Infelizmente, eu não conseguia lembrar onde eu tinha sentido isso antes. Considerando tudo o mais que aconteceu comigo, o fato de que eu sequer lembrava era incrível. Minhas memórias estavam um pouco espalhadas, mas eu fiz o meu melhor para passar por eles, me perguntando onde eu tinha experimentado aquele formigamento no meu cérebro. Eu não recebi respostas, mas ponderando tudo logo se tornou frustrante bolar um plano de fuga. E quanto mais tempo passava, eu percebi que eu realmente precisava de um plano de fuga. A desintoxicação das endorfinas estava me matando, mas eu estava pensando cada vez mais claramente enquanto os efeitos deixavam meu sistema. Eu fiquei surpresa com o que deixei me tornar. Assim que permiti Dimitri me morder... eu desmoronei. Eu perdi minha prioridade. Perdi minha força e habilidades. Eu me tornei suave e boba e idiota. Bem, não totalmente. Se eu tivesse me perdido completamente, eu seria um Strigoi agora.
Havia algum conforto, pelo menos, em saber que mesmo no alto das mordidas, uma parte de mim ainda lutou e se recusou a sucumbir. Saber que eu não era totalmente fraca quanto eu acreditava me ajudou a continuar. Fez mais fácil ignorar a dor no meu corpo, para me distrair com a TV e comendo a comida que havia no refrigerador. Eu até fiquei acordada por um longo tempo na esperança de ficar exausta. Funcionou, e cai no sono assim que atingi o
travesseiro, caindo num sono sem sonhos com nenhum efeito da desintoxicação. Eu fui acordada mais tarde quando um corpo subiu na cama ao meu lado. Eu abri meus olhos e olhei diretamente para os olhos vermelhos de Dimitri. Pela primeira vez em dias, eu olhei para ele com medo, não amor. Eu mantive isso fora do meu rosto, e sorri para ele. Eu o alcancei e toquei seu rosto.
“Você voltou. Senti sua falta.”
Ele pegou minha mão e beijou minha palma. “Eu tinha coisas para fazer.”
A sombra mudou no rosto dele, e eu vi um pequeno deslumbre de sangue seco na boca dele. Fazendo careta, eu o esfreguei com meu dedo. “Então eu vejo.”
“É a ordem natural, Rose. Como está se sentindo?”
“Melhor. A não ser...”
“O que?
Eu desviei o olhar, conflitada de novo. O olhar nos olhos dele naquele momento era mais do que simples curiosidade. Havia preocupação ali – só um pouco – mas estava ali. Preocupação por mim. E ainda sim, apenas um momento atrás eu limpei o sangue da boca dele – sangue de uma outra pobre pessoa cuja vida tinha sido sugada nas últimas horas, mais provavelmente.
“Eu estava na cabeça de Lissa,” eu disse finalmente. Não havia mal em contar isso para ele. Como Nathan, ele sabia onde era a academia. “E... eu fui expulsa.”
“Expulsa?”
“Yeah... eu estava vendo através dos olhos dela como sempre faço, e então alguma força... eu não sei quem, uma
mão invisível me empurrou para fora. Eu nunca senti nada como isso.”
“Talvez seja uma nova habilidade do espírito.”
“Talvez. Só que eu estive observando ela com regularidade, e eu nunca vi ela praticar ou sequer considerar nada disso.”
Ele encolheu levemente os ombros e pôs o braço ao meu redor. “Ser acordada te dá melhor sentido e acessibilidade para o mundo. Mas não te faz onisciente. Eu não sei porque isso aconteceu com você.”
“Claramente não onisciente, ou Nathan não iria querer tanto informações sobre ela. Porque isso? Porque os Strigoi estão obcecados em matar as linhagens reais? Sabemos que eles tem – você tem – tentado fazer isso, mas porque? Porque importa? Uma vitima não é uma vitima – especial-mente quando vários Strigoi costumavam ser de linhagem real?”
“Isso requer é uma resposta completa. Uma grande parte de caçar a realeza Moroi é o medo. No nosso antigo mundo, a realeza está acima dos outros. Eles tem os melhores guardiões, a melhor proteção.” Sim, isso certamente era verdade. Lissa tinha descoberto isso há muito tempo na Corte. “Se ainda sim conseguirmos pegar eles, então o que isso diz? Significa que ninguém está seguro. Cria medo, e o medo faz as pessoas fazerem coisas tolas. Faz deles uma presa mais fácil.”
“Isso é horrível.”
“Presas ou –”
“Yeah, yeah, eu sei. Presa ou predador.”
Os olhos dele se estreitaram levemente, aparentemente não gostando de ter sido interrompido. Ele deixou para ele. “Tem também um beneficio de acabar com a liderança Moroi. Isso cria uma instabilidade também.”
“Ou talvez eles fiquem melhor com uma mudança de liderança,” eu disse. Ele me deu outro olhar estranho, e eu estava um pouco surpresa. Ali estava eu pensando como Victor Dashkov de novo. Eu percebi que deveria ficar quieta. Eu não estava me comportando como eu mesma. “E quanto ao resto?”
“O resto...” Um sorriso se curvou nos lábios dele. “O resto é prestígio. Fazemos pela glória. Pela reputação e a satisfação de saber que somos responsáveis por destruir aquilo que outros não foram capazes de destruir por séculos.”
Simples natureza Strigoi. Malicia, caçar, e matar. Não precisava ter outras razões. O olhar de Dimitri passou de mim para o criado mudo. Foi onde eu deixei todas as minhas jóias. Todos os presentes dele estavam ali, brilhando como algum tipo de tesouro pirata. Passando por mim, ele ergueu o nazar pela sua corrente. “Você ainda tem isso.”
“Yup. Mas não é tão bonito quanto as suas coisas.” Ver o olho azul me lembrava minha mãe. Eu não pensava nela a um longo tempo. De volta em Baia, eu comecei a ver Olena como uma segunda mãe, mas agora... agora eu meio que deseja pela minha.
Janine Hathaway pode não cozinhar e limpar, mas ela era inteligente e competente. E de certa forma, eu percebi com um estalo, que pensávamos igual. Meus traços tinham
vindo dela, e eu sabia com certeza que nessa situação, ela não teria parado de planejar uma fuga.
“Isso eu não vi antes,” Dimitri disse. Ele soltou o nazar e pegou o anel de prata que Mark tinha me dado. Eu não o usava desde a última vez na casa dos Belikov e o coloquei na mesa com o nazar.
“Eu o peguei enquanto estava –” eu parei, percebendo que não havia mencionado sobre minhas viagens antes de Novosibirsk.
“Enquanto você estava o que?”
“Enquanto estava na sua cidade. Em Baia.”
Dimitri estava brincando como o anel, movendo de dedo em dedo, mas ele parou e olhou para mim quando eu disse o nome. “Você esteve lá?” Estranhamente, não tínhamos falado muito sobre isso. Eu mencionei Novosibirsk algumas vezes, mas era isso.
“Eu achei que você estaria lá,” eu expliquei. “Eu não sabia que Strigoi caçam em cidades aqui. Eu fiquei com sua família.”
Os olhos dele voltaram para o anel. Ele continuou a brincar com ele, o rodando e girando. “E?”
“E... eles eram gentis. Eu gostei deles. Eu passei muito tempo com Viktoria.”
“Porque ela não estava na escola?”
“Era páscoa.”
“Ah, certo. Como ela está?”
“Bem,” eu disse rapidamente. Eu não consegui me fazer contar a ele sobre a última noite com ela e Rolan. “Karolina
também é boa. Ela me lembra você. Ela enfrentou uns caras Dhampir que estavam causando problemas.”
Ele sorriu de novo, e foi... gentil. Eu quero dizer, as presas ainda deixaram assustador, mas não tinha aquele ar sinistro que eu passei a esperar. Havia ternura em seu rosto, verdadeira afeição que me surpreendeu. “Eu posso ver Karolina fazendo isso. Ela já teve o outro bebê?”
“Yeah...” eu ainda estava um pouco surpresa com aquele sorriso. “É uma menina. Zoya.”
“Zoya,” ele repetiu ainda não olhando para mim. “Não é um nome ruim. Como está Sonya?”
“Ok. Eu não vi muito dela. Ela estava um pouco sensível... Viktoria disse que era por causa da gravidez dela.”
“Sonya também está grávida?”
“Oh. Yeah. Seis meses, eu acho.”
O sorriso dele diminuiu um pouco, e ele quase parecia preocupado. “Eu suponho que fosse acontecer cedo ou tarde. As decisões dela nem sempre são sábias como a de Karolina. Os filhos de Karolina foram uma escolha... estou supondo que o de Sonya foi uma surpresa.”
“Yeah. Eu também tenho esse pressentimento.”
Ele mencionou o resto dos membros de sua família. “Minha mãe e avó?”
“Er, bem. As duas.” Essa conversa estava ficando cada vez mais estranha. Não apenas era a primeira coisa normal que fizemos desde que cheguei, mas também era a primeira vez que eu realmente o vi interessado em algo que não era relacionado a Strigoi ou que não envolvia beijar e morder, fora algumas lembranças sobre nossa luta mais cedo – e os
lembretes provocantes de sexo na cabana. “Sua avó me assustou um pouco.”
Ele riu, e eu recuei. Era tão, tão perto da sua antiga risada. Mais perto do que eu imaginei que poderia ser. “Sim, ela faz isso com as pessoas.”
“E ela fingiu não falar inglês.” Esse era um pequeno detalhe no grande esquema das coisas, mas eu ainda estava um pouco irritada.
“Sim, ela faz isso também.” Ele continuava a sorrir, uma voz irreal. “Eles todos ainda vivem juntos? Na mesma casa?”
“Yup. Eu vi os livros que você me contou. Aqueles bonitos – mas eu não consegui ler eles.”
“Foi onde comecei a ler sobre o faroeste americano.”
“Cara, eu adoraria gozar de você por causa disso.”
Ele engasgou. “Sim, entre isso, seus estereótipos sobre a música européia ocidental, e toda a coisa do “camarada” você tem muito matéria.”
Eu ri também. “‘Camarada’ e a música eram meio fora de linha.” Eu quase esqueci meu antigo apelido para ele. Não se encaixava mais. “Mas você mesmo trouxe as coisas de cowboy para si, entre a capa de couro e –”
Eu parei. Eu comecei a mencionar o dever dele de ajudar os outros que precisavam, mas esse dificilmente ainda era o caso. Ele não notou meu lapso. “Então você os deixou e veio para Novosibirsk?”
“Yeah. Eu vim com aqueles Dhampirs com quem eu estava caçando... aqueles outros não prometidos. Mas quase não vim. Sua família queria que eu ficasse. Eu pensei sobre fazer isso.”
Dimitri ergueu o anel na luz, o rosto sombreado pensativo. Ele suspirou. “Você provavelmente deveria ter ficado.”
“Eles são boa gente.”
“Eles são,” ele hesitou suavemente. “Você poderia ter sido feliz lá.”
Ele colocou o anel de volta na mesa e então virou para mim, trazendo nossas bocas juntas. Era o beijo mais suave e doce que ele me deu como Strigoi, e meu já considerável choque aumentou. Mas a gentileza era passageira, e alguns segundos depois, nosso beijo se tornou o que normalmente era, furioso e faminto. Eu tinha o pressentimento que ele estava com fome para mais do que só beijar, apesar de ter se alimentado recentemente. Deixando de lado minha confusão sobre como... bem, normal e gentil ele pareceu enquanto falávamos sobre a família dele, eu tentei descobrir como iria me desviar de mais mordidas sem levantar suspeitas. Meu corpo ainda estava fraco e desejoso, mas em minha cabeça, eu me sentia mais como eu mesma do que me sentia há séculos.
Dimitri se afastou do beijo, e eu falei a primeira coisa que me veio a mente antes dele poder fazer qualquer outra coisa. “Como é?”
“Como é o que?”
“Beijar.”
Ele franziu. Ponto para mim. Eu momentaneamente confundi uma criatura morta viva da noite. Sydney ficaria orgulhosa. “Como assim?”
“Você disse que estar desperto aumenta todos os sentidos. Beijar é diferente então?”
“Ah.” Entendimento passou por suas feições. “É, mais ou menos. Meu senso de cheiro é mais forte do que costumava ser, então seu cheiro é muito mais intenso... seu suor, o xampu em seu cabelo... é alem de tudo que você pode imaginar. Intoxicante. E é claro, o gosto é mais afiado e o toque melhora.” Ele se inclinou e me beijou de novo, e algo sobre a descrição dele fez o meu interior se embrulhar – de um bom jeito. Isso não deveria acontecer. Minha esperança era distrair ele – não a mim mesma.
“Quando estávamos do lado de fora na outra noite, as flores eram realmente fortes. Se o cheiro é forte para mim, então são demais para você? Eu quero dizer, o cheiro não é demais?”
E assim começou. Eu bombardeei com tantas perguntas quanto pude, perguntando sobre os aspectos da vida de Strigoi. Eu queria saber como era, como ele se sentia... eu perguntei tudo com curiosidade e entusiasmo, mordendo o lábio e ficando pensativa nos lugares certos. Eu podia ver o interesse dele crescer conforme eu falava, embora a sua atitude fosse rápida e eficiente – de forma alguma lembrando nossa conversa afeiçoada. Ele estava esperando que eu finalmente estivesse prestes a me transformar.
Conforme as perguntas continuavam, assim como os meus sinais de fática. Eu bocejei muito, perdi meu fio de pensamento. Finalmente, eu esfreguei meus olhos com as mãos e bocejei de novo. “Tinha tanto que eu não conhecia... ainda não conheço...”
“Eu te disse que era incrível.”
Honestamente, em certos aspectos era. A maior parte era bizarra, mas se você superar toda a coisa de morto vivo e maligno, havia definitivamente algumas vantagens em ser um Strigoi.
“Eu tenho mais perguntas,” eu murmurei. Eu fechei meus olhos e suspirei, então os abri e pensei em me forçar a ficar acordada. “Mas... estou tão cansada... eu ainda não me sinto bem. Você não acha que tenho uma concussão, acha?”
“Não. E quando você despertar, não vai mesmo importar.”
“Mas não até você responder o resto das minhas perguntas.” As palavras abafaram um bocejo, mas ele entendeu. Ele levou um tempo para responder.
“Ok. Não até lá. Mas o tempo está acabando. Eu te disse isso antes.”
Eu deixei minhas pálpebras se fecharem. “Mas não é o segundo dia ainda...”
“Não,” ele disse quietamente. “Ainda não.”
Eu deitei lá, firmando minha respiração o máximo que pude. Minha atuação iria funcionar? Havia uma alta possibilidade de que ele ainda fosse beber de mim mesmo que ele pensasse que eu estava dormindo. Eu estava fazendo uma aposta aqui. Uma mordida, e todo o meu trabalho para lutar com o vicio seria desperdiçado. Eu iria voltar a como havia estado. Como estava, eu não fazia idéia de como iria me esquivar da mordida na próxima vez... mas então, eu não achava que haveria uma próxima vez. Eu seria um Strigoi então.
Dimitri ficou deitado ao meu lado mais alguns minutos, e então eu senti ele se mover. Por dentro, eu me preparei. Merda. Aqui vinha. A mordida. Eu tinha certeza que nosso beijo era parte de um plano para atrair e ele beber de mim e que se eu dormisse, a atração sumiria. Aparentemente não. Todo meu fingimento foi por nada. Tudo estava acabado. Mas não acabou.
Ele levantou e saiu.
Quando ouvi a porta fechar, eu quase pensei que era um golpe. Eu tinha certeza que ele estava tentando fingir e ainda claramente estava no quarto. Ainda sim quando eu senti a náusea do Strigoi sumir, eu percebi a verdade. Ele realmente tinha me deixado, pensando que eu tinha dormido. Minha atuação foi convincente.
Eu imediatamente sentei, passando diferentes coisas pela minha cabeça. Na última parte da visita dele, ele pareceu... bem, ele me lembrava mais o velho Dimitri. Claro, ele ainda era um Strigoi, mas tinha algo mais. Um pouco de calor em sua risada. Interesse sincero e afeição ouvindo sobre sua família. Tinha sido isso? Ouvir noticias sobre a sua família chamou uma parte da alma enterrada no monstro? Eu confesso, eu me sentia com um pouco de ciúmes pela idéia que eles tinham conseguido uma chance com ele que eu não consegui. Mas ele ainda tinha aquele mesmo calor, falando sobre nós, só um pouco...
Não, não. Não havia como impedir isso. Não havia mudança. Nenhum jeito de reverter seu estado. Era desejoso, e quanto mais voltava a meu antigo eu, mas eu percebia a verdade da situação.
As ações de Dimitri me fizeram lembrar de algo. Eu esqueci completamente o anel de Oksana. Eu o peguei da mesa e o coloquei no meu dedo. Eu não senti nenhuma mudança notável, mas a magia curadora ainda estava ali, poderia ajudar. Eu poderia apressar a cura do meu corpo e mente. Não importava o quão freqüentemente em me dizia que estava livre dela, eu nunca ficaria. Ela era minha melhor amiga. Estávamos conectadas de uma forma que poucos entendiam. A negação em que estive vivendo se levantou. Eu me arrependia da minha atitude com Adrian agora. Ele veio me oferecer ajuda, e eu joguei a bondade dele na sua cara. Agora estava sem comunicação com o mundo exterior.
E pensar em Lissa me lembrou de novo sobre o que tinha acontecido mais cedo quando estive em sua mente. O que tinha me empurrado para fora? Eu hesitei, ponderando meu curso de ação. Lissa estava muito longe e possível-mente com problemas. Dimitri e o outro Strigoi estavam aqui. Mas... eu não podia me afastar ainda. Eu tinha que dar mais uma olhada nela, só uma olhada rápida...
Eu a encontrei em um lugar inesperado. Ela estava com Deirdre, a conselheira do campus. Lissa estava vendo um conselheiro desde que o espírito começou a se manifestar, mas era outra pessoa. Expandindo meus sentidos nos pensamentos de Lissa, eu li a história: Sua conselheira tinha partido logo depois do ataque a escola. Lissa foi designada para Deirdre – que uma vez me aconselhou quando todos pensavam que eu estava ficando louca por causa da morte de Mason. Deirdre era uma Moroi muito polida, sempre
meticulosamente vestida com seu cabelo loiro perfeitamente arrumado. Ela não parecia ser muito mais velha que nós.
“Lissa, estamos um pouco preocupados com você. Normalmente, você seria suspensa. Eu impedi isso de acontecer. Eu fico sentindo que tem algo que você não está me contando. Algum outro problema.”
Lissa suspensa? Eu de novo fui ler a situação e a encontrei. Ontem a noite, Lissa e outros foram pegos invadindo a biblioteca entre todos os lugares e fazendo uma festa completa com álcool e um pouco de destruição de propriedade. Meu Deus. Minha melhor amiga precisava se juntar aos Alcoólicos Anônimos.
Os braços de Lissa estavam cruzados, seu comportamento combativo. “Não tem problema nenhum. Estávamos tentando nos divertir. Desculpe pelos danos. Se você quer que eu seja suspensa, então vá em frente.”
Deirdre balançou a cabeça. “Essa não é minha decisão. Minha preocupação é o porque. Eu sei que você costumava sofrer de depressão e outros problemas por causa da sua, ah, magia. Mas isso parece mais um tipo de rebelião.”
Rebelião? Oh, era mais que isso. Desde a briga, Lissa foi incapaz de encontrar Christian, e isso estava matando ela. Ela não podia lidar com o tempo perdido. Tudo que ela fazia era pensar nele – e em mim. Fazer festa e se arriscar eram as únicas coisas que a distraia de nós.
“Estudantes fazem essas coisas o tempo todo,” discutiu Lissa. “Qual o problema de eu fazer?”
“Bem, porque você se colocou em perigo. Depois da biblioteca, você estava prestes a pular na piscina. Nadar intoxicada definitivamente é causa para alarme.”
“Ninguém se afogou. E mesmo que alguém começasse, tenho certeza que entre todos nós, poderíamos resgatar ele.”
“É só alarmante, considerando os comportamentos alto destrutivos que uma vez você exibiu, como se cortar...”
E isso continuou pela próxima hora, e Lissa fez um trabalho tão bom quanto o que eu fazia para evitar as perguntas de Deirdre. Quando a sessão terminou, Deirdre disse que ela iria recomendar ações disciplinares. Ela queria que Lissa voltasse para mais aconselhamento. Lissa na verdade teria preferido detenção ou limpar quadros. Enquanto ela andava furiosa pelo campus, ela viu Christian andando na direção contrária. Esperança acendeu a escuridão na mente dela como o brilho do sol.
“Christian!” ela gritou, correndo até ele.
Ele parou, dando a ela um olhar cuidadoso. “O que você quer?”
“Como assim o que eu quero? “ Ela queria se jogar nos braços dele e ouvir ele dizer que tudo ficaria bem. Ela estava chateada e sobrepujada e cheia de escuridão... mas havia um pedaço de vulnerabilidade ali que desesperada-mente precisava dele.
“Eu não fui capaz de te encontrar.”
“Eu estive...” O rosto dele escureceu. “Eu não sei. Pensando. Além do mais, pelo que ouvi, você não esteve entediada.” Sem surpresas todos sabiam sobre o fiasco de
ontem a noite. Esse tipo de coisa se espalhava como fogo graças a fofoca da academia.
“Não foi nada,” ela disse. O jeito que ele a olhou fez o coração dela doer.
“Esse é o problema,” ele disse. “Tudo é nada ultimamente. Todas as suas festas. Ficar com outros caras. Mentir.”
“Eu não estive mentindo!” ela exclamou. “E quando você vai superar Aaron?”
“Você não está me dizendo a verdade. É a mesma coisa.” Era um eco do sentimento de Jill. Lissa mal a conhecia e estava pronta para odiar ela. “Eu não posso lidar com isso. Não posso ser parte de você se voltar para os velhos tempos, em que você era uma garota da realeza e fazia coisas loucas com seus amigos da realeza.”
Aqui está o problema. Se Lissa tivesse elaborado mais seus sentimentos, ou o quanto sua culpa e depressão a estavam comendo por dentro fazendo ela sair de controle... bem, eu acho que Christian estaria ali por ela em um instante. Apesar do seu exterior cínico, ele tinha um bom coração – e Lissa era dona de grande parte. Ou costumava ser. Agora tudo que ele conseguia ver era ela sendo tola e superficial e retornando a um estilo de vida que ele odiava.
“Eu não estou!” ela exclamou. “Eu só... eu não sei. Só é bom perder o controle.”
“Eu não posso fazer isso,” ele disse. “Eu não posso ficar com você se essa é sua vida agora.”
Os olhos dela se alargaram. “Você está terminando comigo?”
“Estou... eu não sei. Yeah, eu acho.” Lissa foi tão consumida pelo choque e horror disso que ela não viu Christian do jeito que eu vi, não viu a agonia nos olhos dele. O destruía ter que fazer isso. Ele também estava magoado, e tudo que ele viu era a garota que ele amava mudando e se tornando alguém com quem ele não poderia ficar.
“As coisas não são como costumavam.”
“Você não pode fazer isso,” ela chorou. Ela não viu a dor dele. Ela o viu como sendo cruel e injusto. “Precisamos conversar sobre isso – e dar um jeito –”
“O tempo para conversar passou,” ele discutiu. “Você deveria ter estado pronta para conversar mais cedo – não agora, não quando as coisas de repente não estão boas para você.”
Lissa não sabia se ela queria gritar ou chorar. Ela só sabia que não podia perder Christian – não depois de me perder também. Se ela perdesse nós dois, não sobraria mais nada para ela no mundo.
“Por favor, não faça isso,” ela implorou. “Eu posso mudar.”
“Desculpe,” ele respondeu. “Eu só não vejo evidências disso.” Ele se virou e abruptamente se afastou. Para ela, a partida dele foi fria e cruel. Mas de novo, eu vi a angustia nos olhos dele. Eu acho que ele partiu porque ele sabia que se ficasse, ele não iria ser capaz de cumprir sua decisão – essa decisão que doía mas que parecia ser a certa. Lissa começou a ir atrás dele quando uma mão de repente a puxou. Ela virou e viu Avery e Adrian parados ali. Pelo olhar de seus rostos, eles ouviram tudo.
“Deixe ele ir,” disse Adrian seriamente. Foi ele quem a segurou. Ele soltou sua mão e enrolou seus dedos nos de Avery. “Ir atrás dele agora só vai piorar tudo. De a ele um espaço.”
“Ele não pode fazer isso,” disse Lissa. “Ele não pode fazer isso comigo.”
“Ele está chateado,” disse Avery, sua preocupação espelhando a de Adrian. “Ele não está pensando direito. Espere ele se acalmar, e ele vai mudar de idéia.”
Lissa observou a figura de Christian partindo, seu coração partido. “Eu não sei. Eu não sei se ele vai. Oh Deus. Eu não posso perder ele.”
Algo a levou nessa ladeira espiral, e eu deveria estar lá para ajudar. Era isso que melhores amigas faziam. Eu precisava estar lá. Lissa virou e olhou para Avery. “Estou tão confusa... eu não sei o que fazer.”
Avery encontrou os olhos dela, mas quando ela o fez... a coisa mais estranha aconteceu. Avery não estava olhando para ela. Ela estava olhando para mim. Oh Jeez. De novo não. A voz passou pela minha cabeça, e eu sai de Lissa.
Ali estava, o empurrão mental, o toque na minha mente em ondas quente e frias.
Eu olhei ao redor do meu quarto, chocado com o quão abruptamente a transição aconteceu. Ainda sim, aprendi algo. Eu soube então que não foi Lissa que me empurrou para fora antes e agora. Lissa estava muito distraída e muito confusa. A voz? Não tinha sido dela também.
E então, eu finalmente lembrei onde tinha sentido aquele toque na minha cabeça.
Oksana. Era a mesma sensação que eu experimentei quando ele tocou minha mente, tentando sentir meu humor e intenções, uma ação que tanto ela e Mark admitiam ser invasiva e errada se você não estava ligado a alguém.
Cuidadosamente, eu repassei o que tinha acontecido com Lissa. Mais uma vez, eu vi aqueles últimos momentos. Olhos azuis acinzentados me encarando – eu, não Lissa. Lissa não me expulsou de sua cabeça.
Avery expulsou.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 23
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às 20:18
Marcadores: Academia de Vampiros, Promessa de Sangue
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