–O que você fez?– Eu estava sentada na extremidade de uma fila de assentos do desfile de Jill, quase uma semana depois, no centro da cidade de Palm Springs, esperando que as coisas começassem. Eu nem mesmo sabia que Trey estava no show e fiquei surpresa por o encontrar sentado ao meu lado. –O que exatamente você se está referindo?– perguntei a ele.–Tenho cerca de um milhão de coisas que eu possa ter feito.– Ele zombou e manteve a sua voz aguda baixa, o que não era muito necessário, com o barulho ensurdecedor de conversas á nossa volta. Várias centenas de pessoas estavam lá. –Estou falando do Slade e dos seus amigos, e você sabe disso–, disse Trey. –Eles ficaram muito chateados sobre alguma coisa esta semana. Eles continuam reclamando sobre essas tatuagens estúpidas.– Ele olhou para mim significativamente. –O quê?– Eu perguntei, colocando uma cara de inocente. –Por que você acha que isso tem alguma coisa a ver comigo? – –Você está dizendo que não?–, Perguntou ele, sem se deixar enganar. Eu não pode deixar de sentir um sorriso traidor jogando por cima dos meus lábios. Depois de invadir o apartamento de Keith, os Alquimistas tinha a certeza os seus parceiros tatuadores não tinha mais meios para administrar tatuagens ilícitas. Também não houve mais conversa sobre Zoe substituir-me. Tinha levado dias, antes de Slade e seus amigos terem descoberto que o efeito da tinta ‘melhoria de desempenho’ tinha esgotado. Durante esta semana, eu observei as suas conversas furtivas com diversão,
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mas não tinha reparado que Trey tinha percebido isso. –Vamos apenas dizer que Slade em breve pode deixar de ser a superestrela que foi –,disse. –Espero que você esteja pronto para retomar ao seu lugar.– Trey me estudou mais alguns momentos, aparentemente esperando que eu acrescentasse mais alguma coisa. Quando eu não disse nada, ele simplesmente balançou a cabeça e riu. –Sempre que você necessitar de café, Melbourne, venha ter comigo.– –Anotado–, disse. Fiz um gesto em direção á crescente multidão. –O que você está fazendo aqui, afinal? Eu não sabia que você estava interessado na moda mais quente de hoje.– –Não estou–, ele concordou. –Mas eu tenho alguns amigos que trabalham no programa.– –Namoradas–, perguntei maliciosamente. Ele revirou os olhos. –Amigos que são raparigas. Não tenho tempo para distrações tolas do sexo femininas.– –Sério? Eu percebi que é por isso que você tem uma tatuagem. Eu ouvir dizer que as mulheres gostam dessas coisas.– Trey enrijeceu. –Do que você está falando?– Lembrei-me que Kristin e Julia tinham mencionado como era estranho Trey ter uma tatuagem normal e Eddie tinha mencionado mais tarde que a viu - na parte inferior das costas do Trey - no vestiário. Eddie tinha dito que parecia um sol com muitos raios, feita com uma tinta comum. Eu estava esperando por uma chance de provocar Trey com isso. –Não brinque comigo. Eu sei sobre o seu sol. Como é que você pode ser tão mau comigo, huh?– –Eu…– Ele estava realmente perdido. Mais do que isso. Ele olhou desconfortável, preocupado - como se isso fosse algo que eu não deveria saber. Isso foi estranho. Aquilo não era grande coisa. Eu estava prestes a interrogá-lo mais quando Adrian, de repente, caminhou até nós pelo meio da multidão. Trey deu uma olhada ao rosto tempestivo de Adrian e imediatamente se levantou. Eu poderia entender a sua reação. A expressão de Adrian, também me teria intimidado. –Bem–, disse Trey inquieto. –Obrigado novamente. Eu vejo-te depois.– Murmurei um adeus e vi como Adrian passava por mim. Micah se sentou ao meu lado, então Eddie, e depois nós reservamos dois assentos vazios. Adrian sentou-se numa
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delas, ignorando a reclamação do Eddie. Momentos mais tarde, Lee veio correndo e pegou o outro assento. Ele parecia incomodado com alguma coisa, mas ainda conseguiu ser mais amigável do que Adrian. Este olhou para a frente impassível e meu bom humor despencou. De alguma forma, sem saber porquê, eu tinha um pressentimento que eu era a razão do seu humor negro. No entanto não tive tempo para descobrir isso. As luzes se apagaram e o show começou. Foi iniciado por um apresentador local, que anunciou os cinco designers desta noite. A designer de Jill era a terceira e, observando os outros à sua frente fez com que a antecipação fosse mais intensa. Isto era muito diferente dos desfiles que eu já tinha visto antes. As luzes e a música tornavam tudo muito mais profissional e os outros modelos pareciam muito mais velhos e experientes. Comecei a compartilhar a ansiedade de Jill antes, que talvez ela estivesse a mais ali. Então foi a vez de Lia DiStefano. Jill era uma das primeiras modelos e apareceu usando um vestido de noite prateado e fluido, feito de um tecido que parecia desafiar a gravidade. A mascara de pérolas e prata encobria parte do seu rosto, obscurecendo a sua identidade para aqueles que não a conheciam. Eu estava á espera que eles tivessem diminuído a palidez de vampiro dela, para poder dar-lhe um tom mais parecido com o dos humanos. Em vez disso, eles tinham jogado com a sua aparência incomum, colocando um pó luminescente na sua pele que fez com que a sua palidez parecesse do outro mundo. Cada simples curva do lugar, tinha sido decorada artisticamente com pequenas jóias brilhantes. Seu andar tinha melhorado muito desde a primeira prática. Ela praticamente dormiu naqueles saltos altos e tinha ido além de simplesmente não tentar cair. Havia uma nova confiança e propósito que não tinha estado lá antes. De vez em quando, eu via um vislumbre ténue de nervosismo nos olhos dela ou um ajuste nas suas passadas longas que ela dava com os saltos altos de prata. No entanto, duvidei que alguém notasse aquilo. Qualquer pessoa que não conhecesse Jill e os seus traços, não veria nada além de uma forte, elegante mulher desfilando. Incrível. Se ela poderia se transformar muito com apenas um pequeno incentivo, o que mais estava por vir? Olhando para os rapazes ao meu lado, vi sentimentos semelhantes espelhados nos seus rostos. Adrian estava cheio de orgulho fraternal que muitas vezes ele tinha por ela, todos os vestígios do seu mau humor de antes desapareceram. Micah e Lee ambos exibiam pura adoração não filtrada. A minha surpresa foi a expressão de Eddie , que a estava
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adorando também com mais alguma coisa misturada. Foi quase…veneração. Percebi que era isso. Vindo desta criatura linda, heroica e quase deusa, Jill estava a dar às fantasias ideais de proteção do Eddie carne para destruir. Ela era uma princesa perfeita agora, com seu cavaleiro obediente esperando por servi-la. Ela apareceu mais duas vezes no desfile de Lia, cada vez mais deslumbrante, embora nunca tão perfeita como com o vestido de prata logo no início. Eu assisti o resto do show com apenas metade de um olho. Meu orgulho e carinho por Jill foram muito perturbadoras, e honestamente, a maioria das roupas que vi hoje eram muito chamativas para o meu gosto. Houve uma recepção depois do show, onde convidados, designers e modelos poderiam se misturar com os refrescos á mão. Meu pequeno grupo encontrava-se num canto perto dos aperitivos esperando por Jill, que ainda não tinha aparecido. Lee carregava um enorme buquê de lírios brancos. Adrian assistia uma garçonete a passar com uma bandeja cheia de taças de champanhe. Seus olhos estavam cheios de saudade, mas ele não fez nenhum movimento para impedi-la. Eu estava orgulhosa e aliviado. O equilíbrio de Jill e o álcool não eram coisas que queríamos misturar. Quando a garçonete se foi embora, Adrian se virou para mim e, finalmente vi que a raiva anterior tinha regressado. E, como eu suspeitava, era direcionada a mim. –Quando você me ia dizer?–Perguntou. Foi tão enigmático como a conversa anterior do Trey. –Dizer-lhe o quê?– –Que a ajuda financeira não vai chegar! Falei com a secretaria e eles me disseram que você sabia.– Eu suspirei. –Eu não estava a esconder de você exatamente. Eu apenas ainda não tive chance de lhe contar. Houve um monte de outras coisas acontecendo.– Ok, eu realmente lhe tinha escondido aquilo, simplesmente por causa desta reação. Bem, não exatamente. Eu tinha previsto que ele iria ficar chateado com aquilo. –No entanto, você – aparentemente - teve tempo suficiente para pagar a taxa de auditoria. E dinheiro suficiente. Mas não o suficiente para financiar um alojamento novo.– Achei aquilo muito mais perturbador do que a insinuação de eu ter escolhido, de alguma forma, uma maneira mais inconveniente para ele. Como se propositadamente me sujeitasse a isto se houvesse alguma maneira de evitá-lo. –Um pagamento só é fácil de encobrir–, eu disse ele. –Aluguel mês a mês? Não tanto.– –Então por que se preocupar com tanto?–, Exclamou ele. –A finalidade disto tudo, era
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eu arranjar dinheiro para poder sair da casa de Clarence! Eu não estaria assistindo a estas estúpidas aulas de outra forma. Você acha que eu quero andar de ônibus por horas a cada dia?– –Estas aulas são boas para você–, eu contradisse sentindo o meu próprio temperamento a crescer. Eu não queria perder o controle, não aqui e certamente não com os nossos amigos testemunhando tudo. No entanto, eu estava estarrecida com a reação de Adrian. Ele não conseguia ver como era bom para ele fazer algo útil? Eu tinha visto a cara dele quando me mostrou as pinturas. Elas tinham dado a ele uma formar saudáveis de lidar com Rose, para não mencionar um senso de propósito a ele. E, além disso, destruiu-me a forma como ele pode apenas deixar, assim sem mais nem menos, aquelas ‘estúpidas’ aulas. Era outro lembrete de injustiça do mundo, como eu não poderia ter o que os outros tinham por garantido. Ele fez uma careta. –'Bom para mim?’ Vamos, pare de ser minha mãe de novo! Não é seu trabalho dizer-me como eu devo viver a minha vida. Se eu quiser o seu conselho, eu vou perguntar-te.– –Certo–, disse colocando as minhas mãos nos meus quadris. –Não é trabalho meu dizer-lhe como viver a sua vida - só é trabalho meu tornar as coisas mais fáceis para você. Porque Deus sabe que você não pode sofrer com tudo o que é um pouco inconveniente. O que aconteceu com todas aquelas coisas que você me disse? Sobre querer saber como melhorar sua vida? Quando você me pediu para acreditar em você?– –Vamos lá, gente–, disse Eddie inquieto. –Este não é o momento ou lugar –. Adrian ignorou. –Você não tem problema em fazer a vida de Jill o fácil quanto possível.– –Esse é o meu trabalho–, rosnei de volta. –E ela ainda é uma menina. Eu não acho que um adulto como você precise de ser tratado da mesma maneira!– Os olhos de Adrian estavam cheios com fogo esmeralda quando olhou para mim, e então seu olhar focou em algo atrás de mim. Eu me virei e vi Jill se aproximando. Ela estava com o vestido prateado e com uma expressão cheia de felicidade radiante – felicidade que desvaneceu quando se aproximou e percebeu que havia uma briga acontecendo. No momento em que ela estava ao pé de mim, toda a excitação de ainda há pouco foi substituída por preocupação e interesse. –O que está acontecendo?– Ela perguntou, olhando entre Adrian e eu. Claro, ela já sabia por causa do vínculo. Foi uma maravilha os sentimentos escuros dele não ter bagunçado o desempenho dela.
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–Nada–, disse categoricamente. –Bem–, disse Adrian. –Depende de como você define 'nada'. Quero dizer, se você considerar a mentira e… – –Chega!– Eu chorei, levantando a minha voz, apesar do meu grande esforço. A sala estava muito barulhenta para a maioria das pessoas perceber, mas um casal ali perto olhou para nós curiosamente. –Pare com isso, Adrian. Você pode por favor não estragar isto para ela? Você não pode apenas, por uma noite, fingir que há outras pessoas no mundo mais importantes além de você?– –Estar isto para ela?–Exclamou ele. –Como diabos você pode dizer isso? Você sabe o que eu fiz por ela! Eu fiz tudo para ela! Desisti de tudo por ela!– –Sério?– Perguntei. –Porque por aquilo que posso dizer, não parece ser…– Eu peguei uma visão do rosto de Jill e prontamente me calei. Por trás da máscara, seus olhos estavam amplos com consternação das acusações de Adrian e eu estava a colocar mais lenha na fogueira. Eu só disse que ele estava a ser egoísta e não pensar em Jill, mas aqui estava eu, continuando a me envolver com ele na sua grande noite, em frente dela e de nossos amigos. Não importava se eu tinha razão – e com certeza tinha. Não era hora para ter esta discussão. Eu não deveria ter deixado Adrian me puxar para aquilo e se ele não tinha intensão de parar com aquilo antes que piorasse, então eu faria isso. –Estou saindo–, disse. Forcei um sorriso o mais sincero possível, por Jill, que agora parecia prestes a chorar. –Esta noite você foi incrível. A sério.– –Sydney…– –Está tudo bem–, eu disse a ela. –Eu tenho algumas coisas para fazer.– Procurei o que poderia ser realmente. –Eu preciso, hum, limpar as coisas que Keith deixou para trás. Você pode levar ela e Eddie de volta para Amberwood?– Isto foi dirigido a Micah e a Lee. Eu sabia que um deles faria isso. Eu não senti nenhuma necessidade de fazer qualquer disposição para Adrian. Sinceramente, não importava o que acontecesse com ele esta noite. –É claro–, disse Lee e Micah em uníssono. Depois de um momento, porém, Lee franziu a testa. –Por que você precisa de limpar o material de Keith?– –Longa história–, murmurei. –Vamos apenas dizer que ele deixou a cidade e não voltará tão cedo. Talvez nunca.– Inexplicavelmente, Lee pareceu incomodado com isso. Talvez durante o tempo todo que Keith passou com Clarence, os dois rapazes haviam-se tornado amigos. Se assim fosse, Lee não me contou.
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Jill ainda parecia chateada. –Eu pensei que íamos todos celebrar? – –Você pode se quiser,– disse. –Enquanto Eddie estiver com você, eu realmente não me importo.– Cheguei sem jeito até Jill. Eu quase tive vontade de abraçá-la, mas ela estava tão elaborada e magnífica em suas roupas e maquiagem que eu estava com medo de desarruma-la. Eu me conformei com um simples tapinha no ombro. –Eu quis dizer isso. Você estava de tirar o fôlego.– Corri para longe dali, com medo de que tanto Adrian ou eu fossemos capazes de dizer algo estúpido um para o outro. Eu tinha que me tirar de lá. Minha esperança agora era que Adrian tivesse noção suficiente para não falar mais sobre o assunto e estragar a noite de Jill com mais alguma coisa. Eu não sei porque a discussão com ele me chateou tanto. Ele e eu tínhamos estado sempre a brigar desde que nos conhecemos. O que era mais uma briga? Percebi que era por causa de nos estarmos a dar bem. Eu ainda não pensava nele como um humano, mas pelo meio do caminho, eu o considerei um pouco menos monstro. –Sydney?– Fui impedida por uma fonte inesperada: Laurel. Ela tocou no meu braço, quando eu passei por um grupo de raparigas de Amberwood. Devo ter parecido realmente louca, porque quando eu fixei o meu olhar sobre ela, ela realmente se encolheu. Aquilo fez a ser a primeira. –O quê?– Eu perguntei. Ela engoliu em seco e afastou-se dos amigos dela com os olhos arregalados e desesperados. Um chapéu Fedora cobria a maior parte do seu cabelo, que – segundo ouvi - ela ainda não tinha conseguido arranja-lo de volta ao normal. –Eu ouvi…Ouvi dizer que você pode-me ajudar. Com o meu cabelo –, ela afirmou. Este foi outro favor que Kristin me tinha feito. Depois de deixar Laurel sofrer alguns dias, eu disse a Kristin para espalhar a palavra de que Sydney Melrose - como farmacêutica do dormitório – era capaz de corrigir o que estava errado. Eu também fiz com que fosse espalhado que Laurel não era a minha pessoa favorita e que iria demorar muito para me convencer. –Talvez–, eu disse. Eu tentei manter meu rosto duro, o que não foi difícil, uma vez que ainda estava chateada com Adrian. –Por favor–, disse ela. –Eu faço qualquer coisa se você me ajudar! Já tentei de tudo no meu cabelo e nada funciona.– Para minha surpresa, ela empurrou alguns anuários para mim. –Aqui. Você queria eles, certo? Toma. Pegue o que quiser. –
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Mais cinco dias de lavagem com detergente pesados seria realmente o suficiente para consertar aquilo, mas eu certamente não lhe ia dizer isso. Peguei nos anuários. –Se eu ajudar você –, disse,– você precisa deixar minha irmã em paz. Você entendeu? – –Sim–, disse ela rapidamente. –Eu acho que não. Sem mais sarcasmos, ameaças ou falando dela pelas costas. Você não tem que ser sua melhor amiga, mas eu não quero que você se interfira com ela. Fique fora da vida dela.– Parei. –Bem, exceto para pedir desculpas.– Laurel estava concordando com tudo o que eu dizia. –Sim, sim! Eu vou pedir-lhe desculpas agora!– Eu levantei meus olhos para onde Jill estava com os seus admiradores e com as flores de Lee em seus braços. –Não. Não faça com que esta noite seja mais estranha para ela. Amanhã pela manhã.– –Ok–, disse Laurel. –Eu prometo. Apenas me diga o que fazer. Como corrigir isto.– Eu não esperava que Laurel se aproximasse de mim hoje à noite, mas eu estava esperando por ela um dia destes. Então, eu já tinha o pequeno frasco de antídoto pronto na minha bolsa. Eu peguei nele e seus olhos quase saltaram de sua cabeça, quando eu o segurei em frente dela. –Uma dose é tudo que você precisa. Use-o apenas como shampoo. Então você vai ter o seu cabelo de volta.– Ela ia pegar na garrafa mas eu afastei de volta. –Estou falando serio. Seu assédio com Jill termina agora. Se eu der isto a você, eu não vou ouvir mais nenhuma palavra sobre você fazer a vida dela num inferno. Não há mais remorsos se ela falar com Micah. Acabou as piadas de vampiro. E nada de telefonar para Nevermore, perguntando sobre pessoas altas e pálidas.– Ela ficou boquiaberta. –Não mais o quê? Eu nunca telefonei a ninguém!– Eu hesitei. Quando o tatuador mencionou sobre alguém ter telefonado e perguntado sobre pessoas que parecia vampiros, eu assumi que era Laurel a fazer as suas piadas de vampiro. Agora através do seu olhar perplexo eu já não pensava que fosse isso. –Bem, se eu ouvir que qualquer uma das outras coisas contínua, então o que aconteceu com o seu cabelo vai ser nada em comparação com o que eu posso fazer em seguida. Nada. Você entendeu? – Ela assentiu com voz trêmula. –P-perfeitamente.– Entreguei-lhe a garrafa. –Não se esqueça.– Laurel começou a se virar e depois lançou um outro olhar inquieto para mim. –Sabe, você ás vezes, pode ser bem assustadora como o inferno.–
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Gostaria de saber se os Alquimistas tinham algum conhecimento do que eu estaria fazendo quando vim para este trabalho. Pelo menos isto resolveu uma coisa. Que o desespero de Laurel me convenceu que as piadas de vampiro tinham sido apenas uma tática. Ela realmente não acreditava neles de verdade. No entanto, fez com que levantasse a questão sobre quem estava perguntado sobre vampiros a Nevermore. Quando finalmente sai para fora do prédio e me dirigi ao meu carro, decidi que eu realmente ia para a casa de Keith. Alguém precisava de arrumar os seus pertences, e parecia uma forma segura de evitar os outros. Eu ainda tinha um par de horas antes do toque de recolher de Amberwood. O apartamento de Keith não havia sido mais vasculhado desde que os Alquimistas o tinham invadido. Os sinais indicadores de antes estavam lá, onde foi descoberto o seu estoque de sangue de Clarence e os suprimentos de prata. Os Alquimistas só tinham pegado um pouco mais do que era necessário para eles e deixaram o resto de seus pertences para trás. Minha esperança nesta noite era conseguir acesso á mala de ingredientes, aqueles que não foram usados para a fabricação de tatuagens ilícitas. Era sempre bom ter à mão quantidades extras de produtos químicos, para destruir os corpos Strigoi ou para fazer experiencias químicas no quarto do dormitório. Não tive essa sorte. Mesmo se os outros suprimentos dele não fossem ilegais, os Alquimistas tinha aparentemente decidido confiscar todos os produtos químicos e ingredientes. Embora já que estava aqui, decidi procurar se algumas outras coisas podiam ser uteis para mim. Keith certamente não tinha usufruído do dinheiro das tatuagens, para decorar o apartamento com todo o conforto de uma casa. Risca isso. Eu duvidava que alguém tivesse em sua casa alguma coisa assim: uma cama de casal enorme, um Plasma gigante, um sistema de som ultra potente e comida suficiente para fazer festas todas as noites durante o próximo mês. Procurei armário após armário, abismada com a quantidade de alimentos que ele foi juntando. Ainda assim, talvez valesse a pena pegar em algumas coisas e leva-las para Jill e Eddie, então eu ensaquei alguns doces para eles, organizando por cores e tamanho. Perguntei-me também sobre o modo de transporte da TV para Amberwood. Parecia um desperdício deixá-la para a tripulação de Alquimistas confiscar, embora eu pudesse imaginar a expressão da Sra.Weathers, se ela nos visse a arrastar aquilo pelas escadas. Eu nem tinha a certeza se a parede que Jill e eu tínhamos era grande o suficiente para suportar. Sentei-me no cadeirão de Keith a ponderar a questão da TV. Mesmo o cadeirão era o último grito. O luxuoso couro parecia como manteiga, e praticamente me
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afundei nas almofadas. Pena que não havia lugar para ele na sala de Ms. Terwilliger. Eu podia vê-la se relaxando nele, a beber cappuccino e a ler documentos antigos. Bem, o que acontecesse com o resto do material de Keith, era melhor alugar um camião porque Latte certamente não conseguia suportar o peso da TV, cadeirão e ou a maioria das outras coisas. Uma vez que isto foi decidido, não havia nenhuma razão para ficar mais tempo esta noite, mas eu odiei ter que voltar. Eu estava com medo de ver Jill. Não houve reação do meu acolhimento. Se ela ainda estivesse triste por causa do argumento só me faria sentir culpada. Se ela tentasse defender Adrian, isso iria irritar-me e muito. Eu suspirei. Este cadeirão era tão ridiculamente confortável, que poderia muito bem divertir-me um pouco mais. Eu peguei na minha sacola, à procura dos deveres de casa e lembrei-me dos anuários. Kelly Hayes. Eu não tive quase tempo nenhum para pensar sobre ela ou sobre os assassinatos, não com todo o drama em torno de Keith e das suas tatuagens. Kelly tinha sido uma júnior quando morreu e eu tinha um anuário com cada um dos seus anos em Amberwood. Mesmo como caloira, Kelly teve muito espaço no anuário. Lembrei-me do que Sra.Weathers disse: que ela foi uma boa atleta. Sem brincadeira. Kelly havia participado em quase todos os esportes oferecidos por Amberwood e foi excecional em todos eles. Ela tinha pertencido no time do colégio durante seu primeiro ano e venceu todos os tipos de prêmios. Uma coisa que imediatamente descobri, foi que Kelly definitivamente não era um Moroi. Seria óbvio mesmo em preto e branco e uma fotografia a cores do segundo ano do ensino médio confirmou isso. Ela tinha uma figura muito humana e uma pele bronzeada – que claramente amava o sol. Eu estava analisando o índice do anuário Júnior quando ouvi uma batida na porta. Por um momento eu não quis responder. Daquilo que sabia, podia ser algum amigo desonesto de Keith, que tinha vindo cá á procura da comida dele e assistir TV. Mas também poderia ser alguma coisa relacionada com os Alquimistas. Encontrei a secção de tributo a Kelly , que estava procurando e coloquei o anuário no chão antes de me aproximar devagar para a porta. Olhando pelo olho mágico, vi um rosto familiar. –Lee?– Perguntei abrindo a porta. Ele me deu um sorriso tímido. –Hey. Desculpe incomodar você aqui.– –O que você está fazendo aqui?– Exclamei convidando-o a entrar. –Por que você não está com os outros?– Ele me seguiu até a sala. –Eu… eu precisava falar com você. Quando você disse que estava vindo para cá, isso me fez pensar se o meu pai tinha dito a verdade. Keith não
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está mais aqui?– Sentei-me de volta para o cadeirão. Lee sentou-se num pequeno sofá ali perto. –Yup. Keith se foi. Ele foi, uh, reatribuído.– Keith estava indo sendo punido em algum lugar e eu disse boa viagem. Lee olhou em volta para o mobiliário caro. –É um lugar agradável.– Seus olhos caíram sobre o armário que continha o fornecimento alquimia. A porta ainda estava pendurada precariamente nas dobradiças, e eu não me incomodei a arrumar o lugar onde os Alquimistas tinham esvaziado o seu conteúdo. –Este lugar…–Lee franziu a testa. –Este lugar foi assaltado? – –Não exatamente–, disse. –Keith, hum, na pressa de encontrar algo antes de ir fez isso.– Lee torceu as mãos e olhou em volta para mais algumas coisas antes de se voltar para mim. –E ele não está voltando? – –Provavelmente não–. Rosto de Lee caiu, o que me surpreendeu. Eu sempre tive a impressão que ele não gostava de Keith. –Será que outro Alquimista o vem substituir?– –Não sei–, disse. Houve um ligeiro debate sobre isso. A reviravolta de Keith, tinha-me impedido de ser substituída por Zoe e Stanton agora considerou que eu podia preencher o lugar dele, como a Alquimista do local, uma vez que as tarefas eram leves. –Se alguém vier, pode ser que demore um tempo.– –Então você é a Alquimista da área–, repetiu ele soando ainda mais triste. Dei de ombros. –Há alguns em Los Angeles.– Aquilo, inexplicavelmente, o animou um pouco. –Sério? Você poderia dizer onde…– Lee calou-se quando o seu olhar caiu sobre o anuário aberto deitado aos meus pés. –Oh.– Disse pegando de novo nele. –Apenas um projecto de investigação que estou fazendo sobre…– –Kelly Hayes.– O rosto alegre tinha ido embora. –Yeah. Você já ouviu falar dela?– Peguei num pedaço de papel de rascunho perto de mim, com a intenção de usá-lo como um marcador de livro e marquei a seção de tributo. –Pode-se dizer que sim,– ele respondeu. Comecei a perguntar o que ele quis dizer com isso quando vi. O tributo que tinham feito em homenagem a Kelly tinha imagens em todo o lugar com a sua vida na escola. Sem surpresa, a maioria delas eram fotos dela a praticar esportes. Havia algumas que eram do seu mundo social e acadêmicas, incluindo o baile de finalista dela. Ela usava um deslumbrante vestido azul de cetim, que realçava a sua figura atlética e estava dando á
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câmera um grande sorriso, enquanto ela envolvia um braço ao redor do seu companheiro de baile. Lee. Inclinei a cabeça em direcção a Lee, que agora olhava para mim com uma expressão ilegível. Olhei novamente para a fotografia examinando-a cuidadosamente. O que era notável não era o facto de Lee estar na imagem - embora, acreditem em mim, eu ainda não descobri o que se passava aqui. O que me tinha intrigado foi o tempo. Este anuário tinha cinco anos. Lee teria catorze anos na altura e o cara olhando para mim com Kelly não era certamente jovem. O Lee na foto parecia exatamente com o Lee de dezanove anos sentado à minha frente, o que era impossível. Moroi não tinham uma imortalidade especial. Eles envelheciam como os humanos. Olhei para cima, me perguntando se eu deveria perguntar se ele tinha um irmão. No entanto, Lee me salvou disso. Ele simplesmente me olhava com um olhar triste e balançou a cabeça. –Merda. Eu não queria que isto acontecesse deste jeito. – E, em seguida, ele pegou numa faca.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 23
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às 12:14
Marcadores: Laços de Sangue
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