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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 7

Não com seus dentes,” eu acrescentei apressada. “Atire-se sobre mim. Balance suas algemas. O que você puder fazer.”

Victor Dashkov não era um homem estúpido. Outros poderiam ter hesitado ou feito mais perguntas. Ele, não. Ele podia não saber exatamente o que estava acontecendo, mas sabia que era sua chance de escapatória. Ele era uma pessoa que passou uma grande parte da vida planejando planos grandiosos, então era como um profissional em participar deles.

Erguendo suas mãos o máximo que conseguia, ele partiu para cima de mim, encenando muito bem sua tentativa de me estrangular com a corrente das algemas. Com isso, eu soltei um grito de gelar o sangue. Em um segundo, os guardiães estavam lá para impedir aquele prisioneiro enlouquecido que atacam sem motivo uma pobre garota. Mas quando eles tentaram subjulgá-lo, eu me ergui e ataquei eles. Mesmo que tivessem esperado que eu fosse perigosa – e eles não esperavam – eu os surpreendi de tal forma que eles não tiveram tempo de reagir. Eu quase me senti culpada por quão injusto aquilo foi com eles.

Soquei o primeiro com tanta força que ele soltou Victor e foi lançado para trás, atingindo a parede próxima à Lissa enquanto ela usava compulsão freneticamente em Northwood para que ele ficasse calmo e não chamasse ninguém em meio ao caos. O outro guardião teve um pouco mais de tempo para reagir, mas ele ainda foi lento demais para soltar Victor e voltar suas atenções para mim. Eu usei essa abertura para acertar um soco, começando uma luta entre nós. Ele era grande e formidável e, assim que me viu como uma ameaça, não se segurou. Um golpe em meu ombro fez a dor se espalhar pelo meu braço, e eu respondi com uma joelhada em seu estômago. Enquanto isso, seu parceiro estava de pé e vinha em nossa direção. Eu precisava terminar rápido com aquilo, não só para meu próprio bem, mas também porque não tinha dúvidas de que eles chamariam reforços na primeira chance. 22 mai ?Rafaela?

Eu agarrei o mais próximo e o empurrei de rosto contra a parede com toda a minha força. Ele cambaleou, tonto, e eu repeti aquilo assim que seu companheiro me alcançou. O primeiro guardião caiu, inconsciente. Eu odiava fazer aquilo, mas parte do meu treino envolvia saber a diferença entre incapacitar e matar. Ele devia apenas ficar com uma dor de cabeça. Assim, eu esperava. O outro guardião, porém, era muito mais agressivo, e nós dois circulávamos um ao outro, acertando alguns golpes e esquivando de outros.

“Eu não consigo derrubá-lo!” eu gritei para Lissa. “Precisamos dele. Use a compulsão.”

A resposta dela veio através do elo. Ela iria compelir duas pessoas ao mesmo tempo, mas aquilo exigiria muito esforço. Nós ainda não estávamos fora, e ela ainda não podia arriscar queimar todas as suas energias. A frustração substituiu o medo dentro dela.

“Northwood, vá dormir!” ela gritou. “Aí mesmo. Na sua mesa. Você está exausto e vai dormir por horas.”

Do canto do olho, vi Northwood escorregar, sua cabeça atingindo a mesa com um barulho seco. Todo mundo que trabalhava aqui teria uma concussão quando tivéssemos terminado. Então, eu me atirei sobre o outro guardião, usando todo meu peso para colocá-lo ao alcance do olhar de Lissa. Ela se meteu em nossa briga e ele a olhou surpreso. Era tudo que ela precisava.

“Pare!”

Ele não respondeu tão rápido quanto Northwood, mas ele hesitou. Esse cara era mais resistente.

“Pare de lutar!” ela repetiu com mais convicção, intensificando sua vontade.

Forte ou não, ele não podia resistir contra tanto espírito. Seus braços caírem ao seu lado, e ele parou de brigar comigo. Eu me distanciei para recuperar o fôlego, colocando minha peruca de volta no lugar.

“Segurar esse aí vai ser difícil,” Lissa me disse.

“Difícil por cinco minutos ou por cinco horas?”

“Algo no meio.”

“Então, vamos nos mexer. Pegue a chave de Victor dele.”

Ela ordenou que o guarda lhe desse a chave para as algemas. Ele nos contou que o outro guardião a tinha. Claro, eu remexi o corpo inconsciente – ele estava respirando normalmente, graças a Deus – e peguei a chave. Então, eu dediquei toda a minha atenção a Victor. Assim que a luta começou, ele havia saído do caminho e limitado-se a observar silenciosamente enquanto, sem dúvidas, todas as possibilidades foram se formando em sua mente doentia.

Eu me aproximei e coloquei minha “cara assustadora” enquanto erguia a chave. “Eu vou soltar suas algemas agora,” eu disse, numa voz ao mesmo tempo doce e ameaçadora. “Você vai fazer exatamente o que lhe dissermos para fazer. Você não vai correr,

começar a brigar, ou interferir em nossos planos de qualquer maneira.”

“Hã? Você também usa compulsão hoje em dia, Rose?” ele perguntou secamente.

“Eu não preciso.” Soltei as algemas dele. “Eu posso derrubá-lo tão facilmente quanto fiz com aquele cara ali e arrastá-lo para fora. Não faz diferença para mim.”

As algemas pesadas e as correntes caíram no chão. Aquele ar astuto e presunçoso continuava em seu rosto, mas suas mãos tocaram gentilmente cada pulso. Então, eu notei que havia marcas neles. Aquelas algemas não eram feitas para conforto, mas me recusei a sentir pena dele. Ele olhou de volta para nós.

“Que lindo,” ele comentou. “De todas as pessoas, eu nunca imaginei que seriam vocês que me resgatariam. Ainda assim, em retrospecto, vocês devem ser as mais capazes.”

“Não precisamos dos seus comentários, Hannibal,” eu falei. “E não use a palavra resgatariam. Faz parecer que você é um heroi preso injustamente.”

Ele ergueu uma sobrancelha, como se acreditasse que esse podia realmente ser o caso. Ao invés de discutir, ele acenou com a cabeça em direção à Bradley, que de fato dormira durante a luta. Drogado como estava, a compulsão de Lissa foi mais que o bastante para derrubá-lo.

“Dê ele para mim,” disse Victor.

“O quê?” eu exclamei. “Não temos tempo para isso!” 22 mai ?Rafaela?

“E eu não tenho forças para fazer seja lá o que for que você tem em mente,” silvou Victor. Aquela máscara de sabe-tudo agradável desapareceu, substituída por uma expressão viciosa e desesperada. “Prisão envolve mais do que barras, Rose. Eles dão o mínimo que podem de comida e sangue para nós, tentando nos enfraquecer. Caminhar aqui é o único exercício que tenho, e isso é esforço o bastante. A menos que você realmente planeje me arrastar para fora, dê-me sangue!”

Lissa interrompeu qualquer resposta que eu pudesse dar. “Seja rápido.”

Eu olhei para ela com espanto. Eu estava para negar aquilo a Victor, mas através do elo eu senti uma mistura estranha de sentimentos dentro dela. Compaixão e... compreensão. Ah, ela ainda o odiava. Mas ela também sabia como era viver com sangue limitado.

Piedosamente, Victor foi rápido. Sua boca estava no pescoço do humano praticamente antes que Lissa terminasse de falar. Tonto ou não, sentir os dentes em seu pescoço foi o bastante para despertar Bradley. Ele acordou com um susto, mas sua expressão logo se tornou aquela de prazer que os alimentadores tinham ao receber as endorfinas de vampiros. Um gole rápido de sangue era tudo de que Victor precisaria, mas quando os olhos de Bradley se arregalaram de surpresa, eu percebi que Victor estava tomando mais que um gole rápido. Eu saltei para frente e afastei Victor do alimentador.

“O que diabos você está fazendo?” eu perguntei, sacudindo Victor com força. Isso era algo que eu queria fazer havia tempo. “Você achou que poderia secá-lo e virar um Strigoi na nossa frente?”

“Dificilmente,” respondeu Victor, estremecendo com meu aperto.

“Não era isso que ele estava fazendo,” disse Lissa. “Ele só perdeu o controle por um segundo.”

Sua sede de sangue satisfeita, o jeito tranquilo de Victor retornou. “Ah, Vasilisa. Sempre tão compreensiva.”

“Não presuma nada,” ela rugiu.

Eu lancei olhares a ambos. “Temos que ir. Agora.” Voltei-me para o guardião compelido. “Nos leve à sala onde monitoram todos os vídeos de segurança.” 22 mai ?Rafaela?

Ele não me respondeu e, suspirando, eu olhei para Lissa enquanto esperava. Ela repetiu minha pergunta, e ele saiu da sala imediatamente. Minha adrenalina estava em alta depois da luta e eu estava ansiosa para terminar com tudo aquilo e nos tirar dali. Através do elo, senti o nervosismo dela. Ela podia ter defendido a necessidade de sangue de Victor, mas enquanto caminhava, ela se mantinha o mais distante possível dele. A compreensão de quem ele

era e o que estávamos fazendo a atingiam. Eu queria poder confortá-la, mas não havia tempo.

Ela seguiu o guardião – Lissa perguntou seu nome, era Giovanni – por mais salas e postos de segurança. A rota pela qual ele nos guiou nos levava pela borda da prisão, não através das celas. Eu segurei minha respiração quase todo o tempo, apavorada que pudéssemos encontrar alguém. Muitos outros fatores trabalhavam contra nós; não precisávamos disso também. Nossa sorte se manteve, entretanto, e não encontramos ninguém – de novo, provavelmente o resultado de fazermos isso quase no final da noite e sem passar por uma área de alta segurança.

Lissa e Mia haviam feito o guardião da Corte apagar todos os vídeos de segurança daqui também, mas eu não tinha visto isso. Agora, quando Giovanni nos levou para a sala de vigilância da prisão, eu não pude conter um arquejo; monitores cobriam as paredes e consoles com botões complexos e interruptores estavam diante deles. Mesas cobertas de computadores estavam por toda a parte. Eu sentia como se essa sala tivesse energia para se lançar no espaço. Tudo na prisão podia ser vigiado: cada cela, várias salas, e até mesmo a sala do carcereiro, onde Eddie estava falando besteira com Theo. Dois outros guardiões estavam ali, e eu me perguntei se eles nos viram nas salas. Mas não – estavam muito fixados em outra coisa: uma câmera que estava voltada para uma parede vazia. Era a que eu ajustara na sala dos alimentadores. 22 mai ?Rafaela?

Eles se inclinavam sobre ela, um deles dizendo como deviam chamar alguém para checar lá. Então, os dois ergueram os olhos e nos perceberam.

“Ajude-a a subjulgá-los,” Lissa ordenou a Giovanni.

Mais uma vez, houve hesitação. Estaríamos melhor com um ajudante de vontade mais fraca, mas Lissa não tinha ideia quando ela o escolheu. Como antes, ele acabou entrando em ação. E como antes, o elemento surpresa colaborou muito para vencer aqueles dois guardiões. Eu era uma estranha – imediatamente deixando-os em alerta – mas ainda parecia humana. Giovanni era colega de trabalho deles; eles não esperavam que ele os atacasse.

Isso, o entanto, não fez com que fosse fácil de derrubá-los. Ter ajuda ajudou muito, e Giovanni era bom em seu trabalho. Deixamos

um guardião inconsciente bem rápido. Giovanni usou uma chave de pescoço para cortar brevemente o ar dele até que o fizesse desmaiar. O outro guarda manteve distância de nós, e eu notei seus olhos focando constantemente uma das paredes. Tinha um extintor de incêndio, um interruptor de luz e um botão prateado redondo.

“É um alarme!” exclamou Victor assim que o guardião saltou para apertá-lo. Giovanni e eu nos atiramos sobre ele ao mesmo tempo, parando o cara logo antes que sua mão pudesse tocar o botão e mandar uma legião de guardas pra cima de nós. Um golpe na cabeça derrubou esse guardião também. A cada pessoa que eu derrotava nessa fuga da prisão, um nó de culpa e náusea se apertava mais e mais no meu estômago. Guardiões eram os caras bons, e eu não podia deixar de pensar que estava lutando no lado do mal.

Agora que estávamos sozinhos, Lissa sabia o próximo passo. “Giovanni, desligue todas as câmeras e apague a última hora de gravações.”

Houve uma hesitação maior da parte dele dessa vez. Fazê-lo lutar contra seus ouvidos exigiu muita compulsão forçosa da parte de Lissa. Ela estava mantendo o controle, mas estava enfraquecendo, e seria cada vez mais difícil fazê-lo obedecer seus comandos. 22 mai ?Rafaela?

“Faça,” rugiu Victor, ficando ao lado de Lissa. Ela se encolheu com a proximidade, mas quando o olhar dele uniu-se ao dela, Giovanni aceitou a ordem e começou a acionar interruptores e consoles. Victor não era páreo para o poder de Lissa, mas sua pouca compulsão fortaleceu a dela.

Um por um, os monitores se apagaram, e então Giovanni digitou alguns comandos no computador que guardava os vídeos das câmeras. Luzes vermelhas de erro piscavam nos consoles, mas não havia ninguém para consertá-las.

“Mesmo que ele apague tudo, há aqueles que podem recuperar os dados do disco rígido,” observou Victor.

“É um risco que precisamos correr,” eu disse irritada. “Reprogramar ou seja lá o que for não está no meu repertório de habilidades.”

Victor revirou seus olhos. “Talvez, mas destruição certamente está.”

Levou um momento para eu entender o que ele queria dizer, mas então me caiu a ficha. Com um suspiro, eu agarrei um extintor de incêndio de uma parede e bati com ele no computador até que não sobrou nada além de uma pilha de plástico e fragmentos de metal. Lissa se encolheu a cada golpe e ficou olhando para a porta.

“Espero que seja a prova de som,” ela murmurou.

“Parece resistente,” eu disse confiante. “E agora, é hora de ir.”

Lissa ordenou que Giovanni nos levasse de volta à sala do carcereiro na entrada da prisão. Ele aceitou, nos guiando de volta através do labirinto pelo qual havíamos passado antes. Seus códigos e cartão de segurança nos permitiram passar por cada ponto de segurança.

“Eu não acho que você consiga compelir Theo para nos deixar sair?” perguntei para Lissa.

Sua boca era uma linha sinistra. Ela sacudiu a cabeça. “Não sei nem quanto tempo mais eu posso conter Giovanni. Eu nunca usei alguém como fantoche antes.”

“Está tudo bem,” eu disse, tentando encorajar nós duas. “Estamos quase prontas com isso.” 22 mai ?Rafaela?

Mas nós teríamos mais uma luta em nossas mãos. Depois de derrotar metade dos Strigoi da Rússia, eu ainda me sentia confortável com minha própria força, mas aquele sentimento de culpa não me deixava em paz. E, se encontrássemos uma dúzia de guardiões, minha força não iria se manter.

Eu havia perdido a planta, mas, no final das contas, a rota de Giovanni estava nos levando através do bloco de celas. Outro aviso acima de nossas cabeças dizia CUIDADO – ENTRANDO AGORA NA ÁREA DE PRISIONEIROS (PSIQUIÁTRICA).

“Psiquiátrica?” eu perguntei surpresa.

“Claro,” murmurou Victor. “Onde você acha que eles mandam os prisioneiros com problemas mentais?”

“Para hospitais,” eu respondi, segurando uma piada sobre todos os criminosos tendo problemas mentais.”

“Bem, não é sempre-”

“Pare!”

Lissa o interrompeu e parou subitamente diante da porta. O resto de nós quase se chocou contra ela. Ela se afastou, voltando vários passos.

“O que há de errado?” eu perguntei.

Ela se virou para Giovanni. “Ache outro caminho.”

“Esse é o mais rápido,” ele argumentou.

Lissa sacudiu a cabeça. “Eu não ligo. Ache outro, um pelo qual não nos encontraremos com outros.”

Ele fez uma careta, mas a compulsão se manteve. Ele se virou abruptamente, e nós nos apressamos para acompanhá-lo. “O que há de errado?” eu repeti. A mente de Lissa estava muito confusa para que eu entendesse qualquer coisa. Ela fez uma careta.

“Sinto auras de espírito atrás dali.”

“O quê? Quantas?”

“Pelo menos duas. Não sei se me sentiram ou não.”

Se não fosse pela rapidez de Giovanni e a urgência que nos pressionava, eu teria parado. “Usuários de espírito...” 22 mai ?Rafaela?

Lissa procurou com tanto esforço e por tanto tempo por outros como ela. Quem imaginaria que os encontraria aqui? Na verdade... talvez devêssemos ter esperado isso. Sabíamos que os usuários de espírito dançavam com a insanidade. Por que não terminariam em um lugar como esse? E, considerando o trabalho que tivemos para aprender sobre a prisão, não era de se surpreender que esses usuários estivessem escondidos. Eu duvidava que qualquer um trabalhando aqui sequer soubesse o que eles eram.

Lissa e eu trocamos olhares rápidos. Eu sabia o quanto ela queria investigar, mas agora não era a hora. Victor já parecia muito

interessado no que dissemos, então as próximas palavras de Lissa foram na minha cabeça: eu tenho certeza de que qualquer usuário de espirito veria através de meus encantamentos. Não podemos correr o risco de termos nossas aparências reais descobertas – mesmo que elas viessem de pessoas consideradas loucas.

Eu acenei em entendimento, deixando de lado a curiosidade e o arrependimento. Teríamos que checar isso outra hora – digamos, da próxima vez que decidíssemos invadir uma prisão de segurança máxima.

Finalmente alcançamos o escritório de Theo sem qualquer outro incidente, embora meu coração estivesse acelerado e meu cérebro continuasse me dizendo Vai! Vai! Vai! Theo e Eddie estavam discutindo política da Corte quando nosso grupo entrou. Eddie levantou-se de imediato e foi até Theo, percebendo que era hora de ir. Ele segurou Theo em uma chave de pescoço de forma tão eficiente quando Giovanni fizera antes, e eu fiquei feliz em saber que alguém estava fazendo o trabalho sujo além de mim. Infelizmente, Theo soltou um ganido alto antes de desmaiar. 22 mai ?Rafaela?

Imediatamente, os dois guardiões que nos escoltaram antes invadiram o escritório. Eddie e eu partimos para a luta, Lissa e Victor fizeram Giovanni se unir a nós. Para dificultar as coisas, logo após vencermos um dos guardiões, Giovanni venceu a compulsão e começou a lutar contra nós. Pior ainda, ele chegou a uma parede onde eu descobri – tarde demais – outro botão prateado. Ele bateu com o punho contra este, e um som horrível preencheu o ar.

“Merda!” eu gritei.

As habilidades de Lissa não serviam para luta física, e Victor não era muito melhor. Sobrou para mim e Eddie acabar com esses dois – e tínhamos que ser rápidos. O segundo escolta caiu, então éramos nós e Giovanni. Ele me acertou em cheio – me fez bater com a cabeça na parede. Não foi bom o bastante para me fazer desmaiar, mas o mundo girou e pontos pretos e brancos dançaram diante de meus olhos. Me congelou por um momento, mas então Eddie estava nele, e Giovanni deixou de ser uma ameaça.

Eddie pegou meu braço para me endireitar, então nós quatro saímos correndo da sala. Eu espiei os corpos inconscientes, me odiando novamente por isso. Mas não havia tempo para culpa. Tínhamos

que sair. Agora. Cada guardião na prisão estaria ali em menos de um minuto.

Nosso grupo correu para as portas da frente, só para achá-las trancadas por dentro. Eddie xingou e nos mandou esperar. Ele correu de volta para o escritório de Theo e voltou com um dos cartões de segurança que Giovanni passara constantemente nas portas. É claro que esse nos deixou sair, e nós corremos loucamente até o carro alugado. Nos aglomeramos lá dentro, e eu fiquei agradecida por Victor aguentar todos nós sem fazer um de seus comentários irritantes.

Eddie pisou no acelerador e dirigiu de volta para o caminho pelo qual havíamos vindo. Eu sentei ao seu lado no banco da frente. “Eu garanto que o cara do portão vai ficar sabendo do alarme,” eu alertei. Nossa ideia original era simplesmente sair dizendo que houvera uma bagunça burocrática. 22 mai ?Rafaela?

“É,” Eddie concordou, expressão dura. Como esperávamos, o guardião saiu de seu abrigo no portão, acenando os braços.

“É uma arma?” eu perguntei.

“Não vou parar para descobrir.” Eddie pisou fundo no acelerador, e quando o guardião percebeu que iríamos passar de um jeito ou de outro, ele pulou para fora do caminho. Nós arrebentamos a madeira que bloqueava o caminho, deixando um monte de farpas.

“Bud vai manter nosso depósito,” eu disse.

Atrás de nós, eu ouvi o som de tiros. Eddie xingou de novo, mas a medida que nos distanciávamos, os tiros ficavam mais fracos e, logo, estávamos fora de seu alcance. Ele exalou. “Se tivessem atingido os pneus ou as janelas, teríamos muito mais com que nos preocupar que um depósito.”

“Eles vão mandar pessoas atrás de nós,” disse Victor do banco de trás. Mais uma vez, Lissa ficou o mais longe possível dele. “Devem ter caminhões saindo agora.”

“Você achou que não havíamos previsto isso?” eu respondi. Eu sabia que ele queria ajudar, mas ele era a última pessoa que eu queria ouvir naquele momento. Mesmo enquanto falava, eu espiava a estrada e via as sombras negras de dois veículos acelerando atrás

de nós. Eles estavam avançando rápido, não deixando dúvidas de que os utilitários esportivos logo alcançariam nosso carro compacto.

Eu olhei para o nosso GPS. “Precisamos virar logo,” eu avisei Eddie, não que ele precisasse disso.

Nós mapeamos uma rota de fuga de antemão, uma que dava muitas e muitas voltas nessas estradas remotas. Por sorte, havia muitas delas. Eddie fez uma curva fechada à esquerda, seguida quase imediatamente de uma direita. Mesmo assim, os perseguidores estavam conosco no espelho retrovisor. Foi só após algumas voltas que a estrada atrás de nós ficou limpa.

Um silêncio tenso preencheu o carro enquanto esperamos os guardiões nos alcançarem. Isso não aconteceu. Fizéramos muitas voltas confusas, mas levou quase dez minutos até acreditarmos que tínhamos conseguido. 22 mai ?Rafaela?

“Acho que os despistamos,” disse Eddie, o tom maravilhado de sua voz combinando com meus sentimentos. Seu rosto ainda estava cheio de preocupação, as mãos segurando forte a direção.

“Não teremos despistado eles até deixarmos Fairbanks,” eu disse. “Eu tenho certeza de que eles vão procurar, e não é tão grande assim.”

“Onde vamos?” perguntou Victor. “Se eu posso perguntar.”

Eu me espremi no banco para poder olhá-lo nos olhos. “Isso é o que você vai nos contar. E, por mais difícil que possa parecer, nós não fizemos tudo isso por termos sentido falta de sua companhia agradável.”

“Isso é difícil de se acreditar.”

Eu apertei meus olhos. “Queremos achar seu irmão. Robert Doru.”

Eu tive a satisfação de pegar Victor momentaneamente sem defesas. Então, seu olhar astuto retornou. “É claro. Isso é um desenrolar do pedido de Abe Mazur, não é? Eu devia ter percebido que ele não aceitaria um não como resposta. É claro, eu nunca esperaria que você estivesse ligada a ele.”

Victor parecia não saber que eu estava familiarmente ligada a Abe, e eu não estava interessada em esclarecer isso. “Irrelevante,” eu disse friamente. “Agora, você vai nos levar até Robert. Onde ele está?”

“Você esquece, Rose,” devaneou Victor. “Você não é aquela com compulsão aqui.”

“Não, mas eu sou quem pode amarrá-lo do lado da estrada e fazer uma ligação anônima para a prisão informando a sua localização.”

“Como eu sei que você não vai pegar o que quer de mim e então me mandar de volta do mesmo jeito?” ele perguntou. “Eu não tenho razão para confiar em você.”

“Você está certo. Eu definitivamente não acreditaria em mim. Mas, se isso der certo, há uma chance de deixarmos você ir depois.” Não, não havia. “Isso é algo em que você queira apostar? Você nunca terá outra oportunidade como essa, e você sabe disso.”

Victor não tinha uma resposta espertinha para isso. Mais um ponto para mim.

“Então,” eu continuei, “você vai nos levar até ele ou não?”

Pensamentos que eu não podia ler passaram por trás dos olhos dele. É claro que ele estava planejando como tomar vantagem dessa situação, provavelmente bolando como escapar de nós antes mesmo de chegarmos até Robert. É o que eu teria feito.

“Las Vegas,” Victor disse por fim. “Precisamos ir a Las Vegas.” 22 mai ?Rafaela?

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