Meus testes foram um borrão.
É de se imaginar que, já que era a parte mais importante da minha educação em St. Vladimir, eu lembraria tudo de forma perfeita e cristalina, com detalhes. Mas mesmo assim, meus pensamentos recentes eram meio que de realização. Como esses testes poderiam se comparar ao que eu já enfrentei? Como essas lutas simuladas se comparavam um grupo de Strigoi atacando nossa escola? Eu tive que enfrentar chances pequenas, sem saber se aqueles que eu amava estavam vivos ou mortos. E como eu poderia temer uma "batalha" com um dos instrutores da escola depois de ter lutado com Dimitri? Ele era letal quando dhampir e pior como Strigoi.
Não que eu quisesse fazer pouco dos testes. Eles são sérios. Eu fui atacada por todo lado, por guardiões que tem lutando e defendendo Moroi desde antes deu nascer. A arena não era toda nivelada, o que complicou tudo. Ela estava cheia de engenhocas e obstáculos, vigas a degraus que testaram meu equilibrio - incluindo uma ponta que me lembrou, dolosamente, daquela última noite com Dimitri. Eu o
empurrei depois de empalar a estaca de prata no seu coração - uma estaca que tinha caído durante a queda dele rio abaixo.
A ponte da arena era um pouco diferente daquela de madeira sólida em que Dimitri e eu lutamos na Sibéria. Essa era fragil, um caminho mal construido de tabuas de madeira com apenas cordas para dar suporte. Cada passo fazia toda a ponte balançar e tremer, e buracos nas tabuas me mostravam onde meus ex-colegas tinham (infelizmente para eles) descoberto pontos fracos. O teste o qual eles designaram para mim na ponte, provavelmente foi o pior de todos.
Meu objetivo era levar um “Moroi” para longe de um grupo de “Strigoi” que o estavam perseguindo. Meu Moroi estava sendo bancado por Daniel, um guardião novato que tinha vindo com outros, para escola, para substituir aqueles que foram mortos no ataque. Eu não o conhecia muito bem, mas para esse exercício, ele estava bancando o dócil e indefeso – até um pouco com medo, como qualquer outro Moroi que eu estivesse guardando seria.
Ele foi um pouco resistente em pisar na ponte, e eu usei minha voz mais calma e persuasiva voz para fazer ele finalmente andar na minha frente. Aparentemente eles estavam testando o jeito das pessoas assim como sua habilidade em luta. Não muito longe de nós, é claro, eu sabia que os guardiões que agiam como Strigoi se aproximavam.
Daniel pisou para fora, e eu fiquei atrás dele, ainda assegurando ele enquanto todos os meus sentidos estavam alertas. A ponte balançava largamente, me dizendo com um choque que nossos perseguidores tinham nos alcançado. Eu olhei para trás e vi três “Strigoi” vindo atrás de nós. Os guardiões bancando Strigoi estavam fazendo um excelente trabalho – se movendo com tanta destreza e velocidade como um verdadeiro Strigoi andaria. Eles iam nos alcançar se não acelerássemos.
“Você está se saindo bem,” eu disse a Daniel. Era difícil manter o tom de voz certo. Gritar com um Moroi poderia deixar ele em choque. Muita gentileza o faria achar que isso não era sério. “E eu sei que você pode ir mais rápido. Precisamos ficar na frente deles – eles estão se aproximando. Eu sei que você pode fazer isso. Rápido.”
Eu devo ter passado na parte persuasiva do teste, porque ele de fato aumentou a velocidade – não o bastante para se comparar a
nossos propósitos, mas era um começo. A ponte balanço como louca de novo. Daniel gritou de forma convincente e congelou, agarrando as cordas laterais com força. Na frente dele, eu vi que outro guardião-Strigoi, estava esperando do lado oposto a ponte. Eu acho que o nome dele é Randall, outro instrutor novo. Eu estava presa entre ele e o grupo atrás de mim. Mas Randall continuou parado, esperando na primeira tabua da ponte, para poder balançar ela mais e dificultar nossa passagem.
“Continue em frente,” eu disse, minha mente girando. “Você pode fazer isso.”
“Mas tem um Strigoi lá! Estamos presos,” Daniel exclamou.
“Não se preocupe. Eu cuido dele. Agora mexa-se.”
Minha voz foi brava dessa vez, e Daniel continuou indo para frente, levado por minha ordem. Os próximos momentos exigiram sincronização da minha parte. Eu tive que olhar os “Strigois” dos dois lados e fazer Daniel continuar a andar, e ao mesmo tempo monitorar em que ponto estávamos na ponte. Quando tinhamos atravessado quase 3/4 da ponte, eu disse, “Fique de quatro, agora! Rápido!”
Ele obedeceu, parando. Eu imediatamente me abaixei, ainda falando num meio-tom: “Estou prestes a gritar em você. Ignore.” Em uma voz mais alta, para que os que estavam vindo atrás de nós me ouvissem, eu exclamei, “O que você está fazendo? Não podemos parar!”
Daniel não se mexeu, e eu de novo falei levemente. “Ótimo. Está vendo onde as cordas estão conectadas com a base das tábuas? Agarre elas. Agarre elas com a maior força que puder, e não solte, não importa o que aconteça. Enrole ela ao redor de suas mãos se precisar. Faça isso agora!”
Ele obedeceu. O tempo estava passando, e eu não desperdicei nenhum segundo. Em um movimento, enquanto ainda abaixada, eu virei e cortei as cordas com uma faca que recebi junto com minha estava. A lamina era afiada, graças a Deus. Os guardiões organizando os testes não estavam brincando. Ela não cortou instantaneamente as cordas, mas eu as cortei tão rápido que os „Strigoi‟ nos dois lados não tiveram tempo de reagir.
As cordas partiram assim que eu, de novo, lembrava Daniel de se segurar firme. As duas metades da ponte balançaram em direção a “base” de madeira, carregadas pelo peso das pessoas nela. Bem, o nosso lado foi. Daniel e eu estávamos preparados. Os três, atrás de nós que nos perseguiam, não. Dois caíram. Um mal conseguiu se segurar numa tabua, escorregando um pouco antes de conseguir se firmar. A queda era de 1,8m, mas me falaram para considerar como se fosse 15 metros – uma distancia que me mataria e Daniel também, caso caíssemos.
Contra todas as possibilidades, ele ainda estava agarrado na corda. Eu estava me segurando também, e assim que a corda e a madeira estavam parados contra as laterais da “base”, eu comecei a subir como se fosse uma escada. Não foi fácil subir por cima de Daniel, mas eu consegui, o que me deu mais uma chance de dizer a ele para se segurar firme.
Randall, que esteve esperando na nossa frente, não tinha caído. Mas ele estava com os pés na ponte, quando eu a cortei, e ficou surpreso o bastante para perder o equilíbrio. Rápido para se recuperar, ele agora estava balançando as cordas, tentando subir até o chão firme novamente. Ele estava muito mais próximo do que eu, mas eu consegui agarrar a perna dele e o impedir. Eu o puxei em minha direção. Ele continuou a segurara na ponte, e nós lutamos. Eu sabia que, provavelmente, não conseguiria soltar ele, mas eu fui capaz de continuar a me aproximar. Finalmente, eu soltei a faca que estive segurando e consegui tirar minha estaca do cinto – algo que testou meu equilibrio. A posição desajeitada de Randall me deu uma chance para acertar seu coração, e eu aproveitei.
Para os testes, tínhamos estacas sem ponta, que não iriam perfurar a pele, mas que poderiam ser usadas com força o bastante para convencer nossos oponentes de que sabíamos o que estávamos fazendo. Meu alinhamento foi perfeito, e Randall, aceitando de que teria sido um golpe fatal, soltou seu aperto e caiu da ponte.
Isso me deixou a tarefa dolosa de persuadir Daniel a subir. Levou um tempão, mas de novo, seu comportamento não foi diferente de como um Moroi assustado poderia se comportar. Eu só estava agradecida por ele não ter decidido que um Moroi de verdade teria se soltado e caído.
Depois desse desafio muitos outros vieram, mas eu lutei, nunca diminuindo a velocidade ou deixando a exaustão me afetar. Eu
entrei no “modo batalha”, meus sentidos focados em instintos básicos: lutar, desviar, matar.
E enquanto estava ligada neles, eu ainda tinha que inovar e não cair numa armadilha. Caso contrário, eu não seria capaz de reagir a uma surpresa como na ponte. Eu consegui passar por tudo, batalhando com nenhum outro pensamento a não ser completar as tarefas que me foram apresentadas. Eu tentei não pensar nos meus instrutores como pessoas que eu conhecia. Eu os tratei como Strigois. Eu não poupei socos.
Quando finalmente acabou, eu quase não percebi. Eu estava simplesmente parada ali no meio do campo com mais nenhum ataque vindo em minha direção. Eu estava sozinha. Devagar, eu fiquei mais ciente dos detalhes ao meu redor. A multidão na platéia torcendo. Alguns instrutores acenando uns para os outros enquanto se juntavam. A batida do meu coração.
Apenas quando uma Alberta sorrindo puxou meu braço que eu percebi que tinha acabado. O teste que eu esperei por toda a minha vida, terminou no que pareceu um piscar de olhos.
“Venha,” ela disse, envolvendo seu braço ao redor dos meus ombros e me guiando em direção a saída. “Você precisa tomar um pouco de água e sentar.”
Deslumbrada, eu deixei ela me levar para fora do campo, onde as pessoas ainda estavam torcendo e gritando meu nome. Atrás de nós, eu ouvi algumas pessoas dizendo que eles teriam que fazer uma pausa e consertar a ponte. Ela me levou de volta a área de espera, e gentilmente me sentar num banco. Outra pessoa sentou ao meu lado e me entregou uma garrafa de água. Eu olhei ao redor e vi minha mãe. Ela tinha uma expressão no rosto que eu nunca tinha visto antes: puro e radiante orgulho.
“Acabou?” eu finalmente perguntei.
Ela me surpreendeu de novo com uma genuinamente divertida risada. “Acabou?” ela repetiu. “Rose, você esteve lá por quase uma hora. Você passou como um borrão por esse teste com cores radiantes – provavelmente foi um dos melhores testes que essa escola já viu.”
“Mesmo? Só pareceu...”Fácil não era bem a palavra certa. “Foi uma confusão, só isso.”
Minha mãe apertou minha mão. “Você foi incrível. Estou tão, tão orgulhosa de você.”
Entender isso realmente, realmente me afetou naquele momento, e eu senti um sorriso nos meus próprios lábios, se espalhar. “E agora o que acontece?” Eu perguntei.
“Agora você se torna uma guardiã.”
Eu fui tatuada várias vezes, mas nenhum desses eventos chegou perto da cerimonia e fanfarra que ocorreu enquanto eu recebia minha marca da promessa. Antes, eu recebi tatuagens molija por matanças que fiz em inesperadas e trágicas circunstâncias: lutar com Strigoi em Spokane, o ataque e o resgate na escola – eventos que eram causa para luto e não celebração. Depois de todas essas mortes, a gente meio que perde a conta, e enquanto os guardiões que faziam tatuagens tentavam marcar cada matança individual, eles finalmente me deram uma marca em forma de estrela, que era um jeito chique de dizer que eles tinham perdido a conta de quantas eu tinha feito.
Tatuar não é um processo rápido, mesmo que você esteja fazendo uma pequena, e toda a turma de formandos tinha que receber uma. A cerimonia ocorreu onde, normalmente, era o salão de jantar da Academia, um salão que foi capaz de incrivelmente, transformar-se em algo tão grandioso e elaborado quando o que encontramos no Corte Real. Espectadores – amigos, família, guardiões – enchiam o salão enquanto Alberta chamava nossos nomes, um de cada vez, e lia nossas notas enquanto nos aproximávamos do tatuador. As notas eram importantes. Elas seriam públicas e, junto com nossas notas gerais, influenciariam nossas designações. Moroi podiam pedir certas notas para seus guardiões. Lissa tinha me requisitado, é claro, mas até mesmo as melhores notas no mundo poderiam não compensar por todo mal comportamento no meu histórico.
Não haviam Moroi nessa cerimônia, fora os poucos que foram convidados pelos recém formados. Todos os outros reunidos eram dhampir: ou guardiões da escola ou prestes a se tornar guardiões como eu. Os convidados estavam sentados mais atrás, e os guardiões senior estavam sentados mais a frente. Meus colegas e eu ficamos de pé o tempo todo, talvez como algum tipo de último teste de resistência.
Eu não me importei. Eu troquei minhas roupas rasgadas e sujas e coloquei calças simples e um suéter, uma roupa que parecia
arrumada enquanto ainda tinha um ar solene. Foi uma boa escolha porque o ar no salão estava cheio de tensão, todos os rostos uma mistura de alegria devido a nosso sucesso mas também ansiedade devido a nosso novo, e mortal, papel no mundo. Eu observei com olhos brilhantes enquanto meus amigos eram chamados, surpresa e impressionada com muitas notas.
Eddie Castile, um amigo próximo, conseguiu uma nota particularmente alto em proteção Moroi. Eu não consegui me impedir de sorrir enquanto observava o tatuador trabalhando em Eddie. “Eu me pergunto como ele tirou seu Moroi da ponte,” eu murmurei baixo. Eddie era cheio de recursos.
Ao meu lado, outra amiga minha, Meredith, me deu um olhar confuso. “Do que você está falando?” A voz dela era igualmente suave.
“Quando fomos perseguidos na ponte com um Moroi. O meu foi Daniel.” Ela ainda parecia confusa, e eu elaborei. “E eles colocaram um Strigoi de cada lado?”
“Eu cruzei a ponte,” ela sussurrou, “mas foi apenas eu sendo perseguida. Eu levei meu Moroi através de um labirinto.”
Um olho feio de um novato nos calou, e eu escondi minha confusão. Talvez eu não tenha sido a única que passou pelos testes numa confusão. Meredith tinha confundido os fatos.
Quando meu nome foi chamado, eu ouvi alguns ofegos enquanto Alberta lia minhas notas. Eu tinha as mais altas da turma de longe. Eu estava meio que feliz por ela não ler minhas notas semestrais. Elas teriam tirado, completamente, a gloria do resto da minha performace. Eu sempre me saí bem em aulas de combate, mas matemática e história... bem, esses eram um pouco desleixados, particularmente desde que sempre parecia estar saindo e entrando na escola.
Meu cabelo estava bem preso num rabo de cavalo, com cada fio preso com grampos para que o tatuador não tivesse interferências no seu trabalho. Eu me inclinei para frente para dar a ele uma boa visão e ouvi ele grunhir em surpresa.
Com minha nuca coberta de marcas, ele teve que ser habilidoso. Normalmente um novo guardião tinha uma nuca nua. Mas esse cara era bom, e conseguiu colocar, delicadamente, a marca da promessa
no centro da minha nuca, afinal de contas. A marca da promessa parecia um longo e esticado “S”, com pontas enroladas. Ele a colocou entre as marcas molnija, deixando elas se enrolarem ao redor dele, como um abraço. O processo doeu, mas mantive meu rosto branco, me recusando a fazer careta. Me mostraram o resultado final com um espelho, antes dele cobrir com uma bandagem para que cicatrizasse.
Depois disso, eu me juntei a meus colegas e observei enquanto o resto deles recebia suas tatuagens. O que significou ficar de pé por mais duas horas, mas eu não me importei. Meu cérebro ainda estava revivendo tudo que tinha acontecido hoje. Eu era uma guardiã. O que aconteceria agora? Minhas notas seriam boas o bastante para apagar meu histórico de má comportamento? Eu seria guardiã de Lissa? E quanto a Victor? E quanto a Dimitri?
Eu me remexi, inquieta, enquanto todo o impacto da cerimonia dos guardiões me atingiu. Isso não era apenas sobre Dimitri e Victor. Isso era sobre mim – sobre o resto da minha vida. A escola havia terminado. Eu não teria mais professores me vigiando ou me corrigindo quando eu cometia erros. Todas as decisões seriam minhas quando eu estivesse protegendo alguem. Moroi e dhampirs mais novos olhariam para mim como uma autoridade. E eu não teria mais o luxo de praticar combate num minuto e ficar sem fazer nada no meu quarto no próximo. Não haviam mais aulas para matar agora. Eu estaria sempre em serviço. Essa ideia era desencorajante, a pressão quase demais. Eu sempre igualei a graduação com liberdade. Agora eu não tinha tanta certeza. Que nova forma minha vida iria assumir? Quem decidiria? E como eu iria chegar até Victor se eu fosse designada a proteger qualquer um, a não ser Lissa?
Do outro lado do salão, eu encontrei os olhos de Lissa entre a platéia. Eles queimavam com um orgulho que se comparava ao da minha mãe, e ela sorriu quando nossos olhos se encontraram.
Tire essa cara feia do rosto, ela provocou através do nosso laço. Você não deveria parecer tão ansiosa, não hoje. Você precisa celebrar.
Eu sabia que ela tinha razão. Eu podia lidar com o que estava por vir. Minhas preocupações, que eram muitas, poderiam esperar mais um dia – particularmente já que o humor exuberante dos meus amigos e família asseguravam de que eu iria celebrar. Abe, com aquela influencia que ele sempre parecia ter, tinha separado uma
pequena sala e deu uma festa para mim que parecia mais adequada a uma debutante real, não a uma solitária e descuidada dhampir.
Antes do evento, eu me troquei de novo. Roupas de festa bonitas agora pareciam mais apropriadas do que a roupa formal da cerimônia molnija. Eu coloquei um vestido verde esmeralda de manga curta e meu colar de nazar ao redor do meu pescoço, mesmo que não combinasse. O nazar era um pequeno pingente que parecia um olho, com diferentes tons de azul circulando ao redor. Na Turquia, de onde Abe veio, acreditasse que seja uma proteção. Ele tinha dado para a minha mãe anos atrás, e ela deu para mim.
Até a hora que eu finalmente coloquei maquiagem e escovei meu cabelo numa longa e escura onda (porque minha bandagem não combinava nenhum pouco com o vestido), eu dificilmente parecia alguem capaz de lutar com monstros ou sequer dar um soco. Não – isso não é bem verdade, eu percebi um momento depois. Me olhando no espelho, eu estava surpresa por vir um olhar assobrado em meus olhos castanhos. Havia dor ali, dor e perda que até mesmo o mais bonito vestido e maquiagem não poderiam esconder.
Eu o ignorei e fui para festa, dando um encontrão em Adrian assim que sai do meu dormitório. Sem uma palavra, ele me envolveu em seus braços e me sufocou com um beijo. Eu fui pega totalmente de surpresa. Vai entender. Criaturas mortas vivas não me surpreendem, mas um Moroi da realeza irreverente podia.
E foi um belo beijo, um que eu quase me senti culpada em mergulhar. Eu tinha preocupações quando comecei a sair com Adrian, mas muitas desapareceram com o tempo. Depois de ver ele flertar sem vergonha e não levar nada a sério por tanto tempo, eu nunca esperei ver tanta devoção dele na nossa relação. Eu também não esperei sentir meus sentimentos crescendo por ele – o que parecia tão contraditório considerando que eu ainda amava Dimitri e estava considerando formas impossíveis de salvá-lo.
Eu ri quando Adrian me soltou. Ali perto, alguns Moroi mais jovens tinham parado para nos observar. Moroi saindo com dhampir não era super incomum na nossa idade, mas uma notória dhampir namorando o sobrinho-neto da rainha? Isso era meio que fofoca – especialmente já que era amplamente sabido o quanto a rainha Tatiana me odiava. Haviam algumas testemunhas do meu último encontro com ela, quando ela gritou comigo e me disse para ficar longe de Adrian, mas as fofocas sobre esse tipo de cosia sempre se espalham.
“Gostaram do show?” eu perguntei a nossos voyeurs. Percebendo que tinham sido pegos no flagra, os garotos Moroi rapidamente continuaram seu caminho. Eu virei de volta a Adrian e sorri. “O que foi isso? Foi meio que um super beijo pra dar em público.”
“Isso,” ele disse alegre, “foi sua recompensa por arrasar naqueles testes.” Ele pausou. “E também porque você está totalmente quente neste vestido.”
Eu dei a ele um olhar torto. “Recompensa, huh? O namorado de Meredith comprou pra ela brincos de diamante.”
Ele segurou minha mão e me dei de ombros despreocupado enquanto começamos a andar em direção a festa. “Você quer diamante? Eu te dou diamantes. Eu vou banhar você neles. Diabos, te dou um vestido feito deles. Mas ele vai ser pequeno.”
“Eu acho que vou me conformar com o beijo,” eu disse, imaginando Adrian me vestindo como uma modelo de trajes de banho. Em um pole dance. A referencia a joias também me trouxe de volta uma memória nada bem vinda. Quando Dimitri me manteve presa na Sibéria, me atraindo com sua abençoada complacência com suas mordidas, ele também me banhou com jóias.
“Eu sabia que você era fodona,” continuou Adrian. Uma quente brisa de verão bagunçou o cabelo castanho que ele todo dia levava horas pra arrumar, e com sua mão livre, ele despreocupadamente tentou recolocar ele no lugar. “Mas eu não percebi o quanto, até que vi você derrubando aqueles guardiões.”
“Isso significa que você vai ser mais gentil comigo?” eu provoquei.
“Eu já sou gentil com você,” ele disse animado. “Você tem noção do quanto quero um cigarro agora? Mas não. Eu corajosamente sofro com abstinência de nicotina – tudo por você. Mas eu acho que ver você lá, vai me fazer ter um pouco mais de cuidado ao seu redor. Aquele seu pai louco meio que está me fazendo ter cuidado também.”
Eu gemi, lembrando de como Adrian e Abe estiveram sentados juntos. “Deus. Você realmente teve que ficar com ele?”
“Hey, ele é incrível. Um pouco instável, mas incrível. Nós nos damos muito bem.” Adrian abriu a porta para o prédio que estavamos procurando. “E ele é fodão em seu próprio jeito também. Eu quero dizer, qualquer outro cara que usasse cachecol daquele jeito? Ele seria gozado na escola. Abe não. Ele bate de frente com alguem quase tão fodão quando você. Na verdade...” a voz de Adrian ficou nervosa. Eu dei a ele um olhar de surpresa.
“Na verdade o que?”
“Bem... Abe disse que gosta de mim. Mas ele também deixou claro o que fará comigo se eu te machucar ou fazer algo ruim.” Adrian fez uma careta. “Na verdade, ele descreveu o que ele feria de uma forma bem gráfica. E então, do nada, ele trocou de assunto para um tópico feliz. Eu gosto do cara, mas ele é assustador.”
“Ele exagerou!” Eu parei do lado de fora da sala onde seria a festa. Através da porta, eu ouvi o zuni do de conversa. Nós aparentemente eramos os últimos a chegar. Eu acho que isso significa que eu faria uma grande entrada, apropriada para a convidada de honra. “Ele não tem direito de ameaçar meus namorados. Tenho 18 anos. Uma adulta. Eu não preciso da ajuda dele. Eu mesma posso ameaçar meus namorados.”
Minha indignação divertiu Adrian, e ele me deu um sorriso preguiçoso. “Concordo com você. Mas isso não significa que não vou levar o “conselho” dele a sério. Meu rosto é bonito demais para arriscar.”
O rosto dele era bonito, mas isso não me impediu de balançar minha cabeça em exaspero. Eu alcancei a maçaneta da porta, mas Adrian me afastou.
“Espera,” ele disse.
Ele me pegou nos braços de novo, nossos lábios se encontrando em outro beijo quente. Meu corpo se pressionou contra o dele, e eu me encontrei confusa com meus próprios sentimentos e a realização de que eu estava chegando em um ponto onde eu poderia quere mais do que apenas beijar.
“Ok,” disse Adrian quando finalmente nos afastamos. “Agora podemos entrar.”
Ele tinha o mesmo tom leve em sua voz, mas em seus olhos verde escuro, eu vi a paixão. Eu não era a única considerando mais do que apenas beijar. Até agora, evitamos discutir sobre sexo, e ele foi muito bom em não me pressionar. Eu acho que ele sabia que eu não estava pronta depois de Dimitri, mas em momento assim, eu podia ver o quão dificil era para Adrian se segurar.
Isso suavizou algo dentro de mim, e parada na ponta dos pés, eu dei a ele outro beijo. “O que foi isso?” ele perguntou alguns momentos depois.
Eu sorri. “Sua recompensa.”
Quando finalmente entramos na festa, todos na sala me cumprimentaram com torcida e orgulhosos sorrisos. A muito tempo atrás, eu queria ser o centro das atenções. Esse desejo tinha sumido um pouco, mas agora, eu coloquei um rosto confiante e aceitei os elogios das pessoas que amo com alegria e arrogância. Eu ergui minhas mãos triunfante, recebendo mais aplausos e elogios.
Minha festa foi um borrão quase tanto meus testes. Você nunca realmente sabe quantos pessoas se importam com você até que todas se viram para te apoiar. Isso me fez sentir humilde e quase um pouco chorosa. Mas eu mantive isso pra mim mesma. Eu dificilmente poderia começar a chorar na minha própria festa da vitória.
Todos queriam falar comigo, e fiquei surpresa e feliz cada vez que uma nova pessoa se aproximava. Não era sempre que eu tinha todas as pessoas que eu amava colocadas em um só lugar, e, agitada, percebi que essa oportunidade poderia nunca mais se repetir.
“Bem, você finalmente ganhou sua licença para matar. Já era hora.”
Eu virei e encontrei os olhos divertidos de Christian Ozera, alguém que uma vez foi uma incomodação e que se tornou um bom amigo. Tão bom, de fato, que eu meu humor contente eu o abracei – algo que ele claramente não esperava. Eu estava surpreendendo a todos hoje.
“Whoa, whoa,” ele disse se afastando, corado. “Vai entender. Você é a única garota que fica emocionada por poder matar. Eu nem quero pensar o que acontece quando você e Ivashkov estão sozinhos.”
“Hey, olha quem tá falando. Você está se coçando pra ir lá pra fora também.”
Christian deu de ombros concordando. Era uma regra padrão em nosso mundo: Guardiões protegem Moroi. Moroi não se envolvem em batalhas. E ainda sim, depois dos ataques recentes dos Strigoi, vários Moroi – embora dificilmente a maioria – começou a concordar que era hora para os Moroi dar um passo a frente e começar a ajudar os guardiões. Usuários de fogo como Christian, são particularmente valorosos já que queimado era uma das melhores formas de matar um Strigoi (junto com empalar e decapitar). O movimento para ensinar Moroi a lutar estava atualmente – e propositalmente – empacado no governo Moroi, mas isso não impediu alguns Moroi de praticar em segredo. Christian era um deles. Olhando atrás dele, eu pisquei surpresa. Havia alguem com ele, alguem que eu mal notei.
Jil Mastrano estava parada perto dele como uma sombra. Uma caloura Moroi – bem, prestes a se tornar veterana – Jill se apresentou como alguém que também queria lutar. Ela meio que havia se tornado aluna de Christian.
“Hey, Jill,” eu disse, dando a ela um quente sorriso. “Obrigada por vir.”
Jill corou. Ela estava determinada a aprender a se defender, mas ela ficava corada perto dos outros – particularmente perto das “celebridades” como eu. Murmurar coisas sem sentido era sua reação nervosa. “Eu tive,” ela disse, tirando seu longo cabelo castanho da frente do rosto. Como sempre, ele estava cheio de cachos. “Quero dizer, é tão legal o que você fez. Nos testes. Todo mundo ficou surpreso. Eu ouvi um dos guardiões dizer que nunca viu ninguém como você, então quando Christian me convidou para vir, é claro que eu tive. Oh!” Os olhos verdes dela se arregalara. “Eu nem te dei os parabéns. Desculpe. Parabéns.”
Ao lado dela, Christian lutava para manter o rosto sério. Eu nem tentei e rindo dei um abraço nela também. Eu estava correndo sério perigo de ficar fofa e simpática. Eu provavelmente teria meu status
de guardiã revogado se continuasse assim. “Obrigado. Vocês dois já estão prontos para derrubar um exercito de Strigoi?”
“Em breve,” disse Christian. “Mas podemos precisar do seu apoio.” Ele sabia tão bem quanto eu que Strigoi estava muito longe do alcance deles. A mágica de fogo dele me ajudou muito, mas sozinho? Seria uma história diferente. Ele e Jill estavam ensinando um ao outro a usar mágica de forma ofensiva, e quando eu tinha tempo entre as aulas, eu os ensinava alguns golpes.
O rosto de Jill caiu um pouco. “Vai acabar quando Christian se for.”
Eu virei para ele. Não era surpresa que ele estivesse partindo. Todos iriamos partir. “O que você vai fazer consigo mesmo?” eu perguntei.
Ele deu de ombros. “Vou para a Corte com o resto de vocês. A tia Tasha disse que vamos ter uma “conversa” sobre meu futuro.” Ele fez uma careta. Qualquer que fossem os planos dele, parecia que não eram os mesmos que os de Tasha. A maioria dos Moroi da realeza teria ido para faculdades de elite. Eu não tinha certeza do que Christian tinha em mente.
Era uma pratica padrão que depois da graduação, para novos guardiões irem para a Corte da Realeza Moroi para orientação e receber seus protegidos. Todos iriamos partir em alguns dias. Seguindo o olhar de Christian, eu vi a tia dele cruzar a sala, e deus me ajude, ela estava falando com Abe.
Tasha Ozera tinha quase 30, com o mesmo cabelo preto brilhoso e olhos azuis gelados que Christian tinha. Mas seu rosto lindo estava marcado, no entanto, por uma horrivel cicatriz em um lado – o resultado de ferimentos infligidos pelos próprios pais de Christian. Dimitri foi transformado em Strigoi contra sua vontade, mas os Ozera escolheram propositalmente se transformar, pelo bem da imortalidade. Isso tinha, ironicamente, custado suas vidas, quando os guardiões os caçaram. Tasha tinha criado Christian (quando ele não estava na escola) e era uma dos muitos líderes do movimento que apoiava aqueles Moroi que queriam lutar contra os Strigoi.
Cicatriz ou não, eu admirava ela e ainda a achava bonita. Pela atitude do meu pai, era claro que ele também pensava o mesmo. Ele a serviu uma taça de champagne e disse algo que a fez sorrir. Ela se inclinou para frente, como se estivesse contando a ele um
segredo, e ele riu também. Minha boca de abriu. Mesmo nessa distancia, era óbvio que eles estavam flertando.
“Meu Deus,” eu disse estremecendo, e rapidamente me voltando de volta a Christian e Jill.
Christian parecia divido entre presunção com o meu desconforto e seu próprio desconforto enquanto observava a mulher que ele considerava como uma mãe ser cantada por um cara que parecia um pirata mafioso. Um segundo depois, a expressão de Christian se suavizou quando ele se voltou para Jill e continuou nossa conversa.
“Hey, você não precisa de mim,” ele disse. “Você vai encontrar outros por aqui. Você terá seu próprio clube de super heróis logo, logo.”
Eu me encontrei sorrindo de novo, mas meus sentimentos gentis logo foram despedaçados por um choque de inveja. Mas não era meu. Era de Lissa, passando por nosso laço. Surpresa, eu olhei ao redor e a vi do outro lado da sala, dando um olhar mortal a Christian enquanto ele falava com Jill.
É bom mencionar que Christian e Lissa costumavam namorar. Mais do que namorar. Eles estiveram muito apaixonados, e honestamente, eles meio que ainda estão.
Infelizmente, os eventos recentes tinha prejudicado muito a relação deles, e Christian tinha terminado com ela. Ele a amava mas tinha perdido sua confiança nela. Lissa tinha saido de controle quando outra usuária de espirito, Avery Lazar, tinha querido controlar ela. Nós eventualmente impedimos Avery, e ela estava, da última vez que ouvi, trancada num manicômio. Christian agora sabia as razões para o horrível comportamento de Lissa, mas o dano está feito. Lissa inicialmente esteve deprimida, mas seu pesar foi substituído por raiva.
Ela alega que não quer mais nada a ver com ele, mas nossa ligação a entregou. Ela sempre tem ciumes de qualquer garota com quem ele fala – particularmente Jill, com quem ele tem passado muito tempo ultimamente. Eu sabia, com certeza, que não havia nada romantico acontecendo. Jill idolatrava ele como um professor sábio, nada mais. Se ela tinha uma queda por alguem, era Adrian, que sempre a tratava como uma irmã menor. Nós todos meio que tratavamos, na verdade.
Christian seguiu meu olhar, e a expressão dele endureceu. Percebendo que ela tinha chamado a atenção dele, Lissa imediatamente se afastou e começou a falar com o primeiro cara que encontrou, um dhampir bonito da minha turma. Ela começou a flertar cheia de charme, o que sempre vinha facil com usuários de espiríto, e logo, os dois estavam rindo e conversando de uma forma similar a de Abe e Tasha. Minha festa tinha se transformado em num encontro de casais.
Christian voltou sua atenção de volta para mim. “Bem, parece que ela tem muita coisa para manter ela ocupada.”
Eu virei os olhos. Lissa não era a única com inveja. Assim como ela ficava brava quando ele ficava perto de outras garotas, Christian ficava mau humorado quando ela falava com outros caras. Era irritante. Ao invés de admitir que eles ainda se amavam e só precisavam acertar as cosias, esses dois idiotas continuam a mostrar mais e mais hostilidade um pelo outro.
“Dá pra parar e tentar falar com ela como uma pessoa racional algum dia?” eu rosnei.
“Claro,” ele disse amargamente. “No dia que ela começar a agir como uma pessoa racional.”
“Oh meu Deus. Vocês dois vão me fazer arrancar meus cabelos.”
“Seria um desperdício de bom cabelo,” disse Christian. “Além do mais, ela deixou sua atitude perfeitamente clara.”
Eu comecei a protestar e dizer a ele o qual idiota ele era, mas ele não tinha intenção nenhuma de ficar por ali e ouvir o sermão que eu já tinha dado uma duzia de vezes.
“Anda, Jill,” ele disse. “Rose precisa se misturar um pouco mais.”
Ele rapidamente se afastou, e eu estava prestes a ir atrás dele para colocar alguma razão nele, quando uma nova voz falou.
“Quando você vai consertar isso?” Tasha estava parada perto de mim, balançando a cabeça para o afastamento de Christian. “Esses dois precisam voltar a ficar juntos.”
“Eu sei disso. Você sabe disso. Mas eles parecem não serem capazes de colocar isso na cabeça.”
“Bem, é melhor você trabalhar nisso,” ela disse. “Se Christian for para faculdade do outro lado do país, será tarde demais.” Havia uma nota seca – exasperada – na voz dela, quando mencionou Christian indo para faculdade.
Lissa iria para Lehighm uma universidade perto da Corte, devido a um acordo com Tatiana. Lissa poderia frequentar uma universidade maior do que os Moroi normalmente frequentavam, em troca de passar algum tempo na Corte e aprender sobre o comércio real.
“Eu sei,” eu disse exasperada. “Mas porque sou eu que tenho que consertar isso?”
Tasha sorriu, “Porque você é a única com força o bastante para fazer eles serem razoáveis.”
Eu decidi ignorar a insolência de Tasha, na maior parte porque ela conversar comigo significa que ela não estava falando com Abe.
Olhando ao redor da sala, eu de repente endureci. Ele agora estava conversando com a minha mãe. Eu conseguia ouvir pedaços da conversa deles, apesar do barulho.
“Janiene,” ele disse animado, “você não envelheceu um dia. Você poderia ser irmã de Rose. Você lembra daquela noite na Cappadocia?”
Minha mãe riu. Eu nunca ouvi ela fazer isso antes. Eu decidi que nunca mais queria ouvir. “É claro. E eu lembro o quão ansioso você estava para me ajudar, quando a alça do meu vestido rasgou.”
“Meus Deus,” eu disse. “Ninguém para ele.”
Tasha parecia não estar entendendo até que viu do que eu estava falando. “Abe? Ele é bem charmoso.”
Eu rosnei. “Com licença.”
Eu fui em direção aos meus pais. Eu aceitei que uma vez eles tinham tido um romance – um que levou a minha concepção – mas isso não significa que eu queria vê-los o reviver. Eles estavam
lembrando sobre uma caminhada na praia quando os alcancei. Eu prontamente empurrei o braço de Abe pra longe. Ele estava próximo demais dela.
“Hey, posso falar com você?” eu perguntei.
Ele parecia surpreso, mas deu de ombros. “Certamente.” Ele deu um sorriso sabe-tudo pra minha mãe. “Conversamos mais depois.”
“Nenhuma mulher está segura por aqui?” eu exigi, enquanto eu o afastava.
“Do que está falando?”
Paramos perto do ponche. “Você está flertando com todas as mulheres desta sala!”
Minha acusação não o afetou. “Bem, tem tantas adoráveis mulheres aqui... é sobre isso que você queria conversar?”
“Não! Eu quero falar sobre você ameaçando meu namorado. Você não tinha direito de fazer isso.”
Suas sobrancelhas escuras se ergueram. “O que, aquilo? Aquilo não foi nada. Só um pai cuidando da sua filha.”
“A maioria dos pais não ameaça estripar o namorado de suas filhas.”
“Isso não é verdade. E de qualquer forma, não foi bem o que eu disse. Foi muito pior.”
Eu suspirei. Ele pareceu ficar deleitado com minha exasperação.
“Pense nisso como um presente de formatura. Estou orgulhoso de você. Todos sabiam que você seria boa, mas ninguém sabia que você seria tão boa.” Ele piscou para mim. “Eles certamente não esperavam que você destruisse a propriedade deles.”
“Que propriedade?”
“A ponte.”
Eu franzi. “Eu precisei. Era a forma mais eficiente. Deus, aquele desafio foi uma merda. O que os outros fizeram? Eles não lutaram no meio daquela coisa, lutaram?”
Abe balançou a cabeça, adorando cada minuto do seu conhecimento superior. “Mas ninguém foi posto nessa situação.”
“É claro que foram. Todos enfrentamos o mesmo teste.”
“Não você. Enquanto planejavam os testes, os guardiões decidiram que você precisava de algo...extra. Algo especial. Afinal de contas, você esteve lutando no mundo real.”
“O que?” O volume da minha voz chamou a atenção de alguns outros. Eu abaixei, e as palavras anteriores de Meredith voltaram na minha mente. “Isso não é justo!”
Ele não parecia preocupado. “Você é superior aos outros. Fazer você fazer coisas fáceis não teria sido fácil.”
Eu enfrentei várias coisas ridiculas na minha vida, mas isso era o máximo. “Então eles me fizeram dar uma de dublê na ponte maluca? E se eles ficaram surpresos por eu ter cortado ela, então o que diabos eles esperavam que eu fizesse? De que outra forma eu deveria sobreviver aquilo?”
“Hmm.” Ele acariciou seu queixo distraidamente. “Eu honestamente acho que eles não sabiam.”
“Oh, pelo amor de Deus. Isso é inacreditável.”
“Porque você está com tanta raiva? Você passou.”
“Porque eles me colocaram numa situação que nem eles sabiam como sair.” Eu dei a ele um olhar suspeito. “E como você sabe sobre isso? Isso é assunto de guardiões.”
Uma expressão que eu não gostava nenhum pouco, apareceu no rosto dele. “Ah, bem, eu estava com sua mãe ontem a noite e – “
“Whoa, ok. Paraí,” eu interrompi. “Eu não quero ouvir o que você e minha mãe estiveram fazendo ontem a noite. Eu acho que isso seria pior que a ponte.”
Ele sorriu. “Os dois estão no passado, então não é preciso se preocupar. Aproveite seu sucesso.”
“Vou tentar. Só não me faça mais nenhum favor com Adrian, ok? Eu quero dizer, eu fico feliz por você ter vindo para me dar apoio, mas isso é mais do que o bastante.”
Abe me deu um olhar astuto, me lembrando que por baixo daquela presunção ele era de fato um homem astuto e perigoso.”Você esteve mais do que feliz por me fazer te fazer um favor depois que retornou da Rússia.”
Eu sorri. Ele tinha razão, já que tinha sido capaz de mandar uma mensagem pra dentro de uma prisão de segurança máxima. Mesmo que tivesse levado a nada, ele ainda ganhou pontos.
“Ok,” eu admiti. “Isso foi bem incrível. E sou agradecida. Eu ainda não sei como você conseguiu aquilo.” De repente, como um sonho que você lembra um dia depois, eu lembrei da ideia que tive logo antes dos testes. Eu abaixei minha voz. “Você não foi lá, foi?”
Ele bufou. “É claro que não. Eu não colocaria um pé naquele lugar. Eu simplesmente usei meus contatos.”
“Onde é esse lugar?” eu perguntei, esperando soar desinteressada.
Ele não foi enganado. “Porque você quer saber?”
“Porque estou curiosa! Criminosos condenados sempre desaparecem sem rastro. Sou uma guardiã agora, e eu nem sei nada sobre nosso próprio sistema prisional. É só um prisioneiro? Tem vários?”
Abe não respondeu imediatamante. Ele estava me estudando com cuidado. No negócio dele, ele suspeitava dos motivos de todos. Como filha dela, eu provavelmente era duplamente suspeita. Estava nos genes.
Ele deve ter subestimado meu potencial para insanidades porque ele finalmente disse, “Tem mais de uma. Victor está numa das piores. Se chama Tarasov.”
“Onde é?”
“Agora?” Ele considerou. “No Alasca, eu acho.”
“Como assim, „agora‟?”
“Ela se move conforme o ano passa. Agora é no Alasca. Mais tarde, será na Argentina.” Ele me deu um sorriso bobo, aparentemente se perguntando o quão astuta eu era. “Sabe porque?”
“Não, eu – espera. Luz do sol.” Fazia perfeito sentido. “O Alasca tem sol sem parar por quase todo ano – mas noite sem parar no inverno.”
Eu acho que ele ficou mais orgulhoso do que eu percebi do que dos meus testes. “Qualquer prisioneiro tentando escapar teria dificuldades.” No sol, nenhum Moroi fugitivo iria muito longe. “Não que alguem possa escapar com aquele nível de segurança.” Eu tentei ignorar o quanto isso parecia um agouro.
“Parece que eles a colocaram bem ao norte do Alasca, então,” eu disse, esperando descobrir a localização exata, indiretamente. “Você tem mais luz desse jeito.”
Ele riu. “Nem eu posso te dizer isso. Essa informações os guardiões mantém secreta, enterrada em seus quartéis.”
Eu congelei. Quartéis...
Abe, apesar de ser normalmente observador, não notou minha reação. Os olhos dele estavam observando alguém do outro lado da sala. “Aquela é Renne Szelsky? Ora, ora... ela cresceu bem através dos anos.”
Eu mal humorada o mandei embora, em grande parte porque eu queria ir atrás desse novo plano na minha mente – e porque Renee não era alguem que eu conhecia muito bem, o que fez com que ele, cantar ela, não fosse tão pavoroso. “Bem, não deixe eu te impedir. Vá atrair mais mulheres para sua teia.”
Abe nem enrolou. Sozinha, eu deixei meu cérebro girar, me perguntando se meu esquema em desenvolvimento tinha alguma chance de sucesso. As palavras dele tinham acendido um novo plano na minha mente. Não era muito mais louco que os outros. Do outro lado da sala, eu encontrei os olhos verde jade de Lissa de novo. Com Christian fora de vista, o humor dela melhorou. Ela estava se divertindo e estava excitada com as aventuras que nos
esperavam, agora que estavamos livres no mundo. Minha mente voltou a pensar naquelas ansiedades que eu senti mais cedo. Podemos estar livres agora, mas a realidade ia nos alcançar em breve. O tempo estava passando. Dimitri estava esperando, observando. Eu me perguntei, brevemente, se eu ainda receberia suas cartas semanais, agora que estaria partindo da escola.
Eu sorri para ela, me sentindo meio mal por estragar o humor dela de novo, quando contasse que agora podemos ter uma chance bem real de soltar Victor Dashkov. 20 mai ?Rafaela?
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 2
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
às 22:24
Marcadores: Academia de Vampiros, Laços do Espírito
0 Comments:
Postar um comentário