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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 22

Clarence não queria conversar connosco sobre o que tinha acontecido. Na verdade, ele negava veementemente qualquer coisa como errado, afirmando que ele coçou o pescoço ao se barbear. –Mr. Donahue –, disse tão delicadamente quanto podia, –esta foi feita por uma ferramenta cirúrgica. E isto não aconteceu com a visita de Keith?– –Não, não,– articulou Clarence com uma voz fraca. –Não tem nada a ver com ele.– Então Dorothy enfiou a cabeça carregando apenas um copo de suco. Nós tínhamos chamado por ela, mal cheguei hoje à noite. Para perda de sangue, a solução era a mesma tanto para os Moroi como para os humanos: açúcar e líquidos. Ela ofereceu o copo com uma palhinha a ele, com o seu rosto enrugado cheio de preocupação. Continuei com as minhas súplicas enquanto ele bebia. –Diga-nos qual é o trato,– eu implorei. –Qual é o negócio? O que ele está dando a você em troca do seu sangue?– Quando Clarence permaneceu em silêncio, tentei outra tática. –As pessoas estão sendo prejudicadas. Ele está dando o seu sangue de forma indiscriminada.– Aquilo deu uma reação. –Não–, disse Clarence. –Ele está usando o meu sangue e saliva para curar as pessoas. Para curar os humanos doentes.– Saliva? Eu quase gemi. É claro. O líquido claro misterioso. Agora eu sabia o que dava às tatuagens celestiais tamanho vicio. Nojento. Adrian e eu trocamos olhares. Cura certamente era um uso para o sangue de vampiro. A tatuagem que eu usava era prova disso, e os Alquimistas tinham trabalhou arduamente

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tentando duplicar algumas propriedades do sangue para uma maior utilização medicinal. Até agora, não havia nenhuma maneira de reproduzir isso sinteticamente, e utilizar sangue mesmo simplesmente não era prático. –Ele mentiu–, respondi. –Ele está a vender para os adolescentes ricos para os ajudar no esporte. O que ele prometeu por isso? Parte do dinheiro? – Adrian olhou ao redor da sala opulenta. –Ele não precisa de dinheiro. A única coisa que ele precisa é o que os guardiões não lhe deram. Justiça por Tamara, certo?– Surpresa, me virei para Clarence e vi no seu rosto que as palavras de Adrian eram verdadeiras. –Ele…ele está investigando os caçadores de vampiros por mim–, disse ele lentamente. –Ele diz que está perto. Perto de os encontrar numa emboscada.– Eu balancei minha cabeça, querendo me chutar por não ter descoberto mais cedo que Clarence era a fonte de sangue. Isto explicava o por que de Keith estar sempre aqui de forma inesperada - e por que ele ficava tão chateado quando eu aparecia sem aviso prévio. Meu ‘confraternizar com vampiros ‘ nada tinha a ver com isso. –Senhor, eu garanto que a única coisa que ele está investigando é de que forma ele vai gastar o dinheiro que está ganhando.– –Não…não…ele vai me ajudar a encontrar os caçadores que mataram Tamara…– Levantei-me. Eu não aguentava ouvir mais nada. –Pegue um pouco de comida mesmo e faça-o comer–, disse a Dorothy. –Se ele está fraco por causa de perda de sangue, ele só precisa de tempo.– Eu balancei a cabeça a Adrian para seguir-me para fora. Enquanto caminhávamos em direção a sala, eu disse, –Bem, existem dois lados para isto: o bom e o ruim. Pelo menos podemos estar confiantes de que Keith tem um novo suprimento de sangue com que nós o vamos derrotar. Só lamento por Clarence ter acreditado assim…– Eu congelei quando entrei na sala de estar. Simplesmente queria ir para lá, porque era um lugar familiar para discutir os nossos planos, um lugar que era menos assustador do que o quarto de Clarence. Considerando como a minha imaginação muitas vezes corria de forma selvagem enquanto estava na velha casa, eu descobri que poucas coisas vinham como uma surpresa. Mas nunca nos meus sonhos mais loucos eu tinha imaginado que a sala de estar seria transformada numa galeria de arte. Cavaletes e telas estavam espalhados pela sala. Mesmo a mesa de snooker estava coberta por um rolo enorme de papel. As imagens variavam conforme o seu conteúdo. Algumas simplesmente tinham toques de cor jogadas nelas. Outras possuíam descrições

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surpreendentemente realistas de objetos e pessoas. Uma variedade de aguarelas e tintas a óleo componham as artes. Por um momento, todos os pensamentos de Clarence e Keith desapareceram da minha cabeça. –O que é isto?– –Deveres de casa–, disse Adrian. –Você não…você não acabou de começar as suas aulas? Como eles podem ter atribuído tanto trabalho assim?– Ele caminhou até uma tela mostrando um turbilhão de linhas vermelhas traçada sobre uma nuvem negra e levemente ele testou para ver se a pintura estava seca. Estudando aquilo, tentei decidir se realmente estava vendo uma nuvem. Não havia quase nada antropomórfico sobre aquilo. –É claro que eles não nos deram muito trabalho, Sage. Mas tinha que me certificar de que eu pregaria o meu primeiro trabalho. Leva um monte de tentativas antes de conseguir a perfeição.– Ele fez uma pausa para reconsiderar isso. –Bem, exceto os meus pais. Eles pegaram na primeira tentativa.– Eu não pode deixar de sorrir. Depois de assistir aos descontrolados humores oscilantes de Adrian nas últimas semanas, era agradável vê-lo tão otimista. –Bem, isto é incrível –,admiti. –O que elas querem dizer? Isto é, eu percebo algumas .– Apontei para uma pintura de um olho, marrom e de longos cílios de uma mulher, e depois para outro com rosas. –Mas os outros são muito abertos, hum, requerem uma interpretação mais criativa.– –A sério?–, perguntou Adrian, voltando-se para a pintura esfumaçada com a faixa vermelha. –Achei que era óbvio. Este é o Amor. Você não vê isso?– Dei de ombros. –Talvez eu não tenha uma suficiente mente artística.– –Talvez–, ele concordou. –Depois de apanharmos o seu amigo Keith, nós vamos discutir sobre a minha arte de gênio e tudo o que você queira.– –Certo–, disse ficando séria de novo. –Precisamos de vasculhar a sua casa á procura de provas. Achei que a melhor maneira de fazer isso é atraí-lo para fora e você entrar quanto ele se for. Para destrancar a porta…– Adrian acenou-me. –Eu posso destranca-la. Como você acha que eu consegui entrar no armário de bebidas dos meus pais quando estava no ensino médio? – –Devia ter adivinhado,– disse secamente. –Certifique-se de procurar em toda parte, não apenas nos lugares óbvios. Ele pode ter compartimentos escondidos nas paredes ou nas mobílias. Você tem que encontrar frascos de sangue ou liquido metal ou até mesmo a

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ferramenta que perfurou Clarence.– –Conta comigo.– Nós traçamos mais alguns detalhes - incluindo quem ele devia chamar caso encontrasse alguma coisa - e estávamos prestes a sair quando ele perguntou.–Sage, por que você me escolheu para ser o seu parceiro de crime? – Eu pensei sobre isso. –Processo de eliminação, eu acho. É suposto Jill ser mantida fora de problemas. Eddie podia ser uma boa escolha, mas ele precisava de voltar com ela e com Lee. Além disso, eu já sabia que você não tinha qualquer escrúpulo ou moral sobre invasão de domicílio.– –Isso foi a melhor coisa que você já me disse,– ele declarou com um sorriso. Nós nos dirigimos até Keith depois disso. Todas as luzes do primeiro andar de seu prédio estavam acesas, desejando á última hora não ter que o atrair para fora. Eu realmente adoraria ajudar na procura. Eu deixei Adrian ali e, em seguida, dirigi-me até um restaurante 24 horas que ficava do outro lado oposto da cidade. Pensei que seria perfeito para manter Keith longe de sua casa. O tempo de condução só daria a Adrian mais tempo extra para procurar, embora isso significasse que Adrian teria que esperar lá fora algum tempo até que Keith sair. Finalmente cheguei, peguei uma mesa, pedi um café e telefonei para Keith. –Olá?– –Keith, sou eu. Eu preciso falar com você.– –Então fala–, disse ele. Ele parecia orgulhoso e confiante, sem dúvida feliz pelos resultados da última venda de tatuagens. –Não por telefone. Eu preciso que você se encontre comigo.– –Em Amberwood?–, perguntou ele surpreso. –Não é fora de horas? – Era de fato, mas era um problema para depois. –Eu não estou na escola. Eu estou no Restaurante Margaret, que fica em frente da estrada.– Longo silêncio. Então: –Bem, se você já está fora do toque de recolher, então é melhor vir aqui.– –Não–, eu disse com firmeza. –Você vem ter comigo.– –Por que devo ir?– Hesitei apenas um pouco antes de jogar a cartada que eu sabia que ele iria pegar, a única coisa que faria ele ser expulso daqui e não as suspeitas sobre as tatuagens. –Trata-se de Carly.– –O que tem ela?– Perguntou ele após um momento de pausa.

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–Você sabe exatamente o quê.– Após uma pausa de um segundo, Keith aceitou se encontrar comigo. Percebi que tinha um correio de voz no início do dia e que ainda não tinha ouvido. Disquei o número e escutei. –Sydney, daqui é o Wes Regan da Faculdade de Carlton. Só queria tratar de umas algumas coisas com você. Primeiro, eu receio ter más notícias. Não parece que eu seja capaz de conseguir puxar alguns cordões e mudar o status de auditor do seu irmão. Eu posso registá-lo no próximo semestre com toda a certeza se ele aceitar, mas a única maneira que ele tem de continuar a assistir às aulas agora é se ele continuar a como auditor. Ele não terá ajuda financeira como resultado, e na verdade, você precisa de pagar a taxa de auditoria em breve, se ele continuar com as aulas. Se ele quiser desistir completamente, também podemos fazer isso. Apenas me ligue e deixe-me saber o que você gostaria de fazer.– Olhei para o telefone com desânimo quando a mensagem terminou. Lá se foi o nosso sonho de conseguir com que Adrian se matriculasse como estudante, para não mencionar seu sonho de arranjar ajuda financeira e sair da casa de Clarence. O próximo semestre, provavelmente, começaria em Janeiro, de modo que Adrian enfrentaria mais quatro meses com Clarence. Ele também enfrentaria mais quatro meses a andar de ônibus e a assistir a aulas sem o crédito da faculdade. Mas era realmente os créditos e a ajuda financeira a coisa mais importante aqui? Pensei em como Adrian tinha estado mais animado depois de apenas algumas aulas, como ele tinha entregado á arte. Seu rosto estava radiante quando ele entrou na sua ‘galeria’. As palavras de Jill também ecoaram na minha mente, sobre como a arte lhe tinha dado algo para canalizar os seus sentimentos e fazer com que a ligação entre eles fosse mais fácil de enfrentar. Aquelas aulas tinham sido boas para ambos. Quanto custava a taxa de auditoria? Eu não tinha certeza, mas sabia que não era tanto como a taxa de matrícula. Era também um custo de pouca duração que provavelmente poderia colocar nas minhas despesas sem atrair a atenção dos Alquimistas. Adrian precisava dessas aulas e disso eu tinha a certeza. Se ele soubesse que a ajuda financeira não era uma opção neste semestre, havia uma boa chance de ele acabar por desistir completamente. Eu não podia permitir isso. Ele ficaria a saber que houve ‘um atraso’ quando a ajuda financeira chegasse. Se eu pudesse mantê-lo em Carlton um pouco mais, então talvez ele investisse o suficiente na arte para ficar, mesmo quando a verdade surgisse. Era uma coisa furtiva a fazer, mas beneficiaria a ele – e a Jill – no fim.

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Eu marquei de volta para o escritório de Wes Regan, sabendo que ia parar ao seu correio de voz. Deixei-lhe uma mensagem dizendo que eu ia deixar um cheque para pagar a taxa de auditoria e que Adrian permaneceria até que ele pudesse ser inscrito no próximo semestre. Desliguei, rezando uma oração silenciosa para que demorasse um pouco para Adrian descobrir isto. A garçonete continuou a dar-me um mau olhar por ter apenas tomando café, então por fim pedi um pedaço de torta. Ela tinha acabado de registrar a conta da minha mesa quando um irritado Keith entrou no restaurante. Ele ficou parado na porta, olhando em volta impaciente até que ele me viu. –Ok, o que está acontecendo?– Ele exigiu, fazendo um grande show ao sentar-se. –O que é tão importante para você sentir necessidade de quebrar as regras da escola e me arrastar para o outro lado da cidade? – Por um momento eu gelei. Olhando para os olhos de Keith - o real e o artificial – desencadeou todos os sentimentos que eu tinha sobre ele desde o último ano. Medo e ansiedade sobre o que eu tentava explodir guerreavam com o profundo ódio que eu há muito carregava. Os instintos mais básicos queriam que eu o fizesse sofrer, atirar-lhe com algo á cabeça. Como a torta. Ou uma cadeira. Ou um bastão de beisebol. –Eu…– Antes que eu pudesse dizer outra palavra, o meu celular vibrou. Olhei para baixo e li uma mensagem de texto de Adrian: CONSEGUI. CHAMADA FEITA. UMA HORA. Exaltada coloquei o celular na minha bolsa. Keith tinha tomado 20 minutos para chegar até aqui, e durante esse tempo, Adrian tinha feito uma busca detalhada ao apartamento. Ele aparentemente foi bem sucedido. Agora cabia a mim reter Keith até os reforços aparecerem. Uma hora era na verdade metade do tempo que eu esperava. Eu tinha dado a Adrian o número de telefone de Stanton, e ela enviaria qualquer Alquimistas que estivesse mais próximo. Percebi que isso significaria Los Angeles, mas era difícil dizer com o âmbito do nosso trabalho. Se houvesse alquimistas do lado Este da cidade, eles chegariam aqui muito mais depressa. Também era possível reduzir o tempo se simplesmente eles pudessem voar num jato particular. –O que foi isso?– Perguntou Keith irritado. –Uma mensagem de texto de um dos seus amigos vampiros? – –Você pode parar de actuar–, disse. –Eu sei que você realmente não se importa que eu ‘chegue muito perto’ a eles.– Não tinha intenção de ser este o tema que o distrairia, mas eu aproveitei.

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–Claro que sim. Preocupo-me com a sua alma.– –Foi por isso que você telefonou para o meu pai?– perguntei. –Será essa a razão pela qual você me quer fora de Palm Springs? – –É para seu próprio bem–, disse ele colocando o seu ar de santo. –Você sabia como errado isto era que você quis mesmo este trabalho em primeiro lugar? Nenhum Alquimista faria. Mas você, você praticamente implorou por isto.– –Sim–, disse sentindo a minha raiva crescer. –Então, Zoe não teria que fazê-lo.– –Diga o que você quiser. Eu sei a verdade. Você gosta dessas criaturas.– –Por que isto teve de ser tão bem preparado? Pelo seu ponto de vista, eu tinha que os odiar ou estar em aliança com eles. Há um meio termo sabe. Eu ainda posso ser leal aos Alquimistas e ter uma amizade de termos com vampiros e dhampirs.– Keith olhou para mim como se eu tivesse dez anos. –Sydney, você é tão inocente. Você não entende os caminhos do mundo como eu.– Eu conhecia todos os seus ‘caminhos do mundo’ e eu teria dito umas quantas coisas se a garçonete não tivesse chegado para levantar o pedido da bebida dele. Quando ela foi embora, Keith continuou o seu discurso. –Quero dizer, como você sabe mesmo que está a sentir-se de forma certa? Vampiros podem usar compulsão, você sabe. Eles usam o controle da mente. Usuários de espírito como Adrian são realmente bons nisso. Por aquilo que sabemos, ele está usando seus poderes para se mostrar amável a você.– Pensei em todas as vezes que eu queria mostrar algum sentido ao Adrian. –Ele não está fazendo um bom trabalho, então. – Nós tínhamos brigado para a frente e para trás sobre aquilo, e por uma vez, eu estava feliz pela obstinação e recusa de ver a razão de Keith. Quanto mais ele brigava comigo, mais tempo os Alquimistas tinham para chegar ao seu apartamento. Se Stanton havia dito a Adrian uma hora, ela provavelmente quis dizer isso mesmo. Ainda assim, era melhor prevenir. Meu ponto foi quebrado quando Keith disse, –Você deveria estar feliz por eu estar olhando por fora para você. Sabe, isto é sobre muitas mais coisas do que vampiros. Estou ensinando a você lições de vida. Você memoriza livros mas não entende as pessoas. Você não sabe como se conectar a eles. Você vai levar essa mesma atitude ingénua com você para o mundo real, pensando que todos são simpáticos, e alguém – um cara provavelmente - só se vai aproveitar de você.– –Bem–, agarrei aquela oportunidade, –você sabe tudo sobre isso, não é?– Keith bufou. –Não tenho nenhum interesse em você, fique descansada.–

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–Eu não estou falando de mim! Eu estou falando sobre Carly.– Por fim. Aqui estava. O propósito original da nossa reunião. –Afinal o que ela tem a ver com isto?– Keith mantinha o seu tom de voz firme, mas eu reparei. Um ligeiro lampejo de ansiedade em seus olhos. –Eu sei o que aconteceu entre vocês. Eu sei o que você fez a ela.– Ele ficou muito interessado em mexer o gelo ao redor do copo com a sua palha. –Eu não fiz nada a ela. Não tenho nenhuma ideia do que você está falando. – –Você sabe exatamente o que estou falando! Ela disse-me. Ela veio ter comigo depois.– Eu me inclinei para a frente, sentindo-me confiante. –O que você acha que o meu pai faria se descobrisse? O que é que os nossos fariam?– Keith olhou para cima rapidamente. –Se está tão certa que algo terrível aconteceu, então porque o seu pai ainda não sabe? Hein? Talvez porque Carly sabe que não há nada para tagarelar. Qualquer coisa que fizemos, acredite em mim, ela queria.– –Você é tão mentiroso–, eu assobiei. –Eu sei o que você fez. Você estuprou-a. E você nunca vai sofrer o suficiente por isso. Você devia ter perdido ambos os olhos.– Ele endureceu com a referência aos seus olhos. –Isso é áspero. E não tem nada a ver com isso. O que diabos aconteceu com você, Sydney? Como você se tornou numa vaca? Talvez manter você associada com vampiros e dhampirs tenha causado mais danos do que nós imaginávamos. Amanhã a primeira coisa que eu vou fazer é telefonar a Stanton e pedir para eles te tirarem daqui agora. Não esperar até o final da semana. Você precisa de estar longe destas más influências.– Ele balançou a cabeça e deu-me um olhar tanto condescendente como de pena. –Não, você precisa de um período de reeducação. Isso deveria ter sido feito há muito tempo atrás, logo que eles pegaram você a ajudar uma assassina.– –Não mude de assunto.– Falei com superioridade, embora ele tivesse acordado o medo que eu tinha em mim. E se Adrian e eu falhássemos? E se os Alquimistas ouvissem Keith e me arrastassem para longe? Ele nunca teria que se preocupar comigo novamente dentro de um centro de reeducação. –Isto não é sobre mim. Estávamos falando sobre Carly.– Keith revirou os olhos em aborrecimento. –Eu terminei o assunto sobre a cadela da sua irmã.– Foi quando o meu impulso anterior - de jogar algo nele - venceu. Sorte a dele, ser só o meu café e não uma cadeira. Também sorte a dele: o café esfriou consideravelmente. Como ainda havia muito café a sobrar, consegui respingar aquilo tudo em toda parte,

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manchando a sua escolha infeliz de uma camisa branca. Ele olhou para mim com espanto, cuspindo para conseguir falar. –Sua puta!– Disse ele levantando-se. Quando ele começou a se mover em direção à porta, eu percebi que o meu temperamento poderia ter simplesmente explodido o plano. Eu corri e agarrei o braço dele. –Espere, Keith. Eu…desculpe. Não vá.– Ele puxou seu braço para longe e me encarou. –É tarde demais para você. Você teve sua chance e estragou tudo.– Eu agarrei-o novamente. –Não, não. Espere. Há ainda muita coisa que temos de falar.– Ele abriu a boca com alguma observação sarcástica, mas depois acabou por não falar imediatamente. Ele me estudou por vários segundos, com o rosto a ficar cada vez mais sério. –Você está tentando me manter aqui? O que está acontecendo? – Quando eu não pode reunir uma resposta, ele se afastou e saiu pela porta fora. Corri de volta à mesa e joguei dinheiro nela. Eu peguei na torta e disse á confusa garçonete para ficar com o troco. O relógio do meu carro me disse que eu tinha 20 minutos até os Alquimistas chegarem á casa de Keith. Que também era o tempo que levaria para chegar lá. Eu dirigi bem atrás dele, não fazendo nenhum esforço para esconder a minha presença. Não era segredo, que alguma coisa estava acontecendo, algo pela qual eu o atrai para fora de casa. Abençoei cada sinal vermelho que nos parou, rezando para que ele não chegasse tão cedo. Se ele chegasse, Adrian e eu teríamos que o atrasar. Não seria impossível, mas também não era algo que eu quisesse fazer. Finalmente chegamos. Keith parou no seu pequeno espaço do edifício e eu estacionei sem me importar, numa zona de incêndio em frente. Eu estava a poucos passos atrás dele quando ele correu para a porta mal se apercebendo. Sua atenção estava nas janelas iluminadas do seu prédio e nas escuras silhuetas quase imperceptíveis atras das cortinas. Irrompeu pela porta, e eu segui-o um momento mais tarde, quase esbarrando contra ele quando ele paralisou por completo. Eu não conhecia os três homens fardados que estavam lá com Adrian, mas eu sabia que eles eram Alquimistas. Eles tinham aquele frio, que nós nos esforçávamos para ter e nas suas bochechas estavam estampadas lírios de ouro. Um estava abrindo os armários da cozinha de Keith. Outro tinha um bloco de notas e estava conversando com Adrian, que estava encostado na parede a fumar. Ele sorriu quando me viu.

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O terceiro Alquimista estava ajoelhado no chão da sala de estar perto de um armário pequeno na parede. Uma pintura cafona de uma mulher sem camisa estava nas proximidades, que aparentemente tinha servido para esconder o compartimento. A porta de madeira tinha sido obviamente aberta à força, e diversos conteúdos estavam espalhados por ali - com algumas exceções. O Alquimista estava tendo um longo trabalho para ordenar uma pilha de objetos: tubo de metal e agulhas usadas para drenar sangue, juntamente com frascos de sangue e pequenos pacotes de pó prateado. Ele olhou para a nossa entrada súbita e fixou em Keith com um sorriso frio. –Ah, estou feliz por você estar aqui, Sr. Darnell. Estávamos esperando que você pudesse nos acompanhar para um questionamento.– A cara de Keith caiu.

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