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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 22

Se ouvia disparos na arena, derrubando vários Guerreiros armados.

Compreendi que Dimitri e Eddie não estavam sozinhos, porque nenhum deles

tinha uma arma. Os disparos vinham dos edifícios que rodeavam a arena. Desatou

o caos quando os espectadores reunidos se colocaram de pé para participar da

briga. Minha respiração parou quando me dei conta de que muitos deles também

tinham suas próprias armas. Me surpreendi ao notar que o Guerreiro caído ao solo

junto a mim não sangrava. Um pequeno dardo estava em seu ombro. As “balas”

dos franco atiradores deviam ser tranquilizantes. Quem eram?

Olhei para a entrada e vi que alguns outros com aspecto de guardiões

haviam entrado na arena e estavam lutando com alguns dos Guerreiros, incluindo

Chris. Isso dava a Dimitri e Eddie a cobertura para libertar Sonya. Um flash de

cabelo vermelho chamou minha atenção perto deles e reconheci a ágil figura de

Angeline. Dimitri cortou eficientemente as correias de Sonya e logo ajudou a

levantá-la com Eddie. Um Guerreiro entusiasta chegou a eles, e Angeline

rapidamente o nocauteou, como se tratasse de um orador motivacional.

Ao meu lado, um dos Mestres gritou.

- Peguem a garota Alquimista! Peguem-na como refém! Negociarão por ela!

A garota Alquimista. Correto. Essa seria eu.

No calor da batalha, quase ninguém o ouviu, exceto um. A garota loira

descolorida tinha conseguido escapar dos tranquilizantes. Saltou para mim. Minha

adrenalina entrou em ação e de pronto eu não tive medo. Com reflexos que não

sabia que tinha, coloquei a mão na bolsa e peguei o potpourri. Abri e o lancei ao

redor de mim, gritando uma conjuração em latim que traduzia basicamente como

“não veja mais”.

Comparado com o feitiço da bola de cristal, este era surpreendentemente

fácil. Requeria vontade de minha parte, certamente, mas a maior parte da magia

estava ligada aos componentes físicos e não necessitava das horas de

concentração que o outro demandava. O poder se elevou dentro de mim quase

instantaneamente, dando-me uma emoção que não havia antecipado.

A garota gritou e deixou cair sua arma, coçando os olhos. Os gritos de

consternação dos mestres sentados juntos a mim demostrava que eles também

haviam sido infectados. Havia lançado um feitiço de cegueira, que afetaria os que

estavam perto de mim por uns trinta segundos. Uma parte de mim sabia que usar

magia era mal, mas o resto de mim se sentia triunfante ao deter alguns destes

fanáticos, mesmo que temporariamente. Não desperdicei nada do precioso tempo.

Me levantei de onde estava sentada em um salto e atravessei a arena correndo,

longe dos combates perto da entrada.

- Sydney!

Não sei como consegui escutar meu nome por cima de todo esse ruído.

Olhando para trás de mim, vi Eddie e Angeline levando Sonya porta a fora.

Fizeram uma pausa, e uma expressão de dor cruzou o rosto de Eddie quando

olhava ao redor, avaliando a situação. Podia adivinhar seus pensamentos. Queria

que fosse com eles. A maioria dos Guerreiros reunidos haviam corrido para o

centro da arena, tentando deter o resgate de Sonya. Me superavam por muito,

criando um muro entre eu e meus amigos. Ainda quando não tivera que brigar

com ninguém, parecia impossível que pudesse passar despercebida, sobretudo

porque as pessoas gritavam “a garota alquimista”.

Sacudindo a cabeça redundantemente, fiz sinal para Eddie para que se fosse

sem mim. A indecisão apareceu em seu rosto e esperava que não tentasse passar

através da multidão para chegar a mim. Fiz sinal para a porta uma vez mais

instando-o a ir para fora. Sonya era a que estava incapacitada. Eu teria que

encontrar minha própria saída. Sem esperar para ver o que ele faria, dei a volta e

continuei pelo caminho que estava seguindo. Havia muito espaço aberto para

correr, menos Guerreiros para me deter.

Vários edifícios rodeavam a arena, alguns com portas e janelas. Fui até eles,

ainda que não tivesse nada com que quebrar os vidros. Duas das portas tinham

cadeados. Isso deixava duas sem cadeado. A primeira que tentei abrir tinha um

bloqueio invisível e não se abria. Frenética, corri para a segunda e ouvi um grito

atrás de mim. A garota loira descolorida tinha recuperado a visão e vinha atrás de

mim. Desesperadamente, girei a fechadura da porta. Nada aconteceu. Colocando

a mão em minha bolsa tirei o que os Guerreiros tinham confundido com sabonete

para as mãos. Eu peguei, derramando ácido sobre o metal. Derreteu ante meus

olhos. Tinha a esperança de que isso rompesse a fechadura. Golpeei a porta com

meu ombro e cedeu. Então me atrevi a olhar para trás. Minha perseguidora estava

no chão, outra vítima dos tranquilizantes.

Dei um suspiro de alívio e empurrei a porta. Havia esperado entrar em outra

garagem como a primeira que havia sido levada, mas em seu lugar me encontrei

em algum tipo de edifício residencial. Os corredores vazios giravam em uma e

outra direção e me senti desorientada. Todos estavam imersos na atividade da

arena. Passei por dormitórios improvisados, cheios de berços e maletas e

mochilas parcialmente desarrumadas. Quando vi o que parecia uma oficina, vacilei

na porta. Papéis cobriam uma grande mesa dobrável no interior, e me perguntei

se algum conteria informações úteis sobre os Guerreiros.

Morria de vontade de entrar e investigar. Esses Guerreiros eram um mistério

para os Alquimistas. Quem sabia que informações continham estes documentos?

E se houvessem informações que podiam proteger os Moroi? Duvidei por um

espaço de umas poucas batidas de coração, logo, segui meu caminho. Os

guardiões estavam usando tranquilizantes, mas os Guerreiros tinham armas

autênticas...armas que não teriam medo de usar em mim. Melhor sair dali com a

informação que tinha, do que não sair com vida.

Finalmente cheguei ao outro lado do edifício e olhei por uma janela do

dormitório. O exterior estava tão escuro que apenas podia ver algo. Já não tinha o

benefício das tochas. O único que podia dizer com certeza era que já não estava

mais na arena. Isso era suficientemente bom para mim, ainda que tivesse sido

melhor se tivesse uma porta de saída. Teria que fazer a minha. Pegando uma

cadeira, golpeei a janela e me surpreendi completamente quando o vidro se

rompeu facilmente. Alguns fragmentos caíram em mim, mas nada grande o

suficiente para causar dano. De pé sobre a cadeira, me segurei para sair pela

janela sem ferir minhas mãos.

Fui recebida por uma noite cálida e escura. Não havia luzes elétricas visíveis

mais adiante, só o terreno aberto e escuro. Supus que isso significava que estava

no lado oposto do recinto por onde Trey havia me trazido. Não havia ruas, nenhum

som da estrada pela qual havíamos viajado. Tampouco havia sinais de vida em

algum lugar, o que tomei como um bom sinal. Com sorte todos os guardas

Guerreiros que normalmente patrulhavam os terrenos estariam lutando contra os

guardiões. Se Sonya já havia saído, minha esperança era que os guardiões

começassem a se retirar...e me levasse com eles. Se não fizessem, eu não estava

certa de caminhar para a I-10 e fazer uma paragem automática.

O recinto era extenso e confuso, e enquanto caminhava ao redor, não via

sinais da estrada, comecei a ficar inquieta. Quão longe haviam me levado? Só

tinha uma quantidade de tempo para sair da propriedade dos Guerreiros. Podiam

estar me caçando agora mesmo. Também tinha o desconcertante problema de

que quando chegasse ao portão, teria que passar pela cerca elétrica. Ainda assim,

poderia ser melhor esquecer a busca da auto estrada e simplesmente ir pelo

campo do acampamento dos Guerreiros para que pudesse...

Uma mão tocou meu ombro e eu gritei.

- Calma, Sage. Não sou nenhum louco pistoleiro. Louco, sim. Mas não o

resto.

Olhei incrédula, não que realmente pudesse distinguir muito a alta e escura

figura de pé junto a mim.

- Adrian? – A altura estava correta, também a textura. Conforme olhava, me

senti mais e mais segura. Suas mãos estabilizaram meu tremor. Estava tão feliz

de ver um rosto conhecido...de ver ele...que quase me afundei em seus braços de

alívio.

- É você? Como me encontrou?

- É o único ser humano aqui fora com uma aura amarela e roxa. – disse –

Faz com que seja fácil te identificar.

- Não, quero dizer. Como me encontrou aqui. Neste recinto?

- Segui os outros. Me disseram para não fazer, mas...bom – Debaixo da débil

luz da lua apenas pude ver seu encolher de ombros – Não sigo bem as instruções.

Quando Castille saiu com Sonya e começou a balbuciar sobre como havia saído

por alguma porta, pensei em dar uma volta rápida ao redor. Não acredito que

supunha que fizesse isso tampouco, mas os guardiões estavam ocupados.

- Está louco – disse, apesar de feliz por saber que não havia sido

abandonada neste miserável lugar – Os Guerreiros estão tão loucos que

provavelmente matariam um Moroi a primeira vista que tivessem.

Ele puxou minha mão para a frente. Mesmo através de sua brincadeira, tinha

um tom duro em suas palavras. Ele estava consciente do perigo que

enfrentávamos.

- Então é melhor sairmos daqui.

Adrian me levou de volta na direção que eu tinha vindo, em seguida, deu a

volta ao lado oposto do prédio. Eu não vi as luzes da auto-estrada ainda, mas ele

logo se virou e começou a correr em direção a borda mais distante da

propriedade, longe do edifício. Eu corri ao lado dele, ainda segurando sua mão.

- Onde vamos? – perguntei.

- Os Guardiões se reuniram na parte posterior, para não serem vistos. Essa

parte da cerca foi desativada...você pode escalá-la.

- Claro que posso escalá-la. Sou praticamente um prodígio na Educação

Física. – assinalei – a pergunta é, você pode senhor fumante?

A cerca começou a tomar forma a medida que ela bloqueava algumas

estrelas.

- Essa é a seção. Atrás do arbusto de aspecto selvagem. – disse Adrian. Não

podia ver nenhum arbusto mas confiava em seus olhos – Iremos um pouco mais

além dela, há uma rota rural que os guardiões utilizaram como um ponto de

parada. Estou estacionado ali.

Nos detivemos em frente a cerca, ambos um pouco sem alento. Olhei para

cima.

- Tem certeza de que está desligada?

- Estava quando entramos – disse Adrian, mas pude ouvir um pouco de

incerteza em sua voz – Você acha que esses caras teriam começado a agir em

conjunto o suficiente para já ter arrumado?

- Não – admiti – Mas ainda assim eu gostaria de ter certeza. Quero dizer, a

maioria das cercas elétricas comerciais não ferem alguém significativamente, mas

eu gostaria de saber.

Ele olhou ao redor.

- Podemos jogar um pedaço de pau?

- A madeira não é condutora – revirei minha bolsa e encontrei o que queria:

uma caneta de metal com cabo de espuma – Com sorte, a espuma bloqueará a

pior parte se a cerca estiver realmente ligada.

Tentando não fazer uma careta, me estiquei e toquei a cerca com a ponta da

caneta, esperando que uma intensa descarga me enviaria voando para trás. Não

aconteceu nada. Lentamente deslizei a caneta pela cerca, já que a maioria dos

objetos eletrificados tinham um pulso intermitente. Esse contato seria necessário.

- Parece limpo – disse, exalando com alívio e voltando para Adrian – Acredito

que podemos...ahh!

Uma forte luz brilhou em meus olhos, cegando-me e acabando com qualquer

visão noturna que tinha adquirido aqui fora. Ouvi Adrian gritar também de

surpresa.

- É a garota! – exclamou uma voz masculina – E...e um deles!

A lanterna foi retirada de meu rosto e alguns pontos seguiam dançando na

minha visão, pude distinguir duas figuras descomunais que nos cercavam

rapidamente. Estavam armados? Minha mente se acelerou.

Se estivessem ou não, continuavam sendo uma ameaça evidente já que ao

parecer, os Guerreiros gostavam de praticar batendo um no outro em seu tempo

livre e eu e Adrian não.

- Não se movam – disse um deles. Uma folha clareou pelo brilho da lanterna

que havia caído. Não tão mal quanto uma pistola, mas tampouco genial. – Ambos

venham conosco, de volta para dentro.

Desafortunadamente para eles, eu tinha alguns truques na manga.

Rapidamente coloquei a caneta em meu bolso e peguei outra das tarefas da Srta.

Terwilliger: um bracelete fino e redondo de madeira. Antes de que qualquer dos

Guerreiros pudesse fazer algo, rompi o círculo de madeira em quatro partes e

lançei ao chão, invocando outro encantamento em latim. Uma vez mais, senti a

emoção do poder e seu júbilo. Os homens gritaram, havia lançado um feitiço de

desorientação, um que arruinava o equilíbrio e deixava sua visão borrada e

surrealista. Funcionava muito parecido com o feitiço da cegueira, afetando os que

me rodeavam.

Me lancei pra frente e empurrei um dos nossos agressores para baixo. Caiu

facilmente, muito incapacitado pelo feitiço para resistir. O outro tipo estava tão

alterado que havia deixado cair a lanterna e estava praticamente no chão já que

seus intentos para se equilibrar fracassaram. Sem demorar, dei um bom chute no

processo. Não precisava necessariamente da visão noturna de Adrian, mas estes

dois estariam indefesos na escuridão enquanto o feitiço se desfazia.

- Sage! Que demônios você fez comigo?

Me virando, vi Adrian agarrado a cerca, utilizando-a para sustentar a si

mesmo. Em minha busca por deter os Guerreiros, esqueci que o feitiço afetava a

todos que estavam ao meu redor.

- Oh – disse – sinto muito.

- Você sente? Minhas pernas não funcionam!

- É seu ouvido interno, na realidade. Vamos. Segure a cerca e suba. Uma

mão depois da outra.

Me segurei à cerca também e o incentivei a subir. Não era a cerca mais fácil

de subir, não estava eletrificada e não tinha picos e tê-la de apoio diminuía um

pouco a desorientação de Adrian. Não obstante, ainda assim foi um processo

lento, mas fazíamos nosso caminho para cima. Esse feitiço durava um pouco mais

do que o da cegueira, mas eu estava dolorosamente consciente que assim como

quando Adrian estivesse livre do feitiço, os Guerreiros também estariam.

Contra todo o prognóstico, chegamos a parte superior da cerca. Passar por

cima, para o outro lado, foi muito mais difícil, e tive que fazer uma boa quantidade

de acrobacias para ajudar Adrian a fazer a transição enquanto eu permanecia

estável. Finalmente consegui colocá-lo na posição correta para descer.

- Bem – disse – agora só tem que reverter o que você fez antes, com uma

mão na frente da...

Algo escapou, ou sua mão ou seu pé, e Adrian desabou no chão. Não era

uma caída longa, e sua estatura ajudou um pouco...não é que ele estivesse em

condições de usar suas pernas e aterrizar de pé. Fez uma careta.

- Ou simplesmente pode tomar o caminho mais curto para baixo – disse.

Rapidamente desci até ele e o ajudei a se colocar de pé. A não ser a

debilitação pelo feitiço, ele não parecia ter sofrido nenhum dano. Deslizando um

braço ao redor dele e desejando que apoiasse seu peso em mim, tentei correr

pelo caminho que ele havia mencionado, agora ligeiramente visível. “Correr” era

difícil. Era difícil manter Adrian de pé e eu dava tombos continuamente. Saimos

lentamente do lugar, que era quase tanto quanto poderíamos esperar. O estado

de Adrian o deixava torpe e pesado, e sua altura era um verdadeiro inconveniente.

Então, sem prévio aviso, o feitiço se desvaneceu, e Adrian se recuperou num

instante. Suas pernas fortaleceram e seu passo, difícil de manejar, se indireitou.

De repente, foi como se ele me levasse e nós praticamente tropeçamos em nós

mesmo tentando nos adaptar.

- Está bem? – perguntei, deixando-o ir.

- Eu estou agora. Que demônios foi isso?

- Não é importante. O importante é que eles também se recuperaram. Talvez

tenha os golpeado o suficiente para reduzir sua velocidade. – Isso parecia algo

improvável. – Mas de todo modo é melhor corrermos.

Corremos, e sem dúvida ele tinha o sistema respiratório de um fumante

inveterado, suas pernas longas compensavam. Podia me deixar para trás

facilmente, mas desacelerou de maneira que permanecessemos juntos. Quando

começou a se adiantar, pegou minha mão de novo. Gritos soaram atrás de nós e

apaguei a lanterna para ser mais difícil de nos detectar.

- Ali – disse Adrian – vê os carros?

Lentamente, saindo da escuridão, duas caminhonetes se materializaram,

junto com um Mustang de cor amarela muito mais visível.

- Muito discreto. – murmurei.

- A maioria dos guardiões se foram – disse Adrian – mas não todos.

Antes de que pudesse responder alguém me pegou por trás. Em uma

manobra que teria deixado Wolfe orgulhoso, consegui dar um chute para trás que

tanto havia se esforçado para nos ensinar. Peguei meu atacante com surpresa e

me soltou, só para que seu companheiro me empurrasse para o chão.

Três figuras correram dos carros e se lançaram sobre nossos atacantes.

Graças a seu característico sobretudo, supus que Dimitri comandava o grupo.

- Saiam daqui – exclamou para Adrian e para mim – Sabe onde nos

encontrar. Te cubriremos. Conduza rápido, provavelmente estão no caminho.

Adrian me ajudou a levantar, e uma vez mais corremos juntos. Havia

lesionado o tornozelo quando caí, assim me movia devagar, mas Adrian me

ajudou e permitiu que me apoiasse nele. Todo o tempo meu coração ameaçava

sair do meu peito, mesmo quando chegamos a segurança do Mustang. Ele me

guiou para o lado do passageiro.

- Pode entrar bem?

- Estou bem – disse, delizando para dentro e pouco disposta a admitir que a

dor estava aumentando. Rezava para que não tivessemos demorado muito. Não

podia suportar a ideia de ser a responsável pela captura de Adrian.

Satisfeito, Adrian correu para o lado do condutor e arrancou o carro. O motor

rugiu com vida e ele seguiu as ordens de Dimitri ao pé da letra, alcançou uma

velocidade que me causou inveja. Nesta rota rural, parecia improvável que

houvesse alguma polícia. Olhei para trás várias vezes, mas quando chegamos a I-

10, era óbvio que nada havia nos seguido. Suspirei agradecida e apoiei a cabeça

contra o assento, mesmo estando muito longe de estar tranquila. Todavia não

podia dar por certo que estávamos a salvo.

- Ok. – disse. - Como diabos me encontraram?

Adrian não respondeu de imediato. E quando ele fez, me dei conta de que

era de muita má vontade.

- Eddie colocou um dispositivo de rastreio em sua bolsa, quando estavamos

em minha casa.

- Que? Não pode ser! Eles me revistaram.

- Bem, estou certo de que não parecia como um. Eu não sei o que ele

acabou fazendo. Na verdade, ele conseguiu do seu pessoal. Tão pronto quando

Trey confirmou a reunião desta noite, Belikov estava ao telefone com cada

guardião em um raio de duas horas, tentando recrutar ajuda. Também chamou os

Alquimistas e os convenceu de compartilhar algo de tecnologia.

Havia tantas loucuras no que ele havia acabado de dizer, que não sabia por

onde começar a analisar. Todos os tipos de acontecimento tinha ocorrido sem o

meu conhecimento. E ainda assim quando tudo havia sido resolvido, ninguém

havia me falado sobre ele. Além do mais, os Alquimistas haviam participado?

Ajudando os guardiões a me rastrear?

- Os brincos – disse – De lá que veio. O rastreador deve estar em um deles.

Nunca teria imaginado.

- Não me surpreende, conhecendo a maneira como vocês trabalham.

O resto da realidade da noite começou a assentar. O último dos meus medos

desapareceu, só para ser substituido por ira.

- Mentiram para mim! Todos vocês! Deveriam ter me dito o que estavam

fazendo...que estavam me seguindo e que planejavam uma incursão. Como pôde

me esconder isso?

Ele suspirou.

- Eu não queria, acredite. Disse a eles uma e outra vez que era necessário

deixá-la informada. Mas todos temiam que você se negasse a levar o dispositivo

se soubesse. O que, de alguma maneira, você pudesse ter um deslize e revelasse

o plano para esses malucos. Eu não acreditava nisso, contudo.

- E ainda assim, não se incomodou em me dizer você mesmo – espetei,

indignada.

- Não podia! Me fizeram prometer que não diria.

De alguma maneira sua traição doía mais do que a dos outros. Havia

chegado a confiar nele implicitamente. Como podia fazer isso comigo?

- Ninguém acreditava que eu fosse capaz de persuadir os Guerreiros, assim

todos fizeram seus planos de emergência sem mim. – Não importava que eu não

tinha sido capaz de persuadí-los. – Alguém deveria ter me contado. Você deveria

ter me contado.

- Estou te dizendo, queria te contar. Mas estava preso. Você mais do que

ninguém sabe o que é estar preso entre grupos, Sage. Além disso, não se lembra

o que te disse antes de entrar no carro de Trey?

Sim eu lembrava. Quase palavra por palavra. Aconteça o que acontecer,

quero que saiba que nunca duvidei do que vai fazer. É inteligente e valente.

Me encolhi mais no assento e me senti como se estivesse a ponto de chorar.

Adrian estava certo. Sim, sabia o que era ter sua lealdade estendida entre

diferentes grupos. Entendia a posição em que ele estava. Era só uma parte

egoísta de mim que desejava que sua lealdade comigo tivesse sido mais forte do

que com os outros. Ele tentou, disse uma voz interior. Ele tentou dizer.

O ponto de encontro ao qual Dimitri tinha dito a Adrian resultou na casa de

Clarence. O lugar estava cheio de guardiões, alguns dos quais estavam

remendando as lesões do outro. Ninguém havia sido assassinado em nenhum dos

grupos, algo que os guardiões haviam sido muito cautelosos. Os Guerreiros da

Luz já pensavam que os vampiros eram retorcidos e corruptos. Não precisavam

de mais combustível para botar fogo.

Não que o ataque desta noite fosse ajudar no assunto. Não tinha nem ideia

de como iam reagir os Guerreiros, ou se poderia haver alguma represália

preparada. Supunha que os guardiões e os Alquimistas haviam levado isso em

consideração. Me perguntei amargamente se alguns deles compartilhariam suas

opiniões comigo.

- Sei que não devo me oferecer para te ajudar a curar – me disse Adrian, a

medida que passavamos junto a um grupo de guardiões – sente na sala de estar e

trarei um pouco de gelo.

Comecei a dizer que podia conseguir por mim mesma, mas meu tornozelo

doía cada vez mais. Com um assentimento, o deixei e fui para a sala de estar. Um

par de guardiões desconhecidos estavam ali, junto com um radiante Clarence.

Para minha surpresa, Eddie e Angeline também estavam ali, sentados juntos

e...de mãos dadas?

- Sydney! – exclamou ele. Imediatamente soltou a mão de Angeline e correu

para mim, assombrando-me com um abraço. – Graças a Deus que está bem.

Odiei ter que te deixar lá. Isso não era parte do plano. Supunhamos que trariamos

você junto com Sonya.

- Sim, bom, quem sabe na próxima vez, alguém possa me informar sobre o

plano – disse con intenção.

Eddie fez uma careta.

- Eu sinto por isso. Realmente sinto. Nós simplesmente...

- Eu sei, eu sei. Não pensaram que aceitaria, temiam que algo saísse mal,

etc, etc.

- Sinto muito.

Não o perdoei completamente, mas estava cansada demais para pressionar

muito mais.

- Simplesmente me diga isso – disse, baixando a voz – estava segurando a

mão de Angeline?

- Er. Sim. Só estávamos...conversando. Quero dizaer, isso é...acredito que

poderíamos sair em algum momento. Não na escola, claro, porque todo mundo

pensa que somos parentes. E provavelmente não seria nada sério. Quero dizer,

ela está, todavia, um pouco fora de controle, mas não é tão mal quanto eu

pensava. E esteve realmente genial nesta batalha. Sinto que devo tirar da minha

cabeça essa fantasia com Jill e provar algumas coisas normais. Você me

empresta seu carro.

Tive que recolher minha mandíbula do chão.

- Claro. – disse – Está longe de minha intenção deter um incipiente romance.

– Deveria dizer a ele que Jill poderia não ser uma fantasia, depois de tudo? Não

queria me intrometer. Eddie merecia ser feliz, mas não podia evitar de me sentir

um pouco mal por ter dito para Jill que ele podia estar interessado. Esperava não

ter feito as coisas mais complicadas.

Adrian voltou com uma bolsa de gelo. Sentei em uma cadeira e ele me

ajudou a colocar o gelo no tornozelo depois de ter apoiado em um banco. Relaxei

a medida que o gelo começou a adormecer a dor, com esperança de que tivesse

quebrado nada.

- Não é emocionante? – me perguntou Clarence – Finalmente puderam ver

os caçadores de vampiros vocês mesmos!

Não estava segura de descrever a noite com tanto entusiasmo, mas tinha

que lhe conceder um ponto.

- Tem razão – disse – Sinto por não acreditar antes.

Ele me ofereceu um sorriso amável.

- Está bem querida. Provavelmente eu tampouco teria acreditado em um

velho louco.

Devolvi o sorriso e logo pensei em algo que me ocorreu antes.

- Senhor Donahue...você disse que quando se encontrou com os caçadores

antes, este humano chamado Marcus Finch interveio em seu nome.

Clarence assentiu ansiosamente.

- Sim, sim. Bom jovem, esse Marcus. Certamente espero encontrá-lo de

novo algum dia.

- Era um alquimista? – eu perguntei. Vendo o olhar perplexo de Clarence,

toquei a bochecha. – Tinha uma tatuagem como a minha?

- Igual a sua? Não, não. Era diferente. É dificil de explicar.

Me inclinei mais a frente.

- Mas ele tinha uma tatuagem na bochecha?

- Sim. Não viu na foto?

- Que foto?

O olhar de Clarence se voltou pensativo.

- Podia jurar que te mostrei algumas das fotos de minhas viagens, da época

em que Lee e Tamara eram jovens...ah, que bons dias esses.

Trabalhei duro para manter a paciência. Os momentos coerentes de

Clarence as vezes era difícil de conseguir.

- E Marcus? Tem uma foto dele também?

- Claro. Uma encantadora de nós dois juntos. Procurarei um dia e te

mostrarei.

Queria pedir que me mostrasse agora, mas com sua casa tão cheia de

gente, não parecia o momento adequado.

Dimitri chegou pouco depois, junto com os últimos guardiões que tinham

estado lá. Dimitri de imediato perguntou por Sonya, que eu sabia que estava

descansando em seu quarto. Adrian havia se oferecido para curá-la, mas Sonya

tinha suficiente claridade mental para recusar, dizendo que só queria sangue,

descanso e uma oportunidade para que os medicamentos desaparecessem de

forma natural.

Uma vez que Dimitri conseguiu essa informação e pode se tranquilizar

quanto a Sonya, veio diretamente a mim, olhando para baixo de sua elevada

altura para onde estava sentada com o gelo.

- Sinto muito – disse – Sei que a essa altura já deve saber o que aconteceu.

- Que fui enviada a uma situação perigosa com só a metade da informação

que precisava? – perguntei – Sim, sei tudo sobre isso.

- Não sou um fanático por mentiras e as meias verdades – disse – desejaria

que tivesse tido outra maneira. Tivemos tão pouco tempo, e esta parecia a melhor

opção. Ninguém duvidava da sua capacidade para a razão e apresentar um caso

convincente. Era da habilidade dos guerreiros para escutar e racionalizar que

duvidávamos.

- Pude ver porque vocês não me confiaram o plano – em volta de mim vi

Adrian estremecer pela forma que havia dito vocês. Não queria dizer nada

intencionalmente com isso, mas agora me dava conta de que soava muito

condescendente e alquimista; tão eles contra nós. – Mas não posso acreditar que

os alquimistas permitiram...toleraram que me mantivessem fora de qualquer

informação.

Não havia mais cadeiras livres, então Dimitri apenas se sentou com as

pernas cruzadas.

- Não há muito que possa dizer sobre isso. Como te disse, havia pouco

tempo, e quando falei com Donna Stanton, sentiu que seria mais seguro que não

soubesse o que aconteceria. Se te faz sentir melhor, fui muito firme sobre que te

mantivessem a salvo uma vez que estivessemos ali.

- Talvez – disse – Seria melhor se ela tivesse pensado em como poderia me

sentir quando me inteirasse de que não era de confiança no que se refere a

informação vital.

- Sim, pensou – disse Dimitri, parecendo ligeiramente incomodado. – Disse

que não se importaria porque entende a importância de não questionar as

decisões de seus superiores e que sabe que o que fazem é o melhor. Disse que é

uma alquimista exemplar.

Não questionar. Eles sabem o que é melhor. Não podemos correr nenhum

risco.

- É claro que disse. – eu disse. Eu nunca questiono nada.

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