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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 17

Todos na sala pareciam ter trancado a respiração.

Porém, mesmo diante de milagres, guardiões – ou Strigoi, neste caso – eram difíceis de se distrair. Os guardiões tinham a vantagem, e aqueles que não estavam enfrentando os últimos Strigoi sobreviventes avançaram subitamente na direção de Lissa, tentando tirá-la de perto de Dimitri. Para a surpresa de todos, ela o segurava firmemente e fez alguns esforços patéticos para se desvencilhar daqueles se juntando ao seu redor. Ela era decidida e protetora,

fazendo-me pensar mais uma vez em uma mãe defendendo seu filho.

Dimitri a segurava com a mesma intensidade, mas tanto ele quanto Lissa estavam em menor número. Os guardiões finalmente os afastaram. Houve gritos confusos enquanto eles tentavam decidir se deviam matar Dimitri. Não teria sido difícil agora. Ele mal conseguia se manter de pé quando eles o soltaram.

Aquilo me despertou. Eu tinha ficado só olhado, congelada e espantada. Me livrando do torpor, eu saltei para frente, mas sem saber ao certo na direção de quem eu iria: Lissa ou Dimitri.

“Não! Parem!” eu gritei, vendo alguns guardiões se aproximarem com estacas. “Ei! Ele não é o que vocês pensam! Ele não é um Strigoi! Olhem para ele!”

Lissa e Christian gritavam coisas parecidas. Alguém me segurou e me puxou para longe, dizendo para deixar os outros cuidarem disso. Sem pensar, eu me virei e dei um soco no rosto de meu captor, percebendo tarde demais que se tratava de Hans. Ele foi um pouco para trás, parecendo mais surpreso que ofendido. Atacá-lo, no entanto, serviu para atrair a atenção dos outros, e eu logo tinha meu próprio grupo de guardiões para enfrentar. Meus esforços não fizeram bem algum, em parte porque eles estavam em maior número e parte porque eu não poderia enfrentá-los da mesma forma que fazia com os Strigoi.

Enquanto os guardiões me arrastavam para longe, eu percebi que Lissa e Dimitri tinham sido retirados dali. Eu exigi saber onde eles estavam, berrando e dizendo que precisava vê-los. Ninguém me ouviu. Eles me tiraram do depósito, passando por uma quantia espantosa de cadáveres. A maioria era Strigoi, mas eu reconheci alguns rostos do regimento de guardiões da Corte. Minha expressão piorou, mesmo que eu não tivesse conhecido eles bem. A luta havia acabado, nosso lado vencera – mas por um grande custo. Os guardiões sobreviventes teriam limpeza para fazer agora. Eu não ficaria surpresa se Alquimistas surgissem, mas, naquela hora, nada disso me interessava.

“Onde está Lissa?” eu continuei exigindo enquanto era enfiada dentro de uma das caminhonetes. Dois guardiões entraram comigo, sentando um de cada lado. Eu não conhecia nenhum deles. “Onde está Dimitri?”

“A princesa foi levada para um local seguro,” um dos guardiões disse rapidamente. Ele e o outro cara olhavam diretamente para frente, e eu percebi que nenhum deles responderia a pergunta sobre Dimitri. Ele poderia nem existir para eles.

“Onde está Dimitri?” eu repeti, falando mais alto com a esperança de que isso me trouxesse uma resposta. “Ele está com Lissa?”

Isso trouxe uma reação. “Claro que não,” disse o guardião que falara antes.

“Ele... ele está vivo?” Aquela foi uma das perguntas mais difíceis que eu já fizera, mas eu precisava saber. Eu detestava admitir isso mas, se estivesse no lugar de Hans, eu não estaria procurando por milagres. Eu exterminaria qualquer coisa que eu considerasse uma ameaça.

“Sim,” disse o motorista em fim. “Ele... aquilo... está vivo.” 24 mai ?Rafaela?

E isso foi tudo o que consegui deles, não importava o quanto eu discutisse e exigisse que eles me soltassem do carro – e acredite, eu fiz muito disso. A habilidade deles em me ignorar era bem impressionante, na verdade. Para ser justa, eu nem tenho certeza de que eles sabiam o que aconteceu. Tudo foi tão rápido. A única coisa que esses dois sabiam é que eles receberam a ordem de me escoltar para fora do prédio.

Eu continuei esperando que alguém que eu conhecesse entrasse no carro. Não. Só mais guardiões desconhecidos. Nada de Christian ou Tasha. Nem mesmo Hans – claro, isso era compreensível. Ele devia estar com medo de que eu o socaria por acidente de novo.

Quando estávamos carregados e na estrada, eu finalmente desisti de atormentar eles e afundei no meu banco. Outras caminhonetes saíram com a nossa, mas eu não tinha ideia se meus amigos estavam nelas ou não.

O elo entre eu e Lissa ainda estava entorpecido. Após o choque inicial, no qual eu não senti nada, eu comecei a readquirir um pouco o contato com ela, me dizendo que ainda estávamos conectados e que ela estava viva. Era isso. Com todo o poder que saiu dela, era quase como se nossa ligação tivesse sido fritada temporariamente.

A magia entre nós era frágil. Toda vez que eu tentava usar o elo para verificar como ela estava, era como se eu tivesse olhando para algo muito brilhante e ainda estivesse cega. Eu só podia esperar que ela voltasse ao normal logo pois precisava da visão dela sobre o que aconteceu.

Não, risque “visão”. Eu precisava saber o que aconteceu, ponto. Eu ainda estava um pouco chocada, e a longa viagem de volta à Corte me permitiu processar alguns dos fatos aos quais tivera acesso. Eu queria pular logo para Dimitri, mas precisava começar do começo se eu realmente quisesse analisar o que aconteceu.

Primeiro: Lissa havia encantado a estava e escondeu essa informação de mim. Quando? Antes da viagem para a faculdade? Em Lehigh? Quando estava presa? Não importava. 24 mai ?Rafaela?

Segundo, apesar de todas as tentativas falhas com a almofada, ela enfiara a estaca no coração de Dimitri. Foi uma luta, mas o fogo de Christian permitiu que funcionasse. Eu estremeci, lembrando das queimaduras que Lissa sofreu naquela hora. Eu senti a dor delas antes que a ligação ficasse branca, e eu também vira marcas nela. Adrian não era o melhor curador do mundo, mas eu tinha esperanças de que sua magia fosse o bastante para cuidar disso.

O terceiro e último fato era... bem... era um fato? Lissa empalara Dimitri e usou a mesma magia que utilizaria numa cura... e então? Essa era a grande pergunta. O que aconteceu, além do que pareceu uma explosão nuclear de magia através da nossa ligação? Eu havia visto o que pensava que havia?

Dimitri tinha... mudado.

Ele não era mais um Strigoi. Eu sentia isso no meu coração, mesmo que só tivesse uma breve visão dele. Foi o bastante para me permitir ver a verdade. Os traços de Strigoi se foram. Lissa fez tudo que Robert jurou que precisava ser feito para salvar um Strigoi e, com certeza, depois de toda aquela magia... bem, era fácil acreditar que tudo era possível. A imagem de Dimitri voltou a mim, abraçando Lissa com lágrimas escorrendo por seu rosto. Eu nunca o vira tão vulnerável. De alguma forma, eu não acreditava que Strigoi choravam.

Algo em meu coração revirou dolorosamente, e eu pisquei rapidamente para segurar meu próprio choro. Olhando ao redor, eu percebi onde estava. Fora do carro, o céu se iluminava. Era quase nascer do sol. Os guardiões que estavam comigo tinham sinais de cansaço no rosto, mesmo assim, suas expressões alertas nunca fraquejavam. Eu perdi ideia do tempo, mas meu relógio interno me dizia que estivemos na estrada por um bom tempo. Estávamos quase de volta à Corte. 24 mai ?Rafaela?

Em mais uma tentativa, eu toquei o elo novamente e percebi que ele estava de volta, embora frágil. Era como se ele alternasse entre conectado e não, tentando se restabelecer. Isso bastou para me fazer relaxar, e eu soltei um suspiro de alívio. Quando a ligação surgiu pela primeira vez, anos atrás, tinha sido estranho... surreal. Agora, eu o aceitava como parte da minha vida. Sua falta hoje parecia não natural.

Vendo através dos olhos de Lissa, no carro em que ela estava, eu tive a imediata esperança de ver Dimitri com ela. Aquele vislumbre no depósito não fora o bastante. Eu precisava vê-lo de novo, precisava saber se o milagre havia mesmo acontecido. Queria me deleitar naquelas feições, olhar para o Dimitri de tanto tempo atrás. O Dimitri que eu amava.

Mas ele não estava com Lissa. Christian, no entanto, estava lá, e observou Lissa enquanto ela se remexia. Ela tinha dormido e ainda se sentia tonta. Isso, combinado ao efeito colateral do gasto de poder anterior, deixava nossa conexão meio enevoada. As coisas saiam de foco, mas, no geral, eu podia acompanhar os acontecimentos.

“Como se sente?” perguntou Christian. Sua voz e olhos enquanto ele falava com ela estavam tão cheios de afeição que me pareceu impossível que ela não percebesse. Mas também, ela estava um pouco preocupada agora.

“Cansada. Desgastada. Como se... eu não sei. Como se tivesse sido atirada por todos os cantos em um furacão. Ou atropelada por um carro. Escolha algo horrível, é assim que me sinto.”

Ele deu um pequeno sorriso e tocou gentilmente a bochecha dela. Me abrindo mais para os sentidos dela, eu podia sentir a dor das queimaduras e que ele tocava perto de uma, mas tendo o cuidado de manter-se fora do contato.

“Está horrível?” ela perguntou. “Minha pele derreteu inteira? Eu pareço um alienígena?”

“Não,” ele disse, rindo baixinho. “Nem tanto. Você continua linda como sempre. Precisaria de muita coisa para mudar isso.” 24 mai ?Rafaela?

A dor horrível que ela sentia me fez pensar que havia muito mais dano do que ele admitia, mas o cumprimento e a maneira como ele fora dito já fizeram muito para tranquilizá-la. Por um instante, toda a sua existência se focou no rosto dele e na forma que o sol nascente começava a iluminá-la.

Então, o resto do mundo caiu sobre ela.

“Dimitri! Eu preciso ver Dimitri!”

Havia guardiões no carro, e ela olhou para eles enquanto falava. Para mim, ninguém parecia reconhecer ele ou o que aconteceu.

“Por que não posso vê-la? Por que o levaram?” Isso foi dirigido a quem quer que fosse responder e, por fim, Christian o fez.

“Porque eles acham que ele é perigoso.”

“Ele não é. Ele só... ele precisa de mim. Ele tem muita dor dentro dele.”

Os olhos de Christian se arregalaram, e seu rosto se encheu de pânico. “Ele não está... vocês não estão ligados, estão?”

Eu imagino pela sua expressão que Christian estava se lembrando de Avery e de como conectar-se a múltiplas pessoas a levou além do limite. Ele não estivera lá para ouvir a explicação de Robert sobre a alma indo ao mundo dos mortos e como Strigoi restaurados não formavam elkos.

Lissa balançou a cabeça devagar. “Não... eu apenas sei. Quando eu... quando eu o curei, nós tivemos essa conexão, e eu senti. O que eu tive que fazer... eu não posso explicar.” Ela passou uma mão pelos cabelos, frustrada por não poder colocar sua magia em palavras. O cansaço estava começando a tomar conta dela. “Era como se eu tivesse que fazer uma cirurgia na alma dele.”

“Eles o acham perigoso,” repetiu Christian gentilmente.

“Ele não é!” Lissa olhou em volta, para os outros ocupantes do carro, todos olhando para outros lugares. “Ele não é mais um Strigoi.”

“Princesa,” um dos guardiões começou a dizer, desconfortável, “ninguém sabe de verdade o que aconteceu. Você não pode ter certeza de quê-” 24 mai ?Rafaela?

“Eu tenho certeza!” ela disse, a voz muito alta para o espaço pequeno. Havia um tom suntuoso, comandante nela. “Eu sei. Eu o salvei. Eu o trouxe de volta. Eu sei com cada parte de mim que ele não é mais um Strigoi!”

Os guardiões pareciam desconfortáveis, novamente não dizendo nada. Eu acho que só estavam confusos, e, de verdade, como não estariam? Não havia precedentes para isso.

“Shh,” disse Christian, colocando sua mão na dela. “Não há nada que possamos fazer até voltarmos para a Corte. Você ainda está machucada e exausta – está escrito na sua testa.”

Lissa sabia que ele estava certo. Ela estava machucada e ela estava exausta. Aquela magia lhe rasgou. Ao mesmo tempo, o que ela fizera com Dimitri criara um vínculo com ele – não mágico, mas psicológico. Ela realmente era como a sua mãe. Ela se sentia desesperadamente protetiva e preocupada.

“Eu preciso vê-lo,” ela disse

Ela precisava? E eu?

“Você vai,” disse Christian, parecendo mais seguro do que eu suspeitava que ele realmente estivesse. “Tente descansar agora.”

“Não posso,” ela disse, mesmo soltando um bocejo.

O sorriso voltou a seu rosto e ele passou o braço em volta dela, colocando-a tão perto quanto os cintos de segurança permitiam. “Tente,” ele disse.

Ela descansou a cabeça em seu peito, sua proximidade como uma cura própria. Preocupação com Dimitri ainda estavam dentro dela, mas as necessidades de seu corpo eram maiores no momento. Por fim, ela começou a dormir nos braços de Christian, ouvindo distante ele murmurar, “Feliz aniversário.”

Vinte minutos depois, nosso comboio chegou à Corte. Eu achei que isso significaria liberdade instantânea, mas meus guardiões demoraram tudo o que podiam para sair, esperando algum sinal ou direções dos quais não se preocuparam em me falar. No final das contas, estavam esperando por Hans. 24 mai ?Rafaela?

“Não,” ele disse, colocando firmemente uma mão em meu ombro quando eu saí do carro e tentei sair correndo para... bem, eu não sabia para onde. Qualquer lugar onde Dimitri estivesse. “Espere.”

“Eu preciso vê-lo!” Eu exclamei, tentando passar. Hans parecia uma parede de tijolos. Considerando que ele havia lutado com muito mais Strigoi que eu esta noite, você pensaria que ele estivesse cansado. “Você precisa me contar onde ele está.”

Para minha surpresa, Hans contou. “Trancado. Muito, muito fora do seu alcance. Ou de qualquer outra pessoa. Eu sei que ele costumava ser seu professor, mas é melhor que você mantenha distância por enquanto.”

Meu cérebro, cansado pelas atividades noturnas e sobrecarga emocional, levou um momento para processar isso. As palavras de Christian voltaram. “Ele não é perigoso,” eu disse. “Ele não é mais um Strigoi.”

A mesma pergunta que fizeram para Lissa. Como poderíamos responder aquilo? Nós sabíamos porque passamos por situações horríveis para descobrir como transformar um Strigoi e, quando concluímos as instruções, houve uma bomba atômica de magia. Isso não era prova o bastante para ninguém? A aparência de Dimitri não era o bastante?

Ao invés disso, minha resposta foi como a de Lissa. “Eu apenas sei.”

Hans balançou a cabeça, e agora, eu podia ver que ele estava realmente exausto. “Ninguém sabe o que está havendo com Belikov. Os de nós que estavam lá... bem, eu não tenho certeza do

que vi. Tudo o que sei é que ele liderava Strigoi há pouco e, agora, está no sol. Não faz sentido algum. Ninguém sabe o que ele é.”

“Ele é um dhampir.”

“E até que saibamos,” ele continuou, ignorando minha observação, “Belikov vai ficar trancado até que o examinemos.” Examinar? Eu não gostei de como aquilo soava. Fazia Dimitri parecer um animal de laboratório. Fez meu temperamento queimar, e eu quase gritei com Hns. Um instante depois, recuperei meu controle.

“Então, eu preciso ver Lissa.” 24 mai ?Rafaela?

“Ela foi levada ao centro médico para tratamento – do qual ela precisa muito. Você não pode ir até lá,” ele acrescentou, antecipando minha próxima resposta. “Metade dos guardiões está lá. É uma bagunça, e você ficaria no caminho.”

“Então o que diabos eu devia fazer?”

“Vá dormir.” Ele me lançou um olhar de esguelha. “Eu ainda acho que você tem uma personalidade ruim, mas depois do que vimos lá... bem, eu vou dizer isso. Você sabe lutar. Precisamos de você – provavelmente, para coisas além de burocracia. Agora, vá cuidar de si mesma.”

E foi isso. O tom de expulsão em sua voz era claro, e enquanto os guardiões se apressavam, parecia que eu não existia mais. Toda a encrenca em que eu estivera antes parecia esquecida há tempos. Sem mais preenchimentos depois disso. Mas o que eu devia fazer? Hans era doido? Como eu ia dormir? Eu precisava fazer alguma coisa. Eu precisava ver Dimitri – mas não sabia onde eles o levaram. Provavelmente para a mesma prisão onde Victor ficou, a qual era inacessível para mim. Eu também precisava ver Lissa – mas ela estava sob cuidados médicos profundos. Eu não tinha poder lá. Eu precisava apelar para alguém influente.

Adrian!

Se eu fosse até Adrian, talvez ele pudesse mexer uns pauzinhos. Ele tinha suas conexões com a realeza. Poxa, a rainha o amava, apesar de seu jeito de vagabundo. Por mais que me matasse aceitar, eu percebi que ver Dimitri de imediato seria praticamente impossível. Mas no centro médico? Adrian podia me ajudar a ver Lissa, mesmo

que estivesse cheio e caótico lá. O vínculo estava bagunçado, e falar com ela diretamente me garantiria respostas mais rápidas quanto a Dimitri. Além do mais, eu queria ver por mim mesma se ela estava bem. 24 mai ?Rafaela?

Entretanto, quando cheguei à casa em que Adrian ficava quando estava na Corte, eu fui informada pelo porteiro que ele saíra um pouco antes para ir – ironicamente – ao centro médico. Eu grunhi. Claro que ele já estaria lá. Com suas habilidades de cura, eles teriam tirado ele da cama. Fraco ou não, ele certamente poderia ajudar.

“Você estava lá?” o porteiro me perguntou quando comecei a me virar.

“O quê?” Por um minuto, achei que ele estivesse falando do centro médico.

“A batalha com os Strigoi! O resgate. Estou ouvindo todo o tipo de coisa.”

“Já? O que você ouviu?”

Os olhos dele estavam arregalados de excitação. “Eles disseram que quase todos os guardiães morreram. Mas que vocês capturaram um Strigoi e o trouxeram de volta.”

“Não, não... há mais feridos do que mortos. E o outro...” Por um instante, não pude respirar. O que havia acontecido? O que realmente havia acontecido com Dimitro? “Um Strigoi voltou a ser dhampir.”

O porteiro me encarou. “Você foi acertada na cabeça?”

“Estou dizendo a verdade! Vasilisa Dragomir fez isso. Com seu poder de espírito. Espalhe isso por aí.”

Eu o deixei com seu queixo caído. E assim, eu não tinha mais opções, ninguém de quem tirar informações. Voltei para o meu quarto me sentindo derrotada mas muito agitada para dormir. Ao menos, foi o que pensei no início. Após dar algumas voltas pelo quarto, eu me sentei em minha cama para sentar em um plano. No entanto, não demorou para que eu estivesse dormindo pesado.”

Eu acordei com um susto, confusa e com meu corpo doendo em partes que eu nem percebera que tinha sido atingidas na luta. Eu olhei para o relógio, espantada com o quanto eu dormira. Em horário vampírico, era o fim da manhã. Em cinco minutos, eu tinha tomado banho e colocado minhas roupas que não estavam rasgadas ou ensanguentadas. E desse jeito, eu saí.

Pessoas estavam indo e vindo com suas atividades diárias, ainda assim todos que passavam pareciam falar da luta no depósito – e em Dimitri. 24 mai ?Rafaela?

“Você sabe que ela pode curar,” eu ouvi um Moroi dizer para sua esposa. “Por que não os Strigoi? Por que não os mortos?”

“Isso é loucura,” respondeu a mulher. “Eu nunca acreditei nesse espírito, de qualquer jeito. É uma mentira para disfarçar o fato de que essa Dragomir nunca se especializou.”

Eu não ouvi o resto da conversa deles, mas outros passaram com assuntos similares. As pessoas ou estavam convencidas de que era tudo mentira, ou tratavam Lissa como uma santa. De vez em quando, eu ouvia esquisitices, como que os guardiões teriam capturado vários Strigoi para fazer experimentos. Em nenhum momento eu ouvi o nome de Dimitri ou fiquei sabendo o que houve com ele.

Eu segui meu único plano: ir até o prédio dos guardiões onde ficava a prisão da Corte, mesmo sem saber o que eu realmente faria quando chegasse lá. Eu nem tinha certeza absoluta de que era lá que Dimitri estava, mas me parecia o lugar mais provável. Quando passei por um guardião no caminho, levei vários minutos para perceber quem era. Eu parei e dei meia volta.

“Mikhail!” Ele virou e, me vendo, foi até mim. “O que está havendo?” eu perguntei, aliviada em ver um rosto amigo. “Eles deixaram Dimitri sair?”

Ele balançou a cabeça. “Não, ainda estão tentando entender o que aconteceu. Todos estão confusos, embora a princesa tenha jurado de todos os jeitos depois de vê-lo que ele não é mais um Strigoi.”

Havia um tom maravilhado na voz de Mikhail – e desejoso também. Ele esperava que fosse verdade, que podia haver uma chance de

sua amada ser salva. Meu coração doeu por ele. Eu esperava que ele e Sonya pudessem ter um final feliz como-

“Espere. O que você disse?” Suas palavras fizeram meus pensamentos românticos pararem. “Você disse que Lissa viu ele? Você quis dizer, após a luta?” Imediatamente, eu fui até o elo. Estava ficando gradativamente mais claro – mas Lissa estava dormindo, então eu não descobri nada.

Eu pedi para ela,” Mikhail explicou. “Então, eles deixaram ela entrar – com guardas, é lógico.”

Eu fiquei olhando, minha mandíbula quase caindo no chão. Dimitri estava vendo visitantes. Eles estavam deixando pessoas entrarem. Essa informação iluminou o humor negro que estava se formando em mim. Eu dei as costas. “Obrigada, Mikhail.”

“Espere, Rose-”

Mas eu não parei. Eu corri para o prédio dos guardiões totalmente inconsciente da forma como as pessoas me olhavam. Eu estava tão excitada, tão revigorada por essa nova informação. Eu podia ver Dimitri. Eu podia finalmente ficar com ele, de voltado onde deveríamos ter estado.

“Você não pode ver ele.”

Eu literalmente parei quando o guardião em serviço na recepção me impediu.

“O – o que?Eu preciso ver Dimitri.”

“Sem visitas.”

“Mas Lissa – er, Vasilisa Dragomir pode ver ele.”

“Ele pediu para vê-la.”

Eu encarei incrédula. “Ele deve ter pedido para me ver também.”

O guardião deu de ombros. “Se ele pediu, ninguém me disse.”

A raiva que eu segurei ontem finalmente acordou. “Então vá saber alguem que saiba! Dimitri quer me ver. Você tem que me deixar entrar. Quem é o chefe?”

O guardião fez uma careta. “Não vou a lugar nenhum até meu turno acabar. Se você tem autorização, alguém me dirá. Até lá, ninguém sem permissão especial poder ir lá embaixo.”

Depois de enfrentar a segurança dos Tarasov, eu me senti bem confiante que eu podia me livrar facilmente desse cara. No entanto, eu me senti igualmente confiante de que assim que eu entrasse na cadeia, eu encontraria muito mais guardiões. Por um segundo, derrubar eles pareceu razoável. Era Dimitri. Eu faria qualquer coisa por ele. Uma ligeira agitação no nosso laço me fez ver a razão. Lissa tinha acabado de acordar. 24 mai ?Rafaela?

“Tudo bem,” eu disse. Eu ergui meu queixo e dei a ele um olhar altivo. “Obrigada pela “ajuda”.” Eu não precisava desse perdedor. Eu iria até Lissa.

Ela estava ficando quase do lado contrário da Corte, e eu cobri toda a distancia como um raio. Quando eu finalmente alcancei ela e ela abriu a porta do seu quarto, eu vi que ela se arrumou quase tão rápido quanto eu. Na verdade, eu senti que ela estava bem perto de sair. Estudando seu rosto e mãos, eu estava feliz por ver que quase todas as queimaduras se foram. Alguns pontos vermelhos permaneciam em seus dedos, mas foi isso. Isso era responsabilidade de Adrian. Nenhum médico poderia ter feito isso acontecer. Com uma blusa azul, e seu cabelo loiro puxado para trás, ela não parecia com alguém que tinha passado por tantos problemas a menos de 24 horas.

“Você está bem?” ela perguntou. Apesar de tudo, ela nunca parava de se preocupar comigo.

“Yeah, bem.” Fisicamente, pelo menos. “Você?”

Ela acenou. “Tudo bem.”

“Você parece bem,” eu disse. “Ontem a noite... eu quero dizer, eu estava bem assustada. Com o fogo...” eu não consegui terminar.

“Yeah,” ela disse, desviando meu olhar. Ela parecia nervosa e desconfortável. “Adrian foi ótimo curando as pessoas.”

“É isso que você está fazendo?” Havia agitação e desconforto no laço. Fazia sentido ela querer ir correndo até o centro médico e ajudar também. Só que... mas uma sondagem me disse a verdade. “Você vai ver Dimitri!”

“Rose-“

“Não,” eu disse ansiosa. “É perfeito. Eu vou com você. Eu estive lá, e eles não me deixaram entrar. Mas se você for, eles vão ter que me deixar ir.”

“Rose,” ela disse firmemente, finalmente conseguindo falar. “Você não pode ir.”

“Eu – o que?” Eu repassei as palavras, só para o caso de ter ouvido errado. “É claro que posso. Eu preciso ver ele. Você sabe que eu preciso. E ele precisa me ver.” 24 mai ?Rafaela?

Ela balançou sua cabeça devagar, ainda parecendo nervosa – mas também compreensiva. “Aquele guardião tinha razão,” ela disse. “Dimitri não pediu pra ver você. Só eu.”

Com toda minha ansiedade, todo aquele fogo, eu congelei. Eu estava muda, confusa mais do que qualquer outra coisa. “Bem...” eu lembrei como ele tinha a se apoiado nela a noite passada, aquele olhar desesperado em seu rosto. Eu odiava admitir, mas fazia sentido ele ter pedido para ver ela primeiro. “É claro que ele quer ver você. Tudo é tão novo e estranho, e foi você que o salvou. Assim que ele superar isso, ele vai querer me ver também.”

“rose, você não pode ir.” Dessa vez a tristeza na voz de Lissa foi espelhada pelo nosso laço, passando por mim. “Não é só que Dimitri não quer te ver. Ele pediu especificamente para não te ver.” 25 mai Nessa

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