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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 1

Eu não conseguia respirar.Tinha uma mão cobrindo minha boca e outra sacudindo meu ombro, me tirando de um sonopesado. Mil pensamentos frenéticos passaram pela minha mente no espaço de uma batida docoração. Isso estava acontecendo. Meu pior pesadelo estava se tornando realidade.Eles estão aqui! Eles vieram por minha causa!Meus olhos piscaram, olhando freneticamente pelo quarto escuro até o rosto do meu pai entrarem foco. Parei de me debater, completamente confusa. Ele me soltou e recuou me olhandofriamente. Me sentei na cama, meu coração ainda acelerado.–Pai?––Sydney. Você não queria acordar.–Naturalmente, esse era seu único pedido de desculpas por quase me matar de susto. –Você precisa se vestir e ficar apresentável,– ele continou. –Rápido e em silêncio. Me encontrelá embaixo no escritório.–Senti meus olhos se arregalarem, mas não hesitei na resposta. Só tinha uma resposta aceitável.–Sim, senhor. Com certeza.––Vou acordar sua irmã.– Ele virou para a porta e eu pulei da cama.–Zoe?– exclamei. – Pra que você precisa dela?––Shh,– ele criticou. –Ande logo e fique pronta. E lembre-se, fique quieta. Não acorde sua mãe.–Ele fechou a porta sem nenhuma palavra, me deixando paralisada. O pânico que tinha somentecomeçado a acalmar surgiu dentro de mim novamente. Pra que ele precisava da Zoe? Seracordada de madrugada significava assuntos Alquimistas, e ela não tinha nada a ver com isso.Tecnicamente, eu também não desde que recebi uma suspensão por tempo indeterminado pormeu mau comportamento naquele verão. É disso que se tratava? E se eu estava sendo levadapara um centro de reeducação e Zoe estava me substituindo ?Por um momento, o mundo rodou a minha volta. E me surpreendi segurando na minha camapara me equilibrar. Centros de reeducação. Eles foram os pesadelos de jovens alquimistas comoeu, lugares misteriosos onde aqueles que cresceram próximos aos vampiros eram arrastadospara aprenderem os erros da maneira

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deles. O que exatamente ocorreu lá era um segredo, um que eu nunca quis descobrir. Tinha quase certeza que –reeducação– era uma forma bacana dedizer –lavagem cerebral–. Só tinha visto uma pessoa retornar, e honestamente, ele se pareciamais como metade de uma pessoa depois disso. Lá ele tinha uma vida quase de zumbi e nãoqueria pensar sobre o que eles fizeram para deixa-lo daquele jeito.Meu pai pedindo para me apressar ecoou em minha mente, e tentei mandar para longe osmeus medos. Relembrando sua outra advertência, também tive a certeza de me moversilenciosamente. Minha mãe tinha um sono leve. Normamente isso não teria importância se elanos pegasse saindo para fazer serviços de Alquimista na rua, mas ultimamente ela não se sentiatão gentil em relação aos empregadores de seu marido (e filhas) desde que Alquimistas furiososme colocaram nos degraus da porta dos meus pais no mês passado, essa casa tinha toda asimpatia de um campo de prisioneiros. Meus pais tiveram discussões terríveis, e minha irmã eeu frequentemente nos encontravamos andando nas pontas dos pés.Zoe.Por que ele precisa da Zoe ?Essa pergunta queimava através de mim enquanto corria para ficar pronta. Eu sabia o que–apresentável– significava. Jeans e camiseta estavam fora de questão. Ao invés disso, puxeiuma calça cinza e uma camisa branca de abotoar. Coloquei um cardigan cinza mais escuro porcima, e o ajustei a minha cintura com um cinto preto. Uma pequena corrente de ouro, a únicoque sempre esteve em meu pescoço, era o único ornamento com que nunca me preocupei.Meu cabelo era ligeiramente meu maior problema. Mesmo depois de apenas duas horas desono, ele ainda ia em todas as direçoes. O alisei da melhor forma que pude, e então o cubri comuma camada espessa de spray para cabelo na esperança que isso me levasse através de qualquer coisa que estava por vir. A única maquiagem que usei foi um pouco de pó. Não tinhatempo para mais nada.Todo o processo levou seis minutos, que pode ter sido um novo recorde para mim. Corri escadaabaixo em perfeito silêncio, cuidadosa, novamente para evitar acordar minha mãe. A salaestava escura, mas luz passou pela porta entre aberta do escritório do meu pai. Tomando issocomo convite puxei a porta e escorreguei para dentro. Uma conversa silenciosa parou comminha entrada. Meu pai me olhou da cabeça aos pés e mostrou sua aprovação sobre minhaaparência do jeito que ele sabia melhor: pela simples retenção da crítica.–Sydney–, ele disse bruscamente. –Acredito que conheça Donna Stanton.–A formidável Alquimista estava em pé próxima a janela, braços cruzados, parecendo mais fortee magra do que me lembrava. Eu passei muito tempo com Stanton recentemente, pensandoque dificilmente poderia dizer que éramos amigas, especialmente desde que

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certas ações porminha parte, terminaram colocando dois de nós a própria sorte em –prisão domiciliar devampiro–. Se ela nutriu algum recentimento por mim, ela não demonstrava, de qualquer forma.Ela me fez um aceno formal com a cabeça, seu rosto totalmente sério.Três outros alquimistas estavam lá também, todos homens. Ele me foram apresentados comoBarnes, Michaelson e Horowitz. Barnes e Michaelson tinha a idade de meu pai e de Stanton.Horowitz era mais jovem, entre os vinte, e estava ajustando as ferramentas de tatuagem. Todosestavam vestidos como eu. Roupas casuais de negócios em cores sem descrição. Nosso objetivoera sempre ter uma boa aparência mas sem atrair a atenção. Os alquimistas devem ter atuadocomo Homens de Preto por séculos, muito antes dos humanos sonharem com vida em outrosmundos. Quando a luz bateu do jeito certo em seus rostos, cada Alquimista mostrava atatuagem de lírio idêntica a minha.Mais uma vez meu mal estar aumentou. Isso seria algum tipo de interrogatório ? Uma avaliação para ver se minha decisão em ajudar uma renegada garota meio-vampira significava que minhalealdade tinha mudado ? Cruzei meus braçoes na frente do peito e doutrinei meu rosto para aneutralidade, esperando parecer tranquila e confiante. Se eu ainda tivesse a chance de pleitearmeu caso, pretendia apresentar de uma forma sólida.Antes que alguém pudesse proferir outra palavra, Zoe entrou. Ela fechou a porta atrás de si eolhou ao redor com terror, seu olhos arregalados. O escritório de nosso pai era enorme, eleconstruiu um adicional em nossa casa para isso, e poderia manter facilmente todos osocupantes, mas como vi minha irmã tomar a cena, eu sabia que ela se sentiu sufocada e presa.Encontrei seus olhos e tentei mandar uma mensagem silenciosa de simpatia. Isso deve terfuncionado porque ela correu para meu lado, parecendo um pouco menos assustada.–Zoe–, disse meu pai. Ele deixou seu nome pairar no ar, dessa forma ele tinha deixado claropara nós duas que estava desapontado. Eu pude imediatamente adivinhar porque.Ela usava jeans e uma camiseta velha, e tinha em seus cabelos castanhos duas bonitinhastranças mal feitas. Para os padrões de outras pessoas, ela poderia estar apresentável, mas nãopara ele. Senti ela se encolhendo contra mim, e tentei me tornar mais alta e protetora. Depoisde ter certeza que sua condenação foi feita, nosso pai apresentou Zoe para os outros. Stantondeu a ela o mesmo aceno formal com a cabeça e virou em direção ao meu pai.–Eu não entendo Jared–, disse Stanton. –Qual das duas você vai usar ?––Bem, esse é o problema–, disse meu pai. –Zoe foi solicitada... mas nao tenho certeza se ela estápronta. Na verdade sei que ela não está. Ela teve somente o treinamento básico. Masconsiderando a recente experiência de Sydney...–Minha mente imediatemente começou a juntar as peças. Primeiro, e mais

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importante, pareciaque eu não seria levada para o centro de reeducação. Ainda não, pelo menos. Isso era sobre outra coisa. Minha suspeita anterior estava correta. Tinha alguma missão ou tarefa emandamento e alguém queria Zoe porque ela, ao contrário de certos membros de sua família,não tinha um histórico de traição aos Alquimistas. Meu pai estava certo que ela tinha recebidosomente as instruções básicas. Nossos trabalhos eram hereditários, e eu tinha sido escolhidaanos atrás como uma próximo alquimista da família Sage. Minha irmã mais velha, Carly, tinha sido preterida e agora estava na faculdade – e era muito velha. Ele treinou Zoe como um back-up em contrapartida, no caso de algo acontecer comigo, como um acidente de carro ou um sequestro vampírico. Eu dei um passo a frente, sem saber o que eu ia dizer ate que eu falei. A única que eu sabia com certeza era que eu não poderia deixar Zoe ser sugada para os esquemas dos Alquimistas. Eu temia por sua segurança mais do que ir a um centro de reeducação e eu tinha muito medo disso. - Eu falei com um comité sobre minhas acções depois do que aconteceu, - disse – Tive a impressão de que eles entendiam por que eu fiz as coisas que fiz. Estou totalmente qualificada para servir de qualquer maneira que vocês precisem muito mais que a minha irmã. Tenho experiencia no mundo real. Eu conheço este trabalho por dentro e por fora. - Um pouco demais de experiencia no mundo real, se a memoria serve. – disse Staton secamente. -Eu, pelo menos gostaria de ouvir essas –razoes– de novo, - disse Barnes, usando seus dedos para fazer citações no ar. – Eu não estou entusiasmado em lançar uma garota semi-treinada a fora, mas eu tambem acho difícil acreditar que alguém que ajudou criminosos vampiros seja totalmente qualificada para servir. – mais citações pretensiosas no ar. Eu sorri de volta agradavelmente, mascarando minha raiva. Se eu mostrasse as minhas emoções verdadeiras, não ajudaria o meu caso. – Eu entendo, senhor. Mas Rose Hathaway foi consequentemente provada inocente do crime que tinha sido acusada. Então, eu não estava tecnicamente ajudando um criminoso. Minhas acções ajudaram a encontrar o verdadeiro assassino por fim. - Seja como for, nós e – você – não sabíamos que ela era –inocente– na época – disse ele. -Eu sei, - disse – e este é o problema. Você deveria ter acreditado no que os Alquimistas lhe disseram, e não fugir com as suas próprias teorias absurdas. No mínimo, você

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deveria ter recolhido evidências e encaminhado aos seus superiores. Provas? Como eu poderia explicar que não havia provas que tinham me guiado para ajudar Rose, apenas uma sensação no meu intestino de que ela estava dizendo a verdade? Mas isso era algo que eu sabia e que eles nunca entenderiam. Todos nós somos treinados para acreditar no pior se sua espécie. Dizer para eles que eu tinha visto a verdade e honestidade nela não iria ajudar a minha causa aqui. Dizer a eles que eu tinha sido chantageada por outro vampiro para ajuda-la era uma explicação ainda pior. Havia apenas um argumento que os alquimistas, possivelmente, seriam capazes de compreender. -Eu…eu não contei a ninguém, porque eu queria ter todo o credito por isso. Eu estava esperando que, se eu desvendasse isto, eu poderia conseguir uma promoção e um trabalho melhor. Foi necessário cada grama de autocontrole que eu tinha para dizer esta mentira face a face. Eu me senti humilhada em fazer tal admissão. Como se a ambição pudesse realmente me levar a tais comportamentos extremos! Isso me fez sentir viscosa e superficial. Mas, como eu suspeitava, isto era algo que os outros Alquimistas poderiam entender. Michaelson bufou. – Mal orientado, mas não totalmente inesperado para sua idade. Os outros homens pareceram igualmente condescendentes, ate mesmo meu pai. Apenas Stanton olhou duvidosa, mas também, ela testemunhou mais do meu fiasco que eles Meu pai olhou para os outros, á espera de mais comentários. Quando nenhum veio, ele deu de ombros. – Se ninguém, tem objecções, então, eu prefiro que usemos Sydney. Não que eu mesmo entenda para que exactamente vocês precisam dela. – Havia um tom ligeiramente acusativo na voz dele que ainda não tinha sido preenchido. Jared Sage não gostou de ser deixado de fora. -Não tenho nenhum problema em usar a menina mais velha, - disse Barnes. – Mas mantenha a mais jovem por aqui ate os outros chegarem, caso tenham objecções. – Gostaria de saber quantos –outros– iriam se juntar a nós. O escritório de meu pai não era um estádio. Alem disso, quanto mais pessoas viessem, mais importante este caso, provavelmente, era. Minha pele ficou fria como se eu soubesse o que a atribuição poderia ser. Eu tinha visto os alquimistas encobrirem grandes catástrofes, com apenas uma ou duas pessoas. O quão colossal seria essa coisa a ponto de precisar dessa quantidade de ajuda? Horowitz falou pela primeira vez. – O que você quer que eu faça?

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- Marque Sydney novamente, - disse Stanton decisivamente. – Mesmo que ela não vá, não vai feri-la ter a magia reforçada. Nenhum ponto de tinta em Zoey até que saibamos o que faremos com ela. Meus olhos piscaram para o rosto visivelmente nu – e pálido – da minha irmã. Sim. Enquanto não houvesse uma flor-de-lis lá, ela estava livre. Uma vez que a tatuagem fosse estampada em sua pele, não havia como voltar atrás. Você pertencia aos Alquimistas. A realidade disto só me bateu no último ano mais ou menos. Eu certamente nunca percebi que crescia. Meu pai tinha me deslumbrado desde muito jovem sobre a verdade do nosso dever. Eu ainda acreditava, mas desejava que ele também tivesse mencionado o quanto da minha vida isto iria consumir. Horowitz tinha montado uma mesa dobrável do outro lado do escritório do meu pai. Ele acariciou-a e me deu um sorriso amigável. - Vá em frente, - ele me disse. – Pegue seu bilhete. Barnes lhe lançou um olhar de desaprovação. – Por favor. Você poderia mostrar um pouco de respeito a este ritual, David. Horowitz apenas encolheu os ombros. Ele me ajudou a deitar, e embora eu estivesse com muito medo de sorrir de volta, eu esperava que a minha gratidão tivesse se mostrado nos meus olhos. Outro sorriso dele me disse que ele tinha entendido. Virando minha cabeça, vi como Barnes reverentemente posicionou uma maleta preta na mesa lateral. Os outros Alquimistas se reuniram em torno dela e deram as mãos. Ele deve ser o hierofante*, eu percebi. Boa parte do que os alquimistas faziam era baseado na ciência, mas algumas tarefas necessitavam da assistência divina. Afinal, nossa missão principal de proteger a humanidade estava enraizada na crença de os vampiros não eram naturais e iam contra o plano de Deus. É por isso que os hierofantes – nossos sacerdotes – trabalhavam lado a lado com os nossos cientistas. - Oh Lord, - entoou, fechando os olhos. – Abençoe esses elixires. Remova a mancha do

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mal que eles carregam, para que seu poder vivificante brilhe apenas para nós, vossos servos. Ele abriu a maleta e retirou quatro pequenos frascos, cada um deles cheio de um líquido vermelho escuro. Etiquetas – que eu não conseguia ler – marcavam cada um. Com uma mão firme e um olhar experiente, Barnes derramou quantidades precisas de cada frasco em uma grande garrafa. Quando ele tinha usado todos os quatro, ele pegou um pacote minúsculo de pó e esvaziou no resto da mistura. Eu senti um formigamento no ar, e o conteúdo da garrafa tornou-se ouro. Entregou a garrafa a Horowitz, que estava pronto com uma agulha. Todos relaxados, a parte cerimonial estava completa. Eu afastei-me, obedientemente, expondo minha bochecha. Um momento depois, a sombra de Horowitz caiu sobre mim. – Isso vai doer um pouco, mas nada como quando você originalmente a fez. É apenas um retoque, - explicou ele, gentilmente. - Eu sei, - disse. Eu tinha sido retocada antes. – Obrigado. A agulha espetou minha pele, e eu não tentei recuar. Isto realmente doeu, mas, como ele disse, Horowitz não estava criando uma nova tatuagem. Ele estava simplesmente injetando pequenas quantidades de tinta em minha tatuagem existente, recarregando seu poder. Eu tomei isso como um bom sinal. Zoe poderia não estar fora de perigo ainda, mas certamente eles não iriam se incomodar em retocar minha marca se eles fosse apenas me mandar para um centro de reeducação. - Você pode nos dar um resumo do que está acontecendo enquanto nós esperamos? – Perguntou meu pai. – Tudo o que me foi dito era que vocês simplesmente precisavam de uma menina adolescente. – A maneira como ele disse –adolescente– fez com que parecesse um mal descartável. Eu lutei contra uma onda de raiva contra o meu pai. Isso é tudo o que nós éramos para ele. - Nós temos um problema. - Ouvi Stanton dizer. Finalmente eu iria obter algumas respostas. – Com os Moroi.

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Eu respirei um pequeno suspiro de alívio. Melhor eles do que um Strigoi. Qualquer –situação– que os Alquimistas enfrentavam sempre envolvia uma das raças de vampiro, e eu levaria a vida, sem matar alguns qualquer dia. Eles quase parecem humanos às vezes (embora eu nunca contaria a ninguém aqui isso) e vivem e morrem como nós. Strigoi, entretanto, são distorcidas aberrações da natureza. Eles são mortos-vivos, vampiros assassinos criados tanto quando um Strigoi força a vítima a beber seu sangue ou quando um Moroi mata o outro propositalmente bebendo o seu sangua. A situação com o Strigoi geralmente acaba com alguém morto. Todos os tipos de cenário brincavam em minha mente enquanto eu considerava qual questão havia solicitado a ação dos Alquimistas esta noite: um humano que percebeu alguém com presas, um alimentador que escapou e foi a público, um Moroi tratado por doutores humanos... Esses eram os tipos de problemas que nós Alquimistas mais enfrentamos, eu fui treinada para lidar e encobri-los com facilidade. Por que eles precisariam de –uma menina adolescente– para algum deles, no entanto, era um mistério. - Você sabe que eles elegeram a ‘garota-rainha’ deles mês passado – disse Barnes. Eu podia praticamente vê-lo revirando os olhos. Todo mundo na sala murmurou afirmativamente. É claro que eles sabiam disso. Saber sobre o que os vampiros estão fazendo era crucial para mantê-los em segredo do resto da humanidade – e manter o resto da humanidade a salvo deles. Esse era nosso propósito, proteger nossos irmãos. Conhecer o inimigo era levado muito a sério conosco. A garotas que os Moroi elegeram rainha, Vasilisa Dragomir, tinha dezoito, assim como eu. - Não fique tensa – disse Horowitz gentilmente. Eu não tinha percebido que eu estava. Eu tentei relaxar, mas pensar em Vasilisa Dragomir me fez pensar em Rose Hathaway. Inquieta, eu me perguntava se talvez eu não devesse ter sido tão rápida para assumir que eu estava fora do problema aqui. Felizmente, Barnes simplesmente continuou com a história, sem mencionar a minha

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conexão indireta com a garota rainha e seus associados. - Bem, tão chocante quanto foi para nós, isso também foi chocante para alguns de seu próprio povo. Houve um monte de protestos e dissidências. Ninguém tentou atacar a garota Dragomir, mas isso é porque ela está muito bem vigiada. Seus inimigos, ao que parece, encontraram uma maneira de contornar isso: sua irmã. - Jill – eu disse, falando antes que eu pudesse me impedir. Horowitz pediu para me mover e eu imediatamente me arrependi de chamar atenção para mim e meu conhecimento dos Moroi. No entanto, a imagem de Jillian Mastrano passou em minha mente, alta e irritantemente magra como todo Moroi, com grande e pálidos olhos verdes que sempre parecem nervosos. E ela tem uma boa razão para estar. Aos quinze, Jill tinha descoberto que era irmã ilegítima de Vasilisa, fazendo ela o único membro da linha de sua família real. Ela também estava ligada à bagunça que eu tinha me metido nesse verão. - Você conhece suas leis – continuou Stanton, depois de um momento de silêncio constrangedor. Seu tom transmitiu o que todos nós pensávamos sobre as leis dos Moroi. Um monarca eleito? Não fazia sentido, mas o que mais se poderia esperar de seres não naturais como vampiros? – E Vasilisa deve ter um membro da família para manter seu trono. Portanto, os seus inimigos decidiram que se eles não podem removê-la diretamente, eles irão remover sua família. Um arrepio correu pela minha espinha ao significado não dito, e eu mais uma vez comentei sem pensa. – Aconteceu alguma coisa com a Jill? – Dessa vez, eu pelo menos escolhi um momento em que Horowitz estivesse recarregando a sua agulha, por isso não havia perigo de estragar a tatuagem. Eu mordi meu lábio para me prevenir de dizer mais alguma coisa, imaginando a punição nos olhos do meu pai. Mostrar preocupação por um Moroi era a última coisa que eu queria fazer, considerado meu incerto status. Eu não tinha nenhuma forte ligação com a Jill, mas o pensamento de alguém tentando matar uma menina de quinze anos – a mesma idade de Zoe – era apavorante, não importa qual raça ela pertencia.

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- Isso é o que não se sabem ao certo – refletiu Stanton. – Ela foi atacada, nós sabemos isso, mas não podemos dizer se ela sofreu algum dano real. Independentemente disso, ela está bem agora, mas a tentativa aconteceu em sua própria corte, indicando que eles têm traidores em níveis elevados. Barnes bufou em desgosto. – O que você pode esperar? Como sua raça ridícula conseguiu sobreviver tanto tempo quanto eles sem se preocupar uns com os outros. Haviam murmúrios de acordo. - Ridículo ou não, no entanto, não podemos tê-los em uma guerra civil – disse Stanton. – Alguns Moroi têm agido em protesto, o suficiente para eles chamarem a atenção nos meios de comunicação humana. Nós não podemos permitir isso. Precisamos de seu governo estável, e isso significa garantir a segurança desta menina. Talvez eles não possam confiar em si mesmo, mas eles podem confiar em nós. Não havia nenhum uso em salientar que Morois não confiam nos Alquimistas realmente. Mas, uma vez que nós não tínhamos interesse em matar a monarca Moroi ou sua família, eu suponho que isso nos tornou mais digno de confiança de alguns de seu povo. - Nós precisamos fazer a menina desaparecer – disse Michaelson. – Pelo menos até que os Moroi possam desfazer esse lei que torna o trono de Vasilisa tão precário. Esconder Mastrano com o seu próprio povo não é seguro no momento, por isso precisamos escondê-la entre os humanos. – Desdém escorria de suas palavras. – Mas é imprescindível que ela também continue sendo escondida dos seres humanos. Nossa raça não pode saber que a deles existe. - Após consultas com guardiões, nós escolhemos um local que todos nós acreditamos que será seguro para ela – tanto dos Moroi e Strigoi. – Disse Stanton. – No entanto, para ter certeza que ela – e aqueles com ela – permaneçam sem serem detectados, vamos precisar de Alquimistas à mão, dedicados exclusivamente às suas necessidades, no caso de alguma complicação surgir.

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Meu pai zombou. – Isso é um desperdício de nossos recursos. Sem mencionar o quão insuportável será para quem tiver que ficar com ela. Tive um mau pressentimento sobre o que estava por vir. - É aí que a Sydney entra – disse Stanton. – Nós gostaríamos que ela fosse um dos Alquimistas quem acompanharão Jillian ao se esconder. - O quê? – Exclamou meu pai. – Você não pode estar falando sério. - Por que não? – o tom de Stanton foi calmo e uniforme. – Elas têm idades parecidas, por isso, estando juntas não vão levantar suspeitas. E Sydney já conhece a menina. Certamente passar um tempo com ela não será tão ‘insuportável’ como pode ser para outros Alquimistas. As entrelinhas eram altas e claras. Eu não estava livre do meu passado, ainda não. Horowitz fez uma pausa e levantou a agulha, me dando a oportunidade de falar. Minha mente acelerou. Alguma resposta era esperada. Eu não queria soar tão chateada com o plano. Eu precisava restaurar o meu bom nome entre os Alquimistas e mostrar minha disposição em seguir ordens. Dito isso, eu também não queria soar como se fosse muito cômodo estar com vampiros e seus colegas meio-humanos, os dhampirs. - Passar o tempo com eles nunca é divertido – eu disse cuidadosamente, mantendo minha voz fria e arrogante. – Não importa o quanto você faça isso. Mas eu vou fazer o que é necessário para nos manter – e todos os outros – seguros. – Eu não precisava explicar que ‘todos os outros’ significava humanos. - Então, você vê, Jared? – Barnes parecia satisfeito com a resposta. – A menina sabe seu dever. Nós já fizemos uma série de acordos que devem fazer as coisas funcionarem bem, e nós certamente não iríamos mandá-la sozinha, especialmente desde que a menina Moroi também não estará sozinha.

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- O que quer dizer? – Meu pai ainda não parecia feliz com nada disso, e eu me perguntava o que mais o estava preocupando. Será que ele realmente acha que eu poderia estar em perigo? Ou ele estava simplesmente preocupada que eu, ao passar mais tempo com os Moroi, iria mudar minha lealdade mais ainda? – Quantos deles estão vindo? - Eles estão enviando um dhampir – disse Michaelson. – Um dos seus guardiões, o que eu realmente não tenho problema. O local que escolhemos deve ser livre de Strigoi, mas se não for, melhor eles lutarem com esses monstros do que nós. Os guardiões são dhampirs que foram especialmente treinados como guarda-costas. - Aí está, - Horowitz me disse, dando um passo para trás. – Você pode ir se sentar. Obedeci e resisti ao impulso de tocar meu rosto. A única coisa que eu senti de seu trabalho foi a picada da agulha, mas eu sabia que a podersa magua estava trabalhando do seu jeito em mim, magia que me daria um sistema imunológico sobre-humano e me impediria de falar sobre vampiros com humanos comuns. Tentei não pensar sobre a outra parte, sobre de onde essa magia veio. As tatuagens eram um mal necessário. Os outros ainda estavam de pé, não prestando atenção em mim – bem, com exceção de Zoe. Ela ainda parecia confusa e com medo e continuava olhando ansiosamente para mim. - Também pode ter outro Moroi que venha junto, - continuou Stanton. – Honestamente, eu não sei por que, mas eles estavam muito insistentes dele estar com a Mastrano. Dissemos a eles que quanto menos tivermos que esconder melhor, mas...bem, eles pareciam achar que era necessário e disseram que iam tomar providências por ele lá. Acho que é um dos Ivashkov. Irrelevante. - Onde é ‘lá’? – Perguntou meu pai. – Pra onde você quer mandá-la? Excelente pergunta. Eu estava me perguntando a mesma coisa. Meu primeiro trabalho em tempo integral com os Alquimistas tinha me mandado a meio caminho da volta ao mundo, para a Rússia. Se os Alquimistas tinham a intenção de esconder Jill, não havia o

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que dizer para qual local remoto eles iriam mandá-la. Por um momento, me atrevi a ter a esperança que nós acabássemos na minha cidade dos sonhos: Roma. Obras de arte legendárias e comida italiana parecia uma boa maneira de compensar a papelada e os vampiros. - Palm Springs. - disse Barnes. - Palm Springs? – Eu ecooei. Não era o que eu estava esperando. Quando eu penso em Palm Springs, penso em estrelas de cinema e campos de golfe. Não exatamente um feriada romana, mas também não era o Ártico. Um sorriso pequeno, irônico puxou os lábios de Stanton. – É no deserto e recebe uma grande quantidade de luz solar. Totalmente indesejável para Strigois. - Não seria indesejável para Morois também? – Eu perguntei, pensando à frente. Morois não queimam no sol como os Strigois, mas a exposição excessiva ainda faz o Moroi fica fraco e doente. - Bem, sim – admitiu Stanton. – Mas um pouco de desconforto vale a segurança que proporciona. Enquanto os Moroi passam a maior parte de seu tempo do lado de dentro, não vai ser um problema. Além disso, irá desencorajar os outros Morois a vir e – O som de uma porta de carro abrindo e batendo do lado de fora chamou a atenção de todos. – Ah, - disse Michaelson. – Aí estão os outros. Vou deixá-los entrar. Ele saiu do escritório e presumivelmente se dirigiu a nossa porta admitindo que alguém tinha chegado. Momentos depois, ouvi uma voz falando enquanto Michaelson voltava para gente. - Bem, papai não podia fazer isso, então ele apenas me enviou, - a nova voz disse. A porta do gabinete se abriu, e meu coração parou. Não, pensei. Qualquer um menos ele.

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- Jared – disse o recém-chegado, avistando meu pai. – Ótimo ver você de novo. Meu pai, que mal havia olhado para mim a noite toda, na verdade, sorriu. – Keith! Eu estava querendo saber como você tem estado. – Os dois apertaram as mãos, uma onde de repulsa rolou através de mim. - Esse é Keith Darnell – disse Michaelson, apresentando-o para os outros, - Filho de Tom Darnell? – Perguntou Barnes, impressionado. Tom Darnell foi um lendário líder entre os Alquimistas. - O próprio, - disse Keith alegremente. Ele era cerca de cinco anos mais velho que eu, com cabelos loiros em um tom mais claro que o meu. Eu sabia que um monte de meninas o achava atraente. Eu? Eu o achava perverso. Ele era de longe, a última pessoa que eu esperava ver aqui. - E eu acredito que conheça as irmãs Sage, - acrescentou Michaelson. Keith voltou seus olhos azuis primeiro para Zoe, olhos que eram apenas fracionariamente diferentes de cor um do outro. Um olho, feito de vidro, olhou fixamente para a frente, não se movendo exatamente. O outro piscou para ela enquanto ele sorria abertamente. Ele ainda pode piscar, pensei furiosamente. Aquele irritante, estúpida, arrogante piscada! Mas então, por que ele não piscaria? Todos nós ouvimos sobre o acidente que ele teve esse ano, um acidente que lhe custou um olho. Ele ainda sobreviveu com um bom, mas de alguma forma, na minha mente, eu pensei que a perda de um olho iria parar essa irritante piscada. - Pequena Zoe! Olhe para você, toda crescida, - disse ele com carinho. Eu não sou uma pessoa violenta, não em várias maneiras, mas de repente eu queria bater nele por olhar para minha irmã dessa maneira.

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Ela conseguiu dar um sorriso para ele, claramente aliviada ao ver um rosto familiar aqui. Quando Keith se virou para mim, no entanto, todo o charme e simpatia desapareceu. O sentimento era mútuo. O ódio negro queimando dentro de mim era tão grande que eu levei um momento até formular qualquer tipo de resposta. – Olá Keith, - eu disse rigidamente. Keith nem se quer fez uma tentativa de se igualar a minha civilidade forçada. Ele imediatamente se virou para os Alquimistas mais velhos. – O que ela está fazendo aqui? - Nós sabemos que você solicitou por Zoe, - disse Stanton, - mas, após uma análise, decidimos que seria melhor se Sydney cumprisse esse papel. Sua experiência diminui qualquer preocupação sobre suas ações passadas. - Não, - disse Keith rapidamente, virando aquele olhar azul de aço de volta para mim. – De nenhuma maneira ela vai vir, de jeito nenhum eu vou confiar em uma amante de vampiros para estragar tudo para nós. Nós estamos levando a irmã. 


* Hierofante é o termo usado para designar os sacerdotes da alta hierarquia dos mistérios da Grécia e do Egito. Parte do Capítulo 1 - retirado do site: vacademybr.com.br - créditos e tradução de inteira responsabilidade da autora do site. A outra parte foi traduzida por Ana Lu.

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