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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 11

Antes da aula do dia seguinte, eu deixei uma mensagem no escritório dos Alquimistas, pedindo-lhes que precisava que me enviassem uma nota de –Mr. e Mrs. Melrose – dizendo que Jill não podia praticar EF- ou pelo menos atividades ao ar livre. Eu esperava que eles se movessem rapidamente sobre isso. Os Alquimistas eram rápidos quando queriam ser, mas eles às vezes tinham ideias estranhas sobre o que tinha prioridade. Eu esperava que eles não tivessem a mesma atitude que Keith teve com a miséria de Jill. Mas eu sabia que não devia esperar qualquer ação nesse dia, assim Jill teve de sofrer outra aula de EF - e eu tive que sofrer a vê-la sofrer. O que era realmente terrível era que Jill não lamentava ou dizia alguma coisa. Ela nem sequer mostrou qualquer sinal do desastre da noite anterior. Ela estava cheia de determinação e otimismo, como se talvez este dia fosse o dia em que o sol não a afetaria. No entanto, em pouco tempo ela começou a diminuir como da última vez. Ela parecia doente e cansada e meu próprio desempenho vacilou um pouco, porque eu continuava a observá-la com medo que ela desmaiasse. Micah foi em sua salvação. Mais uma vez, ele fez uma troca nas equipes – desta vez logo no inicio da aula. Ele cobriu o lugar dela assim como da última vez, permitindo-lhe escapar do aviso do professor e dos colegas - bem, exceto por Laurel que reparou e se irritou com aquilo. Ela olhava entre eles ferozmente e constantemente esvoaçava o cabelo por cima do ombro, para chamar a atenção dele. Eu me diverti um pouco ao

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verificar que a atenção de Micah permanecia apenas na bola e a manter esta longe de Jill. Micah saltou imediatamente para o seu lado quando a aula terminou e tinha uma garrafa de água pronta, que ela aceitou com gratidão. Senti-me grata também, mas vendo a sua preocupação para com ela, todas as velhas preocupações saltaram. No entanto ela mantinha a sua palavra. Ela retribuiu a sua atenção de forma amigável, mas você definitivamente não podia chamar aquilo de flertar. Embora ele não fizesse segredo de suas intenções, eu ainda me preocupava que seria melhor se ela não teve de lidar com ele. Isto é, eu confiava nela, mas eu não podia ajudar, acho que seria muito mais fácil para todos se ele recuasse os seus avanços. Isso exigiria A Conversa. Temendo o que eu tinha que fazer, eu apaguei Micah fora dos vestiários. Nós dois estávamos à espera que Jill terminasse de se arrumar e eu aproveitei o tempo sozinha com ele. –Hey, Micah,– disse. –Eu preciso falar com você…– –Hey,– ele retribuiu brilhantemente. Seus olhos azuis estavam grandes e animados. –Eu tive uma ideia que lhe queria contar. Se vocês não conseguirem uma autorização, talvez você pudesse ver se podia trocar a hora de EF do horário dela. Se ela se mudasse para o primeiro período de EF, o sol ainda não estaria tão quente. Talvez não fosse tão duro para ela. Quero dizer, ela parece que gostaria de poder participar em algumas coisas.– –Ela gostaria–, disse lentamente. –E isso realmente é uma boa ideia.– –Conheço algumas pessoas que trabalham na secretaria. Vou pedir-lhes para me arranjarem algumas opções e ver se é compatível com o resto das aulas dela.– Ele fez um beicinho. –Eu vou ficar triste por não a ter aqui, mas valeria a pena uma vez que ela não se pareceria tão miserável.– –Sim–, concordei e senti-me de repente fraca e derrotada. Ele realmente teve uma boa ideia. Ele foi ainda altruísta o suficiente para deixar de estar com ela a fim de promover o bem-estar dela. Como eu poderia ter ‘A Conversa’ com ele agora? Como de repente poderia dizer, –Deixe minha irmã em paz–, quando ele de alguma forma estava a dar a sua simpatia? Eu estava desconfortável assim como Eddie, a ter que enfrentar Micah. Este cara era muito simpático para seu próprio bem. Antes que eu pudesse engendrar uma resposta, Micah saiu-se com uma conversa inesperada. –No entanto, você realmente devia levá-la a um médico. Eu acho que ela não tem alergia ao sol.– –Oh?–, perguntei surpresa. –Você não reparou como ela sofre a cada aula?–

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–Não, não, acredite, ela definitivamente tem um problema com o sol–, ele assegurou-me rapidamente. –Mas ela pode ser diagnosticada. Eu li sobre as alergias ao sol, e as pessoas normalmente têm erupções cutâneas. Esta constante fraqueza que ela tem…Eu não sei. Eu acho que pode ser outra coisa.– Oh, não. –Como o quê?– –Não sei–, ele meditou. –Mas eu vou continuar á procura e depois digo-te.– Maravilhoso. EF me deu um primeiro vislumbre da acção das tatuagens metálicas de Amberwood. Foi impossível não prestar atenção a Greg Slade durante a aula, e eu não fui a único que me distraí. Assim como Kristin e Julia tinham dito, ele realmente estava mais rápido e mais forte. Ele fazia mergulhos rápidos que ninguém conseguia reagir o suficiente para impedir as bolas. Quando ele batia na bola era uma maravilha nós não ouvirmos um estrondo sônico. Isto era algo bom a princípio, mas logo, notei algo. Havia uma desvantagem no seu jogo. Ele estava cheio de habilidade, sim, mas às vezes era tosco. Aquelas jogadas poderosas nem sempre ajudava, porque ele enviava a bola para fora dos limites. E para fazer passes, ele raramente jogava com aqueles ao redor dele. Quando um cara da minha aula de Inglês caiu e bateu com as costas no chão, simplesmente porque estava no caminho entre a bola e Slade, Miss Carson parou o jogo e rugiu seu descontentamento sobre a agressão de Slade. Ele ouviu-a com um sorriso mal-humorado. –Pena Eddie não estar nesta classe–, disse Jill depois. –Ele seria um adversário á altura de Slade– –Talvez seja melhor ninguém perceber–, comentei. Eddie, do que eu tinha ouvido falar, já era um atleta brilhante em sua classe de EF. Fazia parte da natureza de um dhampir serem bons atletas e eu sabia que ele fazia de tudo para não ser bom a todas as modalidades. Fui ter com Ms. Terwilliger depois de EF, feliz por encontrar a minha professora totalmente abastecida com o seu próprio café. Passei a maior parte do período a folhear um livro e a tomar notas no meu laptop. A meio do tempo, ela se aproximou para verificar o meu trabalho. –Você é muito organizada–, disse ela olhando por cima do meu ombro. –Títulos e subtítulos e sub-subtitulos.– –Obrigado–, disse. Jared Sage tinha sido muito exigente com as habilidades de pesquisa das crianças. Ms. Terwilliger bebeu um gole de café e continuou a leitura da tela. –Você

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não registou o ritual e os passos a ter com o feitiço–, ressaltou momentos depois. –Você apenas resumiu-as em algumas linhas.– Bem, sim, esse era o objetivo das anotações. –Cito todos os números de página–, disse. –Se você precisar verificar os componentes reais, há uma referência fácil.– –Não…volta atras e coloca todos os passos e ingredientes nas suas anotações. Eu quero tê-los todos em um só lugar.– ‘Você as tem num lugar’, eu quis dizer. ‘No livro’. Anotações serviam para reduzir o texto, não para voltar a escrever o texto original palavra por palavra. Mas Ms.Terwilliger já se tinha afastado, olhando para o armário de arquivos dela distraidamente, enquanto murmurava para si mesma sobre uma pasta fora de lugar. Com um suspiro, voltei para o início do livro, tentando não pensar em como isso me iria reter por mais tempo. Pelo menos eu estava apenas fazendo isto por crédito e não para ser avaliada. Fiquei até o som da campainha da manha tocar, para recuperar com um esforço algum tempo perdido. Quando voltei ao meu quarto, eu acordei Jill que ainda estava dormindo depois de um dia desgastante. –Boas notícias–, disse a ela quando piscou para mim com olhos sonolentos. –É dia de alimentação.– Definitivamente, as palavras que eu nunca pensei dizer um dia. E também não pensei que ficaria animada por isso. E com certeza, certamente não estava entusiasmado com a ideia de Jill morder o pescoço de Dorothy. Eu estava, no entanto, me sentindo mal por Jill e alegre por ela conseguir algum alimento. Ter um suprimento limitado de sangue tinha tornado as coisas duplamente difíceis para ela. Nós nos encontramos lá em baixo com Eddie quando chegou a hora de ir. Ele olhou para Jill preocupado. –Você está bem?– –Estou bem–, disse ela com um sorriso. Ela nem parecia tão ruim quanto ela tinha parecido antes. Estremeci ao pensar no que Eddie teria feito se ele realmente estivesse na nossa classe e visto ela no seu pior. –Porque isto ainda continua?–, ele me perguntou.–Você não ia falar com Keith?– –Estamos um pouco atrasados,– disse evasivamente, levando -os para onde Latte estava estacionado no parque dos estudantes.–Nós vamos conseguir aquilo.– Se os alquimistas não trouxessem a autorização, eu ia tentar a ideia de Micah e conseguir coloca-la na aula da manha de EF. –Nós sabemos que você vai–, disse Jill. Eu mal podia pegar a simpatia em sua voz,

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lembrando-me que ela sabia sobre a minha luta com Keith ontem. Eu esperava que ela não fosse falar isso na frente de Eddie e fui salva quando ela mudou para um tópico de forma surpreendentemente aleatória. –Você acha que podemos pegar alguma pizza pelo caminho? Adrian não quer mais a comida de Dorothy.– –Que terrível para ele–, comentou Eddie, ficando no banco de trás e deixando ela o banco da frente. –Ter um chef pessoal á mão para fazer qualquer coisa que ele queira. Eu não sei como isso o aborrece.– Eu ri, mas Jill parecia indignada em nome de Adrian. –Não é a mesma coisa! Ela cozinha muitas coisas deliciosas.– –Ainda estou esperando pelo problema–, disse Eddie. –Ela ao mesmo tempo fá-las saudáveis. Ela diz que é melhor para Clarence. Assim, nunca há qualquer sal, ou pimenta, ou manteiga. – Meu Deus, quantas vezes ela e Adrian falaram? –Não há nenhum sabor em nada. E esta o deixando louco.– –Tudo parece deixa-lo louco–, comentei lembrando-me do seu pedido para uma nova hospedagem. –E ele não pode ter considerado isso tão ruim. Ele não foi a LA na última noite?– Jill me respondeu com uma carranca. No entanto, eu tive a sensação de que estaríamos indo para a casa de Clarence por um tempo, e eu, pessoalmente, não queria comer qualquer coisa preparada naquela casa. Então, por razoes egoístas eu concordei em parar num takeway e comprar algumas pizzas. O rosto de Adrian estava radiante quando entramos na sala de visitas – ao lado da sala do bilhar – e parecia que nós eramos a sua primeira visita na casa de Clarence. –Jailbait–, declarou ele saltando para cima. –Você é uma santa. Uma deusa, mesmo.– –Hey,– disse. –Eu sou a única que pagou por elas.– Adrian carregou uma das caixas para o sofá, para o desgosto de Dorothy. Ela saiu murmurando sobre pratos e guardanapos. Adrian me deu um aceno de concordância. –Você também é demais, Sage–, disse ele. –Bem, bem, o que temos aqui?– Clarence veio cambaleante para a sala. Eu não tinha notado antes, mas ele usava uma bengala para se mover. Tinha uma cabeça de uma cobra de cristal em cima, que era ao mesmo tempo impressionante e assustador. Apenas o tipo de coisa que você imaginaria para um vampiro de idade. –Parece uma festa.– Lee estava com ele, cumprimentando-nos com sorrisos e acenos. Seus olhos pousaram brevemente em Jill e fez por se sentar perto dela - mas não demasiado perto. Jill estava animada mais do que em dias. Todo mundo estava apenas começando a comer da pizza quando Dorothy apareceu á entrada com um novo hóspede. Senti meus olhos se

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arregalarem. Era Keith. –O que você está fazendo aqui?– perguntei mantendo a voz neutra. Ele piscou. –Vim ver todo o mundo e certificar-me se tudo está bem. Esse é meu trabalho – olhar por todos.– Keith estava conversador e amigável e se serviu de pizza, sem indicação da nossa última luta. Ele sorria e falava com todos como se fossemos todos os melhores amigos, deixando-me totalmente desnorteada. Ninguém parecia pensar nada de estranho no seu comportamento - mas então, porque eles pensariam? Nenhum deles tinha a minha história com Keith. Não – isso não era bem verdade. Apesar de estar numa conversa profunda com Eddie, Adrian fez uma pausa para me dar um olhar curioso, silenciosamente perguntando sobre a luta de ontem. Ele olhou para Keith e depois para mim. Eu encolhi os ombros, impotente, deixando-o saber que estava tão confusa com a mudança de atitude. Talvez Keith lamentava a sua explosão de ontem. É claro, que aquilo teria sido muito mais fácil de aceitar se tivesse vindo com, oh, um pedido de desculpas. Eu mordisquei um pedaço de pizza de queijo, mas na maioria eu observava os outros. Jill estava animadamente a contar os seus dias para Adrian, visivelmente deixando de parte os momentos negativos. Ele ouviu-a com indulgência, balançando a cabeça e fazendo exclamações ocasionais espirituosas. Algumas das coisas que ela disse a ele eram bastante básicas, e fiquei surpresa ao achar que as conversas por telefone não eram suficientes. Talvez ele tivesse muita coisa para dizer nesses momentos, que não havia nenhuma oportunidade para ela. Fosse como fosse, ele não fez nenhuma menção do seu tédio ou outras queixas. Clarence ocasionalmente conversava com Eddie e Lee, mas seus olhos constantemente desviavam-se para Jill. Havia um olhar melancólico em seus olhos e me lembrei que sua sobrinha era apenas alguns anos mais velha que Jill. Eu me perguntava se talvez parte da razão por ele ter estado tão disposto a assumir todos nós, se encontrava no esforço dele para recuperar alguma parte da vida familiar que havia sido perdida. Keith se sentou perto de mim, me fazendo ficar desconfortável no início, mas depois, me deu um motivo para usufruir do seu cérebro. Vendo os outros envolvidos a conversar, perguntei-lhe baixinho, –Você já ouviu falar sobre as tatuagens Alquimistas se tornarem do conhecimento geral da população?– Ele me deu um olhar assustado em troca. –Eu nem sequer sei o que isso significa.–

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–Em Amberwood, há essa tendência. Há, aparentemente, um lugar na cidade que faz tatuagens metálicas e elas têm propriedades especiais - tipo como as nossas. Algumas dão tipo apenas um prazer alto. Outros parecem ter o efeito dos esteroides.– Ele franziu o cenho. –Elas não são presas com ouro, são?– –Não. Prata e cobre. No entanto, elas não duram. Provavelmente para que os fabricadores possam fazer mais dinheiro.– –Mas, então, não podem ser as nossas–, ele argumentou. –Nós não usamos esses metais para as tatuagens á séculos.– –Sim, mas alguém pode estar a usar a tecnologia Alquimista para as criar.– –Só para levar as pessoas a ter um alto prazer?–, ele perguntou. –Eu nem mesmo sei como você soube sobre os agentes serem metálicos.– –Eu tenho algumas ideias–, disse. –E deixe-me adivinhar. Elas envolvem misturas de narcóticos.– Quando balancei a cabeça, ele suspirou e me deu um olha como se eu tivesse dez anos. –Sydney, isto mais me parece que alguém provavelmente encontrou um método simples para as tatuagens como nós, mas não tem nenhuma conexão. Se sim, não há nada que possamos fazer sobre isso. Drogas acontecem. Coisas ruins acontecem. Se não for misturado com o negócio dos Alquimistas, então não é o nosso negócio.– –Mas e se estiver ligado ao negócio dos Alquimista?– perguntei. Ele gemeu. –Vês? É por isso que eu estava preocupado sobre você vir, essa tendência que você tem de correr fora com tangentes e teorias selvagens.– –Eu não…– –Por favor, não me envergonhe–, ele sussurrou lançando um olhar para os outros. –Nem com eles, nem com os nossos superiores.– Sua repreensão me silenciou, principalmente por surpresa. O que ele queria dizer com essa ‘tendência’ que eu tinha? Ele realmente estava sugerindo que ele tinha feito alguma análise psicológica profunda sobre mim anos atrás? A ideia de eu o embaraçar era ridícula…e mesmo assim as suas palavras plantaram a semente de dúvida em mim. Talvez as tatuagens de Amberwood eram apenas uma moda passageira. –Como você se está saindo em EF?– As palavras de Adrian me trouxeram de volta á sala. Ele ainda estava recebendo o resumo dos dias de Jill. Ela fez uma careta para a questão. –Não muito bem–, admitiu ela, dando um resumo de alguns piores momentos. Eddie me atirou um olhar significante semelhante à de antes.

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–Você não pode continuar assim–, exclamou Lee. –O Sol daqui é brutal.– –Eu concordo–, disse Keith, de todas as pessoas. –Sydney, porque você não me disse que era tão ruim assim?– Eu acho que meu queixo caiu no chão. –Eu disse! Era por isso que eu estava tentando fazer com que você entrasse em contato com a escola.– –Você realmente não me deu a história toda.– Ele piscou para Jill com um dos seus sorrisos açucarados. –Não se preocupe. Eu vou cuidar disso para você. Vou entrar em contato com o diretor da escola - e os Alquimistas.– –Eu já conversei com eles–, argumentei. Mas eu poderia muito bem não ter dito nada. Keith já tinha mudado de tópico e estava a falar com Clarence sobre algo irrelevante. De onde veio esta reviravolta? Ontem, o desconforto de Jill era pouco importante. Hoje, Keith era o seu cavaleiro de armadura reluzente. E pelo meio, ele estava a sugerir que eu era a única que fez asneiras. Mas eu percebi que esse era o plano dele. Ele não me queria aqui. Ele nunca quis. Então algo muito pior me ocorreu. Ele vai usar isto para iniciar a construção de um caso contra mim. Do outro lado da sala, Adrian chamou minha atenção novamente. Ele sabia. Ele tinha escutado a conversa com Keith na garagem. Adrian ia começar a falar, e eu sabia que ele ia chamar a atenção de Keith para a sua mentira. Era galante, mas eu não queria que ele falasse. Eu ia lidar com Keith sozinha. –Como foi em LA?– perguntei rapidamente, antes que Adrian tivesse a chance de dizer alguma coisa. Ele olhou para mim com curiosidade, sem dúvida, perguntando porque eu não iria deixá-lo ser testemunha do meu caso. –Você foi lá com Lee na última noite, certo?– Adrian parecia confuso, mas um sorriso suavizou o seu rosto. –Sim–, ele disse por fim. –Foi ótimo. Lee me mostrou a vida universitária.– Lee riu. –Eu não iria tão longe. Eu não sei onde você esteve metade da noite.– Adrian tinha aquele olhar em seu rosto que de alguma forma parecia encantador, mas me deu vontade de esbofeteá-lo ao mesmo tempo. –Nos separamos. Eu estava indo conhecer alguns outros Moroi na área.– Mesmo Eddie não pode ficar calado com isso. –Oh, é isso que você chama aquilo?– Jill levantou-se abruptamente. –Eu vou pegar o meu sangue agora. Se estiver tudo bem?–

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Houve um momento de silêncio constrangedor, em grande parte porque eu achei que ninguém realmente sabia a quem ela estava pedindo permissão. –Claro, minha querida–, disse Clarence, fazendo seu papel de anfitrião. –Acredito que Dorothy está na cozinha.– Jill deu um breve aceno de cabeça e correu para fora da sala. O resto de nós trocou olhares confusos. –Há algo de errado?–, perguntou Lee, com ar preocupado. –Devo…devo ir falar com ela?– –Ela ainda está apenas estressada,– disse não ousando mencionar os episódios de gritaria ou de choro. –Pensei em algo que pudesse ser divertido para ela…para todos nós fazermos–, disse ele hesitante. Ele olhou ao redor e então se fixou o seu olhar em mim. Eu acho que eu era designada mãe aqui. –Se você achar tudo bem. Eu quero dizer…é meio boba, mas eu pensei que poderíamos ir ao mini golfe, à noite. Eles têm todas essas fontes e piscinas no campo. Ela é usuária de água, certo? Ela deve sentir falta disso aqui.– –E sente–, disse Eddie franzindo a testa. –Ela mencionou isso ontem.– Eu tremi. Keith, que estava a escrever uma mensagem em seu celular, congelou. Não importa nossas diferenças, nós ainda compartilhávamos um núcleo de formação semelhante, e nós dois estávamos inquietos com a ideia da magia dos Moroi. –Ela provavelmente vai adorar isso–, disse Adrian. Ele parecia relutante ao admitir isso. Eu acho que ele ainda estava desconfortável com a ideia de Lee estar interessado em Jill, não importa o quão amigável os dois rapazes eram. A ideia de Lee era inocente e consciente. Difícil de encontrar uma falha. Lee inclinou a cabeça, pensativo. –Aos fins-de-semana o toque de recolher é mais tarde, certo? Você quer ir hoje à noite? – Era sexta-feira, garantindo-nos uma hora extra no nosso dormitório. –Eu jogo–, disse Adrian. –Literalmente e figurativamente.– –Se Jill for, eu vou–, disse Eddie. Eles olharam para mim. Eu estava preso. Eu queria voltar e recuperar o atraso dos deveres de casa. Embora, dizer isto soava patético e eu acho que tinha de representar como companheira feminina de Jill. Além disso, eu me lembrei, que esta tarefa não era sobre mim e sobre os meus estudos, não importa o quanto eu fingisse ser. Tratava-se de Jill. –Eu posso ir–, disse lentamente. Pensando que isto soava muito bem como confraternizar com vampiros, eu olhei inquieta para Keith. Ele estava a escrever

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novamente mensagens, uma vez que não estávamos a conversar sobre magia. –Keith?– perguntei como a pedir permissão. Ele olhou para cima. –Huh? Oh, eu não posso ir. Eu tenho que estar num lugar.– Tentei não fazer uma careta. Ele me interpretou mal e pensou que estávamos a convida-lo. O lado bom era que ele também não estava a contestar o resto de nós ir. –Ah, que legal–, disse Clarence. –Uma saída de jovens. Talvez vocês compartilhem uma taça de vinho comigo primeiro?– Dorothy entrou naquele momento com uma garrafa de vinho tinto e Jill atrás dela. Clarence sorriu para Adrian. –Eu sei que você gostaria de um copo.– A expressão de Adrian lhe disse que definitivamente aceitava. Em vez disso, Adrian respirou fundo e sacudiu a cabeça. –É melhor não.– –Você deveria–, disse Jill suavemente. Mesmo depois de uma bebida curta de sangue, ela parecia cheia de vida e energia. –Não é possível–, disse ele. –É fim de semana–, ela disse a ele. –Não é assim grande coisa. Especialmente se você tiver cuidado.– Os dois trocaram olhares e então, finalmente, ele disse, –Tudo bem. Um copo para mim.– –Para mim também, por favor–, disse Keith. –Sério?– perguntei a ele. –Eu não sabia que você bebia.– –Tenho 21–, ele respondeu. Adrian aceitou o copo de Dorothy. –De alguma forma, eu penso que não é uma preocupação para Sage. Pensava que os Alquimistas evitavam o álcool da mesma forma que fazem com as cores primárias.– Olhei para baixo. Estava a usar uma roupa cinza. Keith vestia marrom. –Um copo não vai doer–, disse Keith. Eu não discuti com ele. Não era meu dever tomar conta de Keith. E os Alquimistas não tinham regras contra o álcool por si só. Tínhamos fortes crenças religiosas sobre o que significava viver um estilo de vida boa e pura, e beber era geralmente olhado como algo baixo. Era proibido? Não. Era um costume que eu considerava importante. Se ele não considerava, eu acho que era escolha sua. Keith estava a levar o copo aos lábios, quando Adrian disse, –Mmm. O positivo, o meu favorito.– Keith cuspiu o vinho que tinha acabado de beber e prontamente começou a tossir.

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Fiquei aliviada por nenhuma gota ter caído em cima de mim. Jill explodiu em gargalhadas, e Clarence olhou para o copo com admiração. –É? Eu pensava que era um Cabernet Sauvignon*.– –Então é isso–, disse Adrian com um olhar serio. –Enganei-me.– Keith deu a Adrian um sorriso apertado, como se ele também achasse engraçado a piada dele, mas eu não me deixei enganar. Keith estava possesso por ter sido ridicularizado, e não importa quão amigável ele fingiu estar com todos, seu ponto de vista sobre os vampiros e dhampirs eram tão implacável como nunca. Claro, provavelmente Adrian não estava a ajudar nisso. Honestamente eu achei aquilo muito engraçado, mas fiz um esforço para esconder o meu sorriso para que Keith não ficasse bravo comigo novamente. Foi difícil de conseguir porque pouco tempo depois, disfarçadamente Adrian me deu um sorriso d que parecia dizer ‘É a paga por mais cedo.’ Eddie olhou para Jill. –Estou feliz por você se ter alimentado hoje. Eu sei que você estava ansiosa por aprender alguns movimentos de defesa, mas eu quis esperar até que você recuperasse as forças.– Jill iluminou-se. –Podemos fazer isso amanhã?– –É claro–, disse ele parecendo tão feliz com isso como ela. Keith franziu a testa. –Porque ela deveria aprender a lutar quando ela tem você ao seu lado? – Eddie deu de ombros. –Porque ela quer e ela deve ter todas as vantagens que poder ter.– Ele não mencionou especificamente as tentativas á sua vida - não em frente de Lee e Clarence - mas o resto de nós compreendeu. –Contudo, eu pensava que os Moroi não eram bons em combate–, disse Keith. –Principalmente porque eles não são treinados para isso. Eles não são tão fortes como nós, verdade, mas seus reflexos são melhores que os seus–, explicou Eddie. –É apenas uma questão de aprender as habilidades e ter um bom professor.– –Como você?– Eu o provoquei. –Eu não sou mau–, disse modestamente. –Eu posso treinar qualquer um que queira aprender.– Ele deu uma cotovelada Adrian, que estava a pegar no vinho para se reabastecer. –Mesmo este cara.– –Não obrigado–, disse Adrian. –Estas mãos não se sujam com luta.– –Ou com o trabalho manual–, comentei, me lembrando do seu comentário anterior.

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–Exatamente,– disse ele. –Mas talvez você devesse pedir a Castile para lhe mostrar como dar um soco, Sage. Pode vir a calhar. Parece ser uma habilidade que uma jovem como você devia saber.– –Bem, obrigado pelo voto de confiança, mas eu realmente não sei quando vou precisar disso,– disse. –É claro que ela precisa de aprender!– A exclamação de Clarence pegou todos nós de surpresa. Eu realmente pensei que ele estava cochilando, uma vez que ele tinha os olhos fechados momentos antes. Mas agora, ele estava inclinado para a frente com uma expressão de zelo. Eu aninhei-me sob a intensidade do seu olhar. –Você deve aprender a se proteger!– Ele apontou para mim, depois virou-se para Jill. –E você. Promete que você vai aprender a se defender. Promete-me.– A luz dos olhos verdes de Jill se arregalara com o choque. Ela tentou dar-lhe um sorriso tranquilizador, embora tivesse um pouco de inquietação. –Claro Sr. Donahue. Eu vou tentar. E até lá, eu tenho o Eddie para me proteger dos Strigoi.– –Não dos Strigoi!– Sua voz caiu para um sussurro.–Os caçadores de vampiros.– Nenhum de nós disse nada. Lee parecia mortificado. Clarence apertou a sua taça de vinho com tanta força que me preocupou que pudesse quebrar. –Ninguém falou sobre isto naquela época - de nos defender por nós mesmos. Talvez se Tamara tivesse aprendido alguma coisa, ela não teria sido assassinada. Não é tarde demais para você - para qualquer um de vocês.– –Pai, nós já conversamos sobre isso–, disse Lee. Clarence o ignorou. O olhar do velho alternava entre mim e Jill, e eu me perguntei se ele mesmo sabia que eu era humana. Ou talvez isso não importasse. Talvez ele só tivesse um instinto de proteção, ligeiramente demente, para com todas as raparigas da mesma idade que Tamara. Eu tipo que esperava ver Keith salientar grosseiramente que não havia tal coisa, tipo caçadores de vampiros, mas ele estava estranhamente silencioso. Eddie foi quem finalmente falou com palavras suaves e gentis. Ele que tantas vezes exalava a impressão de um guerreiro duro, foi surpreendente perceber que ele também podia ser realmente muito compassivo. –Não se preocupe–, disse Eddie. –Eu vou ajudá-las. Eu vou manter -las a salvo e certificar-me que nada de ruim acontece com elas, ok?–

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Clarence ainda parecia agitado, mas focou-se em Eddie esperançado. –Você promete? Você não vai deixá-los matar Tamara de novo?– –Eu prometo–, disse Eddie sem mostrar como aquele pedido era estranho. Clarence estudou Eddie mais alguns segundos e em seguida assentiu. –Você é um bom rapaz.– Estendeu a mão para a garrafa de vinho e encheu o seu copo. –Mais?–, ele perguntou a Adrian, como se nada tivesse acontecido. –Sim, por favor–, disse Adrian, estendendo seu copo. Continuamos a conversa como se nada tivesse acontecido, mas a sombra das palavras de Clarence continuavam a pairar sobre mim. *vinho de alta qualidade de origem da região de Bordeaux, no sudoeste da França.

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