Adrian dormiu durante uma boa parte do caminho de volta para Palm Springs. Aparentemente, a sua festa a altas horas da noite com Carla e Krissy resultou em muito pouco descanso. Pensar nisso me deixou desconfortável. Pensar que Jill experimentou aquilo através dele me fez doente. Havia pouca coisa que pudéssemos fazer por Carla e Krissy excepto oferecer nossas simpatias. Ataques de Strigoi aconteciam. Era trágico e terrível, mas a única maneira que muitos Moroi tinham para se proteger era exercer cautela, manter o seu paradeiro seguro e se possível ficar com guardiões. Para Moroi que não fossem da realeza, viver no mundo e ir à escola como Carla e Krissy iam, guardiões não eram uma opção. Bastantes Moroi têm por gosto aquilo, eles só tinham que ser cuidadosos. Uma das duas pensavam que a circunstância da morte da sua amiga era terrível. Aquilo era verdade. Elas eram. Mas nenhuma delas pensou muito passar por aquilo ou sentir que havia algo estranho em degolar. Eu Nem mesmo eu teria se não tivesse ouvido Clarence a contar sobre a morte da sua sobrinha. Eu levei Adrian para Amberwood comigo e o assinalei, com brevidade, como um convidade imaginando que Jill se sentiria melhor vê-lo em carne e osso. Com certeza, ela já estava esperando por nós no dormitório quando chegamos. Ela o abraçou e me mostrou um olhar grato. Eddie estava com ela, e embora ele não dissesse nada, havia um olhar de irritação em sua cara que me disse que não era a única que pensava que Adrian tinha-se comportado ridiculamente. –Eu estava tão preocupada–, disse Jill.
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Adrian despenteou o seu cabelo, que a fez se desviar para longe. –Nada para se preocupar, Jailbait. Enquanto as rugas saírem desta camisa, não há dano feito.– Nenhum dano feito, pensei, sentindo a acender a raiva dentro de mim. Nenhum dano, excepto Jill ter visto o interesse de atracão do Adrian com as outras raparigas e suportar a sua farra de bêbado. Não importava se Lee tinha substituído o velho interesse dela por Adrian. Ela era muito jovem para testemunhar qualquer coisa assim. Adrian tinha sido egoísta. –Agora–, Adrian continuou, –se a Sage for suficientemente gentil para continuar a jogar de motorista, eu vou levar-nos a todos para almoçar fora.– –Eu pensei que você não tinha dinheiro–, eu apontei para fora. –Eu disse que não tinha muito dinheiro.– Jill e Eddie trocaram olhares. –Nós, hum, estamos indo nos encontrar com Micah para o almoço,– disse Jill. –Traga-o junto–, disse Adrian. –Ele pode conhecer a família.– Micah apareceu pouco depois e ficou feliz em conhecer o nosso outro ‘irmão’. Ele balançou a mão de Adrian e sorriu. –Agora eu vejo alguma semelhança na família. Eu estava começando a me perguntar se Jill era adoptada, mas vocês dois se parecem um com o outro.– –O mesmo aconteceu com a volta do nosso carteiro em Norte Dakota,– disse Adrian. –Sul–, eu corrigi. Felizmente Micah não pareceu pensar que havia algo estranho sobre o deslizamento. –Certo–, disse Adrian. Ele estudou Micah pensativamente. –Há algo de familiar em você. Já nos conhecemos?– Micah balançou a cabeça. –Eu nunca fui para o Sul Dakota –. Eu tinha certeza que ouvi Adrian murmurar: –Já somos dois. – –Devíamos ir–, disse Eddie às pressas, se movendo em direcção á porta do nosso dormitório. –Eu tenho alguns deveres para recuperar o atraso, mais tarde. – Eu fiz uma careta intrigada com a mudança de atitude. Eddie não era um mau aluno de qualquer forma, mas tinha sido óbvio para mim, desde que cheguei a Amberwood, que ele não tomou o mesmo interesse pela escola como eu. Este era um ano repetido para ele, e ele estava contente por justamente apenas jogar e só fazer o que era necessário para ficar em boa situação. Se alguém pensou que seu comportamento era estranho, eles não demonstraram. Micah já estava conversando com Jill sobre algo, e Adrian ainda parecia que estava tentando
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identificar Micah. A oferta generosa de Adrian de pagar o almoço se estendeu apenas ao fast food, por isso a nossa refeição foi rápida. Depois de uma semana de comida do dormitório, porém, eu apreciei a mudança e Adrian há muito havia feito claro seus pontos de vista sobre a cozinha –saudável– de Dorothy. –Você deveria ter pedido uma refeição de crianças–, Adrian me disse, apontando para a minha hambúrguer meio comida e batatas fritas. –Você poderia ter me salvo um monte de dinheiro. E tinhas um brinquedo. – –Um ‘monte’ é um tipo de exagero, – disse. –Além disso, agora você tem sobras para ajudar você.– Ele revirou os olhos e roubou uma batata frita do meu prato. –Você é quem deve levar as sobras para casa. Como é que você funciona mesmo com tão pouca comida? – Ele exigiu. –Um dia desses, você somente é soprada para longe. – –Pare com isso–, disse. –Só estou a dizer as coisas como elas são–, disse ele com um encolher de ombros. –Você poderia estar a ganhar cerca de dez quilos.– Eu olhei para ele, incrédula, chocada demais para sequer chegar a uma resposta. O que fazia um Moroi saber sobre ganhar peso? Eles tinham perfeitas figuras. Eles não sabiam como era olhar no espelho e ver inadequação, para nunca sentir suficientemente bem. Era fácil para eles, visto que não importa o quão duro eu trabalhe, eu nunca ia parecer combinar com as suas desumana perfeição. Os olhos de Adrian moveram-se até onde Jill, Eddie e Micah estavam a falar animadamente sobre praticar mais auto-defesa em conjunto. –Eles são tipo fofos–, disse Adrian em voz afastada apenas para os meus ouvidos. Ele brincava com a sua palhinha enquanto estudava o grupo. –Talvez o Castile esteja algo mais adiante sobre deixá-la namorar na escola.– –Adrian–, eu gemi. –Brincadeira–, disse ele. –Lee provavelmente o desafiaria para um duelo. Ele não conseguia parar de falar sobre ela, sabia. Quando voltamos do minigolfe, Lee continuava exactamente com: 'Quando é que todos podemos sair de novo?' E ainda assim, ele caiu fora sobre a face da terra quando ele estava em LA e eu precisava dele.– –Você fez planos para se encontrarem?– perguntei. –Ele concordou em te levar para casa? – –Não–, admitiu Adrian. –Mas o que mais ele realmente estava fazendo? – Então, um homem de cabelos grisalhos passou, colidindo na cadeira de Jill enquanto ele
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equilibrava uma bandeja de hambúrgueres e sumos. Nada derramou, mas Eddie saltou em seus pés com velocidade relâmpago, pronto para voar por cima da mesa e defendê-la. O homem voltou-se e murmurou um pedido de desculpas. Adrian balançou a cabeça com espanto. –Basta enviar ele como acompanhante com quem ela sai, e nós nunca teremos de nos preocupar. – Sabendo o que eu sabia agora sobre a ligação de Adrian e Jill, eu era capaz de considerar a protecção de Eddie numa visão diferente. Ah, claro, eu sabia que a sua formação de guardião estava instalado nele por natureza, mas parecia sempre haver algo um pouco mais forte ali. Algo quase…pessoal. No início, eu perguntava se talvez fosse porque Jill fazia apenas parte do seu círculo de grandes amigos, como Rose. Agora, eu continuava a pensar que poderia ir mais longe do que isso. Jill tinha dito que Eddie foi o único a tentar protegê-la na noite do ataque. Ele falhou, provavelmente por causa do tempo e não por causa de uma falta de habilidade. Mas que tipo de marca aquilo deve ter deixado nele? Ele era alguém cujo único propósito na vida era defender os outros - e ele assistiu alguém morrer em seu relógio. Agora que Adrian a tinha trazido de volta à vida, era quase como uma segunda chance para Eddie? Uma oportunidade de se redimir? Talvez por isso ele ser tão vigilante. –Você parece confusa–, disse Adrian. Eu balancei minha cabeça e suspirei. –Eu acho que estou apenas a cismar com coisas. – Ele balançou a cabeça solenemente. –É por isso que eu nunca tento fazer isso. – Uma pergunta anterior surgiu-me na minha cabeça. –Hey, como é que você disse a essas meninas que o seu nome era Jet? – –Medida prática, se você não quiser pintinhos a encontrar-te mais tarde, Sage. Além disso, eu percebi que estava protegendo nossa operação aqui. – –Sim, mas porque Jet? Por que não… Eu não sei…Travis ou John? – Adrian me deu um olhar que disse que eu estava perdendo seu tempo. –Porque Jet parece foda.– Após o almoço, retomamos Adrian para Clarence, e o resto de nós voltou para Amberwood. Jill e Micah saíram para fazer suas próprias coisas e eu convenci Eddie a ir para a biblioteca comigo. Lá, nós estacamos numa mesa, e eu trouxe o meu laptop. –Então, descobrimos algo interessante quando eu peguei Adrian hoje –, disse a Eddie, mantendo a minha voz macia e baixa. Eddie me deu um olhar irónico. –Eu suponho que toda a experiência de pegar Adrian foi
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interessante - pelo menos do que a Jill me disse. – –Poderia ter sido pior–, especulei. –Pelo menos ele estava vestido quando eu cheguei lá. E havia apenas dois outros Moroi lá. Eu não tropecei numa casa da irmandade cheia deles ou qualquer coisa. – Aquilo o fez rir. –Você deve ter tido um trabalho difícil de conseguir que Adrian saísse de lá, se foi o caso. – A tela do meu laptop ganhou vida, e eu comecei o complicado processo de registo no mega seguro banco de dados dos Alquimistas. –Bem, quando estávamos saindo, as raparigas com quem ele estava descobriram que uma amiga delas foi morta por um Strigoi na outra noite. – Todo o humor desapareceu no rosto de Eddie. Seus olhos ficaram duros. –Onde?– –Em Los Angeles, não aqui–, acrescentei. Eu deveria saber melhor abrir uma conversa como aquela sem afirmar claramente de antemão que ele não precisava de estar à procura de Strigoi no campus. –Até onde sabemos, todos estão certos - Strigoi não querem sair em Palm Springs –. Eddie ficou cerca de um por cento menos tenso. –Esta é a coisa,– eu continuei. –Aquela rapariga Moroi - essa amiga delas - foi supostamente morta como a sobrinha de Clarence –. As sobrancelhas de Eddie subiram. –Com a garganta cortada?– Eu balancei a cabeça. –Isso é estranho. Você tem certeza que foi o que aconteceu - a qualquer uma delas? Quero dizer, nós apenas estamos indo fora do relatório de Clarence, certo? – Eddie batia um lápis contra a mesa enquanto ele ponderava isso. –Clarence é simpático o suficiente, mas vamos lá. Todos nós sabemos que ele não está quase lá. – –É por isso que eu te trouxe aqui. E por que eu queria ver esse banco de dados. Nós mantemos controlo da maioria das mortes relacionadas com Strigoi –. Eddie olhou por cima do meu ombro enquanto eu fazia uma entrada em Tamara Donahue de há cinco anos atrás. Com certeza, ela foi encontrada com a garganta cortada. Outra pesquisa sobre Melody Croft – amiga da Krissy e da Carla - também apareceu um relatório da noite passada. Meu pessoal foi ao local e rápidos a reportar a informação. Melody também teve a garganta cortada. Tinha havido outros relatos de assassinatos Strigoi em LA - que era uma cidade grande, afinal de contas - mas apenas dois corresponderam a esse perfil.
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–Você ainda está pensando sobre o que Clarence disse - sobre caçadores de vampiros?– Eddie me perguntou. –Eu não sei. Eu apenas pensei que valia a pena conferir estes acontecimentos. – –Guardiões opinaram sobre ambos os casos–, Eddie disse, apontando para a tela. –Eles também declararam ataques Strigoi - havia sangue colhido de ambas as meninas. Isso é o que faz um Strigoi. Eu não sei o que faz um caçador de vampiros, mas eu simplesmente não vejo que beber sangue faça parte do objectivo deles.– –Eu também não penso assim. Mas nenhuma dessas meninas foi drenada. – –Strigoi nem sempre terminam de beber de suas vítimas. Especialmente se forem interrompidos. Esta rapariga Melody foi morta perto de um clube, certo? Quer dizer, se o assassino dela ouviu alguém chegando, eles simplesmente deram á sola. – –Eu suponho. Mas e sobre a garganta cortada? – Eddie deu de ombros. –Temos toneladas de relatos de Strigoi fazendo coisas malucas. Basta olhar para Keith e seu olho. Eles são o mal. Você não pode aplicar a lógica para eles. – –Hum, vamos deixar o olho dele fora disto.– Keith não era um caso que eu queria trazer. Sentei-me na minha cadeira e suspirei. –Há apenas uma coisa que me incomoda sobre todos os assassinatos. A meia bebida. A garganta cortada. Ambas, são coisas estranhas acontecendo em conjunto. E eu não gosto de coisas estranhas. – –Então você está na profissão errada–, disse Eddie, seu sorriso voltou. Eu sorri de volta, minha mente ainda a transformar tudo. –Acho que sim.– Quando eu não disse nada, ele me deu um olhar de surpresa. –Você realmente não…você não acha que existem caçadores de vampiros, não é? – –Não, não realmente. Nós não temos nenhuma evidência para pensar que existe. – –Mas…– Eddie solicitando. –Mas–, eu disse. –A ideia não te apavora um pouco? Quer dizer, agora, você sabe para quem olhar. Outro Moroi. Strigoi. Eles se destacam. Mas um humano caçador de vampiros?– Fiz um gesto para os alunos reunidos e trabalhando na biblioteca. –Você não sabe quem é uma ameaça.– Eddie balançou a cabeça. –É muito fácil, na verdade. Eu apenas trato todos como uma ameaça. – Eu não consegui decidir se isso me fez sentir melhor ou não. Quando voltei para meu dormitório mais tarde, a Sra. Weathers acenou para mim. –Ms. Terwilliger deixou algo
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de fora para você. – –Ela trouxe-me alguma coisa?– Eu perguntei, surpresa. –Não é dinheiro, pois não?– Até agora, nenhumas das minhas compras de café tinham sido reembolsadas. Em jeito de resposta, a Sra. Weathers entregou um livro com capa de couro. No início, eu pensei que era o que eu tinha acabado. Então eu olhei mais de perto a capa e li Volume 2. Um post-it amarelo estava anexo ao livro onde Ms. Terwilliger escreveu com uma letra araneiforme: Próximo. Suspirei e agradeci a Sra. Weathers. Eu faria qualquer tarefa que a minha professora pedisse, mas eu meia que estava esperançada que ela me atribuísse um livro com mais relatos históricos do que receitas de feitiços. Enquanto caminhava pelo hall, ouvi algumas exclamações de alarme a partir de uma extremidade mais adiante. Eu podia ver uma porta aberta e algumas pessoas reunidas lá dentro. Passando pelo meu próprio quarto a correr, fui ver qual era o problema. Era o quarto da Julia e da Kristin. Embora eu, realmente, não tivesse certeza se estava a fazer a coisa certa, empurrei o meu caminho passando por alguns espectadores assustados. Nenhum me parou. Encontrei Kristin deitada na sua cama contraindo-se violentamente. Ela estava suando aos litros, e as suas pupilas estavam enormes, não havia praticamente nenhuma íris discernível. Julia sentou-se perto dela na cama, assim como duas moças que eu não conhecia tão bem. Ela olhou á minha chegada com o seu rosto cheio de medo. –Kristin?– Eu chorei. –Kristin, você está bem?– Quando nenhuma resposta veio, me virei para as outras. –O que se passa com ela? – Julia ansiosamente espremeu um pano molhado e colocou-o na testa de Kristin. –Nós não sabemos. Ela tem estado assim desde manhã. – Olhei incrédula. –Então, ela precisa ver um médico! Precisamos chamar alguém agora. Vou buscar a Sra.Weathers… – –Não!– Julia deu um salto e agarrou o meu braço. –Você não pode. A razão pela qual ela esta assim...bem nós achamos que é por causa da tatuagem. – –Tatuagem?– Uma das outras meninas pegaram o pulso de Kristin e virou-o para que eu pudesse ver o seu interior. Lá, tatuado com tinta cobre brilhante em sua pele escura, estava uma margarida. Lembrei-me que Kristin ansiava por uma tatuagem celestial, mas pelo que sabia, ela não podia pagar. –Quando ela conseguiu isso?– –Hoje cedo–, disse Julia. Ela olhou envergonhada. –Eu emprestei-lhe o dinheiro. – Olhei para aquela flor brilhante, tão bonita e aparentemente inofensiva. Eu não tinha
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dúvida de que era aquilo que estava a causar a crise. O que estava misturado com a tinta para fornecer a intensidade não estava reagindo correctamente com o sistema dela. –Ela precisa de um médico–, eu disse com firmeza. –Você não pode. Nós vamos ter que lhes dizer sobre as tatuagens –, disse a garota que estava segurando a mão de Kristin. –Ninguém acreditou no Trey, mas se virem algo como isto…bem, tudo perto de Nevermore poderia ser encerrado. – Bom! Pensei. Mas para meu espanto, as palavras dela foram recebidas com acenos das outras raparigas ali. Elas estavam loucas? Quantas delas tinham estas tatuagens ridículas? E era mais importante proteger aquilo do que a vida de Kristin? Julia engoliu em seco e sentou-se na borda da cama. –Nós estávamos esperando que isto passe. Talvez ela precise de um pouco de tempo para se ajustar. – Kristin gemeu. Uma das suas pernas tremia como se ela estivesse a ter um espasmo muscular e depois parou. Seus olhos e suas pupilas dilatadas olhavam fixamente para a frente e a sua respiração era superficial. –Ela vai ficar assim o dia todo!– eu apontei. –Vocês, ela poderia morrer. – –Como você sabe?–, perguntou Julia em espanto. Eu não sabia, não realmente. Mas de vez em quando, as tatuagens Alquimistas não assumiam também. Em 99 por cento dos casos, os corpos humanos aceitavam o sangue de vampiro utilizado numa tatuagem Alquimistas, permitindo que suas propriedades se misturassem com o nosso sangue, tipo uma espécie de um grau abaixo dos dhampir. Ganhávamos boa resistência e vida longa, embora dificilmente termos as incríveis habilidades físicas que os dhampirs recebiam. O sangue era muito diluído para isso. Mesmo assim, havia sempre uma pessoa ocasional que ficava doente com uma tatuagem Alquimista. O sangue envenenava. Tinha ficado pior, por causa do ouro e dos outros produtos químicos que trabalhavam para manter o sangue infundido na pele, por isso nunca tinha a chance de sair. Aqueles que não eram tratados morriam. Sangue de vampiro não causava uma alta euforia, por isso eu não acreditava que havia algum nestas tatuagens. Mas o tratamento que usamos para as tatuagens Alquimistas dependia em quebrar os componentes metálicos da tatuagem a fim de liberar o sangue, permitindo que o corpo em seguida limpasse o resto naturalmente. Eu assumi que o mesmo princípio funcionaria aqui. Só que eu não sabia a fórmula exacta para o composto Alquimista e não era certo que iria quebrar o cobre como ele fazia com o ouro. Mordi o lábio, pensando, e finalmente, tomei uma decisão. –Eu volto já–, disse a elas,
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correndo para meu quarto. Todo o tempo, uma voz interior me castigou por tolice. Eu não tinha nada que fazer o que estava prestes a tentar fazer. Eu deveria ir directa a Sra. Weathers. Em vez disso, eu abri a porta do meu quarto e encontrei Jill com seu laptop. –Hey, Sydney–, disse ela, sorrindo. –Estou no chat com o Lee e…– Ela teve uma reacção de surpresa atrasada. –O que há de errado?– Fui para o meu próprio laptop e coloquei-o na cama. Enquanto ele iniciava, eu peguei numa pequena mala de metal, que cuidadosamente embalei mas nunca esperei usar. –Você pode ir buscar-me um pouco de água? Rapido? – Jill hesitou apenas um momento antes de concordar. –Volto já –, disse ela pulando da cama. Enquanto ela estava fora, eu desbloqueei a mala com uma chave que eu mantinha sempre comigo. Dentro dela havia pequenas quantidades de dezenas de compostos Alquimistas, tipos de substâncias que nós misturávamos e usávamos como parte do nosso trabalho. Alguns ingredientes - como os que eu usava para dissolver os corpos de Strigoi – eu tinha muitos outros. Alguns eram apenas amostras. Meu laptop finalmente iniciou e eu conectei ao banco de dados dos Alquimistas. Algumas pesquisas e eu tive logo acesso á fórmula para o tratamento anti-tatuagens. Jill voltou depois, carregando um copo cheio de água. –Isso é suficiente? Se estivéssemos em outro qualquer clima, eu poderia ter retirado directamente a partir do ar. – –Está tudo bem–, eu disse, contente por o clima mantê-la longe da magia. Eu fiz uma leitura rápida na fórmula, analisando quais os ingredientes necessários. Eu mentalmente excluí as que eu sabia serem específicas para o ouro. Algumas nem sequer tinha, mas eu certamente sabia que eram simplesmente para o conforto da pele e não eram necessárias. Comecei a puxar os ingredientes do meu kit, medi cuidadosamente - embora ainda me movendo tão rapidamente quanto possível – para outro copo. Fiz substituições que eram necessárias e acrescentei um ingrediente que eu sabia que iria quebrar o cobre, embora a quantidade necessária era apenas uma suposição da minha parte. Quando terminei, tomei a água de Jill e acrescentei a mesma quantidade que estava no manual original de instruções. O resultado final foi um líquido que me lembrou o iodo. Levantei-o e me senti um pouco como um cientista louco. Jill me tinha visto sem comentar todo o tempo, sentindo a urgência. Seu rosto estava cheio de preocupação,
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mas ela estava mordendo de volta todas as perguntas que eu sabia que ela tinha. Ela me seguiu quando eu sai do quarto e voltei para o de Kristin. Mais raparigas estavam lá do que antes, e honestamente era uma maravilha a Sra. Weathers não ouvir todo aquele barulho. Para um grupo que tinha tanta intenção de proteger suas preciosas tatuagens, eles não estavam sendo particularmente discretos. Voltei para o leito de Kristin, encontrando-a inalterada. –Exponham o pulso novamente, e mantenham o braço dela assim o máximo possível para mim.– Eu não dirigi o comando para ninguém, mas coloquei força suficiente na voz para sentir que certamente alguém iria obedecer. Eu estava certa. –Se isto não funcionar, vamos a um médico.– Minha voz não deixou espaço para discussão. Julia parecia mais pálida do que Jill, mas deu um fraco aceno de aceitação. Peguei no pano que ela tinha vindo a utilizar e mergulhei-a no meu copo. Eu realmente nunca tinha visto isto a ser feito e tive que adivinhar como aplicá-la. Eu fiz uma oração silenciosa e, em seguida, pressionei a toalha contra a tatuagem no pulso de Kristin. Ela soltou um grito estrangulado, e seu corpo inteiro pulou. Algumas raparigas próximas instintivamente ajudaram a segurá-la. Pequenas nuvens de fumaça serpenteavam onde eu estava segurando a toalha contra ela, e eu senti um forte odor de acre. Esperando, o que eu esperava que fosse uma quantidade de tempo aceitável, eu finalmente removi o pano. A linda margarida estava mutilada diante dos nossos olhos. Suas linhas perfeitas começaram a correr num borrão. O cobre começou a mudar de cor, escurecendo num verde azulado. Em pouco tempo, o desenho ficou irreconhecível. Aquilo ficou numa bolha amorfa. Em torno dela, vergões vermelhos apareceram na pele, mas aquilo parecia ser mais uma irritação superficial do que alguma coisa terrível. Ainda assim, a coisa toda parecia terrível e eu olhei em horror. O que eu tinha feito? Todo mundo ficou em silêncio, ninguém sabendo o que fazer. Um par de minutos se passou, mas eu senti como horas. Abruptamente, Kristin parou de se mexer. Sua respiração ainda parecia forçada, mas ela piscou, seus olhos focaram como se de repente visse o mundo pela primeira vez. Suas pupilas ainda estavam enormes, mas ela conseguiu olhar ao redor e por último focou em mim. –Sydney–, arfou Kristin. –Obrigado.–
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 15
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às 12:02
Marcadores: Laços de Sangue
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