Dimitri não explicou. Eu estava muito assustada com suas palavras e o resto dos eventos da noite para saber sequer como começar a falar deles. Ele me levou de volta para dentro, passamos pelo Strigoi fazendo guarda, e subimos para minha suíte.
Nathan não estava mais do lado de fora.
Por breves momentos, a voz em minha cabeça falou alto o bastante para quebrar meu pensamento estragado. Se eu não tinha guarda no corredor e Inna voltasse logo, eu teria uma boa chance de ameaçar ela o bastante para sair daqui. Eu admito, isso significaria que eu teria que lidar com uma casa com só Deus sabe quantos Strigoi, mas minha chances de fugir eram melhores na casa do que nesse quarto.
Então, quase tão logo os pensamentos apareceram, eles sumiram. Dimitri passou por trás de mim e me puxou para perto dele. Estava frio lá fora, e mesmo que seu corpo fosse frio, suas roupas e casaco proveram algum calor. Eu me aconcheguei perto dele enquanto suas mãos passavam por mim. Eu pensei que ele iria me morder, mas foi nossas bocas que se encontraram, duro e furiosamente. Eu envolvi meus dedos ao redor do cabelo dele, tentando trazer ele mais perto de mim. Enquanto isso, seus dedos passavam contra minha perna nua, puxando minha saia quase até meu quadril.
Antecipação e ansiedade acenderam cada parte do meu corpo. Eu tinha sonhado com a cabana por tanto tempo,
lembrando com tanta saudade. Eu nunca esperei que nada assim acontecesse de novo, mas agora poderia, e eu estava impressionada com o tanto que eu queria.
Minhas mãos se moveram para a camisa dele, desabo-toando os botões para que eu pudesse tocar seu peito. A pele dele parecia gelo, um contraste impressionante com a queimação dentro de mim. Ele moveu seus lábios dos meus, até meu pescoço e ombro, puxando a alça do vestido para baixo enquanto ele cobria minha pele com beijos famintos. A mão dele ainda estava na lateral do meu quadril nu, e eu freneticamente tentei tirar sua camisa.
De repente, com uma brusquidão surpreendente, ele se afastou e me empurrou. A principio, eu pensei que fosse só mais preliminares entre nós, até que percebi que ele estava realmente me afastando.
“Não,” ele disse, a voz dura. “Ainda não. Não até você despertar.”
“Porque?” eu perguntei desesperada. Eu não conseguia pensar em nada a não ser ele me tocando – e, bem, outra mordida. “O que importa? Tem... motivo pelo qual não podemos?” Até eu chegar aqui, sexo com um Strigoi nunca me ocorreu... talvez simplesmente não fosse possível.
Ele se inclinou em minha direção, colocando seus lábios perto da minha orelha.
“Não, mas vai ser muito melhor se você estiver desperta. Me deixe fazer isso... me deixe fazer, e então poderemos fazer o que quisermos...”
Era uma barganha, eu percebi vagamente. Ele me queria – estava claro nele – mas ele estava usando sexo para me
fazer ceder. E honestamente? Eu estava perto de aceitar. Meu corpo estava sobrepujando minha mente – quase.
“Não,” eu choraminguei. “Eu... eu tenho medo...”
Aquele olhar perigoso se suavizou, e embora ele não parecesse o Dimitri de antes, havia algo menos Strigoi nele.
“Rose, você acha que eu faria qualquer coisa para te machucar?” Em alguma parte, não houve uma discussão sobre como minhas opções eram me transformar ou morrer?
Esse último parecia que iria doer, mas eu não mencionei isso. “A mordida... a transformação vai doer...”
“Eu te disse: Vai ser exatamente como o que já fizemos. Você vai gostar. Não vai doer, eu juro.”
Eu desviei o olhar. Merda. Porque ele não podia ser sinistro e assustador? Era muito mais fácil bater o pé e resistir. Mesmo no calor da paixão, eu era capaz de resistir. Mas de alguma forma... ver ele assim, calmo e razoável... bem, era perto demais do Dimitri que eu amava. E era difícil fugir disso. Pela primeira vez, pareceu que se transformar em Strigoi... não fosse tão ruim.
“Eu não sei,” eu disse.
Ele me soltou e sentou, frustração em suas feições. Era quase um alivio. “A paciência de Galina está acabando. A minha também.”
“Você disse que ainda temos tempo... eu só preciso pensar mais...” Quanto tempo eu poderia usar essa desculpa? Os olhos estreitos dele me disseram que não por muito tempo.
“Eu preciso ir, “ ele disse duramente. Não haveria mais toques ou beijos, eu percebi. “Eu preciso lidar com algumas coisas.”
“Desculpe,” eu disse, confusa e com medo. Eu não sabia qual Dimitri eu queria. O terrível, o sensual, ou o quase – mas ainda não totalmente – gentil.
Ele não disse nada. Sem qualquer aviso, ele se abaixou e mordeu a tenra pele da minha garganta. Qualquer estratégia débil de fuga que eu tinha desapareceu. Eu fechei meus olhos, quase caindo, e só o braço dele se envolveu firmemente ao meu redor me mantendo em pé. Como quando nos beijamos, a boca dele era quente contra minha pele, e a língua dele e dentes mandavam eletricidade através de mim. E então acabou. Ele se afastou, lambendo os lábios enquanto continuava a me segurar. A névoa voltou. O mundo era maravilhoso e feliz e eu não tinha preocupações. O que quer que ele estivesse preocupado com Nathan e Galina não significava nada para mim. O medo que senti momentos atrás... meu desapontamento por causa do sexo... minha confusão – eu não tinha tempo para me preocupar com nada disso, não quando a vida era tão linda e eu amava tanto Dimitri. Eu sorri para ele e tentei abraçar ele de novo, mas ele já estava me levando para o sofá.
“Te vejo mais tarde.” Em um segundo, ele estava na porta, o que me entristeceu. Eu queria que ele ficasse. Ficasse para sempre. “Lembre-se, eu quero você – e nunca vou deixar nada ruim acontecer com você. Eu vou te proteger. Mas... não posso esperar muito mais tempo.”
Com isso, ele partiu. Suas palavras me fizeram sorrir mais amplamente. Dimitri me queria. Vagamente, eu lembrei de perguntar a ele porque ele me queria. Porque eu tinha perguntado isso? Que resposta eu queria? Porque importava? Ele me queria. Era isso que contava.
Esse pensamento e onda incrível de endorfinas me envolveu, e enquanto estava deitada no sofá, eu senti a sonolência me tomando. Andar até a cama parecia trabalho demais, então eu fiquei onde estava e deixei o sono chegar.
E, inesperadamente, eu me encontrei nos sonhos de Adrian.
Eu tinha praticamente desistido dele. Depois das minhas primeiras tentativas desesperadas de escapar da suíte, eu finalmente me convenci que Adrian não iria voltar, que eu o espantei de vez. Ainda sim ali estava ele, parado na minha frente – ou, bem, pelo menos a sua versão de sonhos estava. Geralmente ficávamos numa floresta ou jardim, mas hoje estávamos onde nos conhecemos, na varanda da estação de esqui em Idaho. O sol brilhava, e as montanhas estavam ao nosso redor.
Eu sorri amplamente. “Adrian!”
Eu não acho que o vi parecer tão surpreso quanto ele parecia agora. Considerando como eu normalmente era maldosa com ele, eu podia entender seus sentimentos.
“Olá, Rose,” ele disse. A voz dele soava incerta, como se estivesse preocupado que eu estivesse brincando com ele.
“Você está bonito hoje,” eu disse a ele. Era verdade. Ele estava usando jeans escuro e uma camisa estampada em tom de marinho e turquesa que ficava fantástica com
aqueles olhos verde escuros. Aqueles olhos, no entanto, pareciam cansados.
Desgastados. Isso era um pouco estranho. Nesses sonhos, ele podia moldar o mundo e mesmo nossa aparência no que ele quisesse, com pouco esforço. Ele poderia ter parecido perfeito mas ao invés disso ele parecia estar refletindo sua fadiga do mundo real.
“E você também.” A voz dele ainda era cautelosa, e ele me olhou da cabeça aos pés. Eu ainda estava usando o vestido, meu cabelo solto, as safiras ao redor do meu pescoço. “Isso parece com algo que eu normalmente te vestiria. Você está dormindo com isso?”
“Yep.” Eu olhei para o vestido, pensando em quão bonito era. Eu me perguntei se Dimitri gostou. Ele não falou nada especifico, mas ele ficava me dizendo o quão linda eu era. “Eu não pensei que você fosse voltar.”
“Eu também não pensei.”
Eu olhei para ele. Ele não estava mesmo normal. “Você está tentando descobrir onde eu estou de novo?”
“Não, não me importo mais com isso.” Ele suspirou. “A única coisa com que me importo é que você não está aqui. Você precisa voltar, Rose.”
Eu cruzei os braços e me encostei no parapeito da varanda. “Adrian, não estou pronta para nada romântico –”
“Não por mim,” ele exclamou. “Por ela. Você tem que voltar por Lissa. É por isso que estou aqui.”
“Lissa...”
Meu eu estava cheia de endorfinas, e eu as trouxe para cá. Eu tentei lembrar porque eu deveria me preocupar com
Lissa. Adrian deu um passo para frente e me estudou cuidadosamente. “Yeah, você sabe, Lissa? Sua melhor amiga? Aquela a quem você está ligada e jurou proteger?”
Eu balancei minhas pernas para frente e pra trás. “Nunca fiz voto nenhum.”
“Qual diabos é seu problema?”
Eu não gostei do tom agitado dele. Estava estragando meu humor. “Qual é o seu problema?”
“Você não está agindo como você mesma. Sua aura...” ele franziu, incapaz de continuar.
Eu ri. “Oh sim. Aqui vem. A mágica e mística aura. Me deixe adivinhar. Está negra, certo?”
“Não... está...” Ele continuou a me avaliar por vários segundos. “Eu mal consigo vê-la. Está por toda parte. O que está acontecendo, Rose? O que está acontecendo no mundo real?”
“Nada está acontecendo,” eu disse. “Nada a não ser eu estar feliz pela primeira vez nada vida. Porque você está agindo estranho tão de repente? Você costumava ser divertido. Vai entender do porque quando eu finalmente estou me divertindo, você fica todo chato e estranho.”
Ele se ajoelhou na minha frente, sem nenhum traço de humor. “Tem algo errado com você. Não sei dizer o que –”
“Eu te disse, estou bem. Porque você tem que continuar a vir e arruinar as coisas para mim?” Verdade, eu desesperadamente quis que ele viesse há um tempo atrás, mas agora... bem, isso não era tão importante. Eu tinha uma boa coisa com Dimitri aqui, se ao menos eu pudesse descobrir como resolver as partes não tão boas.
“Eu te disse, não estou aqui por mim. Estou aqui por Lissa.” Ele olhou para mim, olhos arregalados e sérios. “Rose, te imploro que volte. Lissa precisa de você. Não sei qual o problema, e não sei como ajudar ela. Mais ninguém sabe também. Eu acho... eu acho que só você pode. Talvez vocês estarem separadas seja o que está machucando ela. Talvez seja esse o seu problema agora, o porque de você estar agindo tão estranha. Venha para casa. Por favor. Vai curar vocês duas. Vamos dar um jeito juntos. Ela está agindo tão estranha. Ela é imprudente e não se importa com nada.”
Eu balancei a cabeça. “Estar longe não é o que tem de errado comigo. Provavelmente não é o que tem de errado com ela também. Se ela está realmente preocupada com espírito, ela deveria voltar com os remédios.”
“Ela não está preocupada; esse é o problema. Merda.” Ele levantou e começou a caminhar. “Qual problema de vocês duas? Porque vocês não conseguem ver que tem algo importante?”
“Talvez não seja nós,” eu disse. “Talvez você esteja imaginando coisas.”
Adrian virou em minha direção e me olhou de novo. “Não. Não sou eu.”
Eu não gostei de nada disso – nem do seu tom, nem de sua expressão ou palavras. Eu fiquei feliz por ver ele, mas agora eu me ressentia por ele ter arruinado meu bom humor. Eu não queria pensar em nada disso. Era difícil demais.
“Olha,” eu disse. “Eu fiquei feliz por te ver hoje a noite mas agora não estou mais, não se você vai ficar sentado me acusando e fazendo exigências.”
“Não estou tentando fazer isso.” A voz dele era gentil – a raiva se fora. “A última coisa que quero é te deixar infeliz. Eu me importo com você. Eu me importo com Lissa também. Eu quero que as duas sejam felizes e vivam suas vidas como você quer... mas não quando as duas estão trilhando caminhos destrutivos.”
Ele quase fez sentido. Quase parecia razoável e sincero. Eu balancei a cabeça.
“Fique fora disso. Eu estou onde quero estar, e não vou voltar. Lissa está por conta própria.” Eu saí do parapeito. O mundo girou um pouquinho, e eu tropecei. Adrian pegou minha mão, e eu me afastei. “Estou bem.”
“Você não está. Jesus Cristo. Eu juro que você está... só que a aura não está certa pára isso. O que é isso?” Ele passou sua mão pelo meu cabelo escuro. Era seu tipo sinal de agitação.
“Eu terminei,” eu disse, tentando ser o mais educada possível. Porque diabos eu queria ver ele de novo? Pareceu tão importante quando ele chegou. “Me mande de volta, por favor.”
Ele abriu sua boca para dizer algo, e então congelou por alguns momentos. “O que é isso no seu pescoço?”
Ele foi para frente, e tonta ou não, eu consegui desviar eficientemente. Eu não fazia idéia do que ele viu no meu pescoço, e eu não tinha interesse em descobrir. “Não me toque.”
“Rose, isso parece com –”
“Me envie de volta, Adrian!” E eu queria ser educada.
“Rose, me deixe ajudar –”
“Me. Mande. De volta!”
Eu gritei as palavras, e então, pela primeira vez, eu consegui sair do sonho de Adrian. Eu abandonei o sono e acordei no sofá. O quarto ainda estava silencioso, o único som vindo da minha rápida respiração. Eu me sentia agitada por dentro.
Normalmente, tão fresca de uma mordida, eu estaria flutuando e alegre. Ainda sim, o encontro com Adrian tinha deixado parte de mim perturbada e triste.
Levantando, eu consegui ir até o banheiro. Eu liguei a luz e estremeci. Não estava tão claro no outro quarto. Quando meus olhos se ajustaram, eu me inclinei em direção ao espelho e tirei meu cabelo do caminho. Eu arfei com o que vi. Tinha machucados por todo meu pescoço, assim como sinais de ferimentos frescos. Perto de onde Dimitri tinha recém me mordido, eu podia ver sangue seco.
Eu parecia... com uma meretriz de sangue.
Como não notei isso antes? Eu molhei um algodão e esfreguei no meu pescoço, tentando tirar o sangue. Eu esfreguei e esfreguei até a pele ficar rosa. Era isso? Havia mais? Isso parecia o pior. Eu me perguntei o quanto Adrian tinha visto. Meu cabelo estava solto, e eu tinha certeza que cobria quase todo meu pescoço.
Um pensamento rebelde veio a minha mente. O que importava se Adrian viu ou não? Ele não entendia. De jeito nenhum ele sequer poderia chegar perto de entender.
Eu estava com Dimitri. Yeah, ele estava diferente... mas não tão diferente. E eu tinha certeza que poderia encontrar um jeito de fazer isso funcionar sem me tornar um Strigoi. Eu só não sabia como ainda.
Eu tentei me assegurar de novo e de novo, mas aqueles ferimentos continuavam a me encarar.
Eu sai do banheiro e voltei para o sofá. Eu liguei a TV sem realmente assistir ela, e depois de um tempo, a névoa feliz passou por mim de novo. Eu logo desliguei a TV e voltei a dormir, dessa vez, meus sonhos eram meus mesmos.
Levou um tempo para Dimitri vir de novo. E por “um tempo”, eu quero dizer quase um dia inteiro. Eu estava tremendo nesse ponto, porque eu sentia falta dele e porque sentia falta da mordia. Ele normalmente visitava duas vezes por dia, então isso era o maior tempo que eu fiquei sem endorfinas. Precisando de algo para fazer, eu me ocupei em me deixar o mais linda possível.
Eu meio que pensava nos vestidos como minhas roupas, escolhendo um longo vestido de seda que tinha flores roxas delicadamente pintadas no tecido. Coube como uma luva. Eu queria usar meu cabelo preso, mas depois de olhar para os ferimentos de novo, eu decidi usar solto. Eu recente-mente recebi uma chapinha e maquiagem, então trabalhei cuidadosamente no meu cabelo, virando as pontas em perfeitos cachos pequenos. Assim que terminei, olhei feliz para meu reflexo, certa de que Dimitri ficaria feliz também. Tudo que eu precisava agora era colocar as jóias lindas que ele me deu. Mas quando virei para sair, eu vi um deslumbre nas minhas costas do lado e vi que esqueci de fechar um fecho. Eu virei para fechar mas não conseguia alcançar. Ele estava naquele ponto perfeito fora do meu alcance.
“Merda,” eu murmurei, ainda agarrando o zíper. A falha em minha perfeição. Então, eu ouvi a porta abrir no outro
aposento, seguido pelo som da bandeja sendo colocada na mesa. Um golpe de sorte.
“Inna!” eu chamei, saindo do banheiro. “Eu preciso que você –” Náusea passou por mim, quando entrei na sala, e eu vi que Dimitri não era a fonte. Nathan era.
Minha boca se abriu. Inna estava perto dele, esperando paciente perto da bandeja, olhos baixos como sempre. Eu imediatamente a ignorei e olhei para Nathan.
Presumivelmente, ele ainda estava vigiando, mas isso nunca incluiu ele entrar. Pela primeira vez em um tempo, uns instintos de batalha tomaram conta, buscando opções de fuga. Meu medo fazia com que eu quisesse me afastar, mas eu ficaria presa no banheiro. Era melhor ficar onde eu estava. Mesmo que eu não pudesse sair da sala, isso me dava espaço o bastante para manobrar.
“O que você está fazendo aqui?” eu perguntei, surpresa por quão calma eu soei.
“Cuidando de um problema.”
Eu não precisava de dicas para entender o subtexto. Eu era o problema. De novo, eu lutei contra a vontade de me afastar. “Eu nunca fiz nada para você.”
Era uma falha lógica para um Strigoi. Nenhuma de suas vitimas fazia para eles.
“Você existe,” ele disse. “Você está ocupando espaço aqui, desperdiçando o tempo de todo mundo. Você sabe como encontrar ela – a garota Dragomir – e ainda sim você não oferece nada remotamente útil até Belikov transformar você. E nesse meio tempo, Galina me força a perder tempo
observando você e fica promovendo ele porque ele a convenceu que você vai ser um incrível trunfo.”
Era um interessante conjunto de reclamações. “Então... um, o que você vai fazer?”
Em um segundo, ele estava diante de mim. Ver ele tão de perto engatilhou aquela memória na minha mente – ele mordendo Dimitri e começando tudo isso. Uma faísca de raiva brilhou em mim mas não se desenvolveu muito. “Vou conseguir a informação de um jeito ou de outro,” ele rosnou. “Me diga onde ela está.”
“Você sabe onde ela está. Ela está na escola.” Não havia útil em dar aquela informação. Ele sabia que ela freqüentava lá. Ele sabia onde era a escola. O olhar dele me disse que ele não gostou de ter informações que ele já sabia. Indo para frente, ele pegou meu cabelo e bateu minha cabeça dolorosamente para trás. Usar meu cabelo solto talvez não seja tão útil afinal de contas. “Aonde ela vai? Ela não vai ficar lá para sempre. Ela vai para a faculdade? Para a Corte Real? Eles devem ter feito planos para ela.”
“Não sei onde estão. Estou longe há um tempo.”
“Eu não acredito em você,” ele rosnou. “Ela é muito valiosa. O futuro dela deve ter sido planejado há um tempo atrás.”
“Se foi, ninguém me disse. Eu parti cedo demais.”
Eu dei nos ombros ao responder. Raiva encheu os olhos dele, e eu juro, que eles ficaram ainda mais vermelhos.
“Vocês estão ligadas! Você sabe. Me diga agora, e vou te matar rapidamente. Se não, eu vou te despertar para conseguir a informação, e então vou matar você. Eu vou acender uma fogueira em você.”
“Você... você me mataria assim que eu fosse uma de vocês?” pergunta tola. Strigoi não sentiam lealdade uns pelos outros.
“Sim. Eu vou destruir ele, e assim que Galina ver o quão desequilibrado ele é, eu vou voltar a meu lugar original ao lado dela – especialmente depois que eu destruir a linhagem Dragomir.”
“Pro inferno que você vai.”
Ele sorriu e tocou meu rosto, passando seus dedos pelo meu pescoço e pelos machucados nele. “Oh, eu vou. Eu realmente vou facilitar as coisas se você me contar agora. Você vai morrer em ecstasy ao invés de ser queimada viva. Nós dois vamos gostar.” Ele envolveu suas mãos delicadamente ao redor da minha garganta. “Você definitivamente é um problema, mas você é linda – especialmente sua garganta. Eu posso ver porque ele te quer...”
Emoções hostis passaram por mim. Logicamente, eu sabia que esse era Nathan – Nathan, que eu odiava por ter transformado Dimitri para começo de conversa. Ainda sim as necessidades do meu corpo por endorfinas de Strigoi estavam crescendo também, e mal importava que era Nathan. O que importava era que os dentes dele estavam apenas uma respiração longe do meu pescoço, prometendo aquele doce, doce delírio.
E enquanto uma mão segurava minha garganta, a outra descia pela minha cintura, até a curva do meu quadril. Havia um tom sensual na voz de Nathan, como se ele quisesse mais do que apenas me morder. E depois de tanta carga
sexual com os encontros com Dimitri – encontros que nunca resultaram em nada – meu corpo quase não se importou com quem o tocava. Eu poderia fechar meus olhos, e não importar os dentes de quem e as mãos de quem tirasse minhas roupas. Só a próxima dose importava. Eu poderia fechar meus olhos e fingir que era Dimitri, perdida em tudo enquanto os lábios de Nathan tocavam minha pele...
A não ser que, como uma parte razoável de mim lembrou, Nathan não queria apenas sexo e sangue. Ele eventualmente iria querer me matar. O que era meio irônico. Eu estava pronta – sem trocadilhos – para me matar quando eu chegasse aqui, para que não me transformasse em um Strigoi. Nathan estava me oferecendo isso agora. Mesmo que ele me transformasse primeiro, ele planejava me matar imediatamente depois. De qualquer forma, eu não teria que passar a eternidade como um Strigoi. Eu teria dado boas vindas a isso.
Mas então, quando o vicio do meu corpo gritava pela mordida e aquela onda, eu percebi algo com incrível claridade: eu não queria morrer. Talvez fosse porque eu estava há quase um dia sem uma mordida, mas algo pequeno e rebelde acordou dentro de mim. Eu não deixaria ele fazer isso comigo. Eu não permitiria que ele fosse atrás de Dimitri. Eu com certeza não iria deixar ele caçar Lissa.
Passando pela nuvem de endorfina que ainda estava ao meu redor, eu convoquei o máximo de força de vontade que pude. Eu cavei fundo, lembrando dos meus anos de treinamento e todas as lições que Dimitri me deu. Era difícil
acessar essas memórias, e eu só toquei algumas. Ainda sim, o bastante veio para me fazer agir. Eu me inclinei pra frente e empurrei Nathan.
Não conseguindo nada.
Ele não se afastou. Diabos, eu não sei nem se ele sentiu. A surpresa no rosto dele logo se tornou hilaridade, e ele riu naquele jeito horrível que Strigoi riam – cruel e sem verdadeira alegria. Então, com a maior facilidade, ele me bateu e eu voei através do quarto. Dimitri tinha feito praticamente a mesma coisa quando cheguei e o ataquei. Só que eu não tinha voado tão longe ou tive um efeito tão minúsculo nele. Eu bati no sofá, e meu Deus, doeu. Uma onda de tontura passou por mim, e eu percebi a idiotice de lutar com alguém tão mais forte que eu quando estive perdendo sangue a semana toda. Eu consegui me ajeitar e desesperadamente agir. Nathan, para sua parte, não parecia com pressa de responder ao meu ataque. Na verdade, ele ainda estava rindo.
Olhando ao redor, eu decidi agir de uma forma realmente de dar pena. Inna estava perto de mim. Me movendo com uma velocidade que era dolorosamente devagar – mas melhor do que eu esperava conseguir – eu a peguei e envolvi meus braços ao redor do pescoço dela. Ela gritou surpresa, e eu a segurei ainda com mais força contra mim.
“Saia daqui,” eu disse a Nathan. “Saia daqui, ou eu mato ela.”
Ele parou de rir, me encarou por um momento, e então riu ainda mais. “Você está falando sério? Você honestamente acha que eu não poderia te impedir se eu quisesse? E você
honestamente acha que me importo? Vá em frente. Mate ela. Tem dezenas mais iguais a ela.”
Yeah, isso não deveria ser surpresa também, mas mesmo eu me surpreendi um pouco com o quão fácil ele podia descartar a vida de um servo fiel. Ok. Hora do plano B. Ou talvez fosse o plano J? Francamente, eu estava perdendo a noção, e nenhum deles era muito bom mesmo – “Ow!”
Inna de repente me acotovelou no estômago. Eu a soltei ela na minha surpresa. Ela virou e com um grito estrangulado me socou no rosto. O golpe não foi forte quanto o de Nathan, mas ainda me derrubou. Eu tentei segurar algo – qualquer coisa – enquanto eu caia mas falhei. Eu bati no chão, minhas costas batendo contra o chão. Eu esperei que ela viesse pra cima de mim, mas ao invés disso, ela passou pelo quarto e – Deus nos ajude – se jogou em uma postura de defesa na frente de Nathan.
Antes de eu conseguir processar a estranheza dela tentar proteger alguém que estava disposto a deixar ela morrer, a porta de repente se abriu. “Ow!” eu disse de novo, quando ela me acertou e me empurrou para o lado.
Dimitri entrou. Ele olhou de rosto a rosto, e eu não tive duvidas que o meu mostravam sinais do ataque tanto de Nathan quanto de Inna. Os pulsos de Dimitri se fecharam, e ele virou em direção a Nathan. Me lembrou da briga deles no corredor, tudo raiva e malicia e sede de sangue. Eu me encolhi, me preparando para outro horrível confronto.
“Não,” avisou Nathan, o rosto presunçoso. “Você sabe o que Galina disse. Me toque e você está fora daqui.”
Dimitri passou pelo quarto e parou na frente de Nathan, empurrando Inna como uma boneca de pano. “Vai valer a pena enfrentar a ira dela, particularmente quando eu contar a ela que você atacou primeiro. Rose certamente possui as marcas para provar.”
“Você não iria.” Ele apontou para Inna, que estava sentada no chão onde Dimitri a tinha empurrado. Apesar dos meus próprios ferimentos, eu comecei a me arrastar até ela. Eu tinha que saber se ela estava bem. “Ela vai dizer a verdade.”
Agora Dimitri parecia presunçoso. “Você realmente acha que Galina vai acreditar em uma humana? Não. Quando eu contar a ela que você me atacou e Rose por ciúmes, ela vai me deixar em paz. O fato de que você será tão facilmente defendido vai provar sua fraqueza. Eu vou cortar sua cabeça e pegar a estaca de Rose do cofre. Com seu último suspiro, você pode observar ela passar pelo seu coração.”
Puta merda. Isso era um pouco pior do que quando Nathan ameaçou me queimar – espera.
Minha estaca?
O rosto de Nathan ainda estava arrogante – pelo menos para mim. Mas eu acho que Dimitri deve ter visto algo que o satisfez, algo que o fez pensar que ele tinha a vantagem. Ele visivelmente relaxou, o sorriso dele ficando maior. “Duas vezes,” Dimitri disse suavemente. “Duas vezes eu te deixei ir. Da próxima vez... da próxima vez, você já era.”
Eu alcancei Inna e gentilmente ergue minha mão. “Você está bem?” eu murmurei.
Com um olhar de ódio, ela se afastou. Os olhos de Nathan caíram em mim, e ele começou a se afastar em direção a porta.
“Não,” ele disse. “Duas vezes que eu a deixei viver. Da próxima vez ela já era. Sou eu que estou no controle aqui, não você.”
Nathan abriu a porta e Inna levantou, tropeçando atrás dele. Eu encarei, a boca aberta por todos os eventos que tinham acontecido. Eu não sabia qual deles achava mais perturbador. Olhando para Dimitri, eu agarrei o que deveria perguntar a ele primeiro. O que iríamos fazer? Porque Inna tinha defendido Nathan? Porque Dimitri o deixou ir? Mas nenhuma dessas perguntas desafiadoras vieram aos meus lábios. Ao invés disso, eu comecei a chorar.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 21
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às 20:02
Marcadores: Academia de Vampiros, Promessa de Sangue
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