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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 12

DIMITRI E EU CONGELAMOS com o choque que aquele nome nos atingiu. Sydney, olhando para nós nos deu um sorriso seco.

— Acho que você sabe quem é? —

— É claro… — eu exclamei — Ela foi minha professora. Ela enlouqueceu e se transformou em Strigoi. —

Sydney assentiu —

— Eu sei —

Meus olhos se arregalaram ainda mais —

— Ela não … Ela não é quem teve um caso com o pai de Lissa, né? — Oh meu Deus isso seria um dos acontecimentos mais inesperados nessa montanha russa que foi minha vida. Eu nem poderia mesmo começar a processar os efeitos disso.

— Não é provável — disse ela — A conta foi aberta vários anos antes dela ser acrescentada como beneficiária — Que é direito dela quando fez dezoito anos — Então, se presumirmos que a conta foi criada próxima ao nascimento do bebê, ela seria muito jovem. Sonya provavelmente é um parente. —

Meu espanto anterior foi dando lugar à excitação. Eu podia ver o mesmo acontecendo com Dimitri.

— Você deve ter registros sobre a família dela — ele disse. — Ou se não, alguns Moroi provavelmente tem. Quem é próximo a Sonya? Ela tem uma irmã? —

Sydney sacudiu a cabeça — Não, embora essa seria uma escolha óbvia. Infelizmente ela tem outros parentes, toneladas deles. Ambos os pais dela vinham de famílias enormes, então ela tem muitos primos. Mesmo algumas de suas tias estão na idade certa. —

— Podemos procurá-los, certo? — Eu perguntei. Um tremor de antecipação corria através de mim. Eu honestamente não havia esperado toda essa informação. É verdade, era pouco mas era algo.

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Se Sonya Karp está relacionada com a amante de Eric, tinha que ser algo que pudéssemos seguir.

— Há um monte deles — Sydney encolheu os ombros. Quer dizer, sim, nós poderíamos. Iria demorar um bom tempo para encontrar a história de vida de todos e mesmo assim — especialmente se isso estava tão bem escondido. Nós teríamos dificuldades em descobrir se algum deles é a mulher que estamos procurando. Ou mesmo se algum deles sabe quem ela é. —

A voz de Dimitri era baixa e pensativa quando ele falou — Uma pessoa sabe quem Jane Doe é — Sydney e eu olhamos para ele com expectativa. — Sonya Karp — ele respondeu.

Eu levantei minhas mãos. — Sim, mas não posso falar com ela. Ela é uma causa perdida. Mikhail Tanner passou mais de um ano a caça-la e não conseguiu encontra-la. Se ele não conseguiu nós não seremos capazes. —

Dimitri se afastou de mim e olhou para fora da janela. Seus olhos castanhos cheios de tristeza, seus pensamentos momentaneamente longe de nós. Eu não compreendi muito bem o que estava acontecendo, mas esse momento de paz na biblioteca, onde Dimitri sorriu e compartilhada no sonho de uma vida normal, tinha desaparecido. E não apenas o momento. Que Dimitri havia desaparecido. Ele estava de volta a seu modo feroz, carregando o peso do mundo sobre seus ombros novamente.

Então, ele suspirou e olhou para mim. — Isso é porque Mikhail não tem as conexões certas. —

— Mikhail era o namorado dela — eu disse. — Ele tinha mais conexões do que ninguém. —

Dimitri não reconheceu o meu comentário. Em vez disso, ele ficou pensativo de novo. Eu podia ver turbulência atrás de seus olhos, uma nova guerra interna. Ao final houve uma decisão.

— Seu telefone tem sinal aqui fora? — ele perguntou a ela.

Ela assentiu com a cabeça, procurando em sua bolsa e lhe entregando o telefone. Ele segurou por um instante parecendo que lhe causou agonia ao toca-lo.

No fim, com outro suspiro, ele levantou e se dirigiu para a porta. Sydney e eu trocamos olhares de questionamento e então ambas o seguimos. Ela ficou atrás de mim, tendo de atirar dinheiro sobre a mesa

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e pegar seu laptop. Saí fora apenas quando Dimitri terminou de discar um número e colocar o telefone no ouvido. Sydney se juntou a nós, e um momento depois, a pessoa do outro lado da linha deve ter respondido.

— Boris? — perguntou Dimitri.

Isso era tudo que eu entendi porque o resto foi uma sequência rápida de russo.

Uma sensação estranha se espalhou por cima de mim enquanto ele falava. Eu estava confusa, perdida por causa da língua... mas havia mais do que isso.

Eu me senti gelar. Meu pulso correu com medo. Aquela voz ... eu conhecia aquela voz. Era a voz dele mas ao mesmo tempo não era. Era a voz dos meus pesadelos, uma voz de frieza e crueldade.

Dimitri estava jogando como Strigoi.

Bem — jogando — era uma palavra gentil. Fingindo é um modo melhor de descrever. Indiferente do que fosse, ele era perfeitamente convincente.

Ao meu lado, Sydney franziu a testa, mas eu não acho que ela estava experimentando o que eu estava. Ela nunca tinha o conhecido como Strigoi. Ela não tinha essas memórias horríveis. Sua mudança de atitude tinha de ser óbvio, eu olhei para o rosto dela, eu percebi que ela estava concentrado em seguir a conversa. Eu tinha esquecido que ela sabia russo.

— O que é que ele está dizendo? — Sussurrei.

Sua cara amarrada se aprofundou, ou da conversa ou eu a distraindo. — Ele... ele soa como estivesse falando com alguém que não tenha falado há algum tempo. Dimitri está acusando essa pessoa de faltar quando ele foi embora. — Ela ficou em silêncio, continuando a sua própria tradução mental. Em um ponto, a voz de Dimitri levantou-se em raiva, Sidney e eu vacilamos. Eu virei para ela interrogativamente. — Ele está louco por ter sua autoridade questionada. Eu não posso dizer, mas agora... Parece que a outra pessoa está rastejando. —

Eu queria saber todas as palavras, mas é difícil para ela traduzir para mim e ouvir ao mesmo tempo. A voz de Dimitri voltou a níveis normais, embora ainda preenchida com a terrível ameaça e entre a enxurrada de palavras, ouvi Sonya Karp e Montana.

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Ele está perguntando sobre a Sra. Kar...-Sonya? Murmurei. Ela não tinha sido minha professora por um longo tempo. Eu poderia muito bem chamá-la de Sonya agora.

Sim, disse Sidney, os olhos ainda em Dimitri. — Ele está pedindo, dizendo a esta pessoa para encontrar alguém e ver se ele pode encontrar Sonya. Esta pessoa... Fez uma pausa para ouvir novamente. Esta pessoa que está perguntando sobre .. Parece que ele conhece muita gente na área que ela foi vista pela última vez. —

Eu sabia que — pessoas — neste contexto significava — Strigoi — . Dimitri subiu rapidamente no pódium deles, afirmando sua vontade e poder sobre os outros. A maioria dos Strigois trabalha sozinho, raramente trabalham em grupos, mas mesmo os solitários reconhecem um Strigoi mais dominante e ameaçador.

Dimitri estava trabalhando seus contatos, assim como ele tinha dito anteriormente. Se algum Strigoi tinha ouvido falar sobre sua transformação e acredita-se que não teria sido capaz de passar a notícia rapidamente, não com a desorganização deles.

Dimitri tinha que encontrar fontes que conheciam outras fontes que poderiam saber a localização de Sonya. Dimitri cresceu alto e com raiva novamente, a voz dele — se possível — mais sinistra. Eu de repente me senti encurralada, e até Sydney olhou assustada agora. Ela engoliu em seco. — Ele esta dizendo ao cara que se ele não encontrar informações até amanhã a noite, Dimitri vai encontra-lo, corta-lo em pedaços e ... — Sydney nem se importou em terminar. Seus olhos estavam arregalados. — Use sua imaginação. É completamente terrível. — Eu decidi que era um prazer que eu não houvesse escutado toda a conversa em Inglês.

Quando Dimitri terminou a ligação devolveu o telefone para Sydney e a máscara de malícia derreteu de seu rosto. Mais uma vez ele era meu Dimitri, o Dimitri dhampir.

Desânimo e desespero irradiavam dele, e ele deslizou na parede da cafeteria olhando para o céu. Eu sabia o que ele estava fazendo. Estava tentando se acalmar, tomar o controle das emoções que tinha em conflito dentro dele. Ele apenas tinha feito algo que poderia nos dar pistas que precisavamos... mas tinha tido um custo terrível para si mesmo. Meus dedos tremeram. Eu queria colocar um braço reconfortante envolta dele ou pelo menos em seu ombro para que soubesse que não estava sozinho. Mas, eu me segurei, suspeitando que ele não fosse gostar disso.

Ao final, ele voltou a olhar para nós. Recuperou seu controle — ao menos por fora.

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— Eu enviei alguém para perguntar sobre ela — disse ele cansado. — Pode não funcionar. Strigoi são dificilmente o tipo que mantém um banco de dado. Mas eventualmente mantém os olhos uns nos outros, mesmo que apenas para auto-preservação. Descobriremos em breve se houve algum sucesso. —

— Eu … wow, obrigada — eu disse, atrapalhada com as palavras. Sabia que não precisava agradecer mas senti que era necessário.

Ele balançou a cabeça — Nós devemos voltar aos Guardiões… ao menos você acha que este é um lugar seguro para ficar? —

— Eu prefiro ficar longe do radar da civilização — disse Sydney se deslocando ao caminhão — Além disso quero as chaves do meu carro de volta. —

A viagem de volta senti o caminho dez vezes mais longo. O humor de Dimitri preencheu a cabine, quase nos sufocando com seu desespero. Mesmo a Sydney podia sentir isso. Ela deixou ele dirigir novamente, e eu não conseguia decidir se isso era uma coisa boa ou ruim.

Será que a estrada iria distraí-lo de seu tormento Strigoi? Ou poderia sua agonia distraí-lo da estrada e nos colocar em uma vala?

Felizmente fizemos um retorno são e salvos, encontramos dois Guardiões no estacionamento, uma mulher Moroi e um cara humano. Ambos pareciam ferozes. Eu ainda não conseguia dispersar a estranheza de ambas as raças prontas para a batalha. Imaginei se esses dois formavam um casal.

De volta ao acampamento, encontramos a chama da fogueira e as pessoas sentadas em volta dela, alguns comendo e outros simplesmente socializando.

Eu tinha aprendido no café da manhã que o fogo estava sempre lá para aqueles que queriam se unir, mas que muitas famílias se mantinham com a sua própria família também.

Nós voltamos para a casa dos Raymonds, mas só Sarah e Joshua estavam lá. Ela estava limpando os pratos, e ele sentou-se sem descanso em uma cadeira. Tão logo ele me viu na porta, e saltou com um sorriso radiante novamente.

— Rose! Está de volta. Estavamos ficando preocupados. Quer dizer, não que alguma coisa tinha acontecido com você, e não com suas habilidades, mas que talvez você apenas nos deixou. —

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— Não sem o nosso carro, — disse Sidney, colocando as chaves do caminhão em cima da mesa.

O CR-V já estava ali, e o alívio inundou seu rosto enquanto ela agarrou as chaves.

Sarah nos ofereceu as sobras, que nós recusamos, pois, comemos um lanche no posto de gasolina de Rubysvilles.

— Bem — ela disse, — se você não está indo comer, você pode se juntar aos outros lá fora na fogueira. Jess McHale pode cantar esta noite, se puderem fazê-la beber o suficiente, bêbada ou sóbria, essa mulher tem a melhor voz que eu já ouvi. —

Eu reuni brevemente com os olhos Dimitri e Sidney. Eu admito, fiquei um pouco curiosa para ver como esse grupo deserto festeja, apesar de que luar e canções populares não eram realmente a minha primeira escolha de entretenimento. Dimitri ainda usava aquele olhar assombrado do telefonema.

Eu tinha uma suspeita de que ele teria se contentado em se isolar em nossa sala, mas quando Sydney disse que ia para a fogueira, sua resposta veio automaticamente: — Eu vou também, — eu soube imediatamente que ele estava fazendo. Seus dias como Strigoi o atormentavam. Conversar como Strigoi o atormentava.

E talvez, não, certamente, ele queria esconder e tentar bloquear tudo, mas ele era Dimitri. Dimitri protege aqueles que dele necessitam, e mesmo ouvindo músicas na fogueira que não era exatamente por a vida em risco, ainda era uma situação semi-perigososa para um civil como Sydney.

Ele não podia permitir isso. Além disso, ele sabia que Sidney se sente mais segura conosco nas proximidades.

Comecei a dizer que eu ia me juntar a eles, mas Joshua falou antes que eu pudesse. — Você ainda quer ver minha caverna? Há um pouco de luz do lado de fora. Você vai ter uma visão melhor dessa maneira do que se tivermos que usar uma tocha. —

Eu tinha esquecido minha última conversa com Joshua e comecei a recusar a oferta. Mas então, algo brilhou nos olhos de Dimitri, algo desaprovador. Então. Ele não queria me ver saindo com um cara jovem, de boa aparência. Foi preocupação legítima de Guardião? Seria ciúmes? Não, certamente não o último. Nós tínhamos estipulado, muitas e muitas vezes, que Dimitri não queria nenhuma ligação romântica comigo. Ele tinha até se levantado pelo Adrian mais cedo. Seria algum tipo de coisa

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de ex-namorado? De volta a Rubysville, eu tinha acreditado que Dimitri e eu poderíamos ser amigos, mas isso não aconteceria se ele achava que podia controlar a mim e a minha vida amorosa. Eu tinha conhecido meninas com ex’s assim. Eu não seria uma delas. Eu podia sair com quem eu quisesse.

— Claro — eu disse. A expressão de Dimitri escureceu. — Eu adoraria. —

Joshua e eu fomos embora, deixando os outros para trás. Eu sabia que parte da minha decisão foi para provar minha independência. Dimitri disse que nós éramos iguais, ele ainda não tinha feito uma enorme quantidade de decisões neste plano de fuga sem mim. Foi bom para sentir como se eu tivesse a vantagem de uma mudança e, além disso, eu gostava de Joshua e era uma espécie de curiosidade de saber mais sobre como o seu povo vivia. Eu não acho que Sydney queria que eu fosse embora, mas Dimitri iria cuidar dela.

Assim que Joshua e eu andamos, passamos por muitos Guardiões fora e próximos. Tal como anteriormente, eu recebi uma boa quantidade de olhares. Ao invés de nos levar para baixo da estrada onde seu pai morava, Joshua me levou ao redor de uma pequena montanha. Ainda estava de bom tamanho, mas depois de viver perto das Montanhas Rochosas, tudo nos Apalaches parecia pequeno para mim. Eu acho que eu era uma esnobe de montanha.

Ainda assim, a montanha se estendia de muitas maneiras, e fomos mais longe e mais longe do estabelecimento principal dos Guardiões. A floresta se adensava, a luz cada vez mais escassa, e o sol finalmente começou a sumir no horizonte.

— Eu sou tipo da periferia — Joshua disse se desculpando. — Nós continuamos crescendo e crescendo, e não há muito espaço no centro das cidades. — Pensei que cidade era um termo otimista, mas não disse isso. Sim. Eu era definitivamente uma esnobe. — Mas as cavernas continuavam, por isso ainda há espaço. —

— Elas são naturais? — perguntei.

— Algumas são. Outras são cavernas de mineração abandonadas. —

— É bem aqui — eu disse. Eu gostei de todas as árvores de folha caduca. Eu poderia estar com saudades de Montana, mas a folhas largas aqui davam um contraste elegante para agulhas de pinheiro. — E hey, pelo menos você tem muita privacidade, certo? —

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— Verdade — Ele sorriu. — Achei que você iria pensar que era... Eu não sei. Muito rústico. Ou selvagem. Você provavelmente pensa que nós todos somos. —

Sua observação me assustou. A maioria dos Guardiões tinham sido tão ferozmente defensivos em seu modo de vida que eu não tinha pensado que alguém pensaria mesmo que um estranho acharia isso, ou que qualquer Guardião se importaria se nós fizessemos.

— É apenas diferente — eu disse diplomaticamente. — Muito diferente do que estou acostumada. — Senti um lampejo de saudade de todas as pessoas e lugares que eu estava separada agora. Lissa. Adrian. Nossos outros amigos. A Corte. St. Vladmir. Eu espantei a sensação rapidamente. Eu não tinha tempo para me lamentar e poderia, pelo menos, verificar Lissa mais tarde.

— Eu estive em cidades humanas — continuou Joshua. — E em outros lugares que impuros vivem. Eu posso ver porque você gosta deles — Ele virou um pouco acanhado. — Eu não me importaria com energia elétrica. —

— Por que vocês não usam? —

— Gostaríamos, se pudéssemos. Estamos muito longe e ninguém realmente sabe que estamos aqui. As pessoas dizem que é melhor para nos esconder. —

Não me ocorreu que eles simplesmente suportaram essas condições porque foram obrigados a fim de esconder-se. Gostaria de saber quantas das suas escolhas vieram de apegos às formas antigas... e quanto foi influenciado pelos alquimistas.

— Aqui estamos — disse Joshua, puxando-me de minhas reflexões.

Ele apontou para um buraco escuro no chão. A abertura era grande o suficiente para um adulto entrar.

— Legal, — eu disse. Eu havia notado anteriormente que algumas das cavernas foram criadas mais para o alto das montanhas e tinham visto os seus residentes, escalar a rocha com a mão ou usando escadas caseiras. Uma porta de acesso fácil parecia luxuoso.

Joshua olhou surpreso com o meu louvor. — Sério? —

— Sério! —

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Nós acabamos perdendo a luz do dia. Ele fez uma pausa para acender uma tocha, e então eu o segui para dentro. Tivemos que abaixar um pouco no início, mas quando fomos mais fundo na caverna, o teto lentamente expandiu e abriu-se em um amplo espaço arredondado. O chão estava sujo, as paredes de pedra áspera e irregular. Esta era uma caverna natural, mas eu poderia escolher os esforços feitos para civilizá-la. O chão foi limpo e nivelado, e eu vi algumas pedras e rochas em um canto que pareciam terem sido recolhidas para deixar espaço livre. Um par de peças de mobilias jáhaviam sido colocadas: uma cadeira de madeira estreitas e um colchão que parecia que mal conseguia aguentar uma pessoa.

— Você provavelmente pensa que é pequena — disse Joshua.

Era verdade, mas era realmente maior que o meu quarto no dormitório em St. Vladimir. — Bem... sim, mas eu quero dizer, quantos anos você tem? —

— Dezoito. —

— Igual a mim — eu disse. Isso pareceu fazê-lo muito feliz. — Ter sua própria, caverna, aos dezoito parece ser muito legal — Seria mais legal ainda com a eletricidade, Internet e encanamento, mas não houve necessidade de trazer isso.

Seus olhos azuis brilhavam. Eu não poderia deixar de notar um contraste bonito que eles fizeram contra sua pele bronzeada. Eu rejeitei o pensamento imediatamente. Eu não estava aqui para um namorado. Mas, aparentemente, eu era a única que acreditava nisso. Joshua de repente deu um passo adiante.

— Você pode ficar se quiser — disse ele. — O outro impuro nunca iria te encontrar aqui. Nós poderíamos nos casar, e então, quando nós tivermos filhos, poderíamos construir um loft, como meus pais e… — A palavra casar tinha me movido em direção à entrada tão chocada e apavorada como eu seria por um ataque Strigoi. Exceto, eu geralmente tinha o aviso antes desses acontecerem.

— Ei, ei, mais devagar. — Não. Eu não havia visto uma proposta vindo. — Acabamos de nos conhecer! —

Felizmente, ele não se aproximou. — Eu sei, mas às vezes é assim que é. —

— O que, os casamentos entre pessoas que mal se conhecem? — perguntei, incrédula.

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— Claro que sim. Acontece o tempo todo. E a sério, só neste curto espaço de tempo, eu já sei eu gosto de você. Você é incrível. Você é bonita e, certamente, uma boa lutadora. E a maneira como você se comporta... — Ele balançou a cabeça, incrédulo. — Eu nunca vi nada parecido. —

Eu desejava que ele não fosse tão bonito e agradável. Tendo caras assustadores confessar a sua adoração era muito mais fácil de lidar com aquele que você gostava. Lembrei-me de Sydney dizendo que eu era um produto quente aqui. Escaldante era o mais certo a dizer.

— Joshua, eu realmente gosto de você, mas... — acrescentei apressadamente, vendo esperança enchendo seu rosto. — eu sou muito jovem para casar. —

Ele franziu a testa. — Você não disse que tinha dezoito anos? —

Okay. Idade provavelmente não era um bom argumento por aqui. Eu tinha visto como os jovens tinham filhos cedo na cidade natal de Dimitri . Em um lugar como este, eles provavelmente tiveram casamentos de crianças. Eu tentei ir por um outro ângulo.

— Eu nem sei se quero casar. —

Isso não perturbou ele. Ele balançou a cabeça em compreensão.

— Isso é inteligente. Nós poderíamos viver juntos em primeiro lugar, ver se nos damos bem. — Sua expressão séria transformou-se num sorriso. — Mas estou muito tranquilo. Eu vou deixar você ganhar todas as discussões. —

Eu não poderia ajudar. Eu ri. — Bem, então, eu vou ter que ganhar esse e dizer eu não estou pronta para... nada disso. Além disso, já estou envolvida com alguém. —

— Dimitri? —

— Não. Outro cara. Ele voltou para a corte impura. — Eu não podia acreditar que eu estava dizendo isso.

Joshua fez uma careta. — Por isso que ele não está aqui protegendo você? —

— Por que... isso não é como ele é. E eu posso cuidar de mim. E nunca gostei da ideia de que eu preciso de resgate. E olha, mesmo que ele não estivesse na jogada eu estou indo embora logo de qualquer maneira. Nunca daria certo entre nós. —

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— Eu entendo. — Joshua olhou desapontado, mas parecia estar levando bem a rejeição. — Talvez quando você estiver com tudo resolvido você volte. —

Eu comecei a dizer para que não espere por mim e que ele deveria casar com outro alguém (apesar de quão ridículo era na sua idade), mas depois percebi que foi um comentário inútil.

Nas fantasias de Joshua, ele provavelmente poderia se casar com qualquer pessoa agora e, em seguida, me incluir no seu harém para mais tarde, como Sarah e Paulette. Então, eu simplesmente disse:

— Talvez — Pocurando por uma mudança de assunto, eu tentei encontrar alguma coisa para nos distrair. Meus olhos caíram sobre a mesa e um padrão de folhas entalhadas nela. — Isso é muito legal. —

— Obrigado — disse ele, caminhando. Para meu alívio, ele não voltou a procurar o tópico anterior. Ele passou a mão carinhosamente sobre a madeira esculpida. O projeto parecia o deixar trancado. — Eu mesmo fiz isto. —

— Sério? — perguntei em verdadeira surpresa. — Isso... isso é incrível. —

— Se você gosta dela... — Sua mão se moveu, e eu temia que havia um beijo ou abraço vindo. Em vez disso, ele enfiou a mão no bolso da camisa e puxou uma pulseira finamente esculpida em madeira. Foi um projeto simples, sinuoso, uma verdadeira maravilha sendo estreita e delicada como era para ser uma só peça. A madeira havia sido polida com brilho. — Aqui. — Ele me entregou a pulseira.

— É para mim? — Corri meus dedos ao longo da borda lisa.

— Se você quiser. — Eu fiz isso enquanto você estava fora hoje. — Assim você vai lembrar de mim depois que for embora. —

Hesitei, sem saber se aceitar seria incentivá-lo. Não, eu decidi. Eu fiz a minha opinião sobre o casamento entre adolescentes clara, e mesmo assim, ele parecia tão nervoso, eu não poderia suportar a ideia de ferir seus sentimentos. Enfiei a pulseira em meu pulso.

— É claro que eu vou lembrar. Obrigada. —

Do olhar feliz em seu rosto, levando a pulseira feita para minha recusa anterior. Ele me mostrou mais alguns detalhes em torno da caverna e depois seguiu a minha sugestão para se juntar aos outros perto do fogo. Podíamos ouvir a música ecoar por entre as árvores muito

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antes de nós voltarmos, e mesmo quando não era meu estilo, havia algo acolhedor e simpático sobre esta maneira de viver em comunidade. Eu nunca fui a um acampamento de verão, mas eu imaginei que isso era parecido.

Sydney e Dimitri sentaram perto do grupo. Estavam em silêncio e atentos, mas todo resto cantou, bateu palmas, e conversou. Mais uma vez, fiquei impressionada com a facilidade com que dhampirs, humanos e Moroipoderiam estar envolvidos uns com os outros. Casais mistos estavam por toda parte, um humano e um Moroi estavam abertamente dando uns amassos. Todas vezes quando ele a beijou no pescoço, ele tinha também mordido e tomado um pouco de sangue. Eu tive que desviar o olhar.

Voltei para os meus amigos. Sydney reparou em mim e pareceu aliviada. A expressão de Dimitri estava ilegível. Como sempre, os olhos dos outros seguiram o meu movimento, e para minha surpresa, vi a inveja nas caras de alguns dos rapazes. Eu esperava que eles não estivessem achando que Joshua e eu haviamos ficado nus na caverna. Essa não era a fama que eu queria deixar para trás.

— Eu tenho que falar com a Sydney — eu disse a ele sobre o ruído. Decidi ser melhor manter distância antes que qualquer rumor começasse, e sinceramente, Sydney parecia que me queria ao seu lado. Joshua balançou a cabeça, e me afastei. Eu dei dois passos, quando de repente veio um punho direito ao meu rosto.

Eu não tinha defesas e tão pouco presença de espírito para virar minha cabeça e pegar o golpe no meu rosto para não acabar com um nariz quebrado. Após a surpresa inicial, toda a minha formação se acumulou e eu rapidamente contornei para fora da linha de ataque e coloquei meu corpo em uma posição de combate. A música e o canto pararam, e eu virei para encarar meu agressor.

Angeline.

Ela estava em uma forma semelhante à minha, punhos cerrados e os olhos completamente fixados em mim.

— Ok — ela disse. — É hora de descobrir o quão durona você realmente é. —

Na verdade era hora de alguém digamos assim, um parente vir, arrastá-la e puni-la por socar um convidado. Surpreendentemente, ninguém se moveu ou tentou impedi-la. Não, não era bem verdade. Uma pessoa levantou. Dimitri tinha pulado para a ação no instante em que me viu em perigo. Eu esperava que ele viesse empurrar Angeline para longe,

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mas um grupo de Guardiões apressadamente foram para seu lado, dizendo-lhe algo que eu não poderia ouvir. Eles não tentaram contê-lo fisicamente, mas o que eles disseram, fez ele ficar onde estava. Eu teria exigido saber o que eles falaram para ele, mas Angeline estava chegando em mim novamente. Parecia que eu estava sozinha.

Angeline era pequena, mesmo para uma Dhampir, mas todo o seu corpo estava cheio de força. Ela estava muito rápida também, embora não rápida o suficiente para conseguir me acertar pela segunda vez. Eu cuidadosamente a evitei e mantive minha distância, não querendo ir para a ofensiva com esta menina. Ela provavelmente poderia fazer um belo dano em uma luta, mas havia um erro, não, mais como uma ponta áspera para ela. Ela era avarenta, alguém que participou de um monte de brigas, mas sem nenhum treinamento formal.

— Você está louca? — Exclamei, saindo do caminho de outro assalto. — Pare com isso. Eu não quero te machucar. —

— Claro — ela disse. — Isso é o que você quer que todos pensem, certo? Se você não tem realmente que lutar, então todos vão continuar acreditando que essas marcas são reais. —

— Eles são reais! — A insinuação de que falsifiquei minhas tatuagens despertou meu temperamento, mas eu me recusei a ficar atraída por essa briga ridícula.

— Prove — disse ela, vindo em minha direção de novo. — Prove que você é quem diz que é. —

Era como uma dança, me mantendo longe dela. Eu poderia ter feito isso durante toda a noite, e alguns gritos da multidão exigiam que eu lidasse com isso.

— Eu não tenho que provar nada — eu disse a ela.

— Mentira. — Sua respiração era pesada agora. Ela estava trabalhando muito mais duro do que eu. — Tudo o que você e os impuros fazem é uma mentira. —

— Não é verdade — eu disse. Por que Dimitri deixava isso continuar? Com o canto do meu olho, eu o havia visto, e para me ajudar, ele estava sorrindo.

Enquanto isso, Angeline ainda continuava seu discurso, enquanto ela tentava me bater. — É tudo mentira. Você é tão fraca. Especialmente a sua realeza! — Eles são o pior de tudo —

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— Você não os conhece. Você não sabe nada sobre eles. —

Ela podia ser capaz de manter uma conversa, mas eu podia vê-la cada vez mais frustrada. Se não fosse o fato de que eu tinha certeza de que ela me bateu nas costas, eu teria tomado uma abordagem nobre e simplesmente ido embora.

— Eu sei o suficiente — disse ela. — Eu sei que eles são egoístas e mimados e não fazem nada por si mesmos. Eles não se preocupam com ninguém. Eles estão todos iguais. —

Na verdade, eu concordava com Angeline sobre alguns membros da realeza, mas não gostei da generalização. — Não fale sobre coisas que não entende, eu estalei. — Eles não são todos assim. —

— Eles são — segundo ela, com prazer de me ver com raiva. — Eu gostaria que eles estivessem todos mortos. —

Foi quase o suficiente para me empurrar para o modo de combate, mas o comentário formou nuvens sobre meus pensamentos o suficiente para que eu a deixasse passar a minha guarda, só um pouco. Eu nunca teria deixado isso acontecer com um Strigoi, mas eu subestimei essa garota selvagem. Sua perna serpenteou fora apenas o suficiente para bater o meu joelho, e foi como jogar gasolina em uma fagulha. Tudo explodiu.

Com esse golpe eu tropecei ligeiramente, e ela aplicou sua vantagem. Meus instintos de batalha assumiram, e eu não tinha escolha senão atacar antes que ela pudesse me bater. As pessoas começaram a aplaudir, agora que a luta estava realmente acontecendo. Eu estava no ataque, tentando subjugá-la, ou seja, o contato físico era eminente. Eu ainda era melhor do que ela, sem dúvida, mas na tentativa de chegar a ela, eu me coloquei em seu alcance.

Ela tentou alguns golpes em mim, nada grave, antes que eu fosse capaz de jogar ela no chão. Eu esperava que fosse o fim, mas ela se jogou contra mim antes que eu pudesse impedi-la totalmente. Nós rolamos, e ela tentou tomar a posição dominante. Eu não podia permitir isso e consegui dar um soco no lado do seu rosto, que foi muito mais difícil do que o anterior.

Eu pensei que seria o fim da luta. Meu golpe a tirou de cima de mim, e eu comecei a me levantar, mas depois aquela 'vagaba' agarrou meu cabelo e me empurrou para baixo de novo. Eu me torci para fora de suas mãos, embora eu tinha certeza de que ela levou algum cabelo meu com ela, e desta vez consegui dominar completamente suas pernas, jogando

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todo meu peso e força sobre ela, pressionando. Eu sabia que tinha que ser doloroso mas não me importei realmente.

Ela começou a briga. Além disso, esse conflito tinha ido além da defesa. Puxar o cabelo de alguém era jogar sujo.

Angeline fez mais algumas tentativas de fugir, mas quando se tornou claro que ela não poderia, aqueles que nos rodearam começaram a assobiar e aplaudir. Alguns momentos depois, aquele olhar escuro e furioso desapareceu. O rosto de Angelina foi substituído por calma. Olhei para ela com cautela, não a ponto de baixar a minha guarda.

— Ótimo, disse ela. Eu acho que tudo bem. Vá em frente. —

— Hã? O que esta tudo bem? — Eu exigia.

— Não tem problema se você se casar com meu irmão. —

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