Eu quase perguntei: –Você está falando sério?– Mas deixei aquilo: provavelmente não era o tipo de coisa que ela faria como piada, especialmente considerando o quão seu rosto parecia um túmulo. Outras perguntas surgiram na minha cabeça, mas eu retirei todas elas também. Elas não eram tão estranhas, mas eu não queria chamar a atenção para mim mesmo mostrando um interesse incomum de um terrível assassinato. Em vez disso, simplesmente agradeci a Miss. Dawson por sua ajuda com a carta e voltei para o Campus Leste. Sra Weathers. Estava na sua mesa quando entrei no dormitório. Eu dei-lhe a carta ao qual ela leu mais de duas vezes antes de guarda-la no seu armário. –Tudo bem–, disse ela. –Apenas certifique-se que sua irmã avise cada vez que sair.– –Esteja descansada, minha senhora. Muito obrigada.– Hesitei, ponderando se devia ir ou se fazia as perguntas que a informação da Miss. Dawson tinha disparado. Eu decidi ficar. –Mrs. Weathers…desde o desaparecimento de Jill, eu continuo a pensar sobre aquela garota que você me falou. A que morreu. Eu fico pensando que poderia ter sido a Jill.– O rosto da Sra. Dawson amoleceu. –Jill está bem. Eu não deveria ter dito aquilo. Eu não queria assustar você.– –É verdade que a garganta da menina foi cortada?– –Sim.– Ela balançou a cabeça tristemente. –Terrível. Simplesmente terrível. Eu não sei que tipo de pessoa faz este tipo de coisa.– –Será que eles nunca descobrir porque isso aconteceu? Quero dizer, havia alguma coisa incomum sobre ela?–
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–Incomum? Não, nem por isso. Isto é, ela era uma linda menina. Inteligente, bonita, popular. Uma boa – não, uma grande - atleta. Tinha amigos, um namorado. Mas nada de especial para a fazer se destacar como um alvo. É claro que, pessoas que fazem coisas terríveis como aquilo provavelmente não precisam de um motivo.– –Verdade–, murmurei. Fui até meu quarto, desejando que a Sra. Weathers tivesse descrito um pouco mais sobre o quão bonita era a Kelly. O que eu realmente queria saber era se Kelly tinha sido um Moroi. Se ela fosse, eu esperava que a Sra. Weathers pudesse comentar sobre como alta ou pálida ela era. Tanto os registos de Clarence como dos Alquimistas, nenhum Moroi viveu na região de Palm Springs. O que não quer dizer, no entanto, que alguém não pudesse escapar pelas fissuras. Eu teria que encontrar a resposta por mim mesma. Se Kelly tinha sido um Moroi, então nós tínhamos três jovens mulheres Moroi mortas da mesma forma, no sul de Califórnia, dentro de um intervalo de tempo relativamente curto. Clarence podia argumentar com a sua teoria de caçador de vampiros, mas para mim este padrão gritou como um Strigoi. Jill estava no nosso quarto, servindo para ela como uma prisão domiciliar. Quanto mais tempo passava, menos raiva eu sentia em relação a ela. Ter a questão da alimentação resolvida, ajudou muito. Eu teria ficado muito mais chateada se nós tivéssemos sido incapazes de levá-la para fora do campus. –O que há de errado?–, ela me perguntou olhando por cima de seu laptop. –Porque você acha que há algo de errado?– Ela sorriu. –Você tem aquele olhar. É essa pequena ruga que você ganha entre as sobrancelhas, quando está tentando descobrir alguma coisa.– Eu balancei minha cabeça. –Não é nada.– –Sabe–, disse ela, –talvez todas essas responsabilidades não seriam tão ruim se você falasse delas e ter ajuda de outras pessoas.– –Não é bem isso. É apenas algo que eu estou tentando decifrar.– –Diga-me–, ela suplicou. –Pode confiar em mim.– Não era uma questão de confiança. Era uma questão desnecessária para Jill se preocupar. Sra.Weathers temeu que ela me tivesse assustado, mas se alguém estava a matar raparigas Moroi, eu não estava em perigo. Olhando para Jill e para o seu olhar firme, eu decidi que se ela conseguia viver, sabendo que o seu próprio povo está tentando matá-la, ela conseguiria lidar com isto. Dei-lhe um breve resumo daquilo que eu sabia.
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–Contudo, você não sabe se Kelly foi uma Moroi– ela disse depois de eu ter terminado. –Não. Essa é a parte crucial aqui.– Sentei de pernas cruzadas na minha cama com o meu próprio lanptop. –Eu vou verificar os nossos registos e os jornais locais para ver se eu consigo encontrar uma foto dela. Tudo o que eu soube pela Sra. Weathers é que Kelly foi uma estrela do atletismo.– –O que pode significar que ela não é um Moroi–, disse Jill. –Isto é, olhe o quão terrível eu sou com este sol. O que acontece se ela não for? Você tem um monte de teorias em volta da ideia de ela ser uma Moroi. Mas e se ela for humana? O que então? Podemos ignorar? Pode até ser a mesma pessoa…mas o que significa se o assassino tiver matado dois Moroi e um humano?– Jill tinha razão. –Eu não sei–, disse. Minha busca não demorou muito. Os alquimistas não tinham nenhum registo de assassinato, mas eles não teriam mesmo se Kelly tivesse sido humana. Montes de jornais tinham histórias sobre ela, mas não consegui encontrar nenhuma foto. –Que tal um anuário?–, perguntou Jill. –Alguém deve ter um guardado por aí.– –Isso é realmente muito brilhante–, disse. –Tas a ver? Eu disse que era útil.– Sorri para ela e então me lembrei de algo. –Oh, eu tenho uma boa notícia para você. Talvez.– Recapitulei o –plano– de Kristin e Julia sobre Jill se juntar ao clube de costura. Jill se iluminou mas ainda cautelosa. –Você realmente acha que daria certo?– –Só existe uma maneira de descobrir.– –Eu nunca toquei numa máquina de costura na minha vida–, ela disse. –Eu acho que esta é sua chance de aprender–, disse a ela. –Ou talvez as outras raparigas ficarão felizes em apenas manter-te por perto como a modelo de classe delas.– Jill sorriu. –Como você sabe que só as raparigas se inscrevem para isso?– –Não sei–, admiti. –Só jogando fora os estereótipos de género, eu acho.– Meu celular tocou e o número de Ms.Terwilliger piscou no ecrã. Eu respondi, me preparando para buscar um café. –Miss Melbourne?–, disse ela. –Se você e seu irmão poderem estar em Carlton dentro de uma hora, você pode falar com alguém da secretaria antes de eles fecharem. Você pode fazer isso?– Olhei para o relógio e pus fé para que o Adrian não estivesse a fazer nada de importante. –Hum, sim. Sim, claro minha senhora. Obrigada. Muito obrigada.– –O homem com quem você vai querer conversar chama-se Wes Regan.– Ela fez uma
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pausa. –E você poderia me trazer um capuccino no seu caminho de volta?– Assegurei-lhe que sim e em seguida, telefonei a Adrian instruindo para se prepara e para estar pronto para quando eu chegasse. Rapidamente, troquei o meu uniforme por uma blusa e uma saia de sarja. Olhando para o meu reflexo, percebi que ele tinha razão. Não havia realmente muita diferença entre o uniforme de Amberwood e as minhas roupas normais. –Eu gostaria de poder ir–, disse Jill melancolicamente. –Eu gostaria de ver Adrian de novo.– –Você tipo, não pode vê-lo todos os dias dessa forma?– –Verdade–, disse ela. –Embora eu ainda nem sempre posso entrar na sua cabeça quando quero. Só acontece de forma aleatória. E de qualquer maneira, não é a mesma coisa. Ele não pode falar comigo através do vínculo.– Eu quase respondi que aquilo soava melhor do que estar perto dele em pessoa, mas percebi que não seria útil. Adrian estava pronto para ir quando cheguei a casa de Clarence, animado e ansioso para a ação. –Você acabou de perder o seu amigo–, disse ele enquanto entrava no Latte. –Quem?– –Keith–. Eu fiz uma careta. –Ele realmente não é meu amigo.– –Oh, você acha? A maioria de nós percebeu isso no primeiro dia, Sage.– Eu me senti um pouco mal com isso. Uma parte de mim sabia que eu não deveria deixar que os meus sentimentos pessoais para com Keith se misturassem com o trabalho. Nós éramos uma espécie de colegas de trabalho e deveríamos ter-nos apresentado de forma unida e profissional. Ao mesmo tempo, eu estava tipo feliz por essas pessoas - mesmo se elas fossem vampiros e dhampirs - não acharem que eu era amiga de Keith. Eu não queria que eles pensassem que ele e eu tínhamos muito em comum. Eu certamente não queria ter mesmo nada em comum com ele. O significado exacto das palavras de Adrian, de repente me bateu. –Espere. Ele estava aqui?– –Uma meia hora atrás.– Ele deve ter vindo directamente da escola. Eu tive sorte por ter perdido ele. Algo me disse que ele não aprovaria o meu aprofundar na educação de Adrian. –O que ele estava aqui a fazer?–
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–Não sei. Eu acho que ele estava checando o Clarence. O velho não está a sentir-se bem.– Adrian puxou um maço de cigarros do bolso. –Você se importa?– –Sim–, respondi. –O que há de errado com Clarence?– –Eu não sei, mas ele está descansando mais vezes, o que torna as coisas ainda mais chatas. Isto é, ele não era lá boa companhia para bater papo, mas algumas das suas loucas histórias eram interessantes.– Adrian ficou melancólico. –Especialmente com Whisky–. –Mantenha-me actualizada sobre o que ele está fazendo–, murmurei. Perguntava-me se talvez foi por isso que Keith estava com tanta pressa antes. Se Clarence estava gravemente doente, teríamos que fazer um acordo com um médico Moroi. Isso complicaria nossa situação aqui em Palm Springs porque ou tínhamos de mover Clarence para algum sítio ou trazer alguém aqui. Se Keith estava trabalhando nele, então eu não deveria me preocupar… mas eu não confiava nele para fazer um bom trabalho com nada. –Eu não sei como você se leva por ele–, disse Adrian. –Eu costumava pensar que você era fraca e apenas não contra atacava…mas agora, sinceramente, eu acho que você é realmente dura. É preciso um inferno de muita força para não reclamar e atacar. Eu não tenho esse autocontrole.– –Você tem mais do que você pensa,– eu disse, um pouco embaraçada pelo elogio. Eu colocava-me sempre para baixo por aquilo que via e, por vezes não ripostava, que nunca me ocorreu que aquilo requeria força. Fiquei ainda mais surpresa por ter sido Adrian a dizer isso a mim. –Eu ando sempre numa linha. Meu pai - e os Alquimistas – realmente exigem obediência e seguimento das instruções de nossos superiores. Eu estou tipo numa balança com eles pois num terreno instável, por isso que não fazer espalhafatos é super importante para mim.– –Por causa de Rose?– Seu tom estava cuidadosamente controlada. Eu balancei a cabeça. –Yup. O que fiz foi equivalente a traição aos olhos deles.– –Eu não sei o que ‘equivalente’ significa, mas soa muito sério.– Eu podia vê-lo estudando me pelo canto do olho. –Vale a pena?– –Até agora.– Era fácil dizer uma vez que Zoe ainda não tinha a tatuagem e eu não tinha visto nenhum centro de reeducação. Se as coisas mudassem, então também as minhas respostas. –É a coisa certa a fazer. Acho que isso justifica acções dramáticas.– –Eu também quebrei um monte de regras para ajudar Rose–, disse ele com um tom
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preocupado em sua voz. –Eu fiz isso por amor. Um amor equivocado, mas amor, no entanto. Eu não sei se foram tão nobre como as suas razões, particularmente desde que ela estava apaixonada por outra pessoa. A maioria das minhas ‘acções dramáticas’ não fora por qualquer motivo. A maioria delas foi para irritar os meus pais.– Na realidade, eu encontrei-me com um pouco de inveja daquilo. Eu não conseguia imaginar a tentar, propositadamente, conseguir uma reacção do meu pai - embora eu certamente queria. –Eu acho que o amor é uma razão nobre –, disse a ele. Eu estava falando objectivamente, é claro. Eu nunca estive apaixonada e não tinha nenhum ponto de referência para fazer algum julgamento. Com base no que eu observava dos outros, eu assumi que era uma coisa surpreendente…mas por agora, eu estava muito ocupada com o meu trabalho para notar a falta disso. Eu me perguntei se deveria ficar desapontada com isso. –E eu acho que você tem tempo de sobra para fazer outras coisas nobres.– Ele riu. –Nunca pensei que o meu maior apoio viria de alguém que pensa que eu sou o mal e não natural.– Isso fazia dois de nós. Hesitante, eu consegui fazer uma pergunta que me tinha queimado por dentro. –Você ainda a ama? Rose?– Além de eu não saber o que era estar apaixonado, eu também não sabia quanto tempo levava para se recuperar desse amor. O sorriso de Adrian desapareceu. Seu olhar voltou para o interior. –Sim. Não. É difícil esquecer alguém assim. Ela teve um efeito enorme em mim, bons e maus. É difícil colocar isto no passado. Eu tento não pensar muito nela em termos de amor e ódio. Principalmente porque estou tentando seguir a minha vida. Com resultados mistos, infelizmente.– Chegamos logo à faculdade. Wes Regan era um grande homem com uma barba grisalha e que trabalhava nos registos de Carlton. Ms. Terwilliger tinha ensinado a sua sobrinha de graça num verão, e Wes sentia que lhe devia um favor. –Esta é a situação,– disse ele uma vez que estávamos sentados em frente a ele. Adrian estava usando umas calças caqui e uma camisa de botões de cor clara que teriam sido óptimas para as entrevistas de emprego. Agora era tarde. –Eu pode não apenas registá-lo. As aplicações da faculdade são longas e exigem transcrições, e não há nenhuma maneira de você poder oscilar uma em cada dois dias. O que eu posso fazer é colocar você como um auditor.– –Tal como com o IRS*?–, perguntou Adrian.
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–Não. Auditoria significa que você está frequentando a aula e fazendo o trabalho, mas não é avaliado nela.– Adrian abriu a boca para falar, e eu apenas pode imaginar o comentário que ele tinha sobre trabalhar sem nenhum crédito. Eu rapidamente o interrompi. –E depois?– –Então, se você puder jogar junto com uma aplicação, oh, numa semana ou duas - e ser aceite - eu posso influenciar a mudança para o status de estudante.– –E quanto a ajuda financeira–, perguntou Adrian, inclinando-se para a frente. –Posso conseguir algum dinheiro para isto?– –Se você se qualificar–, disse Wes. –Mas você não pode realmente pedir para recebe-lo até que você seja aceite.– Adrian caiu para trás, e eu era capaz de adivinhar seus pensamentos. Se para ficar matriculado levaria algumas semanas, sem dúvida, haveria também um atraso nos depósitos de ajuda financeira. Adrian estaria olhando para um mês ou mais a viver com Clarence, o que era provavelmente muito optimista. Eu meio que esperava ver Adrian se levantar e recusar tudo. Em vez disso, uma expressão decidida atravessou o seu rosto. Ele concordou. –Okay. Vamos começar com essa coisa de auditoria.– Fiquei impressionada. Eu também fiquei com ciúmes quando Wes expos o catálogo de cursos. Eu me contentei com as aulas de Amberwood, mas olhando para as ofertas de uma verdadeira faculdade mostrou-me que as duas escolas eram de dois mundos diferentes. As aulas de história eram mais focadas e mais aprofundadas do que qualquer outra coisa que eu pudesse ter imaginado. No entanto, Adrian não tinha nenhum interesse nelas. Ele imediatamente escolheu um departamento de arte. Ele acabou por se inscrever em dois cursos de iniciação: pintura a óleo e aguarelas. Decorreriam três vezes por semana e estavam convenientemente em direcções opostas. –Isso vai se tornar mais fácil se eu apanhar o onibus–, ele explicou quando estávamos saindo. Eu dei-lhe um olhar assustado. –Você vai apanhar o ônibus?– Ele pareceu se divertir com o meu espanto. –Que mais pode ser? As aulas são durante o dia. Você não pode me levar.– Pensei na casa remota de Clarence. –Onde na terra que você vai pegar o ônibus?– –Há uma paragem cerca de uma milha e meia de distância. Depois pego outro que vai
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para Carlton. Toda a viagem leva cerca de uma hora.–Confesso que ele me deixou sem palavras. Fiquei espantado por Adrian ter pesquisado aquilo tudo, muito menos estar dispostos a ter aquele trabalho todo. No entanto, na viagem de volta, ele nunca pronunciou uma palavra de queixa sobre como inconveniente seria ou quanto tempo ele teria de esperar para sair da casa de Clarence. Quando cheguei de volta a Amberwood, eu estava animada para contar a notícia a Jill sobre o sucesso que aquilo tinha sido - não que ela precisasse de mim para lhe contar. Com a ligação, ela provavelmente saberia mais do que eu. Ainda assim, ela sempre se preocupava com ele e sem dúvida ficaria felicíssima por algo correr bem com ele. Jill não estava no nosso quarto quando voltei, mas um nota me informou que ela estava estudando noutras partes do dormitório. A única parte brilhante da sua punição era que limitava as zonas onde ela poderia estar em qualquer momento. Decidi usar então esta oportunidade de fazer o tal amuleto de Ms. Terwilliger. Eu reuni a maior parte dos ingredientes necessários, e juntamente com a autorização do professor de biologia, Ms.Terwilliger havia me assegurado o acesso a um dos laboratórios de química. Não havia ninguém àquela hora da noite, o que me deu abundância de espaço e sossego para misturar confecção. Como nós tínhamos reparado, as instruções eram extremamente detalhada – e na minha opinião - supérfluas. Não era apenas o suficiente medir as folhas de urtiga. Segundo as instruções deles ‘descansar por uma hora’, durante o qual eu deveria dizer para elas, ‘em ti, chama eu inspiro’ a cada dez minutos. Eu também tinha que ferver a pedra ágata ‘ infundi-la com o calor’. O resto das instruções eram semelhantes, e eu sabia que não haveria nenhuma maneira de Ms. Terwilliger saber se eu realmente segui aquilo tudo à risca - principalmente os cantos. Ainda assim, o propósito desta acrobacia era relatar sobre o que era fazer aquilo como uma pratica antiga. Então, eu segui tudo lealmente e concentrei-me tanto em realizar perfeitamente cada etapa que logo caí num período de calma, onde nada existia excepto o feitiço. Terminei duas horas mais tarde e fiquei surpresa por me sentir exausta. O resultado final certamente não pareceu justificar toda a energia que eu gastei. Eu saí com um cordão de couro onde pendia uma bolsa de seda cheia de folhas e pedras. Eu carreguei aquilo e as minhas notas de volta ao meu dormitório, com a intenção de escrever o meu relatório para a Ms. Terwilliger para que eu pudesse colocar isto tudo para atrás de mim. Quando cheguei ao meu quarto eu engasguei quando vi a porta. Alguém tinha pegado em tinta vermelha e desenhado pela porta toda assas de morcego e presas. Rabiscada no meio da
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porta, em grandes letras gordas estava escrito RAPARIGA VAMPIRO. Cheio de pânico, eu bruscamente entrei no quarto. Jill já lá estava, juntamente com a Sra. Weathers e outro professor que eu não conhecia. Eles estavam procurando em todos as nossas coisas. Eu olhei em descrença. –O que está acontecendo?– perguntei. Jill balançou a cabeça, de rosto mortificado, e não conseguiu responder. Eu, aparentemente, cheguei no fim da busca, porque a Sra. Weathers e o seu associado logo terminaram e caminharam até a porta. Fiquei contente por ter levado para o laboratório hoje à noite os meus suprimentos de Alquimista. O kit continha algumas ferramentas de medição que eu pensei que pudesse precisar. Eu certamente não queria explicar o porquê de ter uma colecção de produtos químicos no dormitório sem autorização. –Bem–, disse a Sra. Weathers severamente. –Aparentemente não há qualquer coisa aqui, mas eu posso fazer outra procura no local mais tarde - por isso nada de ideias. Você já está com problemas suficientes, sem acrescentar mais nenhuma outra carga neles.– Ela suspirou e balançou a cabeça á Jill. –Estou muito decepcionada com você, Miss Melrose.– Jill escandalizou. –Eu estou dizendo a você, é tudo um engano!– –Vamos esperar que sim–, disse a Sra. Weathers ameaçadoramente. –Vamos esperar que sim. Eu tenho em mente fazer você limpar aquele vandalismo lá fora, mas sem provas…bem, teremos os porteiros a tratar disto amanhã.– Uma vez que os nossos visitantes foram embora, eu imediatamente exigi, –O que aconteceu?– Jill caiu para trás em sua cama e gemeu. –Laurel foi o que aconteceu.– Sentei-me. –Explica–. –Bem, eu liguei para a biblioteca para ver se eles tinham os anuários - sobre Kelly Hayes? Tirando isso, eles normalmente os têm, mas todos eles foram requisitados pela equipe do jornal para alguma edição do aniversario de Amberwood. E você não vai acreditar quem está dirigindo o projecto: Laurel.– –Tem razão–, disse. –Eu nunca teria imaginado isso. Ela ainda é caloira em Inglês?– Laurel era uma sénior. –Sim–. –Eu acho que todo mundo precisa de uma actividade,– eu murmurei. Jill assentiu. –De qualquer forma, Miss Yamani estava no edifício, então fui perguntar a ela sobre a adesão ao clube de costura e trabalhar para Lia. Ela realmente estava animada e disse que ia fazer isso acontecer.–
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–Bem, isso é alguma coisa–, disse cautelosamente, ainda sem certeza de como isto ia levar até ao vandalismo e a uma busca no nosso quarto. –Enquanto voltava para aqui, passei por Laurel no corredor. Decidi dar uma chance… aproximei-me dela e disse ‘olha, eu sei que nós tivemos nossas desavenças, mas eu realmente preciso de alguma ajuda’. Então eu expliquei que eu precisava dos anuários e perguntei se ela me podia os emprestar apenas esta noite e que eu os levaria de volta o mais rápido possível.– Para isso, eu não disse nada. Foi certamente uma coisa nobre e corajosa que Jill fez, especialmente depois de eu a ter encorajado a ser melhor que Laurel. Infelizmente, eu achei que Laurel não iria retribuir com um comportamento adulto. E tive razão. –Ela me disse… bem, em termos muito explícitos que eu nunca teria acesso aqueles anuários.– Jill fez uma careta. –Ela também me disse algumas outras coisas. Então eu, hum, a chamei de puta desvairada. Eu provavelmente não deveria ter dito mas, bem, ela mereceu! De qualquer forma, ela foi ter com a Sra. Weathers com uma garrafa de…eu não sei. Eu acho que era licor de framboesa. Ela alegou que eu vendi para ela e que tinha mais no meu quarto. Sra. Weathers não poderia me punir sem provas conclusivas, mas depois da acusação de ressaca de Ms.Chang no primeiro dia, a Sra. Weathers decidiu que era suficiente para uma busca no quarto.– Eu balancei a cabeça em descrença, raiva crescendo dentro meu peito. –Para tal lugar, de elite e prestígio, esta escola de certeza que é rápido a saltar sobre todas as acusações que surgirem! Quero dizer, eles acreditam em qualquer coisa que você disser. E de onde vem a pintura lá fora?– Lágrimas de frustração surgiram nos olhos dela. –Oh, Laurel, é claro. Ou, bem, um dos seus amigos. Isto aconteceu enquanto Laurel estava conversando com a Sra. Weathers, então é claro que ela tem um álibi. Você não acha….você acha ninguém sabe de nada, certo? Você disse antes que isto é apenas uma piada…e os humanos nem sequer acreditam em nós…certo?– –Certo–, disse automaticamente. Mas eu estava começando a me perguntar. Desde o telefonema do meu pai, quando ele mencionou que havia humanos que suspeitavam e não seriam silenciados, eu perguntei se eu tinha sido muito rápida a admitir a piada de Laurel. Será que ela simplesmente encontrou uma piada cruel para dizer? Ou ela era um daqueles humanos que suspeitavam sobre a existência de vampiros no mundo e podia fazer muito barulho sobre isso? Eu duvido que alguém acreditaria nela, mas nós não
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podíamos correr o risco de atrair a atenção de alguém que sabia. Será que ela realmente sabia que Jill era um vampiro? A expressão desesperada de Jill se transformou em raiva. –Talvez eu devesse fazer algo sobre a Laurel. Existe outras maneiras de manusear a água dela, para além de congelar.– –Não–, disse rapidamente. –Não abaixe-se a isso. A vingança é mesquinha, e você é melhor do que isso.– Além disso, eu pensei, mais alguma actividade sobrenatural, e Laurel podia realizar seu sarcasmo com mais instrumentos do que inicialmente. Jill deu-me um sorriso triste. –Você fica dizendo isso. Mas você não acha que é preciso fazer algo quanto a Laurel?– Ah, sim. Eu definitivamente achava. Isto tinha ido longe demais, e eu estaria errada se deixasse que isto passasse sem fazer nada. Jill tinha razão quanto a haver outras maneiras de se vingar de alguém. E eu tinha a certeza que esta vingança seria pequena e que não envolveria Jill. Era por isso que eu iria fazê-la. –Eu cuido disso–, disse a ela. –Eu – eu vou fazer com que os alquimistas emitem uma queixa de nossos pais.– Ela olhou duvidosa. –Você acha que isso vai consertar as coisas?– –Com certeza–, disse. Porque esta reclamação iria junto com algo extra. Olhei para o relógio para ver se ainda dava tempo para voltar ao laboratório. Sem problemas. Eu simplesmente acertei o meu alarme para tocar muito mais cedo, com a intenção de ir até lá e voltar antes de as aulas começarem. Eu tinha mais uma experiência para o meu futuro, e Laurel ia ser minha cobaia.
*Internal Revenue Service (rendimento de acções internas)
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 20
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às 12:10
Marcadores: Laços de Sangue
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