Image Map

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 13

Meu celular tocou no nascer do dia seguinte. Eu já estava de pé, sendo uma madrugadora, mas Jill rolou na cama e colocou o travesseiro sobre sua cabeça. –Faça isso parar,– ela gemeu. Eu respondi e descobri que era Eddie do outro lado da linha. –Estou aqui embaixo.– Ele disse. –Pronto para praticar um pouco de auto-defesa antes que fique complicado.– –Você terá de fazer isso sem mim,– eu disse. Estava com o sentimento de que Eddie estava levando bem a sério a promessa que fez a Clarence sobre nos treinar. Eu não sentia tal obrigação. –Eu tenho uma tonelada de lição de casa pra fazer. Isso, e eu tenho certeza de que a senhorita Terwilliger me fará fazer café hoje.– –Bem, então mande Jill descer,– disse Eddie. Eu olhei por cima da montanha de cobertores em sua cama. –É mais fácil falar do que fazer.– Surpreendentemente, ela conseguiu se levantar o bastante para escover seus dentes, tomar uma aspirina para dor de cabeça e colocar algumas roupas de ginástica. Ela me deu adeus, e eu prometi olhá-la depois. Não muito depois disso, senhorita Terwilliger me ligou com sua ordem de café, e eu me preparei para mais um dia tentando conciliar meu trabalho com o dela. Eu dirigi até o Spencer’s e não notei o Trey até que eu estivesse de cara pra ele. –Da Senhorita Terwilliger?– Ele perguntou, apontando para o cappuccino com calda de

146

caramelo. –Huh?– eu olhei. Trey era meu caixa. –Você trabalha aqui?– Ele assentiu. –Preciso arranjar um jeito de gastar dinheiro.– Eu lhe dei o dinheiro, notando que ele tinha me cobrado metade do preço. –Não me leve a mal, mas você não me parece muito bem,– eu lhe disse. Ele parecia cansado, exausto. Uma inspeção mais detalhada mostrou alguns machucados e cortes também. –É, bem, eu meio que tive um dia duro ontem.– Hesitei. Esse era um comentário para puxar assunto, mas não havia ninguém atrás de mim, na fila. –O que aconteceu?– perguntei, sabendo que foi esperado. Trey fez uma careta. –Aquele imbecil do Greg Slade que devastou nas provas de futebol ontem. Quer dizer, os resultados ainda não saíram, mas é óbvio que ele vai conseguir o lugar de quarterback. Ele era como uma máquina, apenas arrancava fora os outros caras.– Estendeu a mão esquerda, que tinha alguns dedos envolvidos com ligaduras. –Ele pisou a minha mão também.– Eu estremeci, lembrando de como Slade está fora de controle no atletismo em EF. A política do futebol do ensino médio e quem era o quarterback não eram muito importante para mim. Verdade, eu sentia pena de Trey, mas era a fonte por trás das tatuagens que me intrigava. Keith me avisou para não causar problemas á minha volta, mas eu era incapaz de parar. –Eu sei sobre as tatuagens–, disse. –Julia e Kristin contaram-me sobre elas. E agora sei o porque da tua desconfiança sobre a minha – mas não é o que você pensa. A sério.– –Não foi isso que eu ouvi. A maioria das pessoas pensa que você diz isso só porque não quer dizer onde a arranjou.– Fiquei um pouco surpresa com isso. Eu tinha certeza que Julia e Kristin tinham acreditado em mim. Elas realmente tinham espalhando o contrário? –Eu não fazia ideia.– Ele deu de ombros com um pequeno sorriso em seus lábios. –Não se preocupe. Eu acredito em você. Há uma espécie de ingenuidade encantadora em você. Você não parece ser do tipo de pessoa que engana.– –Hey,– repreendi. –Eu não sou ingênua.– –Foi um elogio.– –Há quanto tempo estas tatuagens andam por aí?– perguntei decidida que era melhor começar a investigar por dentro –Ouvi dizer desde o ano passado.– Ele entregou-me o meu café, pensando. –Sim, mas foi no fim do ano passado. Ano

147

letivo, quero dizer.– –E elas vêm de um lugar chamado Nevermore? – –Até onde eu sei.– Trey me olhou desconfiado. –Por quê?– –Só por curiosidade–, disse docemente. Um par de miúdos da faculdade, vestidos como vagabundos ricos, entraram na fila atrás de mim e nos olharam impacientes. –Podemos ter algum serviço aqui?– Trey lhes deu um sorriso duro e, em seguida, revirou os olhos para mim enquanto me afastava. –Te vejo por aí, Melbourne. – Eu voltei para Amberwood e entreguei o café a Ms.Terwilliger. Eu não estava com vontade de ficar amarrada a ela o dia todo, então eu perguntei se podia ir para outro lugar tendo o celular à mão. Ela concordou. A biblioteca tinha muita atividade e – ironicamente - muito ruído para mim hoje. Eu queria a solidão do meu quarto. Enquanto caminhava através do gramado para pegar o ônibus, vi algumas figuras familiares por trás de um aglomerado de árvores. Eu mudei de direção e encontrei Jill e Eddie numa pequena clareira quadrada. Micah estava sentado de pernas cruzadas no chão, assistindo avidamente. Ele acenou para mim quando me aproximei. –Eu não sabia que seu irmão era um mestre do kung-fu–, observou ele. –Não é kung fu–, disse Eddie rispidamente, sem tirar os olhos de Jill. –É a mesma coisa–, disse Micah. –Continua a ser muito foda.– Eddie fintou como se estivesse preste a atacar Jill pelo lado. Ela respondeu rapidamente com um bloco, embora não tão rápida o suficiente para o igualar. Se ele tivesse feito isso a sério, ele teria batido nela. Ainda assim, ele parecia satisfeito com o seu tempo de resposta. –Boa. Isso reflete parte de um movimento, pensando que você ainda pudesse ser atingida. Melhor era se você pudesse fintar e esquivar completamente, mas isso leva um pouco mais de treino.– Jill assentiu obedientemente. –Quando é que podemos trabalhar nisso?– Eddie a considerou com orgulho. Essa expressão amoleceu depois de alguns momentos a estuda-la. –Não hoje. Está muito sol. – Jill começou a protestar e depois se conteve. Ela tinha aquele olhar de desgaste do sol novamente e estava suando muito. Ela olhou para o céu por um momento, como se implorasse às nuvens para dar-nos alguma sombra. Permaneceu sem resposta, então ela acenou com a cabeça para o Eddie. –Tudo bem. Mas vamos fazer isso amanhã à mesma hora? Ou mais cedo, talvez. Ou

148

talvez esta noite! Poderíamos fazer as duas coisas? Praticar esta noite quando o sol tiver ido embora e depois novamente da parte da manhã? Você se importaria? – Eddie sorriu, divertindo com o entusiasmo dela. –O que você quiser.– Sorrindo de volta, Jill se sentou ao meu lado, ficando à sombra tanto quanto possível. Eddie olhou para mim na expectativa. –O quê?– perguntei. –Você não deveria aprender a dar um soco?– Eu zombei. –Não. Quando é que eu vou precisar de fazer isso?– Jill me cutucou. –Faça isso, Sydney!– Relutantemente, eu deixei Eddie dar uma rápida lição de como dar um soco sem machucar a minha mão no processo. Eu mal prestei atenção e senti como se tivesse a proporcionar entretenimento para os outros. Quando Eddie terminou, Micah perguntou, –Hey, você se importaria de me mostrar alguns movimentos ninja também?– –Não têm nada a ver com ninjas–, protestou Eddie, ainda sorrindo. –Vamos lá.– Micah saltou para seus pés e Eddie o acompanhou através de alguns movimentos rudimentares. Mais do que isso, parecia que Eddie estava a avaliar Micah e as suas capacidades. Depois de algum tempo, Eddie relaxou e deixou Micah praticar alguns movimentos ofensivos para se defender de um invasor. –Hey–, protestou Jill quando Eddie acertou um chute em Micah. Este se encolheu como se tivesse dores de barriga.–Não é justo. Você não iria me bater quando estávamos praticando.– Eddie foi apanhado de surpresa o suficiente para que Micah realmente lhe desse um chute. Ele deu-lhe um relutante olhar de respeito e então disse a Jill, –Isso é diferente.– –Porque sou uma rapariga?– Ela exigiu. –Você nunca recuava com Rose.– –Quem é Rose?–, perguntou Micah. –Uma amiga–, explicou Eddie. Para Jill ele disse, –E Rose tem mais anos de experiência do que você.– –Ela tem mais que Micah também. Você facilitou as coisas para mim. – Eddie olhou para Micah e manteve-se lá.–Não estive não –, disse ele. –Esteve sim–, ela murmurou. Enquanto os rapazes lutavam novamente, ela disse baixinho para mim, –Como posso aprender se ele tem medo de me magoar? – Eu assisti os caras, analisando o que sabia do Eddie até agora. –Eu acho que é mais complicado do que isso. Eu acho que ele também acredita que você não deve assumir o risco - que se ele estiver a fazer um bom trabalho, você não precisa se defender.– –Ele está fazendo um ótimo trabalho. Você devia tê-lo visto no ataque.– Seu rosto tinha

149

aquele olhar assombrado, que sempre ganhava quando era mencionado a fuga do ataque. –Mas eu ainda preciso de aprender.– Ela baixou a sua voz ainda mais. –Eu realmente quero também aprender a usar a minha magia para lutar, não que possa praticar muito neste deserto.– Estremeci, recordando a sua exibição da noite anterior. –Haverá tempo–, disse vagamente. Levantei-me, dizendo que tinha que trabalhar um pouco. Micah perguntou a Eddie e a Jill se queriam almoçar. Eddie disse que sim imediatamente. Jill olhou para mim primeiro. –É apenas almoço–, disse Eddie significativamente. Eu sabia que ele ainda pensava que Micah era inofensivo. Eu não sabia, mas depois de ver como Jill estava apaixonada por Lee, eu achei que Micah teria que fazer alguns movimentos agressivos para chegar a algum lugar. –Por mim tudo bem–, disse. Jill olhou aliviada e o grupo foi embora. Eu passei o dia a terminar o livro miserável para Ms. Terwilliger. Eu ainda pensava que copiar os feitiços arcaicos e os rituais literalmente era um desperdício de tempo. O único ponto que eu conseguia ver do porque de ela ter a necessidade de referenciar isto na sua pesquisa, era porque ela teria um arquivo de fácil acesso no computador e assim não causar nenhum risco no livro antigo. Já era de noite quando terminar isto e os meus deveres de casa. Jill ainda não tinha voltado e eu decidi usar esta oportunidade para verificar algo que me incomodava. No começo do dia, Jill mencionou a defesa do Eddie no ataque. Eu pressentia desde o início que havia algo de estranho sobre o ataque, algo que eles não me estavam a dizer. Então, entrei na rede de acesso dos Alquimistas e procurei tudo o que tínhamos sobre a rebelião dos Moroi. Naturalmente estava tudo documentado. Nós mantínhamos tudo sobre eventos importantes entre os Moroi e estes documentos eram bastante fiáveis. De alguma forma, os Alquimistas tinham conseguido uma foto da Corte dos Moroi, com manifestantes do lado de fora um edifício de administração. Guardiões Dhampir eram fáceis de encontrar enquanto eles se misturavam e mantinham a ordem. Para minha surpresa eu reconheci Dimitri Belikov –

150

namorado da Rose - entre aqueles que controlavam a multidão. Ele era fácil de encontrar, uma vez que era o mais alto de todos á sua volta. Dhampirs pareciam humanos e eu até poderia admitir que ele tinha um bom aspeto. Havia uma áspera elegância nele e, até mesmo numa fotografia ainda, eu podia ver uma ferocidade enquanto ele observava a multidão. Outras fotografias sobre o protesto confirmaram o que eu sabia. Por agora, a maioria das pessoas apoiavam a jovem rainha. Aqueles contra ela eram uma minoria - mas um muito perigoso. Um vídeo de um noticiário de humanos mostrou que dois caras Moroi quase andaram à luta num bar em Denver. Eles estavam gritando sobre rainhas e justiça, a maioria do qual não fazia sentido para um observador humano. O que fez deste vídeo especial foi que o cara que tinha filmado aquilo – algum humano com uma camera no celular - alegou ter visto presas em ambos os homens que estavam a brigar. O cinegrafista tinha apresentado a sua gravação alegando que tinha testemunhado uma luta de vampiros, mas ninguém deu muita credibilidade. Era demasiado pixada para se notar alguma coisa. Ainda assim, foi um lembrete do que poderia acontecer se a situação entre os Moroi ficassem fora de controle. Uma verificação ao Estado me mostrou que a rainha Vasilisa estava realmente a tentar fazer com que a lei fosse aprovada para que o seu governo não fosse mais dependente da existência de mais um membro na família real. Especialistas Alquimistas adivinharam que levaria três meses, que foi o que Rose tinha dito. O número se aproximou na minha cabeça como uma bomba-relógio. Precisávamos de manter Jill segura por três meses. E por três meses, os inimigos de Vasilisa estariam a tentar tudo por tudo para chegar a Jill. Se Jill morresse, a regra de Vasilisa acabaria - juntamente com as suas tentativas de fixar o sistema. Embora nada disso fosse o motivo que me tinha realmente levado a pesquisar. Eu queria saber sobre o que ninguém me contava - o início do ataque de Jill. O que encontrei não foi de muita ajuda. Nenhum Alquimistas tinha estado lá no momento, é claro, por isso a nossa informação era baseada nos relatos dos Moroi. Tudo o que sabíamos era que –a irmã da rainha tinha sido violentamente e gravemente atacada - mas tinha-se recuperado.– Do que eu tinha observado, aquilo era certamente verdade. Jill não mostrava sinais de lesão e o ataque tinha ocorrido uma semana antes de ela ter vindo para Palm Springs. Será que era tempo suficiente para se curar de um ‘violento e grave’ ataque? Seria um ataque como aquele suficiente para fazê-la acordar gritando? Eu não sabia, mas ainda podia abalar as minhas suspeitas. Quando Jill chegou ao quarto

151

mais tarde, ela estava com um tal bom humor que eu não tive coragem de a interrogar. Eu também me lembrei que me tinha esquecido de pesquisar sobre o caso da sobrinha de Clarence e da sua morte bizarra com um corte na garganta. A situação da Jill me tinha distraído. Eu deixar o assunto morrer e procuraria mais tarde aquilo. ‘Amanhã’, eu pensei sonolentamente. ‘Eu vou fazer tudo amanhã’. Amanhã veio muito mais depressa do que eu esperava. Fui acordada de um sono pesado por alguém me sacudindo, e por uma fração de segundo, o velho pesadelo estava lá, aquele sobre os Alquimistas me levarem durante a noite. Reconhecendo Jill, eu apenas me parei de gritar. –Hey, hey,– repreendi. Não havia luz lá fora, mas estava púrpura. Muito antes do nascer do sol. –O que está acontecendo? Qual é o problema? – Jill olhou para mim, com o rosto sombrio e os olhos arregalados de medo. –É Adrian. Você tem que resgatá-lo. –

0 Comments:

Postar um comentário