O sono me escapou o resto da noite. Meu pai poder ter acesso aos jardins do palácio tão facilmente me assustou mais do que eu gostaria de admitir. Eu desesperadamente, pensei que eu nunca realmente ganharia qualquer retrato de liberdade, que a sombra de meu pai iria assombrar a mim e todos que me cercavam pelo resto da minha vida.
Ainda assim, sabendo que ele tinha ido tão longe para me colocar na casa Rajaram significava que deveria ter um limite para o que ele poderia fazer. O fato de que ele precisava de mim para cumprir o seu propósito era uma indicação de que ele não era todo-poderoso. Talvez, se eu fosse muito cuidadosa e muito inteligente, poderia haver uma maneira de contornar os seus planos, mas tal traição viria com um preço alto. Se eu fosse contra ele, eu precisava ter certeza absoluta que teria sucesso.
No momento em que o sol se levantou. Eu estava vestida e procurei Deschen. Apesar do pouco tempo que eu tive ao seu lado, senti que ela poderia ser confiável e se havia uma coisa que eu precisava para vencer o meu pai em seu próprio jogo, era um poderoso aliado.
Me disseram que Deschen estava na ala das mulheres e entrei sem bater só para encontrar a rainha envolta nos braços de seu marido. Claro, eu sabia que deveria ter saído imediatamente, mas meus pés estavam enraizados no local.
O imperador era um homem bonito, muito parecido com seu filho, Kishan, o homem que eu vinha pensando há semanas apesar da minha determinação para não fazer isso. O marido de Deschen usava seu poder como manto sobre os ombros, e ainda assim ele segurava sua esposa tão ternamente como se ela fosse uma flor preciosa.
Ela, obviamente, não o temia de qualquer forma. Na verdade, ela corajosamente se contorceu para longe quando ela reparou em mim e parecia não temer nenhuma represália por rejeitá-lo. O marido riu, nem um pouco irritado quando ela bateu os punhos contra o peito dele e ele não parecia nem remotamente envergonhado de ser pego apaixonadamente abraçado na sua esposa. Ele se moveu para trás dela, passou os braços em volta da sua cintura e educadamente perguntou se eu tinha dormido bem.
Embora eu tivesse aberto minha boca para responder, as palavras não vieram e Deschen me resgatou da situação embaraçosa, lembrando a ele que eu era tímida, especialmente perto de homens e que ele deveria deixar de me deixar desconfortável e ir encontrar algo real para fazer.
— Sim, Hridaya Patni. — ele respondeu carinhosamente.
Rindo, ele me deu uma piscada, beijou sua esposa na bochecha e sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-a sorrir, antes de sair do quarto.
Quando ele foi embora e ela se acomodou em sua cadeira favorita, ela me chamou para mais perto. Antes de eu sequer dar um passo, eu soltei:
— Você o ama! — quase como uma acusação.
— Sim. — Ela sorriu e levantou a mão para mim. — Isso é tão chocante?
Eu dei alguns passos hesitantes para a frente.
— Os homens são ...
Torci minhas mãos, perguntando como eu poderia terminar a frase sem ofendê-la. Finalmente, eu disse:
— Os homens não são de confiança.
Ela riu baixinho e depois ficou séria enquanto estudava a minha expressão. Chegando ao lado da minha cabeça, ela levantou as sobrancelhas, pedindo a minha permissão. No meu aceno de cabeça, ela cuidadosamente tirou o véu que cobria o meu rosto e segurou meu queixo. O gesto foi gentil e maternal e embora eu tentasse conter minhas emoções, lágrimas encheram meus olhos. Por um longo minuto, ela olhou para mim.
— Algum homem machuca você, Yesubai?
Meu corpo balançava com pequenos tremores e quando as palavras me escaparam, ela disse:
— Diga-me.
Eu sabia que eu precisava considerar cada palavra como se cada uma levaria a minha morte e, o que era pior, a morte de Isha, mas estar na presença dela me fez sentir como se a esperança fosse uma coisa que eu poderia alcançar, como se pudesse haver um final feliz de alguma forma para mim. Lambi meus lábios e comecei a falar e nossa conversa foi tão intensa que uma hora se passou antes de eu parar. Ela escutou com amável empatia que eu só tinha experimentado com Isha. Quando eu terminei, ela acariciou meu cabelo e disse:
— Você estará segura conosco, Yesubai. Eu prometo a você que o meu filho nunca irá tratá-la com grosseria. Ele será paciente com você. No entanto, se você não deseja casar neste momento, você está convidada a ficar de qualquer maneira. Gostaria de lhe oferecer refúgio como eu faço com minhas mulheres. Mas eu espero que você considere, pelo menos, conhecer o meu filho antes de decidir.
Foi tão fácil. A bondade que ela mostrou me fez sentir ainda mais vil, ainda mais ambígua, por causa das coisas que eu não tinha compartilhado com ela. Se eu tinha certeza de alguma coisa, era de que eu não era digna de ser um membro desta família. Eles eram confiavéis, genuínos e sem malícia. Meu pai iria destruí-los e se eu não pudesse fazer nada para impedi-lo, gostaria de me manter responsável por sua morte. Depois que eu lhe assegurei que minha inteção era realmente me aliar com sua família, ela descobriu uma porta escondida atrás de uma cortina, dizendo que eu poderia usá-la quando eu precisasse escapar da atenção de Hajari. Ela levava para o jardim e quando eu fiz meu caminho até a passagem secreta, eu fiquei invisível e me perguntei se eu tinha feito um erro grave.
Meu pai ficaria zangado com as minhas habilidades, mas mesmo ele não podia negar os resultados. Havia, é claro, a possibilidade de que ele nunca descobrisse. A esposa de Rajaram havia concordado em manter a minha confissão na mais estrita confiança. Ainda assim, eu pensei que os potenciais benefícios superavam os riscos.
A fim de angariar a simpatia de Deschen, eu disse a ela do abuso do meu pai. Nem tudo. Se eu tivesse tentado fazer isso, teria levado muito mais do que uma hora. Na realidade, eu não compartilhei nem mesmo uma fração do que eu tinha experimentado em suas mãos. Eu não revelei seus poderes de feiticeiro ou o fato de que ele ameaçou a vida de Isha. Eu não mencionei o veneno secreto no meu armário ou as facas que se encaixavam nos bolsos escondidos costurados em meus vestidos.
Tudo o que foi necessário para fazer ela me defender foi falar da raiva do meu pai. Eu disse a ela sobre a época que ele destruiu o berçario em um acesso de raiva por causa do meu choro quando eu era bebê. Que ele tinha batido em Isha sem sentido por me permitir fazer tanto barulho. Os olhos de Deschen se encheram de lágrimas, juntamente com os meus enquanto eu descrevia ele me jogando contra a parede com tanta força que me deixou inconsciente. Ela engasgou quando falei dos meses que passei trancada longe do mundo, com apenas as flores para alegrar o meu quarto.
Havia histórias suficientes para contar - contos não tão incomuns para as mulheres - eu tinha muito para compartilhar, sem mencionar em qualquer detalhe sobrenatural. Acrescentei que Hajari também me ameaçou várias vezes, fazendo avanços inadequados, me beliscando e me tocando quando meu pai não estava por perto.
Finalizando, lhe pedi para não mencionar o abuso de Hajari ou fazer qualquer coisa a meu respeito, assim meu pai não saberia. Ela concordou, mas insistiu em me dizer sobre as passagens secretas do palácio. Então ela me surpreendeu dizendo que ela achava que eu seria um bom partido para seu filho e que, se eu estivesse disposta, ela gostaria de marcar um encontro.
O fato dela me aceitar tão prontamente me deixou cética em relação a suas habilidades para avaliar. Eu tinha conseguido o resultado que queria, mas eu queria saber qual custo teria e não apenas para mim, mas o que isso significaria para ela e sua família.
Meu pai voltou à marca de duas semanas e eu lhe dei a notícia de que Deschen concordou com o compromisso e queria marcar um encontro com Dhiren assim que um período de calmaria em seus deveres permitisse. A notícia agradou meu pai. Ele me assegurou que os conflitos iriam parar imediatamente para que eu pudesse ser apresentada para o meu futuro noivo.
Quando perguntei como estava a saúde de Isha, ele simplesmente me deu um largo sorriso parecido com um gato que está encurralando um rato. Então ele sussurrou mais ameaças, dizendo que Hajari estava frustrado com meus desaparecimentos constantes.
Eu respondi com uma verdade parcial.
— Hajari deixou algumas das mulheres aqui nervosas. Deschen baniu-o da ala das mulheres e como tenho que agradá-la, eu estive ao seu lado quase que continuamente.
Ele me olhou como se estivesse tentando ver os pensamentos secretos na minha cabeça, mas finalmente cedeu.
— Muito bem. Em seu tempo livre, eu vou fazê-lo espionar o Kadam.
Lokesh deixar qualquer possível segredo meu significava a promessa de que ele iria me visitar novamente, muito em breve.
No dia seguinte, eu estava sentada perto de Deschen ouvindo pela metade os relatórios da manhã dos homens que ela enviara para trazê-la as notícias da guerra, até que um deles disse algo que animou meus ouvidos.
Quando ele se inclinou e saiu, eu perguntei a Deschen:
— Ele estava indicando que o seu filho voltou para casa?
— Sim. — Ela sorriu e, em seguida, acrescentou. — Oh, mas não é Dhiren. É o meu filho mais novo, Kishan, que voltou. Eu imagino que ele irá juntar-se a nós para o jantar.
— Oh.
— Não se preocupe. Você vai conhecer Dhiren em breve.
Eu balancei minha cabeça e lhe dei um pequeno sorriso.
— Estou ansiosa para isso.
— Muito bem. Agora, você me dá licença? Eu gostaria de garantir que os cozinheiros vão fazer hoje à noite refeição favorita de Kishan.
— Claro.
Ela colocou a mão nas minhas costas enquanto me levantava.
— Você gostria de andar no jardim? Há um labirinto no centro que é difícil de andar para a maioria das pessoas. Eu acho que você pode facilmente evitar o homem de seu pai lá. — Baixando a voz, ela sussurrou — O truque é sempre virar para a esquerda. Com um brilho nos olhos, ela partiu, juntamente com sua comitiva e quando eu estava sozinha, eu usei a minha capacidade de me tornar invisível. Tomando o seu conselho, eu me propus a explorar o labirinto do jardim, algo que eu desejava fazer.
O jardim Rajaram era muito diferente dos jardins suspensos do palácio do rei, mas era bonito mesmo assim, cheio de flores de todos os tipos e árvores frondosas que cheiravam a seiva perfumada. Confiante de que eu permanecia invisível, eu levei o meu tempo explorando, tocando plantas delicadas e botões florais até me deparar com o labirinto.
Curiosa, entrei e virei à esquerda de uma dúzia de vezes, até que me deparei com o centro. Uma fonte cheia de flores de lótus me chamou mais perto. No meio do labirinto cercado por cercas vivas tão altas que eu não conseguia ver por cima delas, eu me senti segura, como se a vida vegetal que eu amava tanto pudesse se envolver ao meu redor e me proteger de tudo de ruim no mundo.
Por me sentir tão segura, eu deixei o poder de invisibilidade esvanecer e levantei meu rosto para o sol quente. Quando eu fiquei muito quente, eu balancei o véu do meu rosto e cabelo, deixando-o cair sobre meus braços e passei os dedos pela fonte, espirrando a água no meu pescoço e rosto. O zumbido das abelhas e o canto dos pássaros me tranquilizou e eu fui capaz de esquecer de onde eu estava e, o que era mais importante, quem eu era. No jardim, eu era apenas uma garota que adorava flores.
Entre as flores de lótus cor de rosa e brancas, notei algo diferente, algo que eu tinha visto antes. Era a mesma flor aquática cor de lavanda que eu tinha encontrado na fonte do rei.
— Impossível. — Eu sussurrei e estendi a mão para arrancá-la da água para que eu pudesse examiná-la mais de perto. — Talvez você seja mais comum do que eu pensava.
Uma voz suntuosa atrás de mim disse:
— Eu diria que é excepcional.
Assustada, eu deixei cair a flor e me virei. Parado na entrada do centro do labirinto estava o homem que eu não era capaz de esquecer, apesar de ter semanas desde que eu o tinha visto. Pisquei, momentaneamente ofuscada por seu largo sorriso até que ele deu um passo em minha direção. Então lembrei e as pressas puxei meu véu sobre o meu cabelo e rosto, em seguida, abaixei minha cabeça.
Ele hesitou ao ver minha reação.
— Peço desculpas. Eu não queria incomodá-la.
Minha língua parecia amarrada. Eu queria falar, mas não conseguia descobrir o que dizer. Em vez de exigir uma resposta ou ficar impaciente comigo, ele se aproximou da fonte e pegou a flor que eu tinha deixado cair sobre a pedra. Gentilmente, ele colocou de volta entre as outras flores.
— É linda, não é? — Perguntou ele, parecendo não se importar se eu responderia. — Eu a vi no jardim do Bhreenam e pedi uma muda antes de ir embora. Eu achei que minha mãe iria gostar.
— É adorável. — Eu sussurrei.
Peixes minúsculos dispararam para a superfície, me lembrando do koi, quando eu fiquei ao lado dele antes, mas desta vez ele sabia que eu estava lá. Como se estivesse lendo minha mente, ele disse:
— Há uma história contada pelo povo da minha mãe sobre estes peixes. Muito longe, há um rio cheio deles. Embora isso não aconteça com frequência, alguns peixes koi nadam todo o caminho até a cabeceira do rio. Lá eles encontram uma grande cachoeira e os mais corajosos e bravos peixes, superando o seu esgotamento, saltam para o topo e recebem um presente dos deuses.
— O que os deuses poderiam dar a um peixe? — Eu perguntei, calmamente curiosa.
Ele inclinou a cabeça e embora eu pudesse ver um brilho nos olhos, reconhecendo que ele tinha ouvido, ele não se virou em minha direção, mas estendeu a mão e passou a mão pela fonte e depois segurou a parte de trás do seu pescoço, molhando sua pele com a água fria.
— Eles se transformam em grandes dragões. A cachoeira na cabeceira do Rio Amarelo foi assim chamada de Portão do Dragão. Então você vê, qualquer criatura, mesmo uma tão despretensiosa como um peixe, pode se tornar algo poderoso. Quando eles corajosamente suportam suas provações, eles encontram o seu destino.
O que ele disse era notável. Não só porque eu estava envolta em sua capacidade de contar uma história, mas porque ele parecia saber exatamente o que eu precisava ouvir. Eu também lutava contra grandes obstáculos e pensei que se havia esperança para um peixe humilde, então talvez os deuses estivessem cientes de mim também. Talvez se eu provasse minha dignidade, poderia ser concedido a mim o presente que eu procurava.
— Peço desculpas pela minha aparência desgrenhada. — Disse ele, me puxando dos meus pensamentos. — Kadam me treinou mais do que o habitual. Tenho medo que ele me puna por ter ido embora nas últimas semanas. Ele acha que eu vou me tornar gordo e preguiçoso sem suas rondas diárias.
Quando ele soltou sua camisa e jogou água em seu pescoço, eu engoli e molhei meus lábios, mas por outro lado, congelei no lugar. Kishan era tudo menos gordo e preguiçoso. Na verdade, ele era o mais belo exemplar de homem que eu tinha visto. Seus braços e peito eram grossos e musculosos e sua camisa se agarrava ao seu corpo de tal forma que me fez sentir como se eu tivesse ficado parada muito tempo no sol.
Falando do sol, seus olhos dourados, especialmente quando olhava em minha direção, eram quentes o suficiente para me derreter em uma poça onde eu estava. Na verdade, fiquei surpresa que eu ainda não tinha me juntado a fonte. Fiquei imaginando como seria poder ser a água que ele estava espirrando contra sua pele quando algo chamou minha atenção.
Era o medalhão. Estava pendurado no seu pescoço e eu estava absolutamente certa de que era o que meu pai estava procurando. Medo frio se infiltrou em meu corpo, gelando minha pele febril. Envolvendo os braços em volta da minha cintura, me abraçando. O que eu ia fazer? Se o meu pai soubesse que este rapaz usava o item que ele queria, ele o mataria. Ou ele ia me obrigar a fazer isso. De qualquer maneira, os belos olhos dourados de Kishan seriam fechados para sempre. Seu calor trocados pelo o frio da sepultura. Eu tremi.
— Está com frio? — Perguntou ele. — Vai me permitir acompanhá-la de volta para o palácio?
Dei a ele um breve aceno. Ele me levou para a seção aberta das cercas vivas e disse:
— Meu nome é Kishan, por sinal.
— Eu sei. — Eu respondi calmamente.
Virando-se para olhar para mim, ele me deu um olhar intrigado, mas sorriu.
— Estou em desvantagem, então. Talvez a bela moça me agraciaria com seu nome?
Eu parei de andar, minha mente correndo com a futilidade do que eu estava tentando fazer. Como eu poderia salvá-lo, salvar sua família, quando meu pai planejava tais males contra eles? Eu levantei os olhos e vi o cordão em sua garganta. Como ele iria morrer? Eu me perguntei.
Será que eu acordaria um dia para ouvir sobre marcas pretas em seu peito? Será que ele simplesmente desapareceria? Ou talvez a sua morte seria pelas minhas mãos. Talvez eu fosse a única a levar minha pequena faca na sua garganta. Talvez eu seria a única a pressionar o copo cheio de veneno em seus lábios.
De repente, eu podia olhá-lo por mais tempo. Meu nome era o nome de sua assassina. Eu era uma assassina em formação. Ele merecia pelo menos colocar um nome no rosto de um dos responsáveis.
— Yesubai. — Eu sussurrei. — Meu nome é Yesubai.
Esmagando minhas saias com meus punhos, eu corri para longe dele e corri todo o caminho de volta ao palácio, sem nunca olhar para trás.
...
Embora eu tentasse evitar Kishan, ele parecia saber sempre onde eu estava. Ele era um dos únicos homens permitidos dentro da ala das mulheres. Encontrei ele deitado aos pés de sua mãe, conversando com ela, em mais de uma ocasião.
Cada vez, ele tentou me envolver na conversa, mas eu dava desculpas e ia embora. Quando jantávamos, eu o pegava me olhando e muitas vezes ele se ofereceu como guarda quando eu ia caminhar no jardim para apaziguar Hajari.
Kishan parecia sentir o meu alívio por tê-lo perto e quando entrávamos, eu quase esquecia que Hajari estava com a gente. Kishan tinha a capacidade de me fazer sentir segura. Era semelhante à forma como eu me sentia no jardim. Não era apenas por ele ser um grande homem, era outra coisa. Eu não tinha percebido até o terceiro dia que o que eu sentia perto dele era esperança. Ninguém poderia estar ao redor de Kishan e não ser afetado por sua firmeza, pela forma como ele era esclarecido.
Assim como as árvores, suas raízes penetravam profundamente e eu sonhava que, se ele me envolvesse em seus braços, ele poderia me levar a uma distância segura dentro de seus ramos e me esconderia do mundo. Ele não era abalado por nada. Ele não temia nada. Observando-o treinar com seus soldados, pude ver que eles o respeitavam e confiavam nele completamente. E ainda mais, eu estava ficando perigosamente perto de sentir o mesmo por ele.
Tudo muito rapidamente, Deschen anunciou que a caravana estava pronta para me levar para conhecer Dhiren. Quando eu entrei na carruagem, eu levantei as cortinas, procurando o rosto de Kishan, mas ele não foi me ver partir. Eu disse para mim mesma que era melhor e nos preparamos para a longa viagem para o outro lado do império. Quando eu conheci Dhiren, fiquei impressionada com quanto ele era bonito. Ele parecia mais com sua mãe do que seu pai. Seus olhos eram surpreendentemente azuis, mas gentil como ele era, eu senti falta do calor do olhar dourado de Kishan.
Conversamos por muito tempo. Ele era educado, bem - educado, tudo o que uma mulher deveria querer em um homem, mas havia algo faltando. Havia uma distância entre nós que parecia muito grande para quebrar. Embora eu o observasse com atenção durante o tempo em que estivemos juntos, eu nunca vi um cordão em volta do seu pescoço indicando que ele usava um pedaço do amuleto que meu pai procurava.
Era óbvio que as dificuldades que ele encontrou com o exército de meu pai o tinha distraído, mas ele nunca me culpou pelo fato e ele nem sequer discutiu os aspectos diplomáticos de nossa união. Ele apenas disse que estava ansioso para o nosso casamento e tinha uma grande esperança de que seríamos felizes juntos. Documentos foram assinados e ele foi cortês e atencioso em ter certeza que eu tinha todo o conforto que ele poderia pagar para a minha viagem de volta, mas quando ele apertou os lábios contra a minha mão em despedida, tudo que eu pude sentir foi arrependimento. Ele era um bom homem, maravilhoso mesmo. Um homem tão diferente do meu pai como a noite era do dia.
Isso fez com que a minha cumplicidade com os planos de meu pai ficasse mais difícil de suportar.
Eu tinha retornado para o palácio não fazia nem um dia quando meu pai fez outra visita, mas desta vez foi uma oficial.
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