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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 23

Sonya levou alguns dias para se recuperar, o que atrasou a sua volta para a

Pensylvânia. Quando estava bem para ir ao aeroporto, me ofereci para levá-la. O

carro alugado havia sido encontrado, mas Dimitri estava usando para limpar

depois da missão. Em menos de vinte e quatro horas, os Guerreiros haviam

desocupado o lugar, que era na verdade um centro de viagens geralmente usado

para retiros. Quase não haviam deixado rastros de sua presença, mas isso não

deteve os guardiões de limpar cada centímetro do acampamento abandonado.

- Obrigada de novo – disse Sonya – Sei como ocupada você deve estar.

- Não tem problema. É fim de semana, e de qualquer maneira é para isso

que estou aqui...para ajudar.

Ela riu suavemente para si mesma. Sua recuperação nos últimos dias havia

sido notável, e agora parecia tão charmosa e brilhante como sempre. Hoje estava

com seu cabelo solto, deixando-o cair em ondas selvagens ao redor das linhas

delicadas de seu rosto.

- Certo, mas parece que começa a ter que ir mais além de sua descrição de

trabalho.

- Simplesmente estou feliz de que está bem – disse formalmente. Havia

crescido em volta de Sonya e estava triste de vê-la ir. – Lá na arena...bom, foi um

pouco assustador.

Algo de sua diversão se desvaneceu.

- Foi. Estive fora a maior parte do tempo e realmente não fui capaz de

processar o que estava se passando ao meu redor. Mas me lembro das suas

palavras. Estava muito surpreendente, para não mencionar valente, enfrentando a

multidão e me defendendo. Sei o quão difícil deve ter sido estar do lado oposto

daqueles da sua própria classe.

- Essas pessoas não são da minha classe – disse firmemente. Uma parte de

mim perguntou exatamente quem era de minha classe. – O que vai acontecer com

sua investigação agora?

- Oh, continuarei com ela. Dimitri também voltará em breve, e há outros

investigadores que podem nos ajudar na Corte. Ter um usuário de espírito objetivo

como Adrian foi extremamente útil, e conseguimos bastante informação para

ficarmos ocupados agora, graças as amostras de sangue e as observações da

aura. Permitiremos que Adrian continue com sua arte e ele se colocou a

disposição para mais adiante se precisarmos dele outra vez.

- Sonya, sobre meu sangue...

- Não se preocupe com isso – interrompeu – Tinha razão sobre estar sendo

agressiva e também sobre necessitarmos nos focar em Dimitri primeiro. Além do

mais, poderíamos estar fazendo algum avanço em conseguir a ajuda dos

Alquimistas.

- De verdade? – Stanton havia parecido muito contra isso quando

conversamos – Disseram que sim?

- Não, mas disseram que entrariam em contato.

Ri.

- Com eles, essa é uma resposta muito positiva.

Fiquei em silêncio por um momento, perguntando-me se isso significava que

todos esqueceriam do meu sangue. Entre os Guerreiros e a potencial ajuda

Alquimista, seguramente meu sangue já não era importante. Depois de tudo, o

estudo inicial não havia encontrado nada de especial. Ninguém tinha razão para

se preocupar com o meu sangue. Exceto que o assunto era que...eu estava um

pouco preocupada. Porque não importava o muito que eu temia ser usada como

experimento, essa pergunta persistente não me deixaria em paz. Porque o Strigoi

não havia sido capaz de beber meu sangue?

A menção anterior de auras me lembrou outra pergunta que me corroia.

- Sonya? O que significa a cor roxa na aura de alguém? Adrian disse que ele

viu na minha, mas não me disse o que era.

- Típico – disse com uma risada entre dentes – A cor roxa...bom, vamos ver.

Pelo que tenho observado, é uma cor complexa. É uma cor espiritual, mas

apaixonado, está ligado aqueles que amam profundamente e também buscam

uma vocação mais elevada. É interessante já que tem muita profundidade. A cor

branca e ouro tende a ser cores associados com poderes mais superiores e

matafísicos, assim como o roxo e o laranja estão ligados ao amor e instintos mais

baixos. O roxo tem o melhor de tudo isso. Desejaria poder explicá-lo mais

claramente.

- Não, isso tem sentido – disse, estacionando no caminho circular de entrada

do aeroporto – Mais ou menos. Ainda não soa exatamente como eu.

- Bem, dificilmente é uma ciência exata. E ele tem razão...está em você.O

assunto é... – Havíamos nos detido e a vi me estudando cuidadosamente – Eu

tinha notado antes. Quero dizer, estou segura de que sempre tem estado aí, mas

cada vez que te via, simplesmente via o amarelo da maioria dos intelectos. Adrian

não é tão esperto em ler auras como eu sou, assim que estou surpreendida que

ele notou algo que eu não notei.

Não era a única. Espiritual, apaixonada...eu de verdade era essas coisas?

Adrian acreditava que eu era essas coisas? A ideia fez eu me sentir quente em

todas as partes. Exaltada...e confusa.

Sonya parecia estar a ponto de dizer algo mais sobre o assunto e logo

mudou de opinião. Clareou a garganta.

- Bem, então. Aqui estamos. Obrigada pelo passeio.

- Não tem problema. – disse, minha mente no entanto navegava em visões

roxas – Tenha uma boa viagem.

Abriu a porta do carro e se deteve.

- Ah, tenho algo para você. Clarence me pediu que te desse.

- Clarence?

Sonya procurou em seu bolso e encontrou.

- Aqui está. Foi bastante firme que você tivesse...já sabe como ele é quando

se trata de algo.

- Eu sei. Obrigada.

Sonya se foi e a curiosidade me fez abrir o envelope antes de ir. Dentro

havia uma fotografia, mostrando Clarence e um cara jovem, quase da minha

idade, que parecia humano. Os dois tinham seus braços ao redor do outro e

estavam sorrindo para a câmera. O garoto desconhecido tinha cabelo loiro liso

que apenas chegava a seu queixo e olhos azuis impressionantes que destacavam

contra sua característica bronzeada. Era extremamente bonito, e seus olhos

refletiam seu sorriso, que também tinha um pouco de tristeza.

Estava tão focada na sua boa aparência que não notei sua tatuagem

imediatamente. Estava sobre sua bochecha esquerda, um desenho abstrato feito

de meias luas agrupadas de vários tamanhos e orientações, que estavam juntas

de modo que quase pareciam como uma videira. Era exótico e charmoso; a tinta

índigo forte quase coincidia com seus olhos. Estudando mais o desenho, notei

algo familiar em sua forma e jurei que podia ver um brilho tênue de dourado

bordando as linhas azuis. Quase deixei cair a foto de surpresa. As meias luas

haviam sido tatuadas sobre o lírio Alquimista. Voltei a olhar para a foto. Uma

palavra estava gravada sobre esta: Marcus.

Marcus Finch, quem os guerreiros haviam clamado que era um ex-

Alquimista. Marcus Finch, quem os alquimistas haviam clamado que não existia. A

coisa louca era, a menos que alguém fosse trancado como Keith contou, não

haviam "ex-Alquimistas." Você estava nisso para a vida toda. Você não pode ir

embora. No entanto, o lírio obscurecido falava por si. A menos que Marcus tinha

uma mudança de nome que de alguma forma iludiu os Alquimistas, Stanton e os

outros estavam mentindo para mim sobre saber quem ele era. Mas por quê?

Houve algum racha? Há uma semana, teria dito que era impossível que Stanton

não tivesse me dito a verdade sobre ele, mas agora, sabendo como a informação

era dividida cuidadosamente em parcelas...teria que perguntar.

Olhei fixamente a foto uns momentos mais, presa nesses olhos azuis

assombrosos. Logo a guardei e voltei para Amberwood, resolvi manter a fotografia

secreta. Se os alquimistas queria me negar a existência de Marcus Finch, iria

continuar deixando que eles fizessem isso até eu descobrir o porque. Isso

significava que minha única pista era Clarence e os guerreiros ausentes. Ainda

assim, era um começo.

De alguma maneira, alguma vez, iria encontrar Marcus Finch e obteria

minhas respostas.

Estava surpreendida de ver Jill sentada fora do nosso dormitório quando

entrei. Estava na sombra, e era capaz de desfrutar do agradável clima sem a força

completa do sol. Por fim, havíamos passado para uma espécie de outono por aqui,

não era que vinte e seis graus podia ser associado ao clima de outono. O rosto de

Jill estava pensativo, mas brilhou um pouco quando me viu.

- Olá, Sydney. Tinha a esperança de te encontrar. Já não posso te encontrar

sem seu telefone.

Fiz uma careta.

- Sim, preciso substituí-lo. Foi uma grande pena.

Ela assentiu em compaixão.

- Levou Sonya?

- Está a caminho de voltar a Corte e a Mikhail...e espero que a uma vida

muito mais pacífica.

- Isso está bem – disse Jill. Desviou o olhar e mordeu o lábio inferior.

Eu a conhecia o suficientemente bem agora para reconhecer sinais quando

estava se preparando para me dizer algo. Também sabia que não devia

pressionar, assim esperei pacientemente.

- Eu disse – disse ela afinal – Eu disse a Micah que está terminado...

verdadeiramente terminado.

O alívio fluiu através de mim. Uma coisa a menos para me preocupar.

- Sinto muito – disse – Sei que deve ter sido difícil.

Tirou o cabelo de seu rosto enquanto considerava.

- Sim. Eu não. Eu gosto. Eu gostaria de seguir passando um tempo com ele,

como amigos, se ele quiser. Mas não sei. Ele não gostou muito...e nossos amigos

em comum? Bem...não estão muito felizes comigo agora. – Tratei de não gemer.

Jill havia avançado tanto em seu status aqui, e agora isso podia se destruir. – Mas

é melhor. Micah e eu vivemos em mundos diferentes, tenho estado pensando

muito em amor...como, o amor épico... – levantou o olhar para mim por um

momento, seus olhos se suavizando – E isso não era o que tinhamos. Acredito

que se estou com alguém, é isso que deveria sentir.

Acreditava que o amor épico era uma espécie de extensão para alguém de

sua idade, mas não disse.

- Vai ficar bem?

Ela voltou para a realidade.

- Sim, vou. – Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios. – E uma vez que

isso tiver passado, talvez Eddie queira sair alguma vez...fora do campus, claro.

Vendo como estamos “relacionados.”

Suas palavras eram quase uma repetição do que havia escutado na outra

noite na casa de Clarence, e a olhei surpreendida quando a compreensão me

bateu.

- Não sabe...acreditei que sabia já que Angeline é sua companheira de

quarto...

Jill franziu o cenho.

- Do que está falando? O que eu não sei?

Oh Deus. Porque, porque, tinha que ser eu a entregar a notícia? Porque não

podia estar trancada no meu quarto ou na biblioteca fazendo algo agradável, como

uma tarefa?

- Eddie, humm, convidou Angeline para sair. Não sei quando vai ser, mas ele

decidiu dar uma oportunidade para ela. – Não havia pego meu carro emprestado,

assim que provavelmente ainda não haviam saído.

Jill parecia afligida.

- O que? Eddie e Angeline? Mas...ele não suportava ela...

- Algo mudou – disse sem convicção – Não estou certa do que. Não é

como... é, amor épico, mas eles tem se acertado na última semana. Sinto muito.

Jill parecia mais devastada por isso do que por terminar com Micah.

Desviou o olhar e piscou para espantar as lágrimas.

- Está bem. Quero dizer, nunca o encorajei. Provavelmente acredita que

estou saindo com Micah. Porque deveria ter esperado? Deveria ter alguém.

- Jill...

- Está bem. Estarei bem. – Parecia tão triste e logo, surpreendentemente,

seu rosto ficou mais escuro. – Oh Sydney. Vai ficar zangada comigo.

Estava pensando em Micah e me senti totalmente confundida pela mudança

do tema.

- Porque?

Ela colocou a mão no bolso e tirou uma revista. Era alguma revista de

turismo do sul da Califórnia, com artigos e anúncios onde se expunha as áreas.

Uma das páginas estava marcada e abri ela. Era um anúncio de página completa

para Lia DiStefano, uma colagem de fotos de seus vários desenhos.

E uma das fotos era de Jill.

Levei um momento para percebê-la. A foto era de perfil, com Jill com óculos

de sol e um chapéu de feltro, também com um cachecol colorido como um pavão

real que Lia tinha dado. O cabelo ondulado de Jill fluía atrás dela e os ângulos de

seu rosto estavam charmosos. Se não conhecesse Jill nunca a teria identificado

como essa modelo, ainda que certamente seria óbvio que era uma Moroi para

qualquer um que soubesse o que buscar.

- Como? – exigi – Como aconteceu isso?

Jill deu uma respiração profunda, pronta para aceitar sua culpa.

- Quando deixou as roupas e me deu o cachecol, perguntou se deixaria tirar

uma foto para ver como seriam fotografadas as cores. Tinha outros acessórios no

carro e também coloquei. Queria me provar que com a cobertura correta, poderia

esconder minha identidade. Mas nunca pensei...quero dizer, não disse que as

usaria. Deus, me sinto tão estúpida.

Talvez não estúpida, mas inocente. Quase destruí a revista. Estava furiosa

com Lia. Parte de mim queria processá-la por usar uma foto de uma menor sem

autorização, mas tinhamos problemas maiores. Quão extensa era a circulação

dessa revista? Se Lia havia colocado a foto de Jill só para ser mostrada na

Califórnia, talvez ninguém a reconheceria. Ainda assim, uma modelo Moroi

poderia surpreender as pessoas.Quem sabe que problemas causaríamos agora?

- Sydney, sinto muito – disse Jill – Que posso fazer para remediar?

- Nada – disse – exceto se manter longe de Lia. – Me senti doente. – Me

encarregarei disso. – Só não sabia como. Só podia rezar para que ninguém

notasse a foto.

- Farei o que você precisar se pensar em algo. Eu... – Seus olhos se

arregalaram por algo atrás de mim. – Talvez devessemos conversar mais tarde.

Olhei para trás. Trey estava caminhando em nossa direção. Outro problema

com o qual lidar.

- Provavelmente é uma boa ideia. – disse. A pena de Jill e a publicidade

teriam que ficar em segundo plano. Ela se foi quando Trey chegou e parou ao meu

lado.

- Melbourne – disse, testando um de seus velhos sorrisos. Este titubeou um

pouco.

- Não sabia que estava por aqui – disse – Acreditei que havia ido com os

outros. – Os guerreiros haviam se dispersado como o vento. Trey havia dito antes

que eles viajavam pelas suas “casas” e o Mestre Angeletti também havia

mencionado encontros em diversos lugares do país. Provavelmente, todos haviam

regressado ao lugar de onde tinham vindo. Havia acreditado que Trey

simplesmente desapareceria também.

- Nope – disse – Aqui é onde vou a escola, onde meu pai quer que eu

permaneça. Além do mais, os outros Guerreiros nunca tiveram uma base

permanente em Palm Springs. Se movem onde quer...

Não pode terminar, assim eu disse.

- Aonde quer que recebam dicas sobre monstros que possam executar

brutalmente?

- Não foi assim – disse – Acreditávamos que ela era uma dos Strigoi. Ainda

acreditamos.

Analisei seu rosto, esse garoto que eu havia acreditado que era meu amigo.

Estava bastante segura de que era.

- Você não. Por isso perdeu a luta de propósito.

- Não fiz. – protestou

- Você fez. O vi vacilar quando podia ter eliminado Chris. Não queria ganhar.

Não queria matar Sonya porque não estava certo de verdade se ela era um

Strigoi.

Ele não negou.

- Mas acredito que todos eles devem ser destruídos.

- Eu também. – reconsiderei. – Bem, a menos que haja uma maneira de

salvar todos, mas isso é incerto. – Apesar do muito que havia dito enquanto

defendia Sonya, não estava muito cômoda em revelar segredos e experimentos. –

Se os guerreiros viajam ao redor do mundo, o que acontecerá a proxima vez que

estiverem aqui na área? Inclusive em Los Angeles? Se unirá a eles outra vez?

Viajará para a seguinte casa?

- Não. – a resposta foi dura. Franca, inclusive.

A esperança surgiu em mim.

- Decidiu se separar deles?

As emoções no rosto de Trey eram difíceis de ler, mas não pareciam

emoções felizes.

- Não. Eles decidiram nos isolar...meu pai e a mim. Fomos marginalizados.

Olhei fixamente por uns momentos, perdida nas palavras. Não gostava dos

guerreiros e da participação de Trey, mas isso não era o que estava tentando

alcançar.

- Por minha culpa?

- Não. Sim. Não sei. – encolheu os ombros. – Indiretamente, suponho. Não

te culpam pessoalmente nem os Alquimistas. Todavia querem formar uma equipe

com os Alquimistas. Imaginaram que você simplesmente se comportou a sua

maneira tipicamente equivocada. Mas eu? Fui eu que te coloquei lá, quem jurou

que tudo estaria bem. Por isso me culpam pelo lapso de juízo e as consequências

disso. Os outros também estão aceitando a culpa, o conselho está de acordo,

porque a segurança não deteu o ataque, mas isso não me faz me sentir melhor.

Papai e eu somos os únicos exilados.

- Eu..eu sinto muito. Nunca acreditei que algo como isso aconteceria.

- Não tinha o porque – disse pragmático, apesar de seu tom de voz ainda

estar triste – Até certo ponto, tem razão. Fui eu que te meti lá. É minha culpa e

estão castigando meu pai pelo que eu fiz. Essa foi a pior parte. – Trey estava

tentando parecer relaxado, mas podia ver a verdade. Havia trabalhado tão duro

para impressionar seu pai e acabou causando-lhe a pior humilhação. As seguintes

palavras de Trey confirmaram. – Os guerreiros tem sido toda a vida do meu pai.

Ser expulso é como...bem, ele está levando muito mal. Tenho que encontrar uma

maneira de voltar a entrar...por ele. Suponho que não saiba onde tem um Strigoi

fácil de matar, verdade?

- Não – disse – Especialmente já que nenhum deles são fáceis de matar. –

Estava insegura de como proceder – Trey, o que significa isso para nós? Entendo

que já não podemos ser amigos...vendo como eu, uh, arruinei o trabalho da sua

vida.

Um indício de seu antigo sorriso voltou.

- Nada está arruinado para sempre. Eu te disse, voltarei a entrar. E se não é

por matar um Strigoi, quem sabe? Talvez se aprender mais de vocês, posso

achar uma brecha entre nossos grupos e fazer com que todos trabalhemos juntos.

Isso me daria alguns pontos.

- É bem vindo para tentar – disse diplomaticamente. Na realidade não

acreditava que isso aconteceria, e podia dizer.

- Bom, descobrirei algo então, algum movimento grande para chamar a

atenção dos guerreiros e pedir que meu pai e eu voltemos a estar com eles.

Tenho que fazer. – Seu rosto começou a escurecer outra vez, mas então tive um

breve regresso de seu sorriso...um cheio de tristeza – Sabe o que é pior? Agora

não posso convidar Angeline para sair. Passar tempo com você é uma coisa,

ainda mais se sou um marginalizado, mas não posso arriscar ser amistoso com

um Moroi nem com um dhampir. Especialmente não posso sair com uma. Quero

dizer, eu percebi o que ela era a um tempo atrás, mas poderia ter jogado de tolo.

Esse ataque à arena meio que destruiu qualquer oportunidade disso. Os

guerreiros tampouco gostam dos dhampirs, você sabe. Dhampirs e Moroi.

Também os encantaria vê-los derrotados...eles simplesmente acreditam que é

muito difícil e não é uma prioridade agora.

Algo nessas palavras me fez tremer, sobretudo porque me lembrou do

comentário casual dos guerreiros sobre eliminar eventualmente os Moroi. Os

Alquimistas certamente não tinham carinho pelos dhampirs e pelos Moroi, mas

estavam muito longe de querer acabar com eles.

- Eu tenho que ir – Trey alcançou seu bolso e me entregou algo que eu

estava agradecida de ver. Meu telefone. – Imaginei que estava querendo isso.

- Sim. – O peguei com entusiasmo e liguei. Não sabia se o recuperaria e

estava a ponto de comprar um novo. Esse tinha três meses e praticamente era

antiquado de todos os modos. – Obrigada por salvá-lo. Oh. Veja – Li a tela – Há

um monte de mensagens de Brayden. – Não havíamos nos falado desde a noite

do desaparecimento de Sonya.

O sorriso malicioso de Trey que eu tanto gostava voltou.

- Melhor você ficar com esse então. O amor verdadeiro não espera por nada.

- Amor verdadeiro, huh? – Sacudi minha cabeça em exasperação. – É bom

ter você de volta.

Isso me valeu um sorriso franco.

- Te vejo por aí.

Tão logo quando estava só, escrevi uma mensagem a Brayden: Sinto por

não responder. Perdi meu telefone durante três dias. Sua resposta foi quase

imediata: Estou no trabalho, tenho um descanso logo. Você vem? Pensei nele.

Vendo que não tinha que salvar vidas agora, este era um bom momento quanto

qualquer outro. Respondi que estava saindo de Amberwood agora.

Brayden tinha meu café favorito pronto para mim quando cheguei a Spencer.

- Baseado em quando saiu de lá, calculei quando necessitaria fazê-lo para

que estivesse quente quando chegasse.

- Obrigada. – disse, tomando-o. Me senti um pouco culpada por ter uma

reação emocional maior por ver o café do que por ver ele.

Me disse que o outro barista estava em seu descanso e logo me levou para

uma mesa longe.

- Isso não levará muito tempo – disse Brayden – Sei que provavelmente tem

muitas coisas para fazer essa semana.

- Na verdade as coisas estão começando a se acalmar – disse

Tomou uma respiração profunda, demonstrando a mesma ansiedade e

determinação que havia tido quando me pediu para sair.

- Sydney – disse, sua voz formal – Creio que não deveríamos nos ver mais.

Me detive a meio gole.

- Espera...o que?

- Sei o quão devastador que provavelmente isso é para você – adicionou –

Eu admito, também é difícil para mim. Mas frente a luz dos acontecimentos

recentes, está bastante claro que não está pronta para uma relação.

- Acontecimentos recentes?

Assentiu solenemente.

- Sua família. Você quebrou vários de nossos compromissos sociais para

estar com eles. Ainda que essa devoção familiar seja admirável, simplesmente

não posso estar em uma relação volátil.

- Volátil? – Continuei repetindo suas palavras e finalmente me obriguei a

tomar o controle – Então...deixe-me ver se entendi bem. Está terminando comigo.

Ele meditou.

- Sim. Sim, eu estou fazendo.

Esperei, em busca de uma reação interna. Uma torrente de dor. A sensação

de que meu coração estava se rompendo. Alguma emoção, na realidade. Mas em

sua maioria, tudo o que senti foi uma espécie de surpresa, perplexidade.

- Uh – disse

Isso aparentemente foi o suficiente de uma reação perturbadora para

Brayden.

- Por favor não faça isso mais difícil. Te admiro muito. É absolutamente a

garota mais inteligente que já conheci. Mas simplesmente não posso me envolver

com alguém tão irresponsável como você.

O olhei.

- Irresponsável.

Brayden assentiu de novo.

- Sim.

Não sei onde começou, em algum lugar em meu estômago ou meu peito,

talvez. Mas de repente, fui consumida por uma risada incontrolável. Não pude me

deter. Tive que baixar meu café, para que não derramasse. Ai tive que enterrar

meu rosto em minhas mãos para limpar as lágrimas.

- Sydney? – perguntou Brayden cautelosamente – Esta é um tipo de reação

de dor histérica?

Levou quase outro minuto para que me acalmasse o suficiente para

contestar.

- Oh, Brayden. Fez meu dia melhor. Me deu algo que nunca pensei que

receberia. Obrigada. – Peguei meu café e levantei. Me olhou completamente

perdido.

- Uhm, de nada?

Deixei a cafeteria, rindo como uma tonta. Durante todo o último mês, tudo em

minha vida havia sido uma ou outra vez sobre como responsável eu era, diligente,

exemplar. Havia sido chamada de um montão de coisas. Mas nunca, jamais, havia

sido chamada de irresponsável.

E eu gostava um pouco disso.

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