheta. Seu cabelo grisalho estava enrolado em um apertado e arrumado

coque.

“Sim senhora, “ eu disse.

Eu estava salva de qualquer outra resposta quando Keith bateu no vidro com

fúria renovada. “Por favor! Estou falando sério! Qualquer coisa que queiram. Eu

farei tudo. Eu direi tudo. Eu acredito em tudo. Por favor, só não me mande de volta

para lá!”

Ambos, Tom e eu recuamos, mas os outros Alquimistas olharam com

imparcialidade clínica e rabiscavam algumas notas em suas pranchetas. A mulher

de coque olhou novamente para mim como se não tivesse sido interrompida. “O

jovem senhor Darnell tem passado algum tempo em um de nossos Centros de Reeducação.

Uma medida infeliz – mas necessária. Seu tráfico ilícito de mercadoria

foi com certeza ruim, mas sua coloboração com os vampiros é imperdoável.

Embora ele reinvindique não ter ligações com eles... bem, nós não podemos ter

certeza. Mesmo que ele esteja dizendo a verdade, ainda existe a possiblidade que

essa transgressão possa expandir para algo mais – não só a colocaboração com o

Moroi, mas também Strigoi. Fazendo o que temos feito o mantém longe desse

terreno escorregadio.”

“Isso é realmente para o bem dele,” disse o terceiro Alquimista com a

prancheta em mãos. “Estamos fazendo um favor a ele.”

A sensação de horror me percorreu. O foco principal dos Alquimistas era

manter a existência dos vampiros em segredo dos humanos. Nós acreditávamos

que os vampiros eram criaturas anormais que não tinham nada a ver com seres

humanos como nós. Uma preocupação particular eram os Strigoi – maus,

assassino de vampiros – que poderiam atrair humanos a escravidão com

promessas de imortalidade. Mesmo os pacíficos Moroi e seus equivalentes meiohumanos,

os dhampiros, foram vistos com desconfiança. Nós começamos a

trabalhar muito com esses dois últimos grupos, e mesmo se estivéssemos sendo

ensinados a olhá-los com desdém, era inevitável que alguns Alquimistas não só

crescessem perto dos Moroi e Dhampiros... mas na verdade começassem a

gostar deles.

O louco era – apesar de seu crime de venda de sangue vampiro – Keith era

uma das últimas pessoas que eu poderia pensar quando se tornou tão amigável

com os vampiros. Ele deixou seu aversão por eles perfeitamente obvia para mim

várias vezes. Sério, se alguém merecia ser acusado por apego aos vampiros...

… bem, seria eu.

Um dos outros Alquimistas, um homem com óculos de sol espelhados

pendurados artisticamente fora de seu colarinho, assumiu a palavra. “Você, Srta

Sage, tem sido um exemplo notável de alguém capaz de trabalhar bastante com

eles e manter sua objetividade. Sua dedicação não passou despercebida por

nossos superiores.”

“Obrigada, senhor,” disse incomodada, imaginando quantas vezes mais teria

de ouvir “dedicação” mencionada essa noite. Isso não chega nem perto do que

aconteceu meses atrás, quando fiquei em apuros por ajudar uma fugitiva dhampira

a escapar. Mais tarde sua inocência foi provada, e meu envolvimento foi descrito

como “ambição de carreira.”

“E,” continou Sunglasses, “considerando sua experiência com o Sr. Darnell,

nós pensamos que você poderia ser a pessoa excelente em nos dar uma

declaração.”

Voltei minha atenção novamente para Keith. Ele vinha sendo espancado e

repreendido praticamente sem parar todo esse tempo. Os outros conseguiram

ignorá-lo, então eu tentei também.

“Uma declaração sobre o que, sr?”

“Estamos pensando se devemos ou não devolvê-lo a Reeducação,” explicou

Gray Bun. “Ele fez um excelente progresso lá, mas alguns acham que isso é o

mellhor para ficar a salvo e nos certificarmos que qualquer possibilidade de apego

aos vampiros está erradicada.”

Se o comportamento atual de Keith era um “excelente progresso,” eu não

poderia imaginar como um progresso inferior pareceria.

Sunglasses recolocou sua caneta sobre sua prancheta. “Baseado no que

testemunhou em Palm Springs, Srta Sage, qual sua opinião sobre o estado mental

do Sr Darnell quando refere-se a vampiros? Essa ligação que você testemunhou

foi suficientemente grave para justificar mais medidas de precaução?”

Enquanto Keith continou a falar ou fazer perguntas de forma rápida e

agressiva, todos os olhos naquela sala estavam em mim. O Alquimista com a

prancheta parecia pensativo e curioso. Tom Darnell estava visivelmente suando,

me olhando com medo e antecipação. Supuz que isso era compreensível. Eu

retinha o destino de seu filho nas minhas mãos.

Emoções contraditórias guerreavam dentro de mim enquanto considerava

Keith. Eu não apenas não gostava dele, eu o odiava. E eu não odeio muita gente.

Mas eu não podia esquecer o que ele tinha feito para Carly. Da mesma forma, as

memórias do que ele tinha feito para os outros e para mim em Palm Springs ainda

estavam frescas na minha mente. Ele me caluniou e fez a minha vida miserável no

esforço para encobrir o seu golpe de sangue.

Ele também tratou de forma horrível os vampiros e dhampiros que

estávamos encarregados de cuidar. Isso me fez questionar quem eram os

verdadeiros monstros.

Eu não sabia exatamente o que acontecia nos centro de reedução. Julgando

pela reação de Keith, era provavelmente muito ruim. Um parte de mim teria

adorado falar para os Alquimistas mandá-lo de volta para lá por anos e nunca

mais deixá-lo ver a luz do dia. Seus crimes mereciam uma punição severa – e,

ainda assim, não tinha certeza de que merecia este castigo em particular.

"Eu acho. . . Eu acho que Keith Darnell é corrupto ", disse finalmente. "Ele é

egoísta e imoral. Ele não tem nenhuma preocupação com os outros e fere as

pessoas para atingir seus próprios fins. Ele está disposto a mentir, enganar e

roubar para conseguir o que quer. "Hesitei antes de continuar. "Mas. . . Eu não

acho que ele está cego para o que os vampiros são. Eu não acho que esteja tão

próximo a eles, ou em perigo de se juntar eles no futuro. Dito isto, eu também não

acho que ele deva ser autorizado a fazer o trabalho Alchemista num futuro. Se

isso significaria deixá-lo preso ou simplesmente colocá-lo em liberdade condicional

isso é com vocês. Suas ações passadas mostram que ele não leva a sério nossas

missões, mas isso é por causa do egoísmo. Não por causa de um apego natural a

eles. Ele. . . bem, para ser franco, é apenas uma pessoa má. "

O silêncio me encontrou, salvo pelo rabiscar frenético de canetas enquanto

os Alquimistas fazim notas em suas pranchetas. Me arrisquei a dar uma olhada

para Tom, com medo do que veria depois de ter destruído completamente seu

filho. Para meu espanto, Tom olhou. . . aliviado. E grato. Na verdade, ele parecia à

beira das lágrimas. Capturando meu olhar, ele murmurou, Obrigado. Incrível. Eu

tinha acabado de anunciar que Keith era um ser humano horrível em todas as

formas possíveis. Mas nada disso importava para seu pai, enquanto eu não

acusasse Keith de estar ligado aos vampiros. Eu poderia ter chamado Keith de

assassino, e Tom provavelmente continuaria agradecido se isso significasse que

Keith não era íntimo do inimigo.

Isso me incomodou e novamente me fez pensar quem eram os

verdadeiros monstros nisso tudo. O grupo que eu tinha deixado em Palm Springs

era cem vezes mais moral do que Keith.

"Obrigada, Srta Sage", disse Gray Bun, terminando suas notas. "Você foi

extremamente útil, e nós vamos levar isso em consideração quando tomarmos

nossa decisão. Você pode ir agora. Se você for até o corredor, encontrará Zeke

esperando para levá-la para fora. "

Foi uma dispensa abrupta, mas isso era típico dos Alquimistas. Eficiente.

Direto ao ponto. Eu dei um aceno cortês de despedida e uma última olhada para

Keith antes de abrir a porta. Assim que se fechou atrás de mim, encontrei o

corredor misericordiosamente em silêncio. Eu não podia mais ouvir Keith.

Zeke, como se apresentou, foi o Alquimista que originalmente levou-me para

dentro."Tudo pronto?", questionou.

"É o que parece," eu disse, ainda um pouco atordoada com o que acabara de

acontecer. Agora sabia que o meu interrogatório anterior sobre a situação em

Palm Springs tinha sido simplesmente uma conveniência para os Alquimistas. Eu

estive na área, então porque não ter uma reunião em pessoa? Isso não tinha sido

essencial. Isso - de ver Keith - tinha sido o verdadeiro propósito da minha viagem

cruzando o país.

Enquanto caminhávamos de volta pelo corredor, algo chamou minha atenção

que eu não tinha notado antes. Uma das portas tinham uma quantidade razoável

de seguranças - mais do que o quarto que estive. Junto com as luzes e o teclado,

havia também um leitor de cartão. Na parte superior da porta havia uma fechadura

que trancava pelo lado de fora. Nada extravagante, mas foi claramente a intenção

de manter o que estava atrás da porta, dentro.

Eu parei, mesmo julgando errado, e estudei a porta por alguns instantes.

Então, continuei andando, analisando melhor ao invés de dizer alguma coisa.

Bons Alquimistas não faziam perguntas.

Zeke, vendo o meu olhar, diminuiu o passo e parou. Ele olhou para mim,

então para a porta, e então de volta para mim. "Você quer. . . você quer ver o que

está lá dentro? "Seus olhos correram rapidamente para a porta da qual saimos.

Sua patente era baixa, eu sabia, e claramente temia ficar em apuros com os

outros. Ao mesmo tempo, havia uma ânsia que sugeria que ele estava empolgado

com os segredos que guardava, segredos que não podia compartilhar com os

outros. Eu era uma saída segura.

"Eu acho que isso depende do que está lá dentro", eu disse.

"É a razão para o que fazemos", disse ele misteriosamente. "Dê uma olhada,

e você vai entender por que os nossos objectivos são tão importantes."

Decidido a arriscar, ele passou rapidamente o cartão sobre o leitor e depois

digitou outro código longo. Uma luz na porta ficou verde, e ele abriu a trava. Eu

meio que esperava outra sala escura, mas a luz lá dentro era tão brilhante, que

quase feriu meus olhos. Eu coloquei uma mão na minha testa para proteger-me.

"É um tipo de terapia de luz", explicou Zeke se desculpando. "Você sabe

porque pessoas em regiões nublados têm lâmpadas solares? Mesmo tipo de raio.

A esperança disso é poder fazer com que pessoas como ele se torne um pouco

mais humano novamente, ou pelo menos, desencorajá-los a pensar que são

Strigoi. "

No início, eu estava muito deslumbrada para entender o que ele queria dizer.

Então, através da sala vazia, eu vi uma cela de prisão. Barras de metal grandes

cobriam entrada, que estava trancada por um outro leitor de cartão e teclado.

Parecia um exagero quando avistei o homem dentro. Ele era mais velho que eu,

vinte e poucos anos, eu chutaria, e tinha uma aparência desgrenhada que fez

Keith parecer arrumado. O homem estava abatido e encolhido em um canto, os

braços cruzados na frente dos olhos evitando a luz. Ele usava algemas nas mãos

e nos pés e claramente não ia a lugar nenhum. Na nossa entrada, ele ousou uma

olhada em nós e, em seguida, descobriu mais de seu rosto.

Um calafrio me percorreu. O homem era humano, mas sua expressão era tão

frio e maligna, como a de qualquer Strigoi que eu já vi. Seus olhos cinzentos eram

predatórios. Desprovido de emoção, assim como os assassinos que não tinham

senso de empatia por outras pessoas.

"Você me trouxe o jantar?", Ele perguntou com uma voz rouca falsa. "Posso

ver que é uma menina jovem e bonita. Mais magra do que eu gostaria, mas tenho

certeza que seu sangue ainda é suculento. "

"Liam", disse Zeke, com uma paciência cansada. "Você sabe onde está seu

jantar." Ele apontou para uma bandeja cheia de comida na cela que parecia fria há

muito tempo. Nuggets de frango, feijão verde, e um bolinho doce polvilhado com

açúcar. "Ele quase nunca come ", Zeke me explicou. "É por isso que é tão magro.

Continua insistindo em sangue. "

"O que. . . que é ele? "Eu perguntei, sem conseguir tirar os olhos de Liam.

Era uma pergunta boba, é claro. Liam era claramente um humano, mesmo assim.

. . havia algo nele que não estava certo.

"Uma alma corrupta que quer ser Strigoi", disse Zeke. "Alguns guardas o

encontrou servindo esses monstros e entregou-o para nós. Tentamos reabilitá-lo,

mas sem sorte. Ele continua insistindo em falar o quão incríveis os Strigoi são e

como um dia ele voltará a eles e nos fará pagar por isso. Nesse meio tempo, ele

faz o possível para fingir que é um deles. "

"Oh", disse Liam, com um sorriso malicioso: "Eu vou ser um deles. Eles irão

recompensar minha lealdade e sofrimento. Eles vão me despertar, e eu me

tornarei poderoso além de seus minúsculos sonhos mortais. Eu vou viver para

sempre e voltarei por você – para todos vocês. Farei um banquete com seu

sangue e vou saborear cada gota. Vocês Alquimistas puxam suas cordas e acham

que controlam tudo. Você se iludem. Vocês não controlam nada. Vocês não são

nada. "

"Vê?" disse Zeke, balançando a cabeça. "Patético. É isso o que poderia

acontecer se não fizessemos o trabalho que fazemos. Outros seres humanos

poderiam ser como ele, vendendo suas almas pela promessa vazia da

imortalidade. "Ele fez o sinal Alchemista contra o mal, uma pequena cruz em seu

no ombro, e me encontrei repetindo o gesto. "Eu não gosto de estar aqui, mas às

vezes. . . às vezes é um bom lembrete de por que temos que manter os Moroi e os

outros nas sombras. De por que nós não podemos nos deixar levar por eles. "

Eu sabia no fundo da minha mente que havia uma diferença enorme na

maneira que Moroi e Strigoi interagiam com os humanos. Ainda assim, eu não

poderia formular quaisquer argumentos, enquanto estivesse na frente de Liam. Ele

me deixou temporariamente muda com o choque - e com medo. Era fácil acreditar

em cada palavra que os Alquimistas diziam. Era contra isso que lutávamos. Era

esse o pesadelo que não podíamos permitir que acontecesse.

Eu não sabia o que dizer, mas Zeke não parecia esperar muito.

"Venha. Vamos embora." Para Liam, ele acrescentou:" E é melhor você

comer esse alimento porque você não receberá mais até de manhã. Eu não me

importo o quão frio e duro isso está. "

Os olhos de Liam olhos estreitaram. "Por que me importar com comida

humana, quando em breve beberei o néctar dos deuses? Seu sangue será

quente em meus lábios, o seu e o da sua linda garota. "Ele então começou a

gargalhar, um som muito mais perturbardor do que qualquer um dos gritos de

Keith.

Aquela gargalhada continuou enquanto Zeke me levava para fora da sala.

A porta se fechou atrás de nós, e eu me vi de pé no corredor, anestesiada.

Zeke me olhava com preocupação.

"Sinto muito. . . Eu provavelmente não deveria ter mostrado isso. "

Eu balancei minha cabeça lentamente. "Não. . . você estava certo. É bom

para nós vermos. Para entender o que estamos fazendo. Eu sempre soube. . .

mas eu não esperava nada parecido. "

Tentei mudar o meu pensamento de volta para coisas cotidianas e limpar

aquele horror da minha mente. Olhei para o meu café. Estava intocado e morno.

Eu fiz uma careta.

"Posso pegar mais café antes de ir?" Eu precisava de algo normal. Algo

humano.

"Claro."

Zeke me levou de volta para o salão. O copo que eu tinha feito ainda estava

quente. Joguei fora o meu café velho e despejei um pouco do novo. Conforme fiz,

a porta se abriu de repente, e um perturbado Tom Darnell entrou, parecia surpreso

ao ver alguém aqui e passou por nós, sentando no sofá e enterrando o rosto nas

mãos. Zeke e eu trocamos olhares incertos.

"Mr. Darnell, "eu comecei. "Você está bem?"

Ele não me respondeu imediatamente. Ele manteve o rosto coberto, seu

corpo tremendo com soluços silenciosos. Eu estava prestes a sair quando ele

olhou para mim, embora eu tivesse a sensação de que ele não estava realmente

me vendo. "Eles decidiram", disse ele. "Eles decidiram sobre Keith."

"Já?" Eu perguntei, assustada. Zeke e eu só tinhamos gasto cerca de cinco

minutos com Liam.

Tom assentiu melancolicamente com a cabeça. "Eles o estão enviando de

volta. . . de volta para a Re-educação. "

Eu não podia acreditar. "Mas eu. . . mas eu disse a eles! Eu disse a eles que

ele não tem ligação com os vampiros. Ele acredita que. . . o resto de nós

acreditamos. Suas escolhas que tinham sido ruins. "

"Eu sei. Mas eles disseram que não podemos correr o risco. Mesmo que

Keith pareça não se importar com eles - mesmo que acreditem que ele não esteja

- o fato é que ele fez um acordo com um. Eles estão preocupados que a vontade

de entrar nesse tipo de parceria possa subconscientemente influenciá-lo. Melhor

cuidar das coisas agora. Eles estão. . . provavelmente eles estão certos. Isso é o

melhor. "

Aquela imagem de Keith batendo no vidro e implorando para não voltar

passou pela minha mente. "Me desculpe, Sr. Darnell."

O olhar perturbado de Tom concentrou-se em mim um pouco mais. "Não se

desculpe, Sydney. Você já fez tanto. . . tanto por Keith. Por causa do que você

disse a eles, eles vão reduzir seu tempo na Re-educação. Isso significa muito para

mim. Obrigado. "

Meu estômago revirou. Por minha causa, Keith tinha perdido um olho. Por

minha causa, Keith tinha ido para a Re-educação pela primeira vez. Mais uma vez,

o sentimento veio a mim: ele merecia sofrer de alguma forma, mas ele não

merecia isso.

"Eles estavam certos sobre você", Tom acrescentou. Ele estava tentando

sorrir, mas falhou. "Que exemplo brilhante você é. Tão dedicada. Seu pai deve

estar orgulhoso. Eu não sei como você vive com aquelas criaturas, todos os dias e

ainda manter sua cabeça no lugar. Outros Alquimistas poderiam aprender muito

com você. Você entende o que é responsabilidade e dever. "

Desde ontem, que tinha saído de Palm Springs, eu realmente estive

pensando muito sobre o grupo que eu havia deixado para trás - quando os

Alquimistas não estavam me distraindo com os presos, é claro. Jill, Adrian, Eddie,

e até mesmo Angeline. . . frustrante às vezes, mas no final, eles eram pessoas

que tive de conhecer e me preocupar. Apesar das correrias que me fizeram fazer,

tinha perdido aquele grupo diversificado no mesmo momento que saí da

Califórnia. Algo dentro de mim parecia vazio quando eles não estavam por perto.

Agora, me sentindo dessa forma, fiquei confusa. Estava atenuando as linhas

entre a amizade e o dever? Se Keith tinha ficado em apuros por uma pequena

associação com um vampiro, quanto pior eu era? E o quão próximos qualquer um

de nós estávamos de tornar-nos como Liam?

As palavras de Zeke soaram dentro da minha cabeça: Nós não podemos nos

deixar levar por eles.

E o que Tom tinha acabado de dizer: Você entende o que é responsabilidade

e dever.

Ele me olhava com expectativa, e eu consegui um sorriso enquanto diminuia

todos os meus medos. "Obrigado, senhor", eu disse. "Eu faço o que posso."

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