–O que você quer dizer com ‘desaparecida’?– perguntei. –Era suposto ela nos encontrar um par de horas atrás–, disse Eddie, trocando olhares com Micah. –Eu pensei que talvez ela estava com você.– –Eu não a vejo desde EF.– Eu estava tentando não entrar em pânico ainda. Também havia muitas possibilidades em jogo, e poucas provas para começar a pensar que um louco Moroi dissidente tinha sequestrado ela. –Isto é um lugar muito grande - eu quero dizer, três campus. Tens a certeza de que ela não esta apenas num buraco qualquer a estudar?– –Fizemos uma procura muito exaustiva–, disse o agente de segurança. –E os professores e os funcionários estão em alerta à procura dela. Ainda não temos sinal dela.– –E ela não está respondendo ao celular–, acrescentou Eddie. Eu finalmente deixei o medo se apoderar de mim e meu rosto deve ter mostrado isso. A expressão do oficial amoleceu. –Não se preocupe. Tenho certeza que ela vai aparecer.– Aquilo era o tipo de coisa que as pessoas com a sua profissão tinham de dizer aos membros da família. –Mas você tem alguma outra ideia de onde ela possa estar?– –E quanto ao vosso outro irmão?–, perguntou Micah. Eu estava com medo de que chegasse a isso. Eu estava quase cem por cento certa de que ela não estava com Keith, mas provavelmente ele deve ter sido notificado sobre o seu desaparecimento. Aquilo era algo que eu dispensava agora porque eu sabia que haveria uma repreensão naquilo para mim. Isto também seria um sinal do meu fracasso aos olhos dos outros Alquimistas. Eu deveria ter ficado ao lado da Jill. Esse era meu trabalho, certo? Em vez disso, eu fui – estupidamente – ajudar alguém a entregar
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currículos. Não um qualquer - um vampiro. Era como os alquimistas veriam isto. Amante de vampiro. –Eu justamente estive com Adrian–, disse lentamente. –Suponho que ela pudesse, de alguma forma, ter chegado a casa de Clarence e esperado por ele. Eu não cheguei a entrar lá dentro.– –Eu também tentei Adrian–, disse Eddie. –Sem resposta–. –Desculpe,– eu disse. –Nós estávamos fazendo suas entrevistas, de modo ele deve ter desligado o telefone. Você quer tentar novamente?– Eu certamente não queria. Eddie afastou-se para telefonar a Adrian enquanto eu falava com a Sra Weathers com o oficial. Micah passeava por ali, olhando preocupado e eu me senti culpada por estar sempre a querer afastar ele de Jill. A coisa da raça era o problema, mas ele realmente se importava com ela. Eu disse ao oficial todos os lugares que Jill gostava de frequentar no campus. Eles confirmaram que eles já tinham verificado todos eles. –Você conseguiu alguma coisa dele?– perguntei quando Eddie retornou. Ele balançou a cabeça. –Ela não está lá. Contudo eu me sinto mal agora. Ele ficou muito preocupado. Talvez nós devêssemos ter esperado para lhe contar.– –Não…na verdade, pode ser uma coisa boa.– Encontrei os olhos de Eddie e viu uma centelha de entendimento. As emoções Adrian pareciam invadir Jill quando estes estavam correndo forte. Se ele estava com pânico suficiente, eu espero que ela perceba que as pessoas estão preocupadas e se digne de regressar. Assumindo que ela estava se escondendo ou tinha ido a algum lugar onde nós não conseguíamos encontra-la. Tentei não considerar a alternativa: que algo tinha acontecido e onde ela não conseguia nos contactar. –Às vezes, os alunos apenas esgueiram-se para fora–, disse o oficial. –É inevitável. Normalmente, eles tentam se esgueirar de volta antes do toque de recolher. Esperemos que isto seja o caso agora. Se ela não aparecer, então - bem, então vamos chamar o polícia.– Ele foi embora, para rondar o resto da segurança para verificar a situação, e nós lhe agradecemos pela sua ajuda. Sra. Weathers voltou para a recepção, mas ficou claro que ela estava preocupada e agitada. Ela, as vezes, era considerada como áspera, mas tive a sensação de que ela realmente se preocupava com os estudantes. Micah deixou-nos para se encontrar com alguns amigos dele, que trabalhava no campus, no caso de eles terem visto alguma coisa. Restou Eddie e eu. Sem conferir, nós fomos para algumas cadeiras que estavam no hall
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de entrada. Como eu, achei que ele queria ficar perto da porta para ver Jill no instante em que ela aparecesse. –Eu não deveria tê-la deixado–, disse ele. –Você tinha que fazer–, disse razoavelmente. –Você não pode estar com ela nas aulas ou no quarto dela.– –Este lugar foi uma má ideia. É muito grande. Muito difícil de assegurar.– Ele suspirou. –Não posso acreditar nisto.– –Não….foi uma boa ideia. Jill precisa de alguma semelhança com uma vida normal. Você poderia tê-la trancado num quarto, em algum lugar, e cortado toda a sua interacção, mas seria bom fazer isso? Ela precisa de ir para a escola e estar com as pessoas.– –Embora ela não fez muita coisa sobre isso–. –Não–, admiti. –Ela teve um tempo difícil com isso. Eu tinha a esperança de que fosse melhorar.– –Eu só queria que ela fosse feliz.– –Eu também.– Endireitei-me como se algo alarmante me batesse. –Você não acha…você não acha que ela tenha fugido e voltado para a mãe dela, acha? Ou para a Corte ou para algum outro lugar?– Seu rosto ficou ainda mais desolador. –Espero que não. Você acha que as coisas têm sido assim tão más?– Eu pensei sobre a nossa discussão após o incidente do chuveiro. –Eu não sei. Talvez.– Eddie escondeu o rosto nas mãos. –Eu não posso acreditar nisto–, repetiu ele. –Eu falhei–. No que tocava a Jill, Eddie era geralmente toda a ferocidade e raiva. Eu nunca tinha visto ele tão perto da depressão. Eu tinha vivido com medo do meu próprio fracasso desde que cheguei a Palm Springs, mas só agora percebi que Eddie tinha justamente a mesma coisa. Lembrei-me das palavras de Adrian sobre Eddie e seu amigo Mason, como ele se sentia responsável pela morte do amigo. Se Jill não voltasse, isso seria uma repetição da história? Ela seria outra pessoa que ele havia perdido? Eu pensava que esta missão podia ser uma salvação para ele. Em vez disso, poderia se transformar tudo de novo no Mason. –Você não falhou–, disse. –Você foi encarregado de protegê-la, e você fez isso. Você não pode controlar a felicidade dela. Se qualquer coisa aconteceu, eu sou a culpada. Dei a ela um sermão sobre o incidente do chuveiro.–
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–Sim, mas eu destruí as esperanças dela, quando eu lhe disse a ideia de modelo do Lee não iria funcionar.– –Mas você estava certo sobre …Lee!– engasguei-me. –É isso. É onde ela está. Ela está com o Lee, eu tenho a certeza disso. Você tem o número dele? – Eddie gemeu. –Eu sou um idiota–, disse ele, tomando o celular e digitando um número. –Eu deveria ter pensado nisso.– Toquei na cruz do meu pescoço, fazendo em silêncio uma oração para que isso tudo fosse resolvido facilmente. Enquanto isso significava que Jill estava viva e bem, eu poderia aguentar com a ideia dela e do Lee fugirem. –Hey, Lee? É o Eddie. Jill esta com você?– Houve uma pausa enquanto Lee respondia. A linguagem corporal do Eddie respondeu á minha pergunta antes que eu ouvisse alguma palavra. Sua postura relaxada e de alívio inundou as suas feições. –Ok–, disse Eddie poucos momentos depois. –Bem, trá-la para aqui. Agora. Todo mundo está procurando por ela.– Outra pausa. O rosto de Eddie endureceu. –Nós podemos falar sobre isso mais tarde.– Ele desligou e se virou para mim. –Ela está bem.– –Graças a Deus–,eu respirei. Levantei-me e só então percebi o quanto estava tensa. –Eu já volto.– Encontrei Sra. Weathers e o oficial de segurança e repassei a notícia. O segurança imediatamente espalhou a palavra aos seus colegas e logo saiu. Para minha surpresa, a Sra. Weathers quase parecia que estava à beira das lágrimas. –Você está bem?– Perguntei. –Sim, sim.– Ela ficou confusa e constrangida por ser tão emocional. –Eu estava tão preocupada. Eu…eu não queria dizer nada e assustar-vos a todos, mas cada vez que um aluno desaparece…bem, alguns anos atrás, uma outra rapariga desapareceu. Nós achávamos que ela tinha justamente se esgueirado lá para fora - como Matt disse, isso acontece. Mas isso se tinha transformado…– Sra. Weathers fez uma careta e olhou para distância. –Eu não deveria estar dizendo isto.– Como ela poderia parar com esse tipo de interrupção. –Não, por favor. Diga-me. – Ela suspirou. –A polícia encontrou-a um par de dias mais tarde, morta. Ela tinha sido sequestrada e morta. Foi terrível e nunca pegaram o assassino. Agora eu só penso naquilo sempre que alguém desaparece. Nunca aconteceu de novo, é claro. Mas é algo que deixa cicatrizes em você.– Eu podia imaginar isso. E enquanto voltava para a beira do Eddie, eu lembrei-me
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novamente dele e do Mason. Parecia que todos estavam carregando bagagens de eventos passados. Eu certamente estava. Agora que a segurança de Jill não era mais uma preocupação, tudo o que eu pensava era: O que será que os Alquimistas vão dizer? O que o meu pai vai dizer? Eddie estava a desligar o telefone novamente quando me aproximei. –Eu liguei para o Micah para lhe dizer que está tudo bem–, ele explicou. –Ele estava realmente preocupado.– Todos os sinais de trauma da Sra. Weathers desapareceram no instante em que Jill e Lee passaram pela porta. Jill realmente parecia optimista até que viu todos os nossos rostos. Ela chegou a um impasse. Ao seu lado, Lee já parecia sombrio. Eu acho que ele sabia o que vinha por ai. Eddie e eu corremos para a frente, mas não tivemos oportunidade de falar de imediato. A sra. Weathers imediatamente exigiu saber onde eles estavam. Mais do que encobrir, Jill confessou e disse a verdade: ela e Lee tinham ido a Palm Springs. Ela teve o cuidado de certificar-se de Lee não era acusado de qualquer sequestro, jurando que ele não sabia que ela só podia sair com a aprovação dos membros da família. Confirmei isso - apesar de, na minha opinião, Lee estava ao corrente daquilo. –Você pode esperar lá fora?– Perguntei-lhe educadamente. –Eu gostaria de falar com você depois em particular.– Lee obedeceu, piscando um olhar de desculpas a Jill. Ele acariciou levemente a mão dela em sinal de despedida e se virou para diante. Foi a sra.Weathers que o deteve. –Espere–, disse ela, olhando para ele com curiosidade. –Eu te conheço?– Lee olhou assustado. –Eu acho que não. Eu nunca estive aqui antes.– –Há algo de familiar em você–, ela insistiu. Sua carranca se aprofundou por mais alguns momentos. Por fim ela deu de ombros. –Não pode ser. Eu devo estar enganada.– Lee balançou a cabeça, encontrou novamente os olhos de Jill com simpatia e saiu. Sra. Weathers não tinha terminado com Jill. Ela lançado um sermão sobre o quão perigoso e irresponsáveis eles tinham sido. –Se você ia esgueirar-se para fora e quebrar as regras, você poderia ter - pelo menos – dito isso aos seus irmãos. Eles estavam morrendo de medo por você.– Era quase engraçado, o seu aconselhamento sobre ser ‘responsável’ a quebra de regras. Considerando o quanto eu estava em pânico, eu não consegui encontrar nada de divertido naquele momento. Ela também disse á Jill que ela estava indo fazer uma participação e castiga-la. –Por enquanto–, disse a Sra. Weathers, –você está confinada ao seu quarto pelo resto da
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noite. Vem ter comigo depois do pequeno-almoço e nós vamos descobrir se o director acha que uma suspensão se justifica.– –Desculpe-me–, disse Eddie. –Podemos ter alguns minutos sozinhos aqui com ela antes que ela vá lá para cima? Eu gostaria de falar com ela.– A sra.Weathers hesitou, aparentemente querendo que Jill imediatamente cumprisse a punição. Então ela deu a Eddie uma segunda olhada. O olhar em seu rosto estava duro e bravo, e eu acho que a Sra.Weathers sabia que haveria um diferente tipo de punição, vindo do irmão mais velho de Jill. –Cinco minutos– disse ela, batendo no relógio. –Então, você se vai.– –Não digas–, disse Jill no instante em que estávamos sozinhos. Seu rosto era uma mistura de medo e desafio. –Eu sei que o que fiz foi errado. Eu não preciso de um raspanete de vocês.– –Não precisas?– Eu perguntei. –Porque se você sabia que era errado, você não deveria ter feito isso!– Jill cruzou os braços sobre o peito. –Eu tinha que sair daqui para fora. Nos meus próprios termos. E não dos vossos.– O comentário rolou directo para mim. Soou jovem e mesquinho. Mas para minha surpresa, Eddie pareceu magoado de verdade. –O que é que isso quer dizer?– Ele perguntou. –Isso significa que eu só queria estar longe deste lugar sem você sempre me dizendo o que estou fazendo de errado.– Isto foi dirigido a mim. –E você a saltar a cada sombra.– Isto, é claro, foi para o Eddie. –Eu só quero proteger-te–, disse ele com o olhar ferido.–Eu não estou tentando sufocar-te, mas eu não posso ter nada acontecendo com você. De novo não.– –Estou em mais perigo com Laurel do que com qualquer assassino!– Jill exclamou. –Sabe o que ela fez hoje? Estávamos trabalhando no laboratório de informática, e ela –acidentalmente– tropeçou no meu cabo de alimentação. Perdi metade do meu trabalho e não terminei a tempo, então agora eu estou indo para um grau inferior.– Uma lição sobre como fazer backup de um trabalho provavelmente não ia útil naquele momento. –Olha, isso foi realmente terrível–, afirmei. –Mas isso não está na mesma categoria como conseguir com que você fosse morta. Não por um longo tiro. Onde exactamente você foi?– Por um momento, ela olhou como se ela não fosse dar a informação. Finalmente, ela disse, –Lee levou me a Salton Sea –. Vendo nossos olhares em branco, ela acrescentou,
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–É um lago fora da cidade. Foi maravilhoso.– Uma expressão quase sonho cruzou o seu rosto. –Eu não tinha estado á beira de tanta água, faz um bom tempo. Depois fomos para o centro da cidade e apenas caminhamos por ali, fazendo compras e comendo sorvete. Ele levou-me para aquela boutique, com o designer que está à procura de modelos e…– –Jill–, eu interrompi. –Eu não me importo o quão incrível foi o seu dia. Você nos assustou. Você não entende isso? – –Lee não deveria ter feito isto–, resmungou Eddie. –Não o culpo–, disse Jill. –Eu pedi para fazermos isto – eu fiz ele pensar que vocês não se importavam. E ele não sabe a verdadeira razão do porque eu estar aqui ou do perigo.– –Talvez namorar seja uma má ideia–, eu murmurei. –Lee é a melhor coisa que aconteceu comigo aqui!– ela disse com raiva. –Eu mereço ser capaz de sair e de me divertir como vocês.– –‘Divertir’? Isso é um exagero–, disse recordando a minha tarde com Adrian. Jill precisava de um alvo para sua frustração e eu ganhei a honra. –Não me parece isso. Você sempre sai. E quando você não está, você simplesmente me diz o que estou fazendo de errado. É como se você fosse minha mãe.– Eu tinha estado com calma ultrapassando aquilo tudo, mas de repente, algo no seu comentário me fez quebrar. Meu controle afinado quebrou. –Você sabe? Eu meio que me sinto como uma mesmo. Porque tanto quanto eu posso dizer, eu sou a única neste grupo a se comportar como um adulto. Você acha que eu estou lá fora a me divertir? Tudo o que eu estou fazendo é ser vossa ama e limpar as vossas confusões. Passei minha tarde - desperdiçar minha tarde – a levar Adrian por aí de modo que ele pudesse explodir as entrevistas que eu arranjei. Então eu chego aqui e tenho que lidar com o rescaldo da sua 'viagem de campo’. Eu percebi que Laurel tem dor de cotovelo - embora talvez Micah tenha sido alertado desde o início, esses problemas com ela nunca teria acontecido.– eu dirigi este último comentário a Eddie. –Eu não entendo por que sou a única que vê o quão sério tudo isto é. Namoro de vampiro com um humano. Suas vidas num risco. Estas coisas não são do tipo que você possa arrancar por aí! E ainda… de alguma forma, todos vocês ainda o fazem. Você me deixa com a tarefa mais difícil para fazer, pegando você depois….e todo o tempo, eu tenho o Keith e os outros Alquimistas a respirar no meu pescoço, à espera que eu estrague tudo, porque ninguém confia em mim desde que ajudei a sua colega Rose. Você acha que isso é divertido? Você quer viver a minha vida? Então força. Passo por cima, e – para variar - você começa a assumir a responsabilidade.–
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Eu não tinha gritado, mas o meu volume certamente havia subido. Eu praticamente explodi o meu discurso sem tomar fôlego e agora parei para respirar um pouco de oxigénio. Eddie e Jill olharam para mim, de olhos arregalados, como se eles nunca me tivessem visto. Sra. Weathers voltou naquele momento. –Isto já foi o suficiente para esta noite. Você precisa ir lá para cima agora–, ela disse Jill. Jill concordou com a cabeça, ainda um pouco atordoada, e saiu com pressa sem dizer adeus a qualquer um de nós. Sra. Weathers levou-a até as escadas e Eddie se virou para mim. Seu rosto estava pálido e solene. –Você tem razão– disse ele. –Eu não faço as minhas partes. – Eu suspirei, sentindo-me exausta. –Você não é tão mau como eles são. – Ele balançou a cabeça. –Mesmo assim. Você pode estar certa sobre Micah. Talvez ele mantenha uma certa distância, se eu falar com ele e depois Laurel vai tirar uma folga de Jill. Vou perguntar a ele esta noite. Mas…– Ele franziu a testa, escolhendo as palavras com cuidado. –Tente não ser muito dura com Adrian e Jill. Isto é stressante para ela, e às vezes eu penso que um pouco da personalidade do Adrian está vazando para ela através da ligação. Tenho certeza que é por isso que ela correu fora hoje. É algo que ele faria na sua situação.– –Ninguém a obrigou a fazer isso–, disse. –Muito menos Adrian. O fato de ela ter coagido Lee e não nos ter dito nada, mostra que ela sabia que estava errada. Isto foi por vontade própria. E Adrian não tem desculpas desse tipo.– –Yeah…mas ele é o Adrian–, disse Eddie desajeitadamente. –Às vezes eu não sei quanto do que ele é por ele mesmo e quanto é o espírito.– –Os usuários de espírito podem tomar anti-depressivos, não podem? Se ele está preocupado com isso se tornando um problema, então ele precisa se levantar e tomar providencias. Ele tem uma escolha. Ele não é impotente. Não há vítimas aqui. – Eddie me estudou por vários segundos. –E eu que pensei que tinha uma visão dura da vida.– –Você tem uma vida dura–, eu corrigi. –Mas a sua é construída em torno da ideia de que você sempre tem que tomar conta de outras pessoas. Eu fui ensinada a acreditar que por vezes isso era necessário, mas que ainda, todo mundo precisa de tentar cuidar de si mesmos.– –E ainda assim você está aqui.– –Diz-me uma coisa. Você quer vir comigo falar com Lee? –
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Todas as desculpas desapareceram do rosto de Eddie. –Sim–, ele disse ferozmente. Encontramos Lee sentado num banco de jardim, olhando miseravelmente. Ele deu um pulo quando nos aproximamos. –Cara, eu sinto muito! Eu não deveria ter feito isto. Ela soava tão triste e tão perdida que eu queria…– –Você sabe como somos protectores dela,– eu disse. –Como é que você não pensou que isso iria preocupar-nos? – –E ela é menor de idade–, disse Eddie. –Você não pode simplesmente levá-la e fazer o que quiser dela!– Eu admito, fiquei um pouco surpresa de que a ameaça à honra de Jill foi o que ele escolheu como abertura. Não me interpretem mal - eu também estava consciente da sua idade. Mas depois que ele viu-a, literalmente, a morrer, parecia que Eddie teria que se preocupar com mais coisas do que com aquilo. Os olhos cinzentos de Lee se arregalaram. –Nada aconteceu! Eu nunca faria algo assim com ela. Eu prometo! Eu nunca tiro proveito de alguém em quem confio. Eu não posso estragar isso. Ela significa muito mais para mim do que qualquer outra garota com quem namorei. Quero que fiquemos juntos para sempre.– Pensei estar ‘juntos para sempre’ era o extremo em suas idades, mas havia uma sinceridade nos seus olhos que me estava tocando. Ainda assim ele não se desculpou do que tinha feito. Ele tomou a nossa repreensão a sério e prometeu que nunca haveria uma repetição. –Mas, por favor…ainda posso vê-la quando vocês estiverem por perto? Ainda podemos fazer as coisas de grupo?– Eddie e eu trocamos olhares. –Se lhe for permitido a sua saída do campus depois disto,– eu disse. –Eu realmente não sei o que vai acontecer.– Lee foi embora depois de mais alguns pedidos de desculpa e Eddie também retornou ao seu dormitório. Eu estava andando para o andar de cima quando meu telefone tocou. Olhando para baixo, fiquei surpresa ao ver no ecrã do celular, o número dos meus pais em Salt Lake City. –Olá?– perguntei. Por um momento frenético, eu esperava que fosse Zoe. –Sydney–. Meu pai. Meu estômago encheu-se de pavor. –Precisamos falar sobre o que aconteceu.– Pânico apoderou-se de mim. Como ele já descobriu sobre o desaparecimento de Jill? Keith destacou-se logo como o óbvio culpado. Mas como Keith tinha descoberto? Teria
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ele estado na casa do Clarence quando Eddie fez a chamada? Apesar de suas falhas, eu não poderia imaginar Adrian a contar a Keith o que tinha acontecido. –Falar sobre o que?– perguntei ganhando tempo. –Sobre o seu comportamento. Keith me ligou ontem à noite, e eu devo dizer, estou muito desapontado.– –Ontem á noite?– Isto não era sobre o desaparecimento de Jill. Então do que seria? –Você deveria estar reunindo esforços para que essa rapariga Moroi se misture aí dentro. Não é suposto, você sair e socializar com eles e se divertir! Eu mal pode acreditar quando Keith me disse que você os levou ao bowling.– –Foi minigolfe e o Keith concordou! Eu perguntei a ele primeiro.– –E então eu ouvi que você está ajudando esse outro vampiro a distribuir currículos e outras coisas mais. Seu dever é só para com a rapariga, e fazer apenas o que é necessário para sobrevivência dela – o que eu também ouvi dizer que você não o esta fazendo. Keith me diz que houve um incidente, onde você não conseguiu lidar correctamente com as dificuldades dela ao sol?– –Eu reportei isso imediatamente!– Eu chorei. Eu sabia que Keith estava planejando usar isso contra mim. –Keith…– Fiz uma pausa, pensando na melhor maneira de lidar com isso. –Compreendeu mal o meu relatório inicial.– Keith quis lá saber do meu relatório inicial, mas dizer ao meu pai que seu protegido tinha mentido, apenas seria uma forma de colocar as defesas de meu pai em cima. Ele não acreditaria em mim. –E Keith é o único com quem falar! Ele está sempre saindo com Clarence e não diz por quê.– –Provavelmente para se certificar de que ele permanece estável. Entendo o velho não esteja sempre lá.– –Ele é obcecado por caçadores de vampiros,– eu expliquei. –Ele acha que existe humanos lá fora a fim de matar a sua sobrinha.– –Bem–, disse meu pai, –existem alguns humanos lá fora que descobrem o mundo dos vampiros, aqueles que não podemos dissuadir. Dificilmente caçadores. Keith está a fazer o seu dever ao esclarecer Clarence. Você, no entanto, está desencaminhada.– –Isso não é uma comparação justa!– –Honestamente, eu me culpo–, disse ele. De alguma forma eu duvidei disso. –Eu não deveria ter deixado você ir. Você não estava pronta - não depois do que você passou. Estar com esses vampiros está deixando você confusa. É por isso que estou lembrando você. –
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–O quê?– –Se eu pudesse fazer do meu jeito, eu faria agora. Infelizmente, Zoe não estará pronta durante mais duas semanas. Os Alquimistas querem submete-la a alguns testes antes de ela ganhar a sua tatuagem. Uma vez que ela estiver pronta, nós vamos mandá-la para o seu lugar e levar-te…a algum especialista.– –Papai! Isso é loucura. Eu estou bem aqui. Por favor, não envie Zoe…– –Sinto muito, Sydney–, disse ele. –Você me deixou sem escolha. Por favor, não entre em problemas durante o resto do seu tempo.– Ele desligou, e eu fiquei no corredor com o meu coração afundando. Duas semanas! Duas semanas e eles estavam enviando Zoe. E eu… para onde eles estariam me levando? Eu nem queria pensar nisso, mas eu sabia. Eu precisava impedir isso de acontecer. O tempo já estava a contar. As tatuagens, pensei de repente. Se eu pudesse terminar meus testes sobre as substâncias roubadas e descobrir informações sobre o fornecedor de sangue, eu iria ganhar dos Alquimistas respeito – esperando ser suficiente para tirar a mancha que Keith tinha colocado em mim. E por que ele fez isso? Por que agora? Eu sabia que ele nunca me quis junto. Talvez ele tivesse apenas passando tempo a criar provas contra mim, até que ele pudesse me derrubar num só golpe. Contudo, eu não irei deixar. Eu abriria em grande com o caso das tatuagens e provar quem é a estrela principal dos Alquimista. Eu tinha agora evidência suficiente para chamar a atenção deles, e simplesmente apresentar o que tinha, se ninguém novo desse sinal de vida dentro de uma semana. A decisão me preencheu com a resolução, mas eu ainda tive problemas em dormir quando fui para a cama mais tarde. A ameaça de meu pai pairava sobre mim como o meu medo dos centros de reeducação. Uma hora depois de tossir e de me virar finalmente adormeci. Mas mesmo assim foi intermitente e conturbado. Acordei apenas algumas horas depois e caí no sono novamente. Desta vez, eu sonhei. No sonho, eu estava na sala de estar do Clarence. Tudo estava arrumado e no seu lugar, a madeira escura e os móveis antigos, davam ao espaço a sua, usual, sensação de sinistro. Os detalhes eram surpreendentemente vivos, e era como se eu pudesse sentir o cheiro dos livros empoeirados e do couro da mobília. –Huh. Funcionou. Não tinha certeza se isto funcionaria com um humano–. Virei-me e encontrei Adrian encostado na parede. Ele não estava lá há pouco, e eu teve um lampejo do medo de infância de que os vampiros apareciam do nada. Então lembrei-
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me que isto era um sonho e que esse tipo de coisas acontecia. –Do que você não tinha certeza?– perguntei. Ele fez um gesto ao seu redor. –Se eu pudesse chegar até você. Lhe trazer aqui para este sonho.– Eu não acompanhei muito bem o que ele quis dizer e não falei. Ele arqueou uma sobrancelha. –Você não sabe, pois não? Onde você está?– –Na casa do Clarence–, disse razoavelmente. –Bem, na realidade eu estou a dormir na minha cama. Isto é apenas um sonho.– –Você está quase certa–, disse ele. –Isto é um sonho de espírito. Isto é real.– Eu fiz uma careta. Um sonho de espírito. Desde que a maioria das nossas informações sobre o espírito foi delineada, nós dificilmente nada tínhamos sobre sonhos de espírito. Eu aprendi mais do que eu sabia sobre eles através de Rose, que tinha sido frequentemente visitada por Adrian neles. Segundo ela, o sonhador e o usuário de espírito estavam realmente juntos, num encontro de mentes, se comunicando através de longas distâncias. Foi totalmente difícil para mim compreender isso, mas eu tinha visto Rose acordar com informações que ela não teria de outra maneira. Ainda assim, eu não tinha evidência para sugerir que eu estava realmente num sonho de espírito agora. –Isto é apenas um sonho normal–, retruquei. –Você tem certeza?–, ele perguntou. –Olhe ao seu redor. Concentre-se. Não se sente diferente? Como um sonho…mas não como um sonho. Nem perto da vida real também. Chame o que você quiser, mas da próxima vez que nos virmos um ao outro no mundo desperto, eu vou ser capaz de dizer-lhe exactamente o que aconteceu aqui.– Olhei ao redor da sala, estudando como ele sugeriu. Mais uma vez, fiquei impressionada com a nitidez dos mais pequenos detalhes. Isto certamente parecia real, mas os sonhos muitas vezes pareciam…certo? Normalmente, você nunca sabia que estava sonhando até que você acordasse. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar a minha mente. E assim, eu senti. Eu entendi o que ele quis dizer. Não era bem como um sonho. Nem mesmo era bem como a vida real. Meus olhos se abriram. –Pare com isso–, eu chorei afastando-me dele. –Põe um fim nisto. Tirem-me daqui.– Porque ao aceitar que isto era realmente um sonho de espírito, eu tinha que reconhecer uma coisa: eu estava cercada por magia dos vampiros. Minha mente estava enredada nela própria. Eu me senti claustrofóbica. A magia fazia pressão sobre mim, esmagando o ar. –Por favor.– Minha voz foi ficando mais e mais frenética. –Por favor, deixe-me ir.– Adrian endireitou-se, parecendo surpreso. –Whoa, Sage. Acalme-se. Você está bem.–
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–Não. Eu não estou. Eu não quero isto. Eu não quero que a magia me toque.– –Não vou te machucar–, disse ele. –Isto não é nada.– –Isto é errado–, eu sussurrei. –Adrian, pare com isto.– Ele estendeu a mão, como se ele fosse tentar me confortar, e depois pensou melhor. –Isto não vai machucar você–, ele repetiu. –Apenas me ouça e então eu vou dissolvê-lo. Eu prometo.– Mesmo no sonho, meu pulso estava acelerado. Eu passei meus braços em torno de mim e apoiei-me contra a parede, tentando me fazer pequena. –Ok–, eu sussurrei. –Depressa–. –Eu só queria dizer…– Ele enfiou as mãos nos bolsos e desviou o olhar desconfortavelmente antes de olhar para mim novamente. Eram seus olhos mais verdes aqui do que na vida real? Ou era apenas minha imaginação? –Eu queria…Eu queria pedir desculpas.– –Pelo quê?– perguntei. Eu não conseguia processar nada além do meu próprio terror. –Por o que eu fiz. Você tem razão. Eu perdi o seu tempo e seu trabalho hoje.– Eu forcei minha mente a desenterrar as memórias desta tarde. –Obrigado–, disse simplesmente. –Eu não sei por que faço estas coisas–, acrescentou. –Eu simplesmente não consigo evitar.– Eu ainda estava aterrorizada, ainda sufocada da magia que me cercava. De alguma forma, eu consegui me lembrar da conversa anterior com o Eddie. –Você pode tomar controle de si mesmo,– eu disse. –Você não é uma vítima.– Adrian tinha um olhar distante, perturbado por seus pensamentos. De repente, ele voltou o seu olhar de volta para mim. –Assim como Rose.– –O quê?– Adrian estendeu a mão, e uma rosa vermelha e espinhosa de repente se materializou ali. Engoli em seco e tentei recuar para longe. Ele girou-a em torno do caule, com o cuidado para não se picar nos dedos. –Ela disse isso. Que eu estava me fazendo de vítima. Eu sou assim tão patético?– A rosa murchou e amassou-se diante dos meus olhos, virando pó e depois desaparecendo completamente. Eu fiz o sinal contra o mal no meu ombro e tentei me lembrar do que estávamos falando. –Patético não é a palavra que eu usaria–, disse. –Que palavra você usaria?–
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Minha mente estava em branco. –Eu não sei. Confuso?– Ele sorriu. –Isso é um eufemismo.– –Vou verificar um dicionário quando eu acordar e depois voltar para aqui. Por favor você pode acabar com isto?– O sorriso desapareceu para uma expressão de espanto. –Você realmente está com medo, não está?– Eu deixei que o silêncio respondesse por mim. –Ok, mais uma coisa, então. Eu pensei em outra maneira de eu poder sair da casa de Clarence e conseguir algum dinheiro. Eu estava lendo sobre uma faculdade e ajuda financeira. Se eu pegasse aulas em algum lugar, você acha que eu poderia ganhar o suficiente para viver?– Esta era uma questão concreta que eu conseguiria lidar. –É possível. Mas eu acho que é tarde demais. As aulas já começaram em todos os lugares.– –Eu encontrei um lugar na internet. Carlton. Uma faculdade do outro lado da cidade que ainda não começou. Mas eu ainda tenho que agir rápido, e…é isso que eu não sei como fazer. A papelada. Os procedimentos. Mas isso é a sua especialidade, certo?– –É triste mas é verdade–, disse. O nome Carlton me soou familiar, mas eu não conseguia saber de onde. Ele deu uma respiração profunda. –Você vai me ajudar? Eu sei que isso significa que você fará de ama novamente, mas eu não sei por onde começar. Todavia, eu prometo que vou reunir-me com você pelo caminho. Me diga o que eu preciso de fazer, e eu faço.– Ama. Ele tinha falado com Jill ou Eddie ou com ambos. Embora isso era razoável. Ele gostaria de saber que ela estava bem. Eu só podia imaginar o quão meu discurso foi parafraseado. –Você esteve na faculdade antes–, disse recordando o seu registo. Eu tinha descoberto quando estava a construir o malfadado currículo. –Você deixou cair fora.– Adrian assentiu. –Sim–. –Como eu sei que desta vez você não fazer isso? Como é que eu sei que você não está desperdiçando meu tempo de novo?– –Você não sabe, Sage–, admitiu. –E eu não te culpo. Tudo o que posso pedir é que me dê outra chance. Que você tente acreditar em mim quando digo que vou seguir adiante. Que você acredite que estou falando sério. Que você confie em mim.– Longos momentos se esticaram entre nós. Eu relaxei um pouco, mesmo sem perceber, embora eu permanecesse contra a parede. Estudei-o, desejando que conseguisse ler
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melhor as pessoas. Decidi que seus olhos eram mais verdes na vida real. Eu simplesmente não olhava para eles tão de perto. –Ok–, eu disse. –Eu confio em você.– Choque total encheu suas feições. –Você confia?– Eu não era boa a ler as pessoas á 10 segundo atrás, mas naquele momento, de repente ganhei um clarão de compreensão do mistério que era Adrian Ivashkov. As pessoas não acreditavam nele muitas vezes. Eles tinham poucas expectativas dele, portanto ele também tinha. Mesmo Eddie o tinha descrito como: Ele é o Adrian. Como se não houvesse nada que pudesse ser feito. De repente também percebi que - tão improvável quanto parecia - Adrian e eu tínhamos muito em comum. Nós os dois estávamos constantemente encaixotados pelas expectativas dos outros. Não importava que as pessoas esperassem tudo de mim e nada dele. Continuávamos na mesma, constantemente a tentar sair do caminho que os outros tinham definido por nós e sermos nós próprios. Adrian Ivashkov – irreverente, um vampiro festeiro - era mais como eu do que outra pessoa qualquer que eu conhecia. A reflexão era tão surpreendente que eu não consegui nem responder-lhe imediatamente. –Eu confio–, disse por fim. –Eu vou ajudá-lo.– Estremeci. O medo do sonho voltou e eu só queria que isto acabasse logo. Eu teria concordado com qualquer coisa para estar de volta á minha cama não-mágica. –Mas não aqui. Por favor - você vai me mandar de volta? Ou terminar isto? Ou seja o que for? – Ele balançou a cabeça lentamente, ainda olhando atordoado. O quarto começou a desvanecer-se, as suas cores e linhas a derreterem-se como uma pintura deixada á chuva.Rapidamente tudo ficou preto e eu me encontrei a acordar no meu quarto, na minha cama e no meu dormitório. Como eu fiz… apenas eu tinha pego o som de sua voz na minha mente: Obrigado, Sage.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 18
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às 12:08
Marcadores: Laços de Sangue
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