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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 1: Véu

Eu sentei em frente ao espelho enquanto Isha escovava meu cabelo com movimentos suaves e tocou as pétalas das flores amarelas que eu tinha acabado de providenciar. Meu pai havia retornado de uma campanha bem sucedida, que abriu novos caminhos para a aquisição de riqueza. Não que as pessoas ou o rei fossem ver uma moeda de ouro, uma ovelha gorda, ou mesmo uma peça de tecido precioso. Não. Os únicos que iriam lucrar com façanhas de meu pai seria seus colaboradores mais próximos - homens tão vis, fraudulentos e corruptos quanto ele era.

Claro que ninguém realmente chegou perto de cometer os feitos dele. Se eu fosse, de fato, comparar as ações lado a lado contra os atos de vilania realizada por meu pai, todos iriam 
ficar aquém. Eu há muito tempo parei de contar o número de pessoas que ele tinha matado na mais violenta das formas. Se não tivesse sido por Isha, eu teria silenciosamente desaparecido anos atrás.


Infelizmente, a magia que eu tinha sido capaz de aprimorar somente para mim mesma, exceto o pouco de cura que eu tinha sido capaz de fornecer para Isha ao longo dos anos - uma habilidade que mantive cuidadosamente em segredo. Nós duas sabíamos o perigo que estavamos em meu pai descobrir que eu estava em posse de sequer uma gota de magia que ele possuía. Então nós duas assistiamos e esperamos, mas nunca houve um momento em que não estávamos cercadas, nunca um momento em que um guarda não esivesse atento. Todos sabiam o que iria acontecer com eles se eles falhassem com meu pai. Até o momento em que as circunstâncias mudassem, nós estávamos presas.

Eu era sempre cuidadosa, sempre vigilante, mas era ainda mais agora que ele tinha retornado. Era meu aniversário de dezesseis anos e o rei, um tipo de homem como o meu pai, desprezível, tinha pedido a minha presença em uma festa. Ele estava dando uma festa elaborada e, embora eu estivesse grata por sua consideração em me convidar, meu estômago revirou nervoso.

Quando as festividades foram anunciadas, eu encolhi interiormente, sabendo que a atividade exigiria que eu fosse no braço do meu pai, uma posição que eu detestava, mas ainda pior, era uma posição que era inerentemente perigosa. Ainda assim, para marcar o dia do meu nascimento, participar de um evento luxuoso no palácio era um caso especial e raro o suficiente para que eu pensasse na ocasião independentemente. Especialmente porque eu achava que só poderia ter uma oportunidade de visitar o famoso jardim do rei.

Isha anunciou que meu cabelo estava acabado. Ela arrumou meu cabelo artisticamente e a maior parte do volume ficou pendurado nas minhas costas, mas ela fixou várias seções em minha coroa e colocou pequenas jóias entre os fios. Vestida em sumptuosa e modesta seda como o meu pai permitia, eu me apresentei para a inspeção de Isha.

Ela estalou a língua:

— Você sempre foi uma criança linda, minha pequena Yesubai, mas você está se tornando um jovem de tirar o fôlego.

Tomando o enorme véu de suas mãos, eu o envolvi nas minhas costas, coloquei-o cuidadosamente sobre o meu cabelo e lhe lancei uma pista de um sorriso triste.

— E você sabe o quanto eu gostaria de uma aparência mais comum. Beleza só serve para chamar mais a atenção dele.

Enquanto ela prendia o véu no lugar, Isha contrapôs:

— Talvez a sua beleza seja além do alcance da natureza dele.

— Talvez.

Fixei a parte inferior do véu dourado transparente através do meu rosto, senti a pontada reveladora no meu estômago que significava que alguém de grande poder estava nas proximidades e disse:

— Ele se aproxima. Se esconda no armário.

— Sim, senhora. —Isha segurou meu rosto com a mão suave e enrugada — Fique segura esta noite.

Eu dei um tapinha em seu braço.

— Você também.

Isha virou-se rapidamente, levando a escova com ela e mancou para longe. Para uma mulher com uma perna ruim, ela se moveu silenciosamente, uma habilidade que tínhamos dominado por necessidade. Embora eu ouvisse atentamente, eu não podia ouvir uma indicação de que ela estava presente. Do armário, ela seria capaz de ver a conversa entre eu e meu pai, mas ela tinha instruções implícitas de não intervir, não importava o que acontecesse.

A probabilidade de que ele se amontoaria abusadamente em cima de mim antes de nós conhecermos o rei era mínima de qualquer maneira, e mesmo que ele o fizesse, eu poderia me curar, ao passo que a minha capacidade de curar qualquer ferimento que ela sofresse era limitada. Se eu pudesse ao menos praticar minha magia mais abertamente, talvez eu pudesse atingir um nível de poder forte o suficiente para ser de grande ajuda. Preparando-me, eu baixei os olhos no momento preciso, a porta abriu. Meu pai entrou no quarto com seu assessor, Hajari, um homem tão cruel quanto feio. Estando enraizada no lugar, eu subjugada, vacilei quando Hajari fechou a porta atrás dele e senti o zumbido de energia no meu corpo como eu propositadamente relaxei meus membros.

— E onde está a sua babá preguiçosa? — Meu pai, Lokesh, imediatamente questionou. — Ela tem um mau hábito de deixá-la sozinha por muito tempo.

— Eu nunca estou realmente sozinha, pai — eu disse suavemente e senti a sua carranca de aborrecimento. Eu tinha sido negligente no meu comentário. Isso soou como ousadia. Rapidamente, acrescentei:

— Além disso, não há uma alma viva na casa de meu estimado pai que se atreveria a se aproximar de mim com más intenções. Sua poderosa influência se faz sentir, mesmo à distância.

Depois de um momento de escrutínio intenso, ele decidiu deixar o meu comentário passar.

— É assim que deve ser — disse ele, impaciente.

— Talvez tenha sido imprudência minha. — expressei rapidamente. — Mas eu mandei Isha para a cama cedo. Ela está se sentindo doente e eu não queria atender o rei resmungando e com um nariz vermelho feio.

Ele resmungou, mas logo perdeu o interesse em Isha. Meu pai lamentava fraqueza acima de todas as coisas e detestava vê-la nos outros. Desde que eu o conhecia, nunca tinha ficado doente, mas se qualquer soldado tossisse na sua proximidade era imediatamente enviado para longe de sua presença. Sua aversão a doença trabalhava a meu favor, mas eu sabia que ele era muito inteligente para eu usar esse truque mais de uma vez.

Me circulando, ele corajosamente avaliou minha aparência e embora minhas mãos apertassem quando vi Hajari me olhando lascivamente e exibindo os dentes enegrecidos e quebrados - algo que ele só se atreveu a fazer quando meu meu pai virou de costas - eu rapidamente abri os dedos e alisei minhas saias. Não seria bom mostrar para meu pai que eu sentia medo ou nervosismo. Ele amava nada mais do que invocar a emoção nos outros. Mesmo o rosto de Hajari estava impassível quando meu pai circulou ao redor.

— Eu suponho que você está vestida adequadamente — disse meu pai. — Embora você saiba que eu prefiro lavanda do que este dourado. Acentua seus olhos. — Ele segurou meu queixo e eu obedientemente levantei o olhar para encontrar o dele. — Eu vou lembrar das suas preferências para a próxima celebração que comparecermos. — Murmurei timidamente mas com um pouco de atravimento para que o seu instinto de explorar a fraqueza não fosse acionado. Nós dois sabíamos que outros convites reais era improváveis na melhor das hipóteses.

Meu pai era como uma rapina. Se uma pessoa fosse ousada o suficiente para enfrentá-lo, ele admirava o gesto, mas se ele considerasse uma pessoa muito fraca, ele simplesmente a destruia. A melhor maneira de evitar ser preso entre suas mandíbulas era não deixar pistas, mover-se através do espaço como um espírito.

Eu tinha dez anos quando descobri que tinha a habilidade de desaparecer. No começo, eu nem soube o que aconteceu. O barulho de botas do lado de fora da minha porta me assustou e eu congelei no lugar. Isha veio rapidamente para o meu quarto, correndo, arrumando o meu quarto já arrumado. Meu pai preferia as coisas do seu jeito, como ele fazia com o seu pessoal - embora para ele as pessoas eram posses – para que assim todos estivessem nos devidos lugares que ele queria encontrá-los.

As precauções de Isha tinham sido desnecessárias. A porta nunca se abriu. Quando ela espiou, ela conversou brevemente com o guarda e, em seguida, fechou a porta.

Foi quando ela começou a chamar o meu nome:

— Bai. Yesubai? Onde você está? Você pode sair agora. Seu pai está ausente. Foi apenas a troca da guarda.

— Eu ... eu estou aqui — eu sussurrei suavemente.

— Bai? Onde você está? Eu não posso vê-la.

— Isha? — Preocupada, eu dei um passo a frente, colocando minha mão em seu braço. Ela soltou um grito de pânico e passou as mãos sobre meus braços e rosto. — Deve ser a magia. — Disse ela. — Você ficou invisível. Você pode mudar de volta?

— Eu não sei. — Eu respondi, o pânico florescia em meu peito.

— Tente limpar sua mente. Pense em algo sem sentido.

— Como o quê?

Isha olhou para as caixas de flores que tinham acabado de serem trazidas do mercado para eu fazer um arranjo – o único prazer que meu pai me permitia. Enquanto eu segurava cada lindo broto, eu imaginava que ele crescia selvagem no sol e estendia suas folhas em direção ao céu, embora eu soubesse que a maioria das flores que traziam para mim, eram cultivadas. Assistir as flores murcharem lentamente ao longo do tempo, parecia estranhamente apropriado e extremamente profético.

Eu me perguntava, assim como uma criança, quando minha própria flor iria desaparecer e eu também iria definhar em nada no meu quarto, onde eu não poderia extrair nenhum

alimento e nunca sentiria o sol no meu rosto. Mesmo que eu tivesse a liberdade de vagar pelos mercados sozinha.

— Liste todas as flores que você puder pensar. — Isha disse, interrompendo meus pensamentos.

— Vou tentar. — Molhando os meus lábios, eu comecei. — Jasmine, lótus, calêndula, girassol ...

— Aí está. Está começando a funcionar. Eu posso vê-la, mas a luz passa por você como se fosse um espírito errante.

— Magnolia, dália, orquídea, crisântemo ...

— Só um pouquinho mais

— Lírio, rododendro, amaranto, Clematis, caliandra

— Agora sim! Você está totalmente visível. Como você se sente?

— Eu me sinto bem. Eu não sinto como se estivesse usando magia.

— Vamos praticar enquanto seu pai está fora. Você deve ser capaz de controlar isso, Bai.

E nós praticamos. No momento em que ele voltou, um período muito curto, quatro meses depois, a capacidade de tornar-me invisível era fácil, mas tentamos como poderíamos e eu não podia transferir ou compartilhar o dom com Isha. Nossa felicidade no meu novo talento logo se tornou resignação desde

que eu me recusei a deixar a minha tutora, mas ela desperdiçou muitas horas e até mais lágrimas em tentar me convencer a escapar sem ela. Em última instância, nós decidimos não correr o risco de expor o dom e eu na maior parte permanecia no meu quarto como eu fazia antes.

Durante os anos seguintes, havia apenas algumas raras ocasiões em que eu usei minha habilidade recém-descoberta. Uma vez para escapar dos avanços indesejáveis dos poucos dos homens de meu pai que ousavam arriscar sua ira. Mesmo quando menina, eu era sujeita a olhares lascivos e beliscões quando meu pai não estava olhando. Eles me avisavam que se eu dissesse a ele o que tinham feito, eles fariam algo horrível para Isha. Quando me tornei mulher, as ameaças se tornaram ainda mais comuns e eles tentavam me pegar sozinha.

Quando um deles conseguiu, eu escapei para o quarto próximo e desapareci. Embora ele suspeitasse que o tinha enganado de alguma forma, ele não se atreveu a dizer a meu pai, porque então ele teria que explicar a razão pela qual ele tinha estado no meu quarto, em primeiro lugar.

Eu usei meu poder algumas vezes depois disso para espionar os guardas ou para roubar pequenos doces para dar para Isha como presente, mas ela sentiu que o risco era muito

grande e para mantê-la feliz, eu parei de usar a minha capacidade a menos que fosse absolutamente necessário. Graças à vigilância de Isha e os meus dons, eu consegui escapar de tudo o que me queria mal, exceto do meu pai. O perigo sobre ele descobrir minhas habilidades era inegável, então eu sofria seu abuso em silêncio.

Embora eu não teria gostado de nada mais do que desaparecer no momento em que o meu pai me circulava, eu lhe dei um sorriso apertado e reforcei a minha determinação. Com um farfalhar das minhas saias, fomos até a porta e descemos o grande corredor, Hajari seguia silenciosamente atrás de nós, o que significava que ele seria o meu guarda pessoal durante aquela noite.



Eu subi na carruagem opulenta emprestada pelo rei e permiti que o ar da festa girasse ao meu redor. Houve uma faísca de emoção que revigorou os meus sentidos e mesmo que eu estivesse com o meu pai, a oportunidade de ver além das paredes do minha sala de estar era tão rara que decidi aproveitar cada visão e som. Antes que eu pudesse me pegar, eu sorri. Meu pai percebeu.

— Você se parece com sua mãe quando nos encontramos pela primeira vez.

O sorriso saiu do meu rosto e eu o substituí por uma expressão neutra, antes de fechar a cortina e me voltar para ele.

— Ela era linda. — Eu disse com indiferença.

Não era uma pergunta ou um convite para abrir um diálogo, mas uma declaração neutra que eu sabia ser verdade. Eu há muito tempo descobri que era mais fácil e seguro só responder o que era esperado e, mesmo assim, dizer o mínimo e o mais educadamente possível. Eu também aprendi a não criar mentiras que meu pai poderia facilmente desvendar.

— Sim. Ela era. — Ele respondeu. — Mas ela — ele se inclinou para a frente — não é mais.

Eu entendi sua mensagem. Ele esperava que os homens me bajulassem esta noite e minhas ações seriam cuidadosamente vigiadas.

— Eu entendo, pai. — Eu disse e baixei os olhos, apertando as mãos levemente no meu colo.

Após essa troca, ele me ignorou e conversou com Hajari, que estava sentado demasiado próximo. Através das minhas muitas camadas de seda, eu podia sentir a sua coxa pressionada

contra a minha e de tempos em tempos, ele movia propositadamente a perna em minha direção, me cutucando.

Tentando ignorá-lo, eu deslizei para mais perto da janela e olhei para a cidade que passava.

Além dos edifícios havia florestas, um grande lago e as montanhas que ofereciam proteção contra os inimigos de nosso rei. A magnífica cidadela era construída inteiramente de mármore e granito, e com suas várias torres, cúpulas e varandas, havia muitos lugares para explorar. Infelizmente, eu nunca teria essa oportunidade.

Nós aceleramos para o primeiro dos três portões em arco, cada um nomeado pelos guardiões de mármore esculpidos que estavam de cada lado na base de cada arco. O primeiro era o Vanar Pol com duas grandes estátuas de macaco. Depois, Bagh Pol, ou O Portão dos tigres gêmeos. Tremi quando vi o conjunto terrível dos guardiões tigre com dentes e garras à mostra.

O último era o Hathi Pol, ou o Portão Elefante, com um elefante de pé em tamanho natural em cada extremidade, corpos erguidos e grandes presas que se projetavam para a frente. Embora não houvesse sinais, eu sabia que o outro lado do grande Portão do elefante era usado para brigas de elefante -
uma nova e terrível prática que meu pai tinha iniciado. Ele afirmava que a luta era utilizada para avaliar quais elefantes eram os mais fortes, os mais poderosos e os vencedores eram usados em guerra.

Eu sabia que ele encorajava os combates não para filtrar os fracos, no entanto, certamente era algo que ele fazia para agitar o sangue dos homens. As lutas eram encenadas e era dado ópio aos animais para fazê-los mais selvagens que o normal. As batalhas de elefantes atraía os mais sanguinários dos homens, guerreiros ferozes sem compaixão que tentavam lucrar com a guerra e a dor dos outros. Em suma, era uma forma de recrutar os tipos de homens que ele queria ao seu redor.

Mas, para a festa, as batalhas e sangue tinham sido limpos. O palácio brilhava com milhares de lâmpadas e vestidos coloridos de centenas de mulheres, que, usavam joias que tilintavam e enfeitavam as passarelas como se fossem flores vibrantes balançando entre a paisagem.

No interior, a luz cintilante refletia as pinturas de parede, vidro colorido, mármore e espelhos. Murais fantásticos representavam as grandes vitórias dos reis passados. Cada quarto, cada corredor, cada terraço aberto era uma obra-prima da arquitetura e todos os cantos estava preenchido com as riquezas do reino - vasos preciosos recolhidos de locais exóticos, artes que tinham sido concluídas por mestres sob encomenda e esculturas tão lindas que eu queria correr meus dedos sobre os detalhes esculpidos.

Apesar da opulência do interior do palácio, havia uma coisa acima de tudo que eu queria ver - o jardim suspenso no pátio superior. Eu sabia que meu pai não gostaria de visitar um lugar assim. Não havia cortesãos, nem diplomatas, nem estratégias políticas acontecendo lá, mas pensei que, talvez, se eu pudesse ter um vislumbre do lendário jardim, então eu iria guardar a visão disso na memória e lembrar dele através dos meus longos e solitários anos.

Infelizmente, eu demorei um pouco longe demais próximo a estátua de mármore da deusa Durga e meu pai puxou meu braço e apertou dolorosamente o meu pulso até que o sangue pulsasse quente na minha mão. Nós nos movemos em silêncio até que me deparei com um casal que meu pai queria falar.

Ele finalmente soltou meu pulso e eu torci minha mão para frente e para trás com o mínimo de movimento possível até que voltei a sentir os meus dedos. Meu alívio foi de curta duração, no entanto, e logo entramos na sala de recepção do rei - uma vasta área adornada com tantas lanternas e muito verde que eu senti como se estivesse em um bosque sob centenas de estrelas.

O meu pai me levou de pessoa para pessoa e eu não pude deixar de notar que quase todos os homens que se aproximavam pareciam estar me avaliando. Um deles foi até ousado o suficiente para tocar o meu véu. Imediatamente seus dedos caíram e ele começou a engasgar. A água caiu de sua boca em tal quantidade que não era natural. Rapidamente ele fugiu e eu não tinha certeza se o homem sobreviveu ao nosso encontro.

— Venha, Yesubai. — Meu pai instruíu enquanto ele pegava meu braço em um aperto forte. — Preciso falar com o rei para descobrir por que a ordem de sua presença tem tanto ... interesse sem motivo.

Enquanto esperávamos a nossa vez de falar com o rei, a impaciência do meu pai deixou hematomas no meu braço já dolorido, apesar do seu aspecto, ele parecia imperturbável. Lokesh olhava descaradamente o trono de ouro do rei, seus olhos ficavam atentos quando alguém se virava para ele, mas voltavam quando eles desviavam o olhar.

Finalmente, era a nossa vez. O velho rei sorriu gentilmente para mim e bateu palmas de alegria.

— Lokesh, o herói de guerra! Como vai o nosso exército? — O rei perguntou com uma expressão que mostrava claramente que ele estava mais interessado na festa do que na resposta do meu pai.

Curvando-se rigidamente, meu pai respondeu calmamente:

— Nossos inimigos se acovardam diante do poder do seu trono, grande rei

— Muito bom. — Disse o rei com desdém. — Agora então. Eu suponho que você está se perguntando por que eu arranjei esta festa e pedi especificamente para a sua filha participar.

— Eu estou ... curioso. — Lokesh respondeu.

— Ah, meu amigo inteligente, estou muito satisfeito. Se eu realmente tenho guardado esse segredo de você e todos os seus espiões do palácio, então eu ficarei feliz de levar o crédito por saber que um dos homens mais mortais não pode – enganar o mestre da astúcia. Feliz o dia em que você entrou no meu reino, Lokesh.

— Eu me sinto exatamente da mesma maneira, meu rei.

— Sim.

— Agora, talvez você possa partilhar o seu segredo.

O rei riu.

— Sim, o meu segredo. — O rei bateu no ombro do meu pai, um gesto que eu sabia que meu pai detestava. — Meu amigo, você sabe que eu não tenho filhos sobreviventes e que você é o próximo líder natural no reino.

Meu pai sorriu - um semblante utuoso, como de uma cobra que me assustou no meu âmago.

Aparentemente, ele não tinha o mesmo efeito sobre o rei ingênuo. O homem sentado no trono tinha um chacal próximo que parecia como um cão fiel. Era só uma questão de tempo antes de seu novo animal de estimação virasse e o devorasse. — Você me lisonjeia. — Disse Lokesh.

— Nem um pouco. Qualquer elogio que eu dou é bem merecido. Agora, então, eu tenho observado, cuidadosamente estudando suas atividades e incursões em outros reinos — Ah é? — Disse meu pai.

— Bastante. Eu aprecio seus esforços para expandir as fronteiras do nosso reino por meio da diplomacia, negociações ou — ele se inclinou para a frente e baixou a voz — de intimidação.

Está mais para conspiração, confronto e terrorismo. Pensei.

O rei continuou

— Como tal, eu embarquei em um negócio próprio.

Pequenas ondas de choque de dor empolaram meu braço onde meu pai tinha agarrado. Eu poderia literalmente sentir a raiva pulsando sob seus dedos.

— O que você fez? — Meu pai conseguiu torcer as palavras para soar despreocupado, embora eu senti a verdadeira ameaça por trás deles. O rei estava naturalmente indiferente. Alegremente, ele anunciou:

— Eu convidei alguns dos homens mais poderosos dos reinos vizinhos para vir aqui com a promessa de que — o rei ergueu as sobrancelhas e lançou os olhos rapidamente de um lado para outro — aquele que oferece o melhor negócio, terá sua filha, a bela Yesubai, como esposa.

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