Eu não chorava muito freqüentemente. E eu odiava quando chorava. Da ultima vez que eu o fiz perto de Dimitri, seus braços imediatamente se enrolaram ao meu redor. Dessa vez, tudo que recebi foi um olhar frio e raivoso.
“Isso é sua culpa!” ele gritou, os pulsos fechados.
Eu me afastei, os olhos surpresos. “Mas ele... ele me atacou...”
“Sim. E Inna. Uma humana! Você deixou uma humana te atacar.” Ele não conseguiu tirar a zombação do rosto. “Você está fraca. Você está incapacitada de se defender – tudo porque se recusa a ser acordada!”
A voz dele era terrível, e olhar que ele me deu... bem, me assustou quase mais do que o de Nathan tinha. Indo para frente, ele me levantou.
“Se você tivesse sido morta, seria sua culpa,” ele disse. Os dedos dele se afundando em meu pulso enquanto ele me chacoalhava. “Você tem a chance de imortalidade, por incrível força! E você é cega e teimosa demais para ver!”
Eu engoli mais lágrimas e esfreguei meus olhos com as costas da minha mão. Sem duvidas eu estava borrando a maquiagem que eu tinha meticulosamente colocado. Meu coração já tinha explodido para fora do meu peito, eu estava com tanto medo. Eu esperava raiva e ameaça de Nathan – mas não de Dimitri.
Você esqueceu que ele é um Strigoi, algo sussurrou em minha mente. Eu fiquei tempo o bastante sem uma
mordida e tinha adrenalina o bastante por mim para alertar que minha voz estava falando mais alto do que falava a um longo tempo. Dimitri disse que eu era fraca porque não era um Strigoi, mas havia mais nisso. Eu estava fraca e fui subjugada por Nathan e Inna porque eu estava viciada, porque eu estava vivendo uma vida de abençoada ignorância que estava tomando meu corpo e mente. O pensamento era assustador, e eu mal podia agüentar. Meu anseio por endorfinas de vampiro aumentou, e as duas facções guerrearam no meu cérebro. Eu não tinha bom senso suficiente para expressar qualquer um desses pensamentos. Então eu tentei algo que iria pacificar Dimitri. “Eu não acho que serei mais forte que Nathan, mesmo que eu me transforme – seja acordada.”
Ele passou a mão no meu cabelo, a fria voz dele pensativa. Ele parecia estar se acalmando, mas os olhos dele ainda estavam com raiva e impacientes. “Talvez não inicialmente, mas a força do seu corpo e vontade vão carregar a mudança. Ele não é muito mais do que qualquer um de nós, não é suficiente para fazer uma diferença notável, e é por isso que ele continua a recuar, quando nós lutamos.”
“Por que você continua recuando?”
Senti o corpo de ele ficar rígido, e eu percebi que a minha pergunta podia ser lida como uma batida contra a sua proeza. Eu engoli, meu medo retornando. Ele não tinha largado de meu pulso, e ele estava começando a doer.
“Porque ele está certo sobre uma coisa”, disse Dimitri rigidamente. “Matá-lo traria a ira de Galina em cima de nós. E isso não é algo que eu posso me dar ao luxo. Ainda.”
“Você disse antes que você... que nós... tivéssemos que matá-la.”
“Sim, e assim que conseguirmos, vai ser fácil para assumir o controle de seus recursos e organização.”
“Qual é a sua organização exatamente?” Se eu mantivesse o distraindo, a raiva poderia ir embora. O monstro poderia ir embora. Ele deu de ombros. “Todos os tipos de coisas. Essa riqueza não é comprado sem esforço.”
“O esforço que é ilegal e fere os humanos?”
“Isso importa?”
Eu não me incomodei em responder. “Mas Galina costumava ser sua professora. Você pode realmente matar ela? E eu não me refiro a fisicamente... eu quero dizer, não te incomoda?”
Ele considerou. “Eu te disse antes. É sobre força ou fraqueza. Presa ou predador. Se pudermos derrubar ela – e não tenho duvidas que poderemos – então ela é a presa. Fim da história.”
Eu tremi. Era tão duro, uma forma tão assustadora de ver o mundo. Dimitri soltou meu pulso então, e uma onda de alívio me percorreu. Com as pernas trêmulas, eu me afastei e sentei no sofá. Por um momento, eu temia que ele fosse me pegar de novo, mas ao invés disso ele se sentou ao meu lado.
“Por que Inna me atacou? Por que ela defendeu Nathan?”
“Porque ela o ama.” Dimitri não se incomodou em esconde seu nojo.
“Mas como...?”
“Quem sabe? Parte do problema é que ele prometeu despertar ela, quando ela ficasse um tempo por aqui.” Os avisos de Sydney, voltaram para mim, sobre o porquê dos Alquimistas temerem que os humanos soubessem sobre vampiros – porque os humanos podem querer se transformar também. “Isso é o que é dito para a maioria dos servos humanos.”
“Dito?”
“A maioria é indigno. Ou, mais freqüentemente, alguém fica com fome e termina com o humano.”
Eu estava ficando doente a meu estômago, independente da proximidade de Dimitri. “Isso é tudo uma bagunça.”
“Não tem que ser.” Eu não achei que ele fosse me balançar de novo, mas havia um brilho perigoso no seu olhar. O monstro só estava a um segundo de distância.
“O tempo está acabando. Eu fui tolerante, Roza. Muito mais leve do que eu seria com mais ninguém.”
“Por quê? Por que você fez isso?” Eu queria – precisava – ouvir ele dizer que era porque ele me amava e que por causa desse amor, ele nunca poderia me forçar a nada que eu não quisesse. Eu precisava ouvir para que eu pudesse afastar a criatura aterrorizante e furioso que eu tinha visto há alguns minutos.
“Porque eu sei como você pensa. E eu sei que o despertar de sua própria vontade, faria de você um aliado mais importante. Você é independente e tem uma cabeça e é isso o que te torna valiosa. “
“Um aliado, hein?”
Não a mulher que ele amava.
Ele se mexeu de modo que seu rosto pairou sobre o meu. “Eu não te disse que eu sempre estaria lá para você? Eu estou aqui. Eu vou te proteger. Nós vamos ficar juntos. Estamos destinados a ficar juntos. Você sabe.” Havia mais furor na sua voz do que afeição.
Ele beijou meus lábios, me puxando para perto. O calor de sempre me inundou o meu corpo respondeu instantânea-mente ao dele. Mas, mesmo com o meu corpo fazendo uma coisa, outros pensamentos giravam em minha mente. Eu sempre pensei que fomos feitos para ficar juntos. E ele me disse uma vez que ele sempre estaria lá por mim. Eu sempre quis isso também, mas eu queria estar lá para ele também. Eu queria que fôssemos iguais, sempre cuidando um do outro.
Hoje não foi assim. Eu estive indefesa. Fraca. Nunca, nunca na minha vida eu estive assim. Até mesmo em momentos horríveis de discordância, eu era capaz de fazer uma luta decente. Pelo menos, eu tinha a vontade de lutar. Não agora. Eu estive apavorada. Eu tenho sido ineficaz. Eu não tinha sido capaz de fazer nada exceto sentar lá pateticamente, e esperar por alguém para me salvar. Eu deixei um ser humano me acertar.
Dimitri disse que eu me transformar em Strigoi era a solução. Na última semana, ele repetiu isso de novo e de novo, e embora eu não tivesse concordado em fazer isso, eu não sentia a repulsa que sentia antes. Ultimamente, ela era uma idéia flutuando por aí, um longínquo caminho para que possamos ficar juntos. E eu queria que ficássemos juntos, especialmente em momentos como este, quando
nos beijávamos e desejo passava em torno de nós dois. Mas desta vez... o desejo não foi tão intenso como de costume. Ela ainda estava lá, mas eu não conseguia esquecer a imagem de como ele tinha acabado de ser. Me ocorreu com uma clareza assustadora que eu estava ficando com um Strigoi. E isso era... estranho.
Respirando pesadamente, Dimitri se afastou de meus lábios por um momento e olhou para mim. Mesmo com essa expressão composta de Strigoi, eu podia ver que ele me queria – de muitas maneiras. Era confuso. Ele era e não era Dimitri. Se Inclinando para trás, ele beijou minha bochecha, o meu queixo, e então meu pescoço. Sua boca se abriu mais, e eu senti a ponta de suas presas...
“Não,” eu deixei escapar.
Ele congelou. “O que você disse?” Meu coração começou a bater forte novamente, enquanto me preparava para mais raiva.
“Um... não. Não desta vez. “
Ele recuou e olhou para mim, parecendo chocado e irritado. Quando ele não respondeu, eu comecei a divagar.
“Eu não me sinto bem... Estou ferida. Eu tenho medo de perder o sangue, mesmo que eu queira...” Dimitri sempre disse que eu não poderia mentir para ele, mas eu tinha que tentar. Eu coloquei o meu melhor rosto apaixonado e inocente. “Eu quero isso... eu quero sentir a mordida... mas eu quero descansar primeiro, ficar mais forte...”
“Deixe-me acordar você, e você será forte novamente.”
“Eu sei,” eu disse, ainda mantendo minha voz levemente frenética. Desviei o olhar, na esperança de aumentar a
fachada de confusão. Ok, com a minha vida ultimamente, fingir confusão não foi tão difícil. “E eu estou começando a pensar...”
Ouvi uma forte entrada de ar. “Começando a pensar o quê?”
Eu virei para ele, esperando que eu pudesse convencer ele que eu estava pensando seriamente em me transformar. “Estou começando a pensar que eu não quero nunca mais ser fraca.”
Eu pude ver no rosto dele. Ele acreditou em mim. Mas então, essa última parte não havia sido uma mentira. Eu não quero ser fraca.
“Por favor... eu só quero descansar. Eu preciso pensar um pouco mais. “
Lá estava ele, o momento em que tudo isso seria decidido. A verdade era que eu não estava apenas mentindo para ele. Eu estava mentindo para mim mesma. Porque sério? Eu queria aquela mordida. Muito. Eu já tinha ficado muito tempo sem uma, e meu corpo estava gritando por ela. Eu precisava das endorfinas, precisava delas mais do que o ar ou comida. E, no entanto, em apenas um dia sem elas, eu tinha ganhado um pedaço minúsculo de clareza. A parte de mim que não queria nada mais do que a alegria da ignorante êxtase não se importava com minha mente ficar mais clara, mas eu sabia, no íntimo, que eu tinha que tentar um pouco mais, mesmo que isso significasse me privar do que eu mais queria.
Depois de muita reflexão, Dimitri assentiu e se levantou. Ele leu minhas palavras como se eu tivesse chegado a um
ponto em que estava prestes a aceitar. “Descanse, então,” disse ele. “E nós conversaremos mais tarde. Mas Rose... temos apenas dois dias.”
“Dois dias?”
“Esse é o prazo de Galina. Esse é o tempo que ela nos deu. Então eu vou tomar a decisão por você.”
“Você vai me acordar?” Eu não estava inteiramente certa se morrer ainda era uma opção.
“Sim. Vai ser melhor para todos nós, se não chegarmos nesse ponto.” Ele saiu da cama e se levantou. Ele parou um instante, e enfiou a mão no bolso.
“Ah. Eu te trouxe isso.”
Ele me deu um bracelete incrustado com opalas e diamantes minúsculos, quase como se não fosse grande coisa. A pulseira era deslumbrante, e cada opala brilhou com mil cores. “Uau. É... é lindo.” Coloquei no meu pulso, mas de alguma forma, presentes como este não significavam tanto quanto antes.
Com um olhar satisfeito, ele se inclinou e me beijou na testa. Ele se dirigiu para a porta e então me deixou deitada no sofá, tentando desesperadamente pensar em qualquer outra coisa fora o quanto eu queria que ele voltasse e me mordesse.
O resto do dia foi angustiante.
Eu sempre li sobre viciados, sobre o quão difícil era o tempo em que pessoas estavam em abstinência para se livrar do álcool ou das drogas ilegais. Eu até mesmo testemunhei um alimentador de ficar meio tipo louco quando ele foi retirado de serviço. Ele ficou muito velho, e foi considerado perigoso
para a sua saúde continuar dando sangue aos Moroi. Eu assisti com espanto enquanto ele pediu e implorou para ficar, como ele jurou que não se importava com o risco. Embora eu soubesse que ele tinha um vício, eu simplesmente não conseguia entender por que valeria a pena para ele arriscar sua vida desse jeito. Agora que eu entendia.
Naquelas horas que passaram, eu teria arriscado a minha vida para ser mordida novamente. Isso na verdade era meio engraçado, porque se eu permitisse outra mordida, eu estaria arriscando a minha vida. Eu não tinha dúvida, que o pensamento nebuloso iria me conduzir a aceitar a oferta de Dimitri. Mas a cada miserável segundo privada de mordida que eu passava, os meus pensamentos ficavam gradativa-mente mais nítidos. Ah, eu ainda estava muito longe de estar livre da névoa de sonho das endorfinas vampíricas. Quando nós tínhamos sido capturados em Spokane, Eddie havia sido usado como uma fonte de sangue Strigoi, e ele levou dias para se recuperar.
Cada pouco de clareza, agora me fazia perceber o quanto era importante para mim ficar livre de mordidas. Não que esse conhecimento tenha as coisas mais fáceis para meu corpo.
Eu tinha alguns problemas sérios. Parecia que de qualquer forma, eu estava destinada a me tornar um Strigoi. Dimitri queria me transformar para que pudéssemos reinar juntos como o equivalente vampírico de Bonnie e Clyde. Nathan queria me transformar na esperança de caçar Lissa – e
então me matar. Claramente, a opção de Dimitri era mais atraente, mas não por muito. Não mais.
Ontem, eu teria dito que virar uma Strigoi era algo sobre o que eu não iria me importar muito. Agora, a dura realidade sobre do que isso realmente significava me bateu, e meus antigos sentimentos retornaram. Suicídio versus existência como uma criatura do mal. Claro, ser uma criatura do mal significava que eu poderia ficar com Dimitri...
Bonnie e Clyde é um filme norte-americano de 1967 que conta de maneira romanceada a história real de Bonnie Parker e Clyde Barrow, um jovem casal de assaltantes de banco e assassinos que aterrorizaram os estados centrais dos Estados Unidos durante a Grande Depressão no país.
Exceto que esse não era Dimitri. Era? Tudo isso era tão confuso. Eu novamente tentei me lembrar do que ele tinha dito há muito tempo atrás – que não importava o quanto um Strigoi parecia com a pessoa que eu costumava conhecer, eles não eram.
Contudo esse Dimitri disse que ele estava errado sobre isso.
“São as endorfinas, Rose. Elas são como drogas...” eu gemi e enterrei meu rosto nas mãos enquanto sentava no sofá, a TV zumbindo ao fundo. Adorável. Eu estava falando comigo mesma agora.
Supondo que eu pudesse quebrar o controle que Dimitri tinha sobre mim e esse estado confuso que continuava me fazendo pensar que eu tinha me equivocado em relação aos Strigoi... bem, e então o que? Eu estaria de volta ao dilema original. Sem armas para lutar com Strigoi. Sem armas com as quais pudesse me matar. Eu estava de volta a clemência
deles, mas pelo menos agora eu estava perto de poder fazer uma boa luta. Certo, seria uma luta perdida, mas eu sentia que se ficasse sem endorfinas um pouco mais, eu seria capaz de pelo menos derrotar Inna. Isto tinha que contar alguma coisa.
E lá estava. Sem endorfinas. Cada vez que minha mente corria atrás de minhas opções e batia em uma parede, eu podia voltar a realidade física a minha frente. Eu queria aquela sensação de leveza de volta. Eu queria aquela névoa de alegria de volta. Eu precisava disso de volta, ou com certeza, eu morreria. Isso seria o que me mataria e me libertaria de ser uma Strigoi...
“Maldição!”
Eu levantei e comecei a zanzar, esperando me distrair de mim mesma. TV não conseguia; com toda certeza. Se eu pudesse me abstiver um pouco mais, eu poderia tirar a droga do meu sistema, eu poderia pensar em como salvar a mim e a Lissa, e – Lissa!
Sem qualquer debate, eu voltei a ela. Se eu estivesse em seu corpo e sua mente, então talvez eu não tivesse que lidar com a minha por enquanto. Minha abstinência passaria mais rapidamente.
Lissa e seu grupo tinham retornado da corte real um pouco mais inquietos do que eles tinha chegado. A luz fria da manhã tinha feito Lissa se sentir incrivelmente idiota sobre os eventos da festa. Dançar em cima da mesa não era a pior coisa do mundo, mas lembrando de outras festas que ela esteve neste fim de semana e a vida social dela com Avery faziam ela se perguntar o que estava acontecendo com ela.
As vezes, ela nem se sentia como ela mesma. E o beijo com Aaron... bem, aquele era um assunto de culpa induzida completamente diferente.
“Não se preocupe.” Avery disse a ela no avião. “Todos nós fazemos coisas estúpidas quando estamos bêbados.”
“Não eu,” Lissa gemeu. “Essa não se parece comigo.” Apesar dessa reivindicação, contudo, Lissa tinha concordado em beber mimosas – champanhe misturado com suco de laranja – na viagem de volta.
Avery sorriu. “Eu não tenho nada para comparar com isso. Você parece bem para mim. Entretanto, você não está tentando fugir com um humano ou algum cara que não é da realeza.”
Lissa sorriu de volta, e seus olhos foram para Jill, sentando um pouco a frente deles no avião. Adrian tinha falado com a jovem garota mais cedo, mas agora ela estava ocupada com um livro, sua maior preocupação parecia ser ficar longe de Reed. Ele sentou com Simon de novo, e Lissa estava um pouco surpresa de ver o guardião olhando suspeitosamente para Jill. Talvez Reed tenha contado a Simon que a garota era algum tipo de ameaça.
“Você está preocupada com ela?” perguntou Avery, seguindo o olhar de Lissa.
“Não é isso... eu só não consigo esquecer o jeito que ela me olhou ontem a noite.”
“Ela é jovem. Eu acho que ela se choca facilmente.”
Lissa supôs que era verdade. Ainda jovem ou não, tinha tido alguma coisa refrescantemente clara e honesta no jeito que Jill tinha falado com Lissa. Lembrando a Lissa algo que eu
faria. E Lissa não conseguia descansar bem sabendo que alguém assim pensava mal dela. Lissa se levantou.
“Eu voltarei logo,” ela disse a Avery. “Eu vou falar com ela.”
Jill ficou obviamente surpresa quando Lissa sentou ao lado dela. A jovem garota colocou um marcador no que ela estava lendo, e seja como porque ela estivesse sentindo, sua sorriso para Lissa foi genuíno. “Hey.”
“Hey,” disse Lissa. Ela não tinha tomado muita mimosa ainda assim controlava o Espírito o suficiente para ver a áurea de Jill. Essa era um rico verde azulado, intercalado com roxo e azul escuro. Bom, cores fortes. “Olha, eu queria me desculpar pelo o que aconteceu noite passada... o que eu disse...”
“Oh,” disse Jill ruborizando. “Tudo bem, realmente. Quero dizer, as coisas estavam meio loucas, e eu sei que você não estava pensando direito. Pelo menos, eu não acho que você estava. Eu realmente não sei. Eu de fato nunca bebi, assim eu não posso dizer.” O nervosismo de Jill sempre parecia fazê-la oscilar entre falar de modo confuso e ficar em silêncio.
“Yeah, bem, eu deveria ter pensado melhor antes de me meter numa situação daquelas. E eu realmente sinto muito pelo que aconteceu com Reed.” Lissa abaixou a voz. “Não tenho idéia do que aconteceu lá... mas não foi certo, o que ele disse e fez com você.”
As duas garotas se viram estudando ele. Ele estava concentrado em um livro, mas de repente, como se pudesse sentir elas observando, o olhar dele virou para Jill e Lissa. Ele encarou, e elas imediatamente desviaram o olhar.
“Aquilo definitivamente não foi sua culpa,” disse Jill. “E, você sabe, Adrian estava lá e tudo mais. Então isso acabou bem.”
Lissa trabalhou para manter o rosto sério. Adrian estava sentado fora do campo de visão delas, mas se ele não estivesse, Lissa sentia que Jill teria estado olhando para ele sonhadoramente. Adrian estava fazendo uma boa porção de olhar sonhadoramente por si só para Avery ultima-mente, e Lissa podia ver Jill nunca deixando aquele papel de
Irmã mais nova para ele. Mesmo assim, era claro que Jill estava desenvolvendo uma pequena queda por ele. Era fofo, e mesmo Lissa sabendo que isso era estúpido da sua parte, ela não conseguia não se sentir um pouco aliviada que Adrian era o objeto de afeição de Jill e não Christian.
“Bem, estou aqui esperando por melhores chances,” Lissa disso. “E esperando que ninguém pense muito mal de mim.”
“Eu não penso,” disse Jill. “E eu tenho certeza que Christian também não irá.”
Lissa franziu a testa, confusa por um momento. “Bem... não há nenhuma razão para estressá-lo com isso. Isso foi um erro estúpido meu; eu irei lidar com ele.”
Agora Jill franziu a testa. Ela hesitou antes de falar, aquele nervosismo antigo retornando. “Mas você tem que contar. Você tem que dizer a ele a verdade, certo?”
“Isso não é grande coisa,” Lissa disse, surpresa em quanto defensiva de repente ela ficou. Aquela imprevisível raiva começando a subir a cabeça.
“Mas... vocês estão em um relacionamento sério... vocês tem que sempre serem honesto, não é? Quero dizer, você não pode mentir para ele.”
Lissa rolou os olhos. “Jill, você também não esteve em um relacionamento sério antes, você esteve? Você pelo menos já foi a um encontro? Eu não estou mentindo pra ele. Eu só não vou contar a ele coisas que vão deixá-lo irritado sem nenhuma razão. Isso não é o mesmo.”
“É sim,” Jill argumentou. Eu podia ver o quanto estava machucando ela rebater Lissa, mas eu admirei a coragem dela. “Ele tem o direito de saber.”
Lissa suspirou irritantemente e levantou. “Esqueça. Eu pensei que nós poderíamos ter uma conversa de adulto, mas aparentemente não podemos.” O olhar fulminante que ela deu a Jill fez a garota vacilar.
Ainda, de volta a academia, culpa infestou Lissa. Christian a cumprimentou feliz, entupindo ela de beijos e abraços. Ela acreditava firmemente que Jill tinha reagido exagerada-mente, ainda cada vez que Lissa olhava para Christian, ela pensava sobre aquele beijo com Aaron.
Isso era errado como Jill tinha dito? Isso tinha sido casual e sobre a influência do álcool. Lissa sabia que contar para Christian iria chateá-lo, entretanto, e ela odiava deixá-lo assim. Avery, ouvindo enquanto Lissa deliberava, concordou que não havia necessidade de preocupação sobre isso. Ainda, enquanto eu a olhava através dos olhos de Lissa, minha impressão era que Avery estava mais preocupada com qual seria a reação emocional de Lissa se
ela e Christian acabassem. A moralidade parecia fora do assunto; Avery queria proteger Lissa.
Parecia que tudo ia dar errado... até que mais tarde naquele dia, quando Lissa encontrou com Christian indo jantar. O rosto dele era uma tempestade e ele se aproximou de Lissa no lobby do dormitório dela, seus olhos azuis pálidos parecendo que seriam capazes de lançar raios.
“Quando você ia me contar?” ele exigiu. A voz dele era alta, e várias pessoas que passavam viraram surpresas.
Lissa correu com ele até um canto, abaixando sua voz. “Do que está falando?”
“Você sabe do que estou falando. Você usando sua fuga de final de semana como uma chance de ficar com outros caras.”
Ela o encarou por vários pesados segundos. Então a fixa caiu. “Jill te contou!”
“Sim. Eu tive que arrancar dela. Ela apareceu para treinar comigo e estava prestes a chorar.”
Raiva incaracterística de repente queimou através de Lissa. “Ela não tinha direito!”
“Você não tinha direito. Você honestamente pensou que poderia fazer algo assim – sem nem me contar?”
“Christian, foi um beijo de bêbado idiota, pelo amor de Deus. Uma piada porque ele me salvou de cair da mesa. Não significou nada.”
O rosto de Christian ficou pensativo, e Lissa achou que com certeza ele estava prestes a concordar com ela. “Não teria sido nada,” ele disse finalmente, “se você mesma tivesse me contado. Eu não tinha que ouvir isso de outra pessoa.”
“Jill –”
“– não é o problema. Você é.”
Choque atordoou Lissa por um momento. “O que você está dizendo?”
“Eu...” Christian de repente parecia cansado. Ele esfregou os olhos. “Eu não sei. É só que... as coisas tem sido difíceis ultimamente. Eu só... eu só não tenho certeza se posso lidar com tudo isso. Você estava arranjando brigas comigo antes de partir e agora isso?”
“Porque você não escuta? Não foi nada! Até Avery concorda.”
“Oh,” disse Christian sarcasticamente, “se Avery concorda então deve estar tudo bem.”
O temperamento de Lissa piorou. “O que isso quer dizer? Eu achei que você gostava dela.”
“Eu gosto. Mas não gosto de como você está confiando mais nela do que em mim ultimamente.”
“Você não tinha problemas comigo confiando em Rose.”
“Avery não é a Rose.”
“Christian...”
Ele balançou a cabeça. “Olha, eu não quero mais jantar. Eu só preciso pensar.”
“Quando vou te ver de novo?” ela perguntou freneticamente. Sua raiva foi suprimida pelo medo.
“Eu não sei. Mais tarde.”
Ele saiu sem dizer mais nada. Lissa começou a ir atrás dele, horrorizada enquanto ele andava para fora do lobby. Ela queria se jogar nele, implorar a ele para voltar e perdoar ela. Mas haviam muitas pessoas ao redor, e ela se recusou a
fazer uma cena – ou se intrometer no espaço dele. Ao invés disso, ela foi atrás do único recurso que tinha sobrando: Avery.
“Não esperava ver você de novo,” Avery disse, abrindo a porta de seu quarto. “O que você – Jesus Cristo. Qual o problema?”
Ela fez Lissa entrar e exigiu saber a história. Com muitas lágrimas e reclamações histéricas, Lissa contou o que tinha acontecido com Christian. “E eu não sei o que ele quis dizer. Ele quer terminar? Ele vai me procurar mais tarde? Eu deveria ir atrás dele?” Lissa enterrou seu rosto nas suas mãos.
“Oh Deus. Você não acha que tem alguma coisa acontecendo entre ele e Jill, acha?”
“Belezura? Não,” exclamou Avery. “É claro que não. Olha, você precisa se acalmar. Você está surtando. Isso vai ficar tudo bem.” Ansiedade revestia o rosto de Avery, e ela quis pegar para Lissa um copo de água. Então, reconsiderando, ela serviu uma taça de vinho.
Sentada sozinha, Lissa sentia suas emoções selvagens atormentando ela. Ela odiava o que tinha feito. Ela sentia como se tivesse algo errado com ela. Primeiro ela me alienou, e agora Christian. Porque ela não podia manter seus amigos? O que custava? Ela realmente estava ficando maluca? Ela se sentia descontrolada e desesperada. E ela –
Bam!
De repente, e sem aviso, eu fui empurrada para fora da cabeça de Lissa. Os pensamentos dela desapareceram completamente. Eu nem sai por escolha própria, nem tinha
voltado por causa de algo em meu próprio corpo. Eu estava no quarto sozinha, tendo chego a um impasse enquanto caminhava e pensava. Nunca, nunca nada disso tinha acontecido a mim. Isso foi como... bem, como uma força física.
Como uma parede de vidro ou um campo de força batendo na minha frente e me empurrando para trás. Tinha sido um poder de fora. Não tinha vindo de mim. Mas o que era isso? Tinha sido Lissa? Até onde sei, ela nunca foi capaz de me sentir na sua cabeça. Isso tinha mudado? Ela tinha me expulsado? Tinham os sentimentos dela ficado tão fortes que não havia espaço para mim?
Eu não sabia, e eu não gostei. Quando aconteceu, fora a sensação de ser empurrada, eu experimentei outro estranho sentimento. Era como um pássaro, como se alguém tivesse alcançado minha mente e feito cócegas nela. Eu tive um fleche breve de calor e frio, e então tudo parou quando sai da mente dela. Eu tinha sentido invasivo.
E eu também senti... familiar.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 22
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às 20:08
Marcadores: Academia de Vampiros, Promessa de Sangue
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