“Você sabe o que precisamos?”
Eu estava sentada entre Eddie e Lissa, no nosso vôo de Seattle até Fairbanks. Como a mais baixa – por pouco – e a mentora do plano, eu fiquei no assento do meio.
“Um novo plano?” perguntou Lissa.
“Um milagre?” perguntou Eddie.
Eu parei e os encarei antes de responder. Desde quando eles se tornaram os comediantes daqui? “Não. Coisas. Precisamos de aparelhos legais se vamos fazer isso.” Eu bati na planta da prisão que estava no meu colo por quase toda viagem até agora. Mikhail tinha nos deixado em um pequeno aeroporto no caminho para Corte. Pegamos um vôo comunitário de lá para Filadélfia, e de lá
para Seattle e agora para Fairbanks. Isso me lembrava um pouco dos vôos malucos que eu tive que tomar da Sibéria de volta aos EUA. Aquela jornada também tinha passado por Seattle. Eu estava começando a acreditar que essa cidade é um portão para lugares obscuros. 21 mai ?Rafaela?
“Eu pensei que as únicas ferramentas que precisávamos era nosso juízo,” brincou Eddie. Ele podia falar sério sobre seu trabalho de guardião na maior parte do tempo, mas ele também podia “ligar” seu humor seco quando relaxava. Não que ele estivesse tranqüilo com nossa missão aqui, agora que ele sabia mais (mas não tudo) detalhes. Eu sabia que ele voltaria ao modo sério quando pousássemos. Ele ficou compreensivelmente chocado quando contei a ele que iríamos libertar Victor Dashkov. Eu não tinha contado a Eddie nada sobre Dimitri ou espírito, só que libertar Victor era um grande papel para o bem maior. A confiança de Eddie em mim era tão implícita que ele tinha aceito minha palavra e não insistiu no assunto. Eu me perguntei como ele reagiria quando ele soubesse a verdade.
“No mínimo vamos precisar de GPS,” eu disse. “Só tem latitude e longitude nessa coisa. Nenhuma direção real.”
“Não deve ser difícil,” disse Lissa, virando um bracelete de novo e de novo em suas mãos. Ela abriu sua bandeja e espalhou as jóias de Tasha por toda ela. “Tenho certeza que até no Alasca tem tecnologia moderna.” Ela também assumiu uma postura engraçada, mesmo com ansiedade irradiando através do nosso laço.
O bom humor de Eddie diminuiu um pouco. “Eu espero que você não esteja pensando em armas nem nada do tipo.”
“Não. Absolutamente não. Se isso funcionar como queremos, ninguém vai sequer saber que estivemos lá.” Um confronto físico era provável, mas eu esperava minimizar os feridos.
Lissa suspirou e me entregou o bracelete. Ela estava preocupada porque muito do meu plano dependia dos talismãs* dela – literal e figurativamente falando. “ Eu não sei se isso vai funcionar, mas talvez te dê mais resistência.”
*Charms em inglês = talismã mas também charme, daí a piadinha. 21 mai ?Rafaela?
Eu peguei o bracelete e o coloquei no pulso. Não senti nada, mas eu raramente sentia com objetos encantados. Eu deixei para Adrian um bilhete dizendo que Lissa e eu queríamos fugir para uma “noite de garotas” antes deu ser designada e ela ir visitar a faculdade. Eu sabia que ele ficaria magoado. O ponto de vista das garotas carregava muito peso, mas ele ia se sentir magoado por não ser convidado para um período de férias ousado – se ele sequer acreditasse em um. Ele provavelmente me conhecia bem o bastante para saber que a maioria das minhas ações tinham mais de um propósito. Minha esperança era que ele espalhasse a história pela Corte quando nosso desaparecimento fosse notado. Ainda íamos nos meter em problemas, mas um fim de semana selvagem é melhor do que invadir uma prisão. E honestamente, como as coisas poderiam ficar pior pra mim? A única falha aqui era que Adrian poderia me visitar em meus sonhos e me questionar sobre o que realmente estava acontecendo. Era uma das habilidades mais interessantes – e ocasionalmente irritantes – habilidades de espírito. Lissa não tinha aprendido a andar nos sonhos, mas ela entendi o princípio. Entre isso e compulsão, ela tentou encantar o bracelete de uma forma que ele bloqueasse Adrian quando nós fossemos dormir mais tarde.
O avião começou a descer em Fairbanks, e eu olhei pela janela os altos pinheiros e a terra verde. Nos pensamentos de Lissa, eu li o quanto ela esteve meio que esperando ver bancos de neve, apesar de saber que era verão aqui. Depois da Sibéria, eu aprendi a manter a mente aberta sobre os estereótipos regionais. Minha maior preocupação era o sol. Era dia quando deixamos a Corte, e conforme nossa viagem nos levava a oeste, o fuso horário mudar significava que o sol continuava conosco. Agora, embora fosse quase nove da noite, tínhamos um brilhante céu azul, graças a nossa latitude norte. 21 mai ?Rafaela?
Era como um gigante cobertor seguro. Eu não tinha mencionado isso para Lissa ou Eddie, mas parecia provavel que Dimitri tivesse espiões por toda parte. Eu era intocável em St. Vladimir e na Corte, mas as cartas dele tinham claramente afirmado que ele estaria esperando eu sair dos limites das propriedades. Eu não conhecia a extensão da sua logística, mas humanos observando a Corte na luz do dia não teria me surpreendido. E embora eu tenha partido escondida num porta malas, havia uma forte possibilidade que Dimitri já estivesse nos perseguindo. Mas a mesma luz que guardava os prisioneiros iria nos manter seguros também. Nós mal teríamos algumas horas de noite para nos guardar, e se fizéssemos
isso rápido, estaríamos fora do Alasca em breve. É claro, essa pode não ser uma coisa tão boa. Iriamos perder o sol.
Nossa primeira complicação aconteceu depois que pousamos e tentamos alugar um carro. Eddie e eu tínhamos 18 anos, mas nenhuma das companhias ia alugar um carro para alguém tão jovem. Depois da terceira recusa, minha raiva começou a crescer. Quem iria pensar que íamos atrasar por causa tão idiota? Finalmente, na quarta tentativa, a mulher hesitantemente nos disse que havia um cara a cerca de um quilometro e meio do aeroporto que podia nos alugar um carro se tivéssemos um cartão de crédito e déssemos um grande depósito.
Nós andamos sob um tempo agradável, mas eu percebi que o sol estava começando a incomodar Lissa quando chegamos no nosso destino. Bud – ou Bud Aluguéis de Carro – não parecia tão fino quanto eu esperava e de fato alugava carros quando tínhamos dinheiro o bastante. Dali, pegamos um quarto num modesto hotel e repassamos nossos planos.
Todas as nossas informações indicavam que a prisão tinha um horário vampirico, o que significa que essa era sua hora ativa do dia. Nossos planos era ficar no hotel até o dia seguinte, quando era “noite” para os Moroi, e dormir um pouco. Eu dei a Lissa mais tempo para trabalhar com seus talismãs. Nosso quarto era fácil de defender. 21 mai ?Rafaela?
Meu sonho foi livre do Adrian, pelo que eu fiquei agradecida, o que significava que ou ele tinha aceitado a viagem de garotas ou não podia passar pelo bracelete de Lissa. De manhã, pegamos umas rosquinhas e comemos um pouco de sonolentos. Mudar virar nosso horário estava nos deixando um pouco cansados.
Mas o açúcar nos ajudou a acordar, e Eddie e eu deixamos Lissa perto das 10 e fomos vasculhar. Compramos um GPS e algumas outras coisas na loja esportiva no caminho e o usamos para navegar pelas ruas que pareciam levar a lugar nenhum. Quando o GPS apontou que estavamos a um quilometro da prisão, paramos no acostamento de terra e andamos a pé através de um campo de grama alta que não tinha fim, diante de nós.
“Eu pensei que o Alasca tivesse tundra,” disse Eddie, se abaixando para passar pela grama alta. O céu estava azul e limpo de novo, com apenas algumas nuvens que não faziam nada a não ser
esconder o sol. Eu estava com um casaco leve mas agora eu o tinha amarrado na cintura enquanto suava. Ocasionalmente um bem vindo ar passava, achatando a grama e fazendo meu cabelo esvoaçar.
“Eu acho que nem todas as partes. Ou talvez tenhamos que ir mais para o norte. Oh, hey. Isso parece promissor.”
Paramos antes de uma alta cerca de arame enfarpado com uma placa enorme de PROPRIEDADE PRIVADA – PESSOAL NÃO AUTORIZADO NÃO PERMITIDO. A letra era vermelha, aparentemente para dar ênfase no qual sério eles eram. Pessoalmente, eu teria acrescentado um crânio e uma cruz de ossos para fazer a mensagem realmente ser entendida.
Subir em arame infarpado não é impossível, mas não é divertido. Jogando meu casaco nos fios, eu podia segurar protegida, mas ainda terminei com uns arranhões e roupas rasgadas. Assim que cheguei no topo, eu pulei pra baixo, preferindo o choque da queda do que descer escalando. Eddie fez o mesmo, fazendo uma careta devido ao impacto forte. 21 mai ?Rafaela?
Andamos um pouco mais pra frente, então o contorno negro de um prédio ficou a vista. Nós dois paramos e nos agachamos, buscando qualquer cobertura possível na grama. O registro da prisão indicava que eles tinham câmeras do lado de fora, o que significa que arriscávamos sermos pegos se chegássemos mais perto. Eu comprei um poderoso binóculo junto com o GPS e os peguei agora, estudando o exterior do prédio.
O binóculo era bom – muito bom – como deveria ser, pelo preço. O nível de detalhes era incrível. Como tantas criações Moroi, o prédio era uma mistura de antigo e novo. Suas paredes eram feitas de blocos cinza sinistros, e quase obscurecia toda a prisão, cujo teto apenas se erguia um pouco. Algumas figuras andavam na extensão das paredes, olhos vivos junto com as câmeras. O lugar parecia uma fortaleza, impenetrável e impossível de escapar. Ele merecia estar num penhasco com um céu sinistro atrás dele. O campo e o sol pareciam deslocados.
Eu entreguei o binóculo para Eddie. Ele fez sua própria avaliação e gesticulou em direção a esquerda. “Lá.”
Cerrando os olhos, eu mal vi uma caminhonete SUV dirigindo em direção a prisão. Ela fez uma curva e desapareceu de vista. “Nossa única chance de entrar,” eu murmurei, lembrando da planta. Nós sabíamos que não tínhamos chance de escalar os muros ou sequer se aproximar o bastante a pé sem ser vistos. Nós precisávamos literalmente entrar pela porta da frente, e era ai que o plano complicava um pouco. Eddie baixou o binóculo e olhou para mim, a testa franzida. “Eu falei sério antes, sabe. Eu confio em você. Por qualquer que seja o motivo que você está fazendo isso, eu sei que é bom. Mas antes das coisas começarem, tem certeza que é isso que você quer?”
Eu dei a ele uma dura risada. “Quero? Não. Mas é o que eu preciso fazer.”
Ele acenou. “Isso está bom o bastante.” 21 mai ?Rafaela?
Nós observamos a prisão por mais um tempo, nos mexendo para ver os diferentes ângulos enquanto ainda nos mantínhamos longe. O cenário era o que eu esperava, mas ter uma visão 3D foi útil.
Depois de cerca de meia hora, voltamos para o hotel. Lissa estava sentada de pernas cruzadas em uma das camas, ainda trabalhando nos talismãs. Os sentimentos vindo delas eram de calor e contentamento. Espirito sempre fez ela se sentir bem – mesmo que tivesse efeitos colaterais depois – e ela acho que estava fazendo progresso.
“Adrian me ligou duas vezes,” ela me disse quando entramos.
“Mas você não atendeu?”
“Nope. Pobre coitado.”
Eu dei de ombros. “É melhor assim.”
Nós contamos o que tínhamos visto, e o humor alegre dela começou a se esmaecer. Nossa visita transformou o que faríamos mais tarde aquele dia mais e mais real, e trabalhar com tanto espírito já a tinha cansado. Alguns segundos depois, eu senti ela engolindo seu medo. Ela se decidiu. Ela me disse que faria isso e ela pretendia cumprir sua palavra, embora ela temesse cada segundo que a levava mais próxima de Victor Dashkov. 21 mai ?Rafaela?
O almoço seguiu, e então algumas horas depois, era hora de colocar nosso plano em ação. Era cedo da noite para os humanos, o que significava que a noite dos vampiros ia acabar logo. Era agora ou nunca. Lissa nervosamente distribui os talismãs que fez para nós, preocupada que eles não funcionassem. Eddie se vestiu com sua roupa de guardião preto-e-branco formal, enquanto Lissa e eu continuamos com nossas roupas comuns – com algumas alterações. O cabelo de Lissa era marrom, o resultado de uma coloração temporária. Meu cabelo estava preso debaixo de uma peruca vermelha que me lembrou, desconfortavelmente, da minha mãe. Sentamos na traseira de um carro enquanto Eddie dirigia no estilo motorista pela remota estrada que tínhamos visto mais cedo. Diferente de antes, nós não paramos. Continuamos na estrada, dirigindo direto para prisão – ou, bem, seu portão. Ninguém falou enquanto andávamos, mas a tensão e ansiedade em nós só crescia.
Antes de conseguirmos sequer nos aproximar do muro, havia um ponto de segurança guardada por um guardião. Eddie parou o carro, e tentou parecer calmo. Ele baixou a janela, e o guardião em serviço se aproximou e se abaixou para poder ficar cara a cara.
“Qual seu assunto aqui?”
Eddie entregou um pedaço de papel, sua atitude confiante e despreocupada, como se isso fosse perfeitamente normal. “Estou trazendo novos alimentadores.”
O registro tinha todo tipo de formulários e papéis dos assuntos da prisão, incluindo relatórios e formulários de pedidos para suprimentos – como alimentadores. Fizemos uma cópia de um dos requerimentos de alimentadores e o preenchemos.
“Eu não fui notificado de uma entrega,” o guardião disse, não achando suspeito, mas mais uma surpresa. Ele olhou a papelada. “Esse é um formulário antigo.”
Eddie deu de ombros. “Foi o que me deram. Sou meio novo nisso.”
O homem sorriu. “Yeah, você mal parece ser velho o bastante para ter saído da escola.” 21 mai ?Rafaela?
Ele olhou para Lissa e eu, e apesar do meu controle praticado, eu fiquei tensa. O guardião franziu enquanto nos olhava. Lissa tinha me dado um colar, e ela tinha um anel, os dois encantados com uma
leve compulsão para fazer os outros pensarem que éramos humanas. Teria sido muito mais fácil fazer sua vitima usar um talismã e forçar eles a pensar que eles estavam vendo humanos, mas isso não era possível. A magia era mais difícil assim. Ele cerrou os olhos, quase como se tivesse olhando para trás através de uma nevoa. Se os talismãs funcionassem perfeitamente, ele não teria nos olhado duas vezes. Eles eram um pouco falhos. Eles estavam mudando nossa aparência, mas não tanto quanto esperávamos. Era por isso que tínhamos nos dado o trabalho de mudar nosso cabeço: se a ilusão humana falhasse, ainda teríamos uma forma de proteger nossas identidades. Lissa se preparou para trabalhar diretamente com compulsão, embora esperássemos que não chegasse a isso com cada pessoa que encontrássemos.
Alguns segundos depois, o guardião deu as costas para nós, aparentemente decidindo que éramos humanas afinal de contas. Eu inspirei e soltei os punhos. Eu não tinha percebido que os tinha fechado. “Espere um minuto, e vou ligar pra resolver isso,” ele disse a Eddie.
O guardião se afastou e pegou o telefone de dentro da cabine. Eddie olhou para nós. “Até agora tudo bem?”
“Fora o formulário velho,” eu murmurei.
“Não tem como saber se o talismã está funcionando?” perguntou Eddie. 21 mai ?Rafaela?
Lissa deu a ele um dos anéis de Tasha, encantado para fazer ele aparecer bronzeado com cabelo preto. Já que ela não estava alterando a raça dele, a magia só precisava esconder as feições dele. Como nossos talismãs humanos, eu suspeitava que ele não estava projetando exatamente a imagem que ela esperava, mas ele deveria ter alterado a aparência dele o bastante para que ninguém identificasse Eddie mais tarde. Com nossa resistência a compulsão – e sabendo que havia um encanto ali, o que negatizava seus efeitos em sobre nós – Lissa e eu não tínhamos muita certeza de como ele parecia para os outros.
“Tenho certeza que está funcionando,” disse Lissa confiante.
O guardião retornou. “Eles falaram pra vocês entrarem, e eles vão resolver isso lá dentro.”
“Obrigado,” disse Eddie, pegando o antigo formulário de volta.
A atitude do guardião sugeria que esse era um erro normal. Ele ainda foi cuidadoso, mas a ideia de alguém trazer alimentadores para dentro de uma prisão dificilmente era o tipo de coisa que alguém ia iria esperar – ou ver como um risco a segurança.
Pobre cara.
Dois guardas nos receberam quando chegamos na porta da prisão. Nós três saímos e fomos levados conduzidos entre o muro e a própria prisão. Onde em St. Vladimir e a Corte havia um jardim cheio de plantas e árvores, a terra aqui era austera e solitária. Nem mesmo grama, só terra. Era isso que servia como área de exercício dos prisioneiros? Eles sequer tinham permissão para sair? Eu fiquei surpresa por não haver algum tipo de fosso por aqui.
O interior do prédio era tão austero quanto o exterior. As celas da Corte eram frias e áridas, todas de metal e paredes brancas. Eu esperava algo familiar. Mas quem quer que fosse que tinha feito o designe de Tarasov tinha esquecido do visual moderno e ao invés disso imitou o tipo de prisão que poderia ser encontrada na Romenia em tempos medievais. As pedras duras das paredes continuavam pelo corredor, cinza e agourentas, e o ar era frio e úmido. Isso tinha que fazer as condições de trabalho aqui serem desagradáveis para os guardiões designados para cá.
Presumivelmente, eles queriam assegurar que a aparência intimidadora se estendesse por toda parte, até mesmo para prisioneiros entrando pela primeira vez pelos portões. De acordo com nossa planta, havia uma pequena sessão de dormitórios onde os empregados viviam. Com sorte, eles eram melhores.
Decoração do Tempo das Trevas, ou não, passamos pelas câmeras ocasionais enquanto passávamos pelo corredor. A segurança desse lugar de forma alguma era primitiva. Ocasionalmente ouvíamos a batida pesada de uma porta, mas no geral, havia um perfeito e estranho silencio que era quase mais arrepiante do que gritos e berros.
Fomos levados para o escritório do diretor, uma sala que ainda tinha a mesma arquitetura deprimente mas estava cheia dos assessórios administrativos normais: mesa, computador, etc. Ela tinha uma aparência eficiente, nada mais. Nossas escoltas explicaram que
íamos ver o diretor assistente, já que o sênior ainda estava dormindo. Era de se imaginar. O subordinado pegou o turno da noite. Eu esperava que isso significasse que ele estava cansado e pouco observador. Provavelmente não. Isso raramente acontecia com guardiões, não importava quais eram suas designações.
“Theo Marx,” disse o diretor assistente, apertando a mão de Eddie. Ele era um dhampir não muito mais velho que nós, e eu me perguntei se ele tinha sido recentemente designado pra cá. 22 mai ?Rafaela?
“Larry Brown,” respondeu Eddie. Bolamos um nome sem graça para ele, um que não se destacasse, e tinha sido usado na papelada.
Theo não falou com Lissa e eu, mas ele nos olhou da mesma forma confusa que o primeiro cara tinha, enquanto o glamour dos talismãs agia em sua ilusão. Mais uma demora se seguiu, mas mais uma vez, ele caiu. Theo voltou sua atenção para Eddie e pegou seu formulário.
“Esse é diferente do normal” ele disse.
“Não faço ideia,” disse Eddie se desculpando. “É minha primeira vez.”
Theo suspirou e olhou para o relógio. “O diretor vai entrar em serviço daqui duas horas. Acho que vamos ter que esperar até ele chegar para descobrir o que está acontecendo. Sommerfild normalmente não erra.”
Haviam algumas instalações Moroi no país que reuniam alimentadores – aqueles excluídos da sociedade humana que ficavam contentes em passar suas vidas altos devido a endorfinas dos vampiros – e então os distribuíam. Sommerfield era o nome de uma dessas instalações, localizada em Kansas City.
“Eu não sou o único novato deles,” Eddie disse. “Talvez alguém tenha se confundido.”
“Típico,” bufou Theo. “Bem, é melhor você se sentar e esperar. Posso conseguir café se você quiser.”
“Quando vamos ser mordidas?” Eu de repente perguntei, usando a voz mais irritante e sonhadora que consegui. “Faz tanto tempo.”
Lissa seguiu minha deixa. “Eles falaram que seria quando chegássemos aqui.”
Eddie virou seus olhos devido aquele típico comportamento de alimentadores. “Elas estão assim o tempo todo.”
“Posso imaginar,” disse Theo. “Humph. Alimentadores.” A porta do escritório dele estava parcialmente aperta e ele deu um grito chamando. “Hey, Wes? Pode entrar aqui?”
Um dos guardas da escolta enfiou sua cabeça pra dentro. “Yeah?”
Theo nos deu um aceno nos dispensando. “Leve essas duas para área de alimentação para que elas não nos enlouqueçam. Se alguém estiver na fila, eles podem usar elas.” 22 mai ?Rafaela?
Wes acenou e nos chamou. Eddie e eu fizemos o menor contato visual. Seu rosto não demonstrava nada, mas eu sabia que ele estava nervoso. Tirar Victor de lá era nosso trabalho agora, e Eddie não gostava de nós ver entrar na toca do leão.
Wes nos levou através de mais portas e controles de segurança enquanto entravamos mais profundamente na prisão. Eu percebi que a cada setor de segurança que passávamos, eu teria que passar por ele de novo quando escapássemos. De acordo com a planta, a área dos alimentadores estava situada no lado oposto da prisão. Eu assumi que faríamos um caminho por fora, mas ao invés disso entramos direto no centro do prédio – onde os prisioneiros eram mantidos. Estudar as plantas me deu um guia do local, mas Lissa não percebeu para onde estavamos indo até que a placa nos alertou: CUIDADO – AGORA ENTRANDO NA ÁREA DOS PRISIONEIROS (CRIMINAIS). Eu achei que essa era uma placa estranha. Todos aqui não eram prisioneiros?
Portas duplas pesadas bloqueavam essa sessão, e Wes usou tanto um código eletrônico quando uma chave para passar por elas. O ritmo de Lissa não mudou, mas eu senti a ansiedade dela aumentar quando entramos num longo corredor alinhado com celas. Eu também não me sentia melhor, mas Wes – ainda em alerta – não mostrou qualquer sinal de medo. Ele entrava nessa área o tempo todo, eu percebi. Ele sabia que era segura. Os prisioneiros podiam ser perigosos, mas passar por eles era uma atividade rotineira para ele. 22 mai ?Rafaela?
Ainda sim, espiar dentro das celas quase fez meu coração parar. Os pequenos compartimentos eram tão escuros e solitários quanto todo resto, contendo apenas móveis lisos. A maioria dos prisioneiros estava dormindo, graças a Deus. Alguns, no entanto, observavam enquanto passávamos. Nenhum deles disse nada, mas o silencio fazia quase com que fosse ainda mais assustador. Alguns dos Moroi tinham o olhar como de pessoas comuns com as quais você encontra na rua, e eu me perguntei o que eles poderiam ter feito para terminar aqui. Seus rostos eram tristes, sem qualquer esperança.
Eu olhei de novo, e percebi que alguns dos prisioneiros não eram Moroi; eram dhampirs. Fazia sentido, mas mesmo assim isso me pegou desprevenida. Minha própria raça também tinha criminosos para tomar conta.
Mas nem todos os prisioneiros pareciam normais. Outros pareciam definitivamente pertencer a Tarasov. Havia uma malevolência neles, um ar sinistro enquanto seus olhos nos observavam e não paravam de olhar. Eles avaliaram cada centímetro nosso, embora porque motivo, eu não soubesse dizer. Eles estavam buscando algo que os ajudasse a escapar? Eles podiam ver através de nossos talismãs? Eles simplesmente estavam com fome? Eu não sabia, mas me senti agradecida pelo silencio que os guardiões mantinham no corredor. Eu também fiquei agradecida por não ter visto Victor e assumi que ele vivia em outro corredor. Não podíamos arriscar ser reconhecidas ainda. 22 mai ?Rafaela?
Finalmente saímos do corredor dos prisioneiros, passando por outra porta e finalmente chegamos na área de alimentação. Ela também parecia uma masmorra medieval, mas decorações tinham que ser mantidas, pelo bem dos prisioneiros. Fora a decoração, a área de alimentação era similar ao que St. Vladimir tinha, só que era menor. Alguns cubículos ofereciam uma privacidade moderada, e um Moroi que parecia entediado estava lendo um livro numa mesa, mas parecia pronto para adormecer. Só havia um alimentador na sala, um humano de meia idade com aparência acabada, que estava sentado numa cadeira com um sorriso bobo no rosto, encarando o nada.
O Moroi recuou quando entramos, seus olhos se arregalando. Claramente, nós éramos a coisa mais excitante que acontecia para ele a noite toda. Ele não teve aquele momento de desorientação
quando nos viu; ele aparentemente tinha baixa resistência a compulsão, o que era bom saber.
“O que é isso?”
“As duas novas que acabaram de chegar,” disse Wes.
“Mas não requisitamos nada,” disse o Moroi. “E nunca pegamos essas tão novas. Eles sempre nos dão os velhos, usados.”
“Não me pergunte nada,” disse Wes, se movendo em direção a porta assim que indicou cadeiras para Lissa e eu. Estava claro que ele achava que escoltar alimentadores era uma tarefa inferior a ele.
“Marx quer elas aqui até que Sullivan acorde. Meu palpite e que vai acabar sendo um engano, mas elas estavam reclamando de precisar de uma mordida.”
“Maravilha,” rosnou o Moroi. “Bem, nossa próxima refeição será daqui 15 minutos, então posso dar ao Bradley uma pausa. Ele já estão tão caído que eu duvido que ele note que outra pessoa desse sangue ao invés dele.”
Wes acenou. “Vamos ligar quando tudo estiver acertado.”
O guardião saiu, e o Moroi pegou uma prancheta, suspirando. Eu tinha a sensação que todos aqui estavam meio cansados de seus trabalhos. Eu podia entender porque. Esse tinha que ser um trabalho miserável para se trabalhar. Me dê o resto do mundo a qualquer hora. 22 mai ?Rafaela?
“Quem vai vir se alimentar daqui a 15 minutos?” eu perguntei.
O Moroi ergueu sua cabeça surpreso. Não era o tipo de pergunta que uma alimentadora faria. “O que você disse?”
Lissa levantou e o pegou com seu olhar. “Responda a pergunta dela.”
O rosto do homem ficou sem energia. Ele era fácil de compelir. “Rudolf Kaiser.”
Ninguém que alguma de nós reconhecesse. Ele poderia estar aqui por homicídio em massa ou fraude, até onde sabíamos. “Quando será a vez de Victor Dashkov?”perguntou Lissa.
“Duas horas.”
“Altere esse horário. Diga aos guardas dele que houve um ajuste e que ele vai ter que vir agora ao invés de Rudolf.”
Os olhos vazios do Moroi – agora quase tão deslumbrados quando o de Bradley, o alimentador – pareceram levar um momento para processar isso.”Sim,” ele disse.
“Isso é algo que pode acontecer normalmente. Não vai levantar nenhuma suspeita.”
“Não vai levantar suspeitas,” ele repetiu monotonamente.
“Faça isso,” ela ordenou, a voz dura. “Ligue pra eles, arrume tudo, e não tire os olhos de mim.”
O Moroi obedeceu. Enquanto falava no telefone, ele se identificou como Northwood. Quando ele desligou, os arranjos tinham sido feitos. Não tínhamos nada pra fazer agora, a não ser esperar. Meu corpo todo estava tenso. Theo tinha dito que tínhamos cerca de uma hora até que o diretor entrasse em serviço. Ninguém faria perguntas até lá. Eddie simplesmente tinha que matar tempo com Theo e não levantar suspeitas por causa de um erro nos papéis. Se acalme, Rose. Você pode fazer isso.
Enquanto esperávamos, Lissa compeliu Bradley, o alimentador, para que dormisse pesado. Eu não queria testemunhas, nem mesmo drogadas. Eu também virei levemente as câmeras do cômodo, para que elas não conseguissem mais ver as pessoas. Naturalmente, tínhamos que lidar com todo o sistema de vigilância da prisão antes de partir, mas agora, não precisávamos de ninguém da segurança vendo o que estava prestes a acontecer. 22 mai ?Rafaela?
Eu tinha acabado de me acomodar em um dos cubículos quando a porta se abriu. Lissa tinha ficado em sua cadeira perto da mesa de Northwood, para poder manter sua compulsão nele. Ele o instruiu de que eu seria a alimentadora. Eu estava sem vista, mas através dos olhos de Lissa, eu vi o grupo entrar: dois guardiões, e Victor Dashkov.
Ela sentia agora, o mesmo estresse que ela sentiu quando o viu em seu julgamento. Seu ritmo cardíaco aumentou. Suas mãos tremiam. A única coisa que a tinha acalmado no julgamento foi o termino de tudo, saber que Victor ficaria trancado para sempre e incapaz de a ferir de novo.
E agora estavamos prestes a mudar isso.
Lissa forçou seu medo para fora da mente para poder manter seu controle sobre Northwood. Os guardiões ao lado de Victor eram sérios e prontos para ação, embora eles não precisassem estar. A doença que ele carregava a anos – uma pelo qual Lissa tinha temporáriamente o curado – estava começando a rarear seu cabelo de novo. Falta de exercícios e ar fresco pareciam tê-lo afetado também, assim como o limite de sangue que os prisioneiros recebiam. Os guardas o algemaram, só por precaução, e seu peso faziam se curvar, quase se arrastando.
“Por ali,” disse Northwood, apontando para mim. “Aquela.”
Os guardiões passaram com Victor por Lissa, e ele mal a olhou duas vezes. Ela estava trabalhando em dobro com compulsão: mantendo Northwood sobre seu controle e usando um pouco para se fazer insignificante para Victor quando ele passou. Os guardiões o colocaram na cadeira ao meu lado e então se afastaram, ainda observando. Um deles começou a conversar com Northwood, notando nossa juventude e jovialidade. Se eu fizesse isso de novo, eu faria com que Lissa nos fizesse parecer mais velhas. 22 mai ?Rafaela?
Sentado ao meu lado, Victor se inclinou em minha direção e abriu sua boca. Se alimentar era tão como uma segunda natureza, e os movimentos sempre os mesmos, que ele dificilmente tinha que pensar sobre isso. Era provável que ele nem me visse.
Só que, então... ele viu.
Ele congelou, seus olhos ficando selvagens. Certas características marcavam as famílias reais Moroi, e olhos claros num tom verde jade era uma característica entre tanto os Dashkovs quanto os Dragomirs. O olhar resignado e cauteloso dele desapareceu, e a nítida astucia que o caracterizava – o afiado intelecto que eu
conhecia bem – assumiu. O que estranhamente me lembrava de alguns dos prisioneiros dos quais passamos mais cedo.
Mas ele estava confuso. Como as outras pessoas que encontramos, meu talismã estava confundindo seus pensamentos. Seus sentidos diziam a ele que eu era humana... mas a ilusão não era perfeita. Havia também o fato de que Victor, sendo forte em compulsão mesmo não utilizando espírito, era relativamente resistente a ele. E assim como Eddie, Lissa, e eu estivemos imune aos talismãs um do outro porque nós sabíamos nossas verdadeiras identidades, Victor vivenciou o mesmo efeito. Sua mente podia insistir que eu era humana, mas seus olhos diziam que eu era Rose Hathaway, mesmo com minha peruca. E assim que esse reconhecimento foi solidificado, a ilusão de humana desapareceu para ele.
Um devagar e intrigado sorriso se espalhou em seu rosto, mostrando claramente suas pressas. “Oh nossa. Essa pode ser a melhor refeição que eu já tive.” A voz dele mau era audível, coberta pela conversa dos outros.
“Coloque seus dentes em qualquer parte, perto de mim, e será sua ultima refeição,” eu murmurei, a voz tão baixa quanto. “Mas se você quer uma chance de sair daqui e ver o mundo de novo, você fará exatamente o que eu disser.”
Ele me olhou de forma questionadora. Eu respirei fundo, temendo o que eu teria que dizer a seguir.
“Me ataque.” 22 mai ?Rafaela?
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 6
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às 22:30
Marcadores: Academia de Vampiros, Laços do Espírito
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