É estranho como você reage em momentos de imediato perigo. Parte de mim estava em puro pânico com o coração acelerado e com a respiração rápida. Este sentimento vazio, que parecia um buraco aberto no meu peito, voltou. Outra parte de mim era capaz de, inexplicavelmente, usar a logica, principalmente algo tipo ‘Yup, aquilo é o tipo de faca que poderia cortar a garganta’. O resto de mim? Bem, o resto de mim estava apenas confuso. Eu fiquei onde estava e mantive a minha voz baixa e calma. –Lee, o que está acontecendo? O que é isto?– Ele balançou a cabeça. –Não finja. Eu sei que você sabe. Você é muito inteligente. Eu sabia que você ia descobrir isto, mas eu não esperava que fosse assim tão cedo.– Minha mente girava. Mais uma vez, alguém pensava que eu era mais esperta do que eu era. Eu acho que deveria estar lisonjeado com a sua fé da minha inteligência, mas a verdade é que eu ainda não sabia o que estava acontecendo. Contudo, eu não sabia se atraiçoar ajudava ou dificultava as coisas. Eu decidi jogar limpo o tempo que eu razoavelmente conseguia neste caso. –É você na foto,– disse com o cuidado de não parecer uma pergunta. –É claro–, disse ele. –Você não tem idade.– Ousei dar um rápido olhar para a imagem, para verificar por mim mesma. Ainda me olhava. Apenas Strigoi se mantinham jovens, permanecendo imortais com a idade que tinham quando foram transformados. –Isso é…isso é impossível. Você
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é um Moroi. – –Oh, eu tinha idade–, disse ele amargamente. –Não muita. Não o suficiente para que você realmente pudesse detectar, mas acredite, eu tinha. Não era como costumava ser.– Eu ainda não tinha percebido, ainda não tinha certeza de como tínhamos chegado a um ponto em que Lee – romântico e apaixonado por Jill – estava de repente a me ameaçar com uma faca. Nem eu entendia como ele parecia exatamente com o mesmo que estava na foto de á cinco anos atras. Só havia uma coisa terrível que eu estava a começar a ter certeza. –Você…matou Kelly Hayes.– O temor no meu peito intensificou-se. Levantei o meu olhar da lâmina para os seus olhos. –Mas certamente…certamente não Melody…ou Tamara…– Ele acenou. –E Dina. Mas você não iria saber dela, pois não? Ela era apenas humana, e vocês não mantêm o controle sobre as mortes humanas. Apenas vampiros.– Era difícil não olhar para a faca novamente. Tudo o que eu podia pensar era como ela era afiada e de como estava muito perto de mim. Um golpe, e eu ia acabar assim como as outras raparigas, minha vida a sangrar para fora de mim. Procurei dizer algo desesperadamente, desejando novamente ter aprendido as habilidades sociais que vinham facilmente para os outros. –Tamara era sua prima–, eu consegui. –Por você mataria a sua própria prima?– Um momento de pesar atravessou o seu rosto. –Eu não queria - quer dizer, eu fiz…mas, bem, eu não estava em mim quando voltei. Eu só sabia que tinha que ser despertado novamente. Tamara estava no lugar errado na hora errada. Eu me atirei para o primeiro Moroi que apareceu…mas não funcionou. Foi por isso que tentei os outros. Eu pensei que algum deles com certeza faria isso. Humanos, dhampir, Moroi…nenhum deles funcionou.– Havia um desespero terrível na sua voz, e apesar do meu medo, alguma parte de mim queria ajuda-lo…mas eu estava irremediavelmente perdido. –Lee, me desculpe. Eu não entendo, por que você precisou –tentar outros.– Por favor, coloque a faca para baixo e vamos conversar. Talvez eu possa ajudá-lo.– Ele me deu um sorriso triste. –Você pode. Embora, eu não queria que fosse você. Eu queria que fosse Keith. Ele certamente merecia morrer mais do que você. E Jill…bem, Jill gosta de você. Eu queria respeitar isso e poupá-la.– –Você ainda pode–, disse. –Ela… ela não ia gostar que você fizesse isso. Ela iria ficar chateada se soubesse… –
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De repente, Lee se atirou para cima de mim e me prendeu à cadeira com a faca na minha garganta. –Você não sabe!–, ele chorou. –Ela não sabe. Mas ela vai e vai ficar contente. Ela vai me agradecer e nós vamos ser jovens e ficar juntos para sempre. Você é a minha chance. Os outros não funcionaram, mas você…– Ele arrastou a lâmina da faca perto da minha tatuagem. –Você é especial. Seu sangue é mágico. Eu preciso de um Alquimista e você é minha única chance agora.– –Que…chance…você está falando?– arfei com dificuldade. –Minha chance para a imortalidade!–, ele gritou. –Deus, Sydney. Você não pode sequer imaginar. Como é ter isso e depois perdê-la. Ter força infinita e poder…não envelhecer e saber que você vai viver para sempre. E, em seguida, desapareceu! Tiraram de mim. Se algum dia eu encontrar o bastardo do usuário de espírito que fez isso comigo, eu vou matar ele. Eu vou matá-lo e beber dele depois desta noite, eu vou estar completo uma vez mais. Eu vou ser despertado.– Um arrepio percorreu minha espinha. À luz de tudo, você teria pensado que eu já estava no nível máximo de terror. Não. Acontece que ainda vinha mais por aí. Porque com aquelas palavras, comecei a juntar uma teoria frágil do que ele quereria dizer com aquilo. –Despertar– era um termo usado no mundo vampiro, em circunstâncias muito especiais. –Você costumava ser Strigoi–, sussurrei sem mesmo ter a certeza se acreditava em mim mesma. Ele se afastou um pouco com os olhos cinzentos grandes e com um brilho doente. –Eu costumava ser um deus! E eu serei novamente. Eu juro. Me desculpe, a sério. Sinto muito por ser você e não Keith. Sinto muito por você descobrir sobre Kelly. Se você não tivesse, eu poderia procurar outro Alquimista em Los Angeles. Mas você não vê? Eu não tenho nenhuma outra opções agora…–A faca ainda estava na minha garganta. –Eu preciso do seu sangue. Eu não posso continuar assim…não como um mortal Moroi. Eu tenho que ser transformado novamente.– Uma batida soou na porta. –Nem uma palavra,– Lee sussurrou. –Eles vão embora.– Segundos depois a batida foi repetida seguida por: –Sage, eu sei que você está aí dentro. Eu vi o seu carro. Eu sei que você está chateada, mas apenas me escute.– Um dingdong resultou como distração. –Adrian!– gritei pulando da cadeira. Não fiz nenhuma tentativa para desarmar Lee. Meu único objetivo era segurança. Eu o empurrei - passando por ele, antes que ele pudesse
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reagir - e me dirigi para a porta, mas ele foi mais rápido do que eu esperava. Ele pulou na minha direção e me atirou para o chão e ao mesmo tempo a faca me cortou no braço. Eu gritei de dor quando senti a ponta da lâmina escavar a minha pele. Lutei contra ele, apenas resultando num corte mais fundo da faca em mim. A porta abriu de repente e eu fiquei grata por não ter bloqueado a porta quando deixei Lee entrar. Adrian entrou chegando a um impasse quando reparou na cena. –Não se aproxime–, advertiu Lee, empurrando a faca contra a minha garganta de novo. Eu podia sentir o sangue quente a escorrer pelo meu braço. –Feche a porta. Depois… sente-se e coloque as mãos atrás da cabeça. Eu mato-a se você não o fizer.– –Ele vai fazer isso de qualquer maneira-ahh!– Minhas palavras foram cortadas quando a faca perfurou minha pele, não o suficiente para me matar, mas o suficiente para me causar dor. –Ok, ok–, disse Adrian, segurando suas mãos. Ele parecia mais sóbrio e sério do que eu jamais tinha visto. Quando ele se sentou no chão com as mãos atrás da cabeça como lhe foi indicado, ele disse suavemente, –Lee, eu não sei o que você está fazendo, mas você precisa parar agora antes que vá mais longe. Você não tem uma arma. Você não pode apenas nos prender aqui sob ameaça de uma faca.– –Já deu resultado antes–, Lee disse. Ainda mantendo a faca em mim, ele enfiou a mão no bolso do casaco com a sua outra mão e pegou numas algemas. Aquilo foi inesperado. Ele deslizou aquilo para Adrian. –Coloque-os.– Quando Adrian não reagiu de imediato, Lee empurrou a faca até eu gritar. –Agora!– Adrian colocou as algemas. –Eu trouxe isso para ela, mas a sua chegada pode ser uma coisa boa–, disse Lee. –Provavelmente vou estar com fome depois de ser despertado.– Adrian arqueou uma sobrancelha. –Despertado?– –Ele costumava ser um Strigoi,– eu consegui dizer. –Ele tem matado as raparigas - cortando as suas gargantas -para tentar voltar a ser um novamente.– –Fique quieta–, retrucou Lee. –Por que você cortar as suas gargantas–, perguntou Adrian. –Você tem presas.– –Porque isso não funcionou! Eu usei as minhas presas. Eu bebi por elas…mas não funcionou. Eu não despertei novamente. Então eu tive que cobrir o meu rasto. Os guardiões podem descobrir, você sabe. As mordidas de Moroi e Strigoi? Eu precisava de uma faca para subjugá-los de qualquer maneira, de modo que eu então cortei os
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pescoços para esconder o rasto…e fazer eles acharem que era um Strigoi louco. Ou um caçador de vampiros.– Eu podia ver Adrian a processar tudo isso. Eu não sabia se ele acreditava ou não, mas ele – independentemente - tinha o potencial de enrolar as coisas com ideias malucas. –Se com os outros não funcionou, então Sydney também não.– –Ela tem que resultar–, disse Lee fervorosamente. Ele se moveu de modo que fiquei de costas, ainda presa pelo seu peso corporal. –O sangue dela é especial. Eu sei que é. E se não resultar…Eu vou buscar ajuda. Vou buscar ajuda para despertar e então vou acordar Jill para que possamos ficar juntos para sempre.– Adrian saltou para seus pés com uma fúria surpreendente. –Jill? Não vais machucá-la! Nem sequer tocá-la!– –Sente-se,– Lee latiu. Adrian obedeceu. –Eu não iria machucá-la. Eu amo ela. É por isso que eu vou me certificar de que ela permaneça do jeito que ela é. Para sempre. Eu vou acordá-la depois de despertar.– Eu tentei pegar os olhos de Adrian, perguntando se poderia passar alguma mensagem silenciosa. Se nós dois fossemos para cima de Lee juntos - mesmo com Adrian algemado - então talvez nós tivéssemos uma chance de desarma-lo. Lee estava a segundos de me cortar a garganta, disso eu tinha certeza, na esperança de que… o quê? Que ele podia beber o meu sangue e se tornar Strigoi? –Lee–, disse em voz baixa. Mover muito a minha garganta resultaria numa mordida da faca. –Não funcionou com as outras raparigas. Eu não acho que o fato de eu ser uma Alquimista resulte. O que quer que esse usuário de espírito fez para salvá-lo…você não pode voltar agora. Não importa qual sangue você bebe.– –Ele não me salvou!– Rugiu Lee. –Ele arruinou a minha vida. Eu tenho tentado voltar por seis anos. Eu estava quase pronto para o último recurso…até que você e Keith apareceram. Mas eu ainda tenho essa última opção a sobrar. Embora, eu não queira chegar a esse ponto. Para todos nós.– Eu não era o último recurso? Honestamente, eu realmente não queria ver que outros planos alternativos aqui podiam ser muito piores para mim. Enquanto isso, Adrian ainda não estava a olhar na minha direção, o que me frustrou, até que percebi o que ele estava tentando fazer. –Isto é um erro–, ele disse a Lee. –Olhe para mim e me diga que você realmente quer fazer isso com ela.– Algemado ou não, Adrian não tinha a velocidade e a força de um dhampir, alguém que
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pudesse ser mais salto e desarmar Lee antes que a faca faça os seus danos. Adrian também não tinha o poder de exercer um elemento físico, digamos, como o fogo, que poderia ser usado como uma verdadeira arma. Adrian, no entanto, tinha a capacidade de obrigar. Compulsão era uma capacidade inata que todos os vampiros tinham e um usuário de espírito era particularmente hábil nisso. Infelizmente, isso resultava melhor com contato visual e Lee não estava dando bola. Sua atenção estava toda sobre mim, bloqueando os esforços de Adrian. –Eu fiz a minha decisão há muito tempo–, disse Lee. Com a sua mão livre, ele esfregou os dedos na mancha de sangue do meu braço. Ele levou a ponta dos dedos aos seus lábios com um olhar de resignação no seu rosto. Ele lambeu o sangue da sua mão, que não me causou grande constrangimento como teria acontecido noutras circunstâncias. Com tanta coisa acontecendo agora, honestamente não foi assim tão terrível como o resto e simplesmente saiu de cima de mim. Um olhar de choque total e surpresa cruzou as feições de Lee…logo se tronando em repugnância. –Não–, ele suspirou. Ele repetiu o movimento, esfregando mais sangue em seus dedos e lambendo-o. –Há alguma coisa…há algo de errado…– Ele inclinou a sua boca para o meu pescoço e eu choraminguei temendo o inevitável. Mas não senti os seus dentes, apenas o mais leve toque dos seus lábios e a sua língua na ferida que ele criou, como se fosse uma espécie de beijo perverso. Ele retornou imediatamente, olhando para mim com horror. –O que há de errado com você?– Ele sussurrou. –O que há de errado com o seu sangue?– Ele fez uma terceira tentativa para provar o meu sangue, mas foi incapaz de terminar. Ele fez uma careta. –Eu não posso fazê-lo. O meu estomago não consegue suportar nada disso. Porquê?– Nem Adrian nem eu tínhamos uma resposta. Lee cedeu á derrota por um momento e eu, de repente, permiti pensar que ele poderia simplesmente desistir e dizer que tudo isto foi uma loucura. Com uma respiração profunda, ele se levantou com uma nova determinação em seus olhos. Eu fiquei tensa, meia que esperando ele dizer que ia tentar beber de Adrian agora, apesar de um Moroi - dois, se você contar Melody - aparentemente estar no seu menu depois um fracasso recente. Em vez disso, Lee puxou o celular do bolso, ainda mantendo a faca na minha garganta, prevenindo qualquer tipo de fuga. Ele discou um número e esperou por uma resposta.
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–Dawn? É Lee. Sim…sim, eu sei. Bem, eu tenho dois para você, prontos e esperando. Um Moroi e uma Alquimista. Não - não o homem velho. Sim. Sim, ainda estão vivos. Tem que ser esta noite. Eles sabem sobre mim. Você pode tê-los…mas você sabe o negócio. Você sabe o que eu quero…Sim. Hum hum. Ok.– Lee deu o nosso endereço e desligou. Um sorriso satisfeito atravessou o seu rosto. –Estamos com sorte. Eles estão no lado Este de LA, de modo que não vão demorar muito tempo para chegar aqui – especialmente porque eles não se importam muito com o limite de velocidade.– –Quem são ‘eles’?–, perguntou Adrian. –Eu me lembro de você chamar uma senhora Dawn em Los Angeles. Eu pensava que ela era uma das suas amigas quentes da faculdade?– –Eles são os criadores do destino–, disse Lee sonhadoramente. –Que enigma delicioso e sem sentido–, murmurou Adrian. Lee olhou e então cuidadosamente estudou Adrian. –Tire sua gravata.– Eu percebi que tinha passado tanto tempo com Adrian que agora eu estava preparada para algum comentário do tipo: –Oh, feliz por saber que as coisas não são mais formais.– Aparentemente, a situação era terrível o suficiente – e a faca na minha garganta era suficientemente séria - que Adrian não discutiu. Ele tinha os pulsos algemados na frente dele e, depois de algumas manobras complexas com as mãos, finalmente foi capaz de desfazer o nó da gravata que vestiu para o show de Jill. Atirou-o. –Cuidado–, disse Adrian. –É de seda.– O sarcasmo tinha que trabalhar. Lee rolou me sobre o meu estômago, finalmente me liberando da faca, mas não me deu tempo de reação. Com uma notável habilidade, ele logo tinha as minhas mãos amarradas atras de mim com a gravata do Adrian. Exigindo alguns puxões e imobilizando os meus braços, que magoou um pouco após o esfaqueamento. Ele recuou depois de acabar, me permitindo sentar com cautela, experimentando um puxão na amarra que me mostrou que eu não ia conseguir me desfazer daqueles nós tão facilmente. Inquieta, eu me perguntei quantas raparigas ele tinha amarrado antes da sua tentativa doente de se tornar um Strigoi. Um estranho, misterioso silêncio caiu enquanto esperávamos que os ‘criadores do destino’ de Lee aparecessem. Os minutos passavam e eu freneticamente tentava descobrir o que fazer.
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Quanto tempo tínhamos, até que as pessoas que ele chamou chegassem? Pelo que ele me disse, eu acho que pelo menos uma hora. Sentindo-se cega eu finalmente tentei comunicar com Adrian, esperando novamente que talvez pudéssemos secretamente nos unir e desarmar Lee - embora a nossa taxa de sucesso era acabar por fazer isso muito lentamente, uma vez que tínhamos as mãos atadas. –Como você chegou aqui?– perguntei. Adrian olhava fixamente para Lee, com esperança de um contato visual direto, mas ele deu um rápido olhar irónico para mim. –Do mesmo jeito que eu chego a algum lado, Sage. De ônibus.– –Porquê?– –Porque eu não tenho um carro.– –Adrian!– Maravilha. Mesmo com as nossas vidas em perigo, ele ainda podia enfurecer-me. Ele deu de ombros e voltou seu foco para Lee, mesmo embora as suas palavras fossem para mim. –Para me desculpar. Porque eu fui um total idiota com você no show de Jailbait. Não muito tempo depois de você ter saído, eu sabia que tinha que a encontrar.– Fez uma pausa e olhou eloquentemente ao redor. –Nenhuma boa ação fica impune, eu acho.– De repente, me senti perdida. Lee ter-se tornado num psicopata certamente não era minha culpa, mas o que me perturbava era que Adrian estava agora nesta situação, porque ele tinha vindo pedir desculpas. –Tudo bem. Você não estava…hum, tão ruim assim –, disse sem muita convicção, na esperança de fazê-lo sentir-se melhor. Um pequeno sorriso tocou os seus lábios. –Você é uma terrível mentirosa Sage, mas eu ainda estou tocado pela sua tentativa de me confortar. Valeu o esforço.– –Sim, bem, o que aconteceu lá atrás parece uma coisa pequena á luz dos acontecimentos recentes,– murmurei. –É fácil de perdoar.– Uma carranca cresceu no rosto de Lee, quando ele nos ouviu.–Será que os outros sabem que você está aqui?–, ele perguntou a Adrian. –Não–, disse Adrian. –Eu disse que estava voltando para a casa de Clarence. – Eu não sabia se ele estava mentindo ou não. Por um momento, eu achei que não importava. Os outros me tinham ouvido dizer que eu estava aqui, mas nenhum deles teria algum motivo para vir à nossa procura. Nenhuma razão, exceto o vínculo.
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Eu parei de respirar e encontrei os olhos de Adrian. Ele desviou o olhar, talvez por medo de trair o que eu tinha percebido. Não importava se o grupo sabia onde eu estava agora. Se Jill estava ligada a Adrian, ela saberia. E ela sabia que nós estávamos em apuros. Mas isso acontecia assumindo que este era um dos momentos em que ela podia ver a sua mente. Ambos admitiam que era inconscientemente e que só acontecia com alguma emoção forte. Bem, se isto não contava como uma situação altamente emocional, eu não conseguia pensar o que poderia ser. Mesmo ela se apercebendo do que estava acontecendo, havia um monte de ‘se’ envolvido. Jill teria que chegar aqui, e ela não podia fazer isto sozinha. Chamar a polícia seria a resposta mais rápida, mas ela podia hesitar uma vez que ela sabia que envolvia o mundo vampiro. Ela precisava de Eddie. Quanto tempo seria necessário para pegá-lo se eles estavam de volta em seus dormitórios? Eu não sabia. Eu só sabia que tínhamos que ficar vivos porque se o fizéssemos, de uma forma ou de outra, Jill traria ajuda para aqui. Apenas, eu já não sabia que chances tínhamos de sobrevivência. Adrian e eu estávamos confinados e presos com um cara que não tinha medo de matar com uma faca e que desesperadamente queria se tornar um Strigoi novamente. Isso era uma péssima combinação e ameaçava piorar… –Quem vem, Lee?– perguntei. –Quem você chamou? – Quando ele não respondeu, eu fiz o próximo passo de logica. –Strigoi. Você chamou Strigoi.– –É a única maneira–, disse ele, jogando a faca de mão para mão. –A única maneira de me resta agora. Sinto muito. Eu não queria que fosse deste jeito. Eu não posso ser mais mortal. Muito tempo já passou.– É claro. Moroi poderia se tornar num Strigoi de duas maneiras. Uma delas era beber o sangue de outra pessoa e matá-la no processo. Lee tinha tentado isso, usando todas as combinações de vítimas que poderia usar e tinha falhado. O que o deixou com uma última opção desesperada: a conversão por outro Strigoi. Normalmente, isso aconteceu pela força, quando um Strigoi matava alguém e depois alimentava a vítima com o seu próprio sangue. Isso era o que Lee queria que fosse feito agora, trocar as nossas vidas para o Strigoi que iria convertê-lo. Depois ele queria fazer isso com Jill, por um louco e equivocado amor… –Mas não vale a pena–, disse, me sentindo vazia com o desespero e o medo. –Não vale a pena o custo de matar inocentes e colocar em risco a sua alma.– O olhar de Lee caiu sobre mim, e havia uma indiferença arrepiante neles que eu levei um tempo a ligar a pessoa tinha à minha frente á pessoa que eu tinha sorrido da forma
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como ele cortejava Jill. –Não valerá, Sydney? Como você sabe? Você privou-se do prazer a maioria parte da sua vida. Você está distante dos outros. Você nunca deixou de ser egoísta e veja onde isso a levou. Sua 'moral' deixou-lhe com uma vida curta e rigorosa. Você me pode dizer agora, uma vez que está prestes a morrer, que você não gostaria de se ter permitido se divertir um pouco mais?– –Mas uma alma imortal…– –O que eu me importa isso?– Ele exigiu. –Pra quê me incomodar a viver uma vida de regimento miserável neste mundo, na esperança de que talvez as nossas almas continuem a viver num reino celestial, quando eu posso assumir o controle agora – me garantir viver para sempre neste mundo, com todos os seus prazeres, ser forte e ser jovem para sempre? Isto é real. Isto é algo que eu possa colocar a minha fé.– –É errado–, disse. –Não vale a pena.– –Você não diria isso se você tivesse experimentado o que eu vivi. Se você tivesse sido um Strigoi, você nunca quereria outra coisa.– –Como você perdeu isso?–, perguntou Adrian. –Que usuário de espirito o salvou? – Lee bufou. –Você quer dizer me roubou. Eu não sei. Tudo aconteceu tão rápido. Mas assim que eu o encontrar eu vou - ahh! – Um anuário não é a maior das armas, particularmente um do tamanho de Amberwood, mas com força – e com surpresa – poderia ser. Eu anteriormente disse que não ia ser capaz de desfazer os nós da amarra facilmente. O que foi verdade. Demorou este tempo todo, mas eu consegui me desfazer dele. Por algum motivo, saber fazer nós de cordas tinha se tronado uma habilidade útil no currículo de Alquimista – e que eu tinha crescido a praticar isso com o meu pai. Uma vez livre da gravata de Adrian, apanhei a primeira coisa que me apareceu: o Anuário Júnior de Kelly. Eu saltei e bati com ele na cabeça de Lee. Ele se encolheu com o impacto, deixando cair a faca e eu aproveitei a oportunidade para correr pela sala e agarrar no braço de Adrian. Ele não precisou de nenhuma ajuda e já estava sobre os seus pés. Nós não chegamos muito longe antes de Lee nos agarrar por trás. A faca tinha desaparecido em algum lugar invisível e simplesmente confiou na sua própria força. Ele agarrou me e arrancou-me do Adrian, uma mão no meu braço ferido e outro no meu cabelo, me fazendo tropeçar. Adrian veio depois de nós, fazendo o seu melhor para bater no Lee, mesmo com as mãos amarradas. Nós não eramos a força de combate mais
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eficiente, mas se nós pudéssemos apenas momentaneamente atrasar Lee, havia uma chance de podermos sair daqui para fora. Lee era distraído por nós dois, tentando lutar e afastar-nos ao largo ao mesmo tempo. Espontaneamente, me lembrei da lição de Eddie, sobre como um bom soco dado podia causar sérios danos a alguém mais forte que você. Avaliando a situação num segundo, eu decidi que tinha uma abertura. Fechei mão da maneira que Eddie me tinha ensinado na lição rápida, posicionando o meu corpo de forma a dirigir o peso todo sobre o soco. Empurrei o meu braço. –Ow!– Gritei de dor quando o meu punho fez contato. Se isto era a maneira –segura– de dar um soco, eu não conseguia imaginar o quão desleixado era a ferida. Felizmente, pareceu que causou também – se não mais – dor emLee. Ele caiu para trás, batendo no cadeirão de forma que perdeu o equilíbrio e estatelou-se no chão. Fiquei espantada com o que tinha feito, mas Adrian ainda estava em movimento. Ele cutucou-me para porta, aproveitando a desorientação temporária de Lee. –Vamos lá, Sage. É agora.– Nós corremos para a porta, prontos para fazer a nossa fuga enquanto Lee gritava palavrões contra nós. Estendi a mão para o trinco, mas a porta se abriu antes que pudesse tocar nela. E dois Strigoi entraram na sala.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Capitulo 24
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às 12:15
Marcadores: Laços de Sangue
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