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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 23

O tempo esquentou no dia da minha cerimônia molnija. Na verdade, estava tão quente que muita da neve do campus tinha derretido, derramando na lateral dos prédios de pedra da Academia. O inverno estava longe de acabar, então eu sabia que tudo congelaria de novo em alguns dias.Por agora, eu pensei, eu sentia como se o mundo inteiro estivesse chorando.

Eu tinha escapado do incidente em Spokane com pequenos ferimentos e cortes. As queimaduras de quando as algemas foram derretidas tinham sido os piores ferimentos. Mas eu ainda estava dificuldades em lidar com as mortes que eu tinha causado e a morte que eu tinha visto. Eu queria ir me esconder em algum lugar e não falar com ninguém, exceto talvez Lissa. Mas no meu quarto dia de volta a Academia, minha mãe me encontrou e me disse que era hora de receber minhas marcas.

Eu tinha levado vários minutos para entender o que ela estava falando. Então me ocorreu que ao decapitar 2 Strigoi, eu havia merecido receber as tatuagens molnija. As minhas primeiras. A realização disso me atordoou. Toda a minha vida, considerando meu trabalho como guardiã, eu havia esperado por receber as marcas. Eu as via como uma marca de honra. Mas agora?

Elas iriam ser lembretes de coisas que eu queria esquecer.

A cerimônia ocorreu no prédio dos guardiões, em um salão grande que eles usavam para encontros e banquetes. Não

era nada comparado ao grande salão do hotel. Era eficiente e pratico, como os guardiões eram. O carpete era de um tom verde. As paredes brancas tinham fotos preto e brancas de St. Vladimir pelos anos. Não havia outras decorações ou sons, mas ainda sim solenidade e poder eram apalpáveis no momento.Todos os guardiões no campus – a não ser novatos – participaram. Eles se juntaram em círculos no prédio principal, se juntando em grupos e sem falar. Quando a cerimônia começou, eles se arrumaram de forma obediente e me observaram.

Eu sentei num banco no canto do aposento, me inclinando para frente com meu cabelo no rosto. Atrás de mim, um guardião chamado Lionel segurava uma agulha de tatuagem na minha nuca. Eu o conheci o tempo todo que estive na Academia, mas nunca soube que ele era treinado em fazer marcas molnija.

Antes dele começar, ele conversou murmurando com minha mãe e com Alberta.

“Ela não tem uma marca da promessa,” ele disse. “Ela ainda não se formou.”

“Acontece,” disse Alberta. “Ela os matou. Faça as marcas molnijas, e ela faz a marca da promessa mais tarde.”

Considerando a dor que normalmente eu me deixava passar, eu não esperava que as tatuagens doessem tanto quando doeram. Mas eu mordi meu lábio e permaneci em silencio enquanto Lionel fazia as marcas. O processo pareceu levar uma eternidade. Quando terminou, ele me deu um espelho, e com alguma manobra eu fui capaz de ver

a minha nuca. Duas pequenas marcas estavam ali, lado a lado, contra a minha avermelhada e sensível pele.

Molnija significa trovão em russo, e era isso que a forma simbolizava. Duas marcas. Uma por Isaiah, outra por Elena.

Depois que eu as vi, ele colocou uma bandagem e então me deu algumas instruções sobre cuidados enquanto elas saravam. A maior parte eu perdi, mas achei que poderia perguntar depois. Eu ainda estava meio chocada com tudo.

Depois disso, todos os guardiões vieram até mim um por um. Cada um me dava algum sinal de afeição-um abraço, um beijo na bochecha- e palavras gentis.

“Bem vinda ao rank,” disse Alberta, seu rosto envelhecido e gentil quando ela me puxou para um abraço.

Dimitri não disse nada quando foi a vez dele, mas como sempre, seus olhos falaram por ele.

Orgulho e ternura enchiam a expressão dele, e eu engoli as lagrimas. Ele colocou uma mão gentilmente na minha bochecha, acenou, e se afastou.

Quando Stan – o instrutor que eu sempre tinha me desentendido veio – ele me abraçou e disse, “Agora você é uma de nós. Eu sempre soube que você seria a melhor,” eu pensei que fosse desmaiar.

E então quando a minha mãe veio até mim, eu não pude evitar a lagrima que derramou pela minha bochecha. Ela a limpou e então passou seus dedos na minha nuca. “Não esqueça nunca,” ela me disse.

Ninguém disse, “Parabéns,” e eu fiquei feliz. Morte não é algo para se animar.

Quando isso acabou, bebida e comida foram servidas. Eu andei pela mesa do Buffet e fiz um prato para mim com miniaturas de quiches e um pedaço de cheesecake de manga. Eu comi sem sentir o gosto da comida e respondi perguntas dos outros sem nem mesmo saber o que dizer na maior parte do tempo. Era como se eu fosse uma Rose robô, deixando as coisas passar conforme era esperado. Na minha nuca, minha pele pulsava por causa das tatuagens, e na minha mente, eu ficava vendo os olhos azuis de Mason e os olhos vermelhos de Isaiah.

Eu me senti culpada por não aproveitar meu grande dia, mas foi um alivio quando o grupo finalmente começou a se dispersar. Minha mãe andou até mim enquanto os outros se despediam. Fora as palavras dela aqui na cerimônia, nós não tínhamos conversado muito desde meu colapso no avião. Eu ainda me sentia um pouco engraçada sobre isso – e um pouco envergonhada também. Ela nunca comentou sobre ele, mas algo muito pequeno tinha mudado na natureza da nossa relação. Nós não estávamos nem perto de sermos amigas... mas nós não éramos exatamente inimigas mais também.

“O Lord Szelsky estará partindo em breve,” ela me disse enquanto estávamos perto do corredor, não muito longe de onde eu tinha gritado com ela no primeiro dia que nos encontramos. “Eu vou com ele.”

“Eu sei,” eu disse. Não havia duvidas de que ela iria partir. Era assim as coisas funcionavam. Guardiões seguiam os Moroi. Eles vem primeiro.

Ela me olhou por alguns segundos, seus olhos marrons pensativos. Pela primeira vez em um longo tempo, eu senti que estávamos nos olhado nos olhos, ao contrário dela me olhar de maneira superior. Já era hora, também, considerando que eu era 15 centímetros mais alta que ela.

“Você se saiu bem,” ela disse finalmente. “Considerando as circunstancias.”

Era apenas meio elogio, mas eu não merecia mais que isso. Eu entendia agora os erros e falta de julgamento que haviam me levado até a casa de Isaiah. Alguns tinham sido minha culpa; alguns não. Eu queria poder mudar algumas das coisas, mas eu sabia que ela estava certa. Eu fiz o melhor que eu pude no final com a bagunça na minha frente.

“Matar os Strigoi não foi tão glamoroso quanto eu pensei que seria,”eu disse a ela.

Ela me deu um sorriso triste. “Não. Nunca é.”

Eu pensei sobre as marcas no meu pescoço, e nas mortes. Eu me arrepiei.

“Oh, hey.” Ansiosa para mudar de assunto, eu pus a mão no bolso e tirei o pequeno pingente de um olho azul que ela havia me dado. “Essa coisa que você me deu. É um na-nazari” eu gaguejei pra falar a palavra. Ela parecia surpresa.

“Sim. Como você sabe?”

Eu não queria explicar o sonho que tive com Adrian. “Alguém me disse. É para proteção, certo?”

Um olhar pensativo cruzou o rosto dela, então ela suspirou e concordou. “Sim. Vem de uma velha superstição no Oriente Médio... algumas pessoas acreditaram que aqueles

que querem machucar você podem te amaldiçoar com um “olhar maligno.” O nazar serve para repelir o olhar maligno... e apenas trazer proteção em geral para aqueles que o usam. Eu passei meus dedos pelo vidro. “Oriente Médio....então, lugares como, um, Turquia?”

Os lábios da minha mãe se contraíram. “Lugares exatamente como a Turquia.” Ela hesitou.

“Foi um...presente. Um presente que eu ganhei muito tempo atrás...” O olhar dela ficou perdido em pensamentos. “Eu chamava muita....atenção dos homens quando eu tinha a sua idade. Atenção que parecia um elogia no inicio mas no final não era. É difícil dizer a diferença as vezes, entre o que é afeição real e o que é alguém apenas querer tirar vantagem de você. Mas quando você sente a coisa verdadeira... bem, você sabe.”

Eu entendi porque ela era tão super protetora sobre a minha reputação – ela havia arriscado sua própria quando ela tinha a minha idade. Talvez feito mais do que apenas a danificado.

Eu também sabia por que ela tinha dado o nazar para mim. Meu pai havia dado para ela. Eu não achei que ela quisesse me contar mais sobre isso, então eu não perguntei. Mas era o suficiente para saber que talvez, apenas talvez, a relação deles não tinha sido só sobre genes e negócios afinal de contas.

Nós nos despedimos, e eu voltei para as minhas aulas. Todos sabiam onde eu estava essa manhã, e meus companheiros queriam ver as marcas molnija. Eu não os

culpava. Se nossos papeis fossem ao contrario, eu teria ficado curiosa também.

“Anda, Rose,” implorou Shane Rayes. Nós estávamos indo para nossa aula pratica, e ele ficava mexendo no meu rabo de cavalo. Eu fiz uma nota mental para usar meu cabelo solto amanha.

Vários outros nos seguiam e ecoavam o seu pedido.

“É, anda. Deixe a gente ver o que você conseguiu por suas habilidades com a espada!”

Os olhos deles brilhavam com excitação e entusiasmo. Eu era uma heroína, a colega de aula que tinha acabado com o líder de um bando de Strigoi que havia aterrorizado nosso natal. Mas eu encontrei os olhos de alguém parado no fundo do grupo, alguém que não parecia entusiasmado ou excitado. Eddie. Encontrando meu olhar, ele me deu um pequeno, e triste sorriso. Ele entendia.

“Desculpe, gente.” Eu disse, me virando para os outros. “Eles tem que ficar com o curativo. Ordens médicas.”

E depois disso logo vieram duvidas sobre como eu tinha matado os Strigoi. Decapitação era uma das técnicas mais difíceis e raras de se matar um vampiro; não é como se carregar uma espada seja conveniente. Então eu fiz o melhor que eu pude para contar aos meus amigos o que tinha acontecido, me certificando de contar os fatos e não glorificar as mortes.

O dia escolar acabou um momento muito cedo, e Lissa andou comigo até o meu dormitório.

Ela e eu não tivemos a chance de conversar muito desde tudo que havia acontecido em Spokane. Eu havia passado

por muitas perguntas, e então ouve o funeral de Mason. Lissa também tinha suas próprias distrações com a realeza Moroi indo embora do campus, então ela também não tinha muito tempo livre.

Estar perto dela me fez sentir melhor. Em pensar que eu podia entrar na cabeça dela a qualquer hora, mas não era o mesmo que realmente ficar perto fisicamente de pessoas viva que se importa com você.

Quando chegamos na porta do meu quarto, eu vi um buque de flores no chão. Suspirando, eu senti a fragrância das flores sem nem olhar para o cartão que estava junto.

“O que são isso?” perguntou Lissa enquanto eu destrancava a porta.

“São de Adrian,“ eu disse a ela. Nós entramos, e eu apontei para minha mesa, onde alguns outros buques estavam. Eu pus o novo junto deles. “Ficarei feliz quando ele sair do campus. Eu não acho que consigo agüentar muito mais disso.”

Ela se virou para mim surpresa. “Oh. Um, você não sabe.”

Eu captei aquele aviso através da nossa ligação e ele me disse que eu não iria gostar do que estava por vir.

“O que foi agora?”

“Ele não vai embora. Ele vai ficar aqui por um tempo.”

“Ele tem que ir embora,” eu discuti. Até onde eu sabia, a única razão para voltar aqui era por causa do funeral de Mason, e eu ainda não tinha certeza do porque ele tinha feito isso, já que ele mal conhecia Mason. Talvez Adrian só quisesse se mostrar. Ou talvez para continuar perseguindo

Lissa e eu. “Ele está na faculdade. Ou talvez reformatório. Eu não sei, mas ele faz algo.”

“Ele está tirando férias desse semestre.”

Eu a encarei.

Sorrindo devido ao meu choque, ela acenou. “Ele vai ficar e trabalhar comigo... e a Sra. Carmack. Todo esse tempo, ele nunca nem soube o que Espírito era. Ele só sabia que não era especializado em nada mas que tinha umas estranhas habilidades. Ele as manteve para si, exceto quando ele ocasionalmente encontrava outro usuário de Espírito. Mas eles não sabiam muito mais do que ele sabia.”

“Eu deveria ter descoberto mais cedo,” eu meditei. “Tinha algo sobre estar perto dele... eu sempre queria falar com ele, sabe? Ele só tinha um... carisma. Como você. Eu suponho que tudo esteja ligado ao Espírito e compulsão e tanto faz. Me faz gostar dele... embora eu não goste dele.”

“Você não gosta?” ela provocou.

“Não,” eu respondi rapidamente. “E eu não gosto do negocio do sonho, também.”

Os olhos de jade dela me olharam com fascínio. “Isso é legal,” ela disse. “Você sempre foi capaz de dizer o que está acontecendo comigo, mas eu nunca fui capaz de me comunicar com você do mesmo jeito. Fico feliz que vocês fugiram... mas eu queria ter ajudado a descobrir onde vocês estavam.”

“Eu não,” eu disse. “Estou feliz que Adrian não fez você parar com os remédios.”

Eu tinha descoberto isso apenas alguns dias depois de ter estado em Spokane. Lissa aparentemente tinha rejeitado a

oferta de Adrian de parar com as pílulas e aprender mais sobre Espírito. Ela tinha admitido para mim mais tarde, no entanto, que se Christian e eu ficássemos desaparecidos por muito mais tempo, ela teria cedido.

“Como você tem se sentido ultimamente?” eu perguntei, lembrando da preocupação dela em relação aos remédios. “Ainda sente que as pílulas não estão funcionando?”

“Mmm... bem, é difícil explicar. Eu ainda me sinto perto da mágica, como se talvez eles não estejam mais me bloqueando tanto. Mas não estou sentindo nenhum outro efeito mental... nada de ficar triste nem nada.”

“Wow, isso é ótimo.”

Um lindo sorriso iluminou o rosto dela. “Eu sei.Me faz pensar que talvez haja esperança para mim aprender a usar há mágica algum dia.”

Ver ela tão feliz fez meu sorriso voltar. Eu não tinha gostado daqueles sentimentos negros começando a voltar e eu estava feliz por eles terem desaparecido. Eu não entendia como ou porque, mas desde que ela se sentisse bem –

Todos tem luz ao redor deles, exceto por você. Você tem sombras. Você as pega de Lissa. As palavras de Adrian apareceram na minha mente. Inquieta, eu pensei sobre meu comportamento essas ultimas semanas. Alguns ataques de raiva. Minha rebeldia – nada usual até mesmo para mim. Minha própria emoção negra, se movimentando em meu peito... Não, eu decidi. Não havia similaridades. Os sentimentos negros de Lissa eram baseados na mágica. Os meus eram baseados no estresse. Além do mais,eu me sentia bem agora.

Vendo ela me observar, eu tentei lembrar onde nós paramos a conversa. “Talvez você eventualmente consiga achar um jeito de usar ela. Eu quero dizer, se Adrian achou um jeito de usar Espírito que não precisa de remédios...”

Ela começou a rir. “Você não sabe, sabe?”

“O que?”

“Que Adrian se auto medica.”

“Ele se medica? Mas ele disse –” eu gemi. “É claro que ele se medica. Os cigarros. A bebida. Só Deus sabe o que mais.”

Ela acenou. “É. Ele quase sempre tem algo no seus sistema.”

“Mas provavelmente não a noite... e é por isso que ele entra nos meus sonhos.”

“Cara, eu queria poder fazer isso,” ela disse.

“Talvez você aprenda algum dia. Só não se transforme numa alcoólatra no processo.”

“Eu não vou,” ela me assegurou. “Mas eu vou aprender. Nenhum dos outros usuários de Espírito podiam fazer isso, Rose- bem, fora o Santo Vladimir. Eu vou aprender como ele aprendeu. Eu vou aprender a usar – e eu não vou deixar ele me machucar.”

Eu sorri e toquei a mão dela. Eu tinha fé absoluta nela. “Eu sei.”

Nós conversamos pela maior parte do dia. Quando chegou a hora de ir praticar com Dimitri, eu me separei dela. Enquanto eu andava para longe, eu pensei sobre algo que estava me incomodado. Embora os ataques do grupo dos Strigoi tivesse muito mais membros, os guardiões sentiam confiança que Isaiah tinha sido o líder. Isso não significava

que não haveria mais ameaças no futuro, mas eles levariam mais tempo para se reagrupar.

Mas eu não podia deixar de pensar sobre a lista que eu tinha visto no túnel em Spokane, a que tinha a lista da família real por tamanho. E Isaiah tinha mencionado o nome dos Dragomirs. Ele sabia que eles quase tinham desaparecido, e ele soou como se ele quisesse acabar com eles. Claro, ele estava morto agora... mas havia outros Strigoi com a mesma idéia?

Eu balancei a cabeça. Eu não podia me preocupar com isso. Não hoje. Eu ainda precisava me recuperar de todo o resto. Mas em breve. Em breve eu ia lidar com isso.

Eu nem sabia se nossa aula pratica ainda ia acontecer mas eu fui para meu armário de qualquer jeito. Depois de colocar roupas para pratica, eu me dirigi ao ginásio e encontrei Dimitri no quarto de suprimentos, lendo um dos livros de faroeste que ele tanto amava. Ele me olhou quando entrei. Eu mal tinha visto ele nos últimos dias e achei que ele estava ocupado com Tasha.

“Eu pensei que você viria,” ele disse, colocando um marca paginas no livro.

“É hora de treinar.”

Ele balançou a cabeça. “Não. Nada de treino hoje. Você ainda precisa se recuperar.”

“Eu estou com uma ótima saúde. Pronta pra treinar.”Eu tentei demonstrar o máximo da corajosa Rose Hathaway com as minhas palavras. Dimitri não caiu. Ele fez um gesto para mim sentar ao lado dele. “Sente-se, Rose.”

Eu hesitei por um momento antes de obedecer. Ele moveu sua própria cadeira para mais perto da minha para que sentássemos um na frente do outro. Meu coração bateu mais rápido, enquanto eu olhava para aqueles lindos olhos.

“Ninguém supera sua primeira matança... uma matança... fácil. Mesmo com Strigoi... bem, é tecnicamente tirar uma vida. Isso é difícil. E depois de tudo mais que você passou...” Ele acenou, então pôs minha mão na dele. Os dedos dele eram exatamente como eu me lembrava, longos e fortes, com calos devido aos anos de treinamento. “Quando eu vi seu rosto... quando eu te encontrei naquela casa... você não pode imaginar como eu me senti.”

Eu engoli. “Como....como você se sentiu?”

“Devastado... a dor me atingiu. Você estava viva, mas o jeito que você estava... eu não pensei que você fosse se recuperar. E isso me arrasou pensar que isso aconteceu com você tão jovem.” Ele apertou minha mão. “Você vai se recuperar – eu sei disso agora, e estou feliz. Mas você ainda não está lá. Ainda não. Perder alguém que você gosta nunca é fácil.”

Meus olhos se abaixaram e eu estudei o chão. “É minha culpa,” eu disse baixo.

“Hmm?”

“Mason. Ter morrido.”

Eu não precisei ver o rosto de Dimitri pra saber que compaixão o tinha enchido. “Oh, Roza. Não. Você fez umas decisões ruins... você deveria ter dito para outros onde você estava indo... mas você não pode se culpar. Você não matou ele.”

Lagrimas surgiram em meus olhos e eu olhei para ele. “É como se eu tivesse. Ele foi para lá – por minha culpa. Nós brigamos... e eu contei pra ele sobre Spokane, mesmo depois que você me pediu para não contar...”

Uma lagrima caiu pelo canto do meu olho. Verdade, eu tenho que aprender a parar com isso.

Como a minha mãe tinha feito, Dimitri delicadamente limpou a lagrima da minha bochecha.

“Você não pode se culpar por isso,” ele me disse. “Você pode se arrepender pelas decisões, e desejar ter feito as coisas diferentes, mas no final, Mason também tomou uma decisão. Isso foi o que ele escolheu fazer. Foi a decisão dele no final, não importa seu papel.” Quando Mason tinha voltado por mim, eu percebi, que ele deixou seus sentimentos por mim atrapalhar. Era o que Dimitri sempre temeu, que se ele e eu tivéssemos algum tipo de relação, nós colocaria – e os Moroi que nos protegemos – em perigo.

“Eu só queria ter sido capaz de... eu não sei, fazer algo...”

Engolindo as lagrimas, eu tirei minhas mãos de Dimitri e levantei antes de dizer algo estúpido.

“Eu deveria ir,” eu disse rapidamente. “Me avise quando vamos começar a treinar de novo. E obrigado pela... conversa.”

Eu comecei a me virar; então eu o ouvi dizer bruscamente, “Não.”

Eu olhei pra ele. “O que?”

Ele me olhou, e algo quente e maravilhoso e poderoso ficou entre nós.

“Não,” ele repetiu. “Eu disse não para ela. Tasha.”

“Eu...” eu fechei a boca antes que ela atingisse o chão. “Mas... por quê? Esse era o negocio de uma vida. Você poderia ter tido um filho. E ela... ela era, você sabe, afim de você...”

O fantasma de um sorriso apareceu em seu rosto. “Sim, ela era. E é por isso que eu tive que dizer não. Eu não poderia retornar isso... não poderia dar a ela o que ela queria. Não quando...” Ele deu alguns passos em minha direção. “Não quando meu coração pertence a outra pessoa.”

Eu quase comecei a chorar de novo. “Mas você parecia afim dela. E você fica falando sobre o quão jovem eu ajo.”

“Você age como jovem,” ele disse, “porque você é jovem. Mas você sabe coisas, Roza. Coisas que pessoas mais velhas que você não sabem. Aquele dia...” eu soube instantaneamente ao qual dia ele se referia. Aquele que eu o joguei contra a parede. “Você estava certa, sobre como eu luto para permanecer em controle. Mas ninguém descobriu isso – e isso me assustou. Você me assusta.”

“Por quê? Você não quer que ninguém saiba?”

Ele deu nos ombros. “Se eles sabem ou não desse fato não importa. O que importa é que ninguém – além de você – me conhece tão bem. Quando uma pessoa pode ver a sua alma, é difícil. Força você a se abrir. A ficar vulnerável. É muito mais fácil estar com alguém que é só seu amigo casual.”

“Como Tasha.”

“Tasha Ozera é uma mulher incrível. Ela é linda e brava. Mas ela não –”

“Ela não entende você,” eu terminei.

Ele acenou. “Eu sei disso. Mas eu ainda queria a relação. Eu sabia que seria mais fácil e que ela podia me manter longe de você. Eu pensei que ela poderia me fazer esquecer você.”

Eu pensei a mesma coisa em relação ao Mason. “Mas ela não conseguiu.”

“Sim. E, bem... esse é o problema.”

“Porque é errado para nós ficarmos juntos.”

“Sim.”

“Por causa da diferença de idade.”

“Sim.”

“Mas mais importante porque nós vamos ser os guardiões de Lissa e nós precisamos nos focar nela – não em nós.”

“Sim.”

Eu pensei sobre isso por um momento e então olhei ele nos olhos. “Bem,” eu disse finalmente,”do jeito que eu vejo, nós não somos guardiões da Lissa ainda.”

Eu me preparei para a resposta. Eu sabia que seria uma lição de vida Zen. Algo sobre força interior e perseverança, sobre como as escolhas que nós fazemos hoje são o modelo para o futuro ou alguma outra bobagem.

Ao invés disso ele me beijou.

O tempo parou enquanto ele me alcançava e colocava meu rosto entre suas mãos. Ele colocou sua boca para baixou e a deslizou contra meus lábios. Mal era um beijo a principio mas logo aumentou, se tornando mais profundo e forte. Quando ele finalmente se afastou, foi para beijar minha

testa. Ele deixou seus lábios ali por vários segundos enquanto ele me segurava perto dele.

Eu queria que o beijo tivesse continuado para sempre. Quebrando o abraço, ele passou alguns dedos em meu cabelo e bochecha. Ele deu um passo em direção a porta.

“Vejo você depois, Roza.”

“No nosso próximo treino?” eu perguntei. “Nós vamos recomeçar eles, certo? Eu quero dizer, você ainda tem coisas para me ensinar.”

Parado na porta, ele olhou para mim e sorriu.

“Sim. Muitas coisas.”

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