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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 26

Levou dias para finalmente eu aceitar toda a história, tanto sobre Lee como sobre Eddie e Jill nos terem socorrido naquela noite. Tendo Lee como a peça que faltava, era fácil conectar os assassinatos de Tamara, Kelly, Melody e Dina, a garota humana que ele tinha mencionado. Todas elas foram mortas nos últimos cinco anos, entre Los Angeles e Palm Springs, e muitos documentaram evidências de conhecê-lo. Elas não foram vítimas aleatórias. O pouco que conseguimos descobrir sobre a história Lee veio de Clarence, embora esta fosse mesmo confusa. Pelos nossos melhores palpites, Lee tinha sido transformado à força num Strigoi acerca de quinze anos atrás. Ele passou 10 anos dessa maneira até que um usuário de espírito o restaurou, para desgosto de Lee. Clarence não tinha toda a certeza sobre ele, mesmo assim, não se questionou por o seu filho ter voltado para casa depois de dez anos sem envelhecer. Ele evitou responder às nossas perguntas, sobre Lee ser um Strigoi, e nós não tínhamos a certeza se Clarence simplesmente não sabia ou se estava em negação. Da mesma forma, não ficou provado se Clarence sabia que o seu próprio filho estava por trás da morte de Tamara. A teoria exagerada sobre caçadores de vampiros foi, provavelmente, mais fácil de engolir do que a verdade sobre o seu filho ser um assassino. Uma investigações à faculdade de Lee em Los Angeles, nos mostrou que ele realmente não se tinha inscrito lá, desde antes de se tornar um Strigoi. Quando ele se tornou um Moroi novamente, ele tinha usado a faculdade como uma desculpa para ficar em Los Angeles, onde ele poderia encontrar mais facilmente vítimas- e nós suspeitávamos que havia mais mortes do que tínhamos registado. Pelo que observamos, aparentemente ele tentou beber um pouco de cada raça, na esperança de que um deles fosse ‘o tal’ que o iria transformar de novo num Strigoi.

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Uma profunda investigação sobre Kelly Hayes, tinha-se descoberto algo que eu deveria ter pensado de imediato. Ela era uma dhampir. Ela parecia humana, mas o registo do seu estrelato nos esportes foi a dica. Lee tinha esbarrado nela numa visita ao seu pai há cinco anos. Ter uma queda por um dhampir não era fácil, razão pela qual Lee parecia ter-se esforçado para namorar com ela e atraindo-a para dentro. Nenhum de nós sabia nada sobre o ‘filho da puta do utilizador de espírito’ que o tinha convertido, aquilo interessou os Alquimistas e os Moroi. Havia muito poucos usuários de espírito registados e, como ainda havia muitas coisas para se descobrir sobre aquele poder, todos queriam saber mais. Clarence fez questão que ele não sabia nada sobre esse mistério do utilizador de espírito e eu acreditei nele. Alquimistas entravam e saiam de Palm Springs todas as semana, para limpar a bagunça e entrevistando todos os que foram envolvidos. Encontrei-me com uma série deles, contando a minha história vezes sem conta, até que finalmente, o meu último interrogatório foi com Stanton durante um almoço no Sábado. Eu meio que tinha um interesse perverso em saber o que aconteceu com Keith, mas decidi que à luz daqueles acontecimentos aquilo era irrelevante. Ele não estava aqui, o que era tudo o que interessava agora. –A autópsia de Lee não revelou nada que não fosse comum num Moroi, de acordo com os médicos deles,– Stanton me disse entre mordidas de uma Carbonara. Aparentemente, comer e discutir cadáveres não eram mutuamente exclusivas. –Mas mesmo assim, alguma coisa… mágica, provavelmente não ia aparecer de qualquer maneira.– –Mas deve haver algo especial sobre ele,– disse. Eu estava simplesmente a brincar com a minha comida. –O fato do seu atraso no envelhecimento não ser o suficiente como prova - mas e o resto? Quero dizer, ele bebeu de tantas vítimas e, então eu vi o que Jacqueline lhe fez - que deveria ter funcionado. Todos os procedimentos corretos foram seguidos.– Fiquei espantada por que ter falado aquilo tão clinicamente, e por ter suado tão imparcial. Embora, fosse realmente apenas uma segunda forma de agir da natureza Alquimista. Dentro de mim, os eventos daquela noite deixaram uma marca permanente. Quando fechava os olhos para dormir, eu revivia a morte de Lee e Jacqueline a alimenta-lo de sangue. Lee, que tinha trazido flores para Jill e que nos levou a todos ao minigolfe. Stanton acenou com a cabeça pensativa. –O que sugere que, aqueles que são restaurados a partir de um Strigoi ficam imunes a nunca se transformar novamente.–

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Ficamos sentadas em silêncio por um momento, deixando o peso dessas palavras assentarem sobre nós. –Isso é enorme–, disse por fim, como um eufemismo. Lee apresentava uma série de mistérios. Ele começou a envelhecer uma vez que se tornou um Moroi novamente, mas numa taxa muito mais lenta. Porquê? Não tínhamos certeza, mas que por si só era uma descoberta monumental, como a minha suspeita de ele não poder usar mais a magia Moroi. Eu estava muito assustada para ter notado algo de estranho no comportamento de Lee, quando Jill lhe pediu para criar névoa enquanto estávamos jogando golfe, mas olhando para trás, apercebi-me de que ele realmente parecia nervoso com o pedido. E o resto…o fato de que algo o tinha mudado, protegeu-o, no entanto a contragosto, de se tornar Strigoi? Yeah. ‘Enorme’ era um eufemismo. –Muito,– concordou Stanton. –Parte da nossa missão é impedir os humanos de escolher a imortalidade, sacrificando as suas almas. Se houvesse uma maneira de aproveitar essa magia, descobrir o que protegia Lee…bem. Os efeitos seriam de longa duração.– –Para os Moroi também,– apontei. Eu sabia que entre eles e os dhampirs, serem forçados a se tornar num Strigoi era muitas vezes considerado como um destino pior que a morte. Se houvesse alguma forma mágica para se protegerem, isso significaria muito, uma vez que eles se encontravam com Strigoi muitas mais vezes que nós. Nós poderíamos estar a falar sobre uma espécie de vacina mágica. –É claro–, disse Stanton, embora pelo tom implícito, ela não estava tão preocupada com os benefícios da raça. –Pode até ser possível prevenir uma futura criação de todos os Strigoi. Há também o mistério de seu sangue. Você disse que o Strigoi não gostou dele. Isso pode ser um tipo de proteção também.– Eu tremi com a memória. –Talvez. Tudo aconteceu tão rápido…é difícil dizer. E foi certamente nenhuma proteção contra os Strigoi quererem se atirar para o meu pescoço.– Stanton assentiu. –É certamente algo para olhar eventualmente. Mas primeiro temos de descobrir o que exatamente aconteceu com Lee.– –Bem,– disse, –o espírito tem que de ser a chave, certo? Lee foi restaurado por um usuário de espírito.– Um garçom veio e Stanton acenou seu prato para este ser retirado. –Exatamente. Infelizmente, temos um número muito limitado na quantidade de usuários de espírito para trabalhar. Vasilisa Dragomir mal tem tempo para experimentar seus poderes.

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Sonya Karp se ofereceu para ajudar, o que é uma excelente notícia, especialmente porque ela é uma ex-Strigoi. No mínimo, podemos observar o atraso no envelhecimento em primeira mão. Ela só está disponível por um curto tempo, e os Moroi não responderam ainda ao meu pedido de mais alguns outros indivíduos úteis. Mas se tivéssemos outro usuário de espírito à mão, um sem outras obrigações para distraí-lo e ajudando-nos a tempo integral…– Ela olhou para mim significativamente. –Adrian?–, perguntei. –Você acha que ele ajudaria na investigação? De encontrar alguma maneira magica de proteção contra a conversão em Strigoi? Como disse, entre Sonya e os outros, ele poderia ajudar,– acrescentou ela rapidamente. –Eu falei com os Moroi e eles estão reunindo um pequeno grupo com experiência em Strigoi. Eles planejam enviá-los em breve. Nós só precisamos de Adrian para ajudar.– –Uau. Vocês se movem depressa,– murmurei. Com as palavras ‘Adrian’ e ‘pesquisa’, minha mente imaginou imagens dele num laboratório, usando uma bata branca, curvado sobre tubos de ensaio e provetas. Eu sabia que a pesquisa em si, não seria nada parecido com aquilo, mas foi uma imagem difícil de esquecer. Também era difícil imaginar Adrian focado seriamente em qualquer coisa. Exceto, aquele pensamento enervante que eu tinha, de que ele se focaria em alguma coisa se isso lhe vale-se a pena preocupar. Isto era suficientemente importante? Eu realmente não tinha certeza. Era muito difícil de adivinhar, qual podia ser o propósito nobre suficiente para chamar a atenção de Adrian. Mas eu tinha certeza que conhecia alguns privilégios menos nobres que poderia lhe interessar. –Se você lhe conseguir arranjar um lugar próprio, eu aposto que ele faria isso,– disse finalmente. –Ele quer sair da casa de Clarence Donahue.– As sobrancelhas de Stanton subiram. Ela não esperava aquilo. –Bem. Isso não é um grande pedido, suponho. E na verdade, já estamos pagando a conta do antigo apartamento de Keith já que ele tirou um ano fora. Mr. Ivashkov poderia simplesmente se mudar para lá, exceto…– –Exceto o quê?– Stanton encolheu ligeiramente os ombros. –Eu ia oferecer para você. Depois de muita discussão, simplesmente decidimos fazer com que você fosse a Alquimista daqui, depois de Keith… tristemente ter partido. Você poderia deixar Amberwood, se mudar para o seu apartamento e simplesmente supervisionar as atividades de lá. –

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Eu fiz uma careta. –Mas eu pensei que você queria alguém com Jill o tempo todo.– –E queremos. E nós realmente encontrámos uma melhor escolha, sem ofensa. Os Moroi conseguiram encontrar uma dhampir da idade de Jill, que pode servir tanto como companheira de quarto de Jill, como também guarda-costas. Ela vem com os investigadores que estão saindo. Você não tem que passar mais por um estudante.– O mundo girou. Esquemas e planos de Alquimista sempre em movimento. Parecia até que muita coisa foi decidida nesta semana. Eu considerei no que aquilo significava. Não havia mais deveres de casa, nenhuma política do ensino médio. Liberdade de ir e vir quando queria. Mas também significava uma despedida aos amigos que tinha feito: Trey, Kristin, Julia. Eu ainda podia ver Eddie e Jill, mas não da mesma forma. E se eu estava por conta própria, será que os Alquimistas - ou o meu pai – ajudariam com um fundo para as aulas da faculdade? Improvável. –Eu tenho que sair?– perguntei a Stanton. –Posso dar o apartamento a Adrian e permanecer em Amberwood por um tempo? Pelo menos até descobrir se conseguimos arranjar um outro lugar para mim?– Stanton não se incomodou a esconder a sua surpresa. –Eu não esperava que você gostaria de ficar. Eu pensei que você ficaria muito feliz por não ter que partilhar mais o quarto com uma vampira. – E assim, todos os medos e pressões que tinha enfrentado antes de vir para Palm Springs desceram sobre mim. ‘Amante de Vampiro.’ Eu era uma idiota. Eu deveria ter aceitado a chance de ficar longe de Jill. Qualquer outro Alquimista faria. Oferecer-me para ficar, eu estava provavelmente a colocar-me sob suspeita de novo. Como poderia explicar que havia muitas mais coisas na minha escolha do que apenas uma mudança de companheiro de quarto? –Oh,– disse mantendo um rosto neutro. –Quando você disse que estava recebendo uma dhampir da idade de Jill, eu imaginei que ela seria a companheira de quarto e que eu, nunca mais teria de ir para o quarto de Jill. Eu pensei que teria o meu próprio dormitório.– –Isso provavelmente pode ser arranjado…– –E honestamente, depois de certas coisas que aconteceram, eu me sentiria melhor se ainda mantivesse um olho em Jill. Vai ser mais fácil se estiver na escola. Além disso, se é preciso um apartamento para fazer Adrian feliz e trabalhar neste mistério Strigoi, então isso é o que precisamos fazer. Eu posso esperar.– Stanton me estudou por vários longos segundos, quebrando o silêncio apenas quando o

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garçom trouxe a conta. –Isso é muito profissional. Vou fazer com que isso seja feito.– –Obrigado–, disse. Um sentimento de felicidade brotou em mim e eu quase sorri, imaginando o rosto de Adrian quando ouvisse sobre o seu novo lugar. –Há só mais uma coisa que não entendo,– comentou Stanton. –Quando nós investigamos o apartamento, vimos alguns indícios de fogo. Mas nenhum de vocês que estiveram lá relatou sobre isso.– Eu fiz uma carranca artificial. –Honestamente…muitas das coisas se tornaram num de borrão com a perda de sangue e com a mordida…Eu não tenho certeza. Keith tinha algumas velas. Eu não sei se estavam acesas…ou eu não sei. Tudo o que eu pensava era nas presas e no quão terrível foi quando fui mordida…– –Sim, sim–, disse Stanton. Minha desculpa era frágil, mas mesmo ela não estava totalmente impermeável ao pensamento de ser mordida por um vampiro. Era de certeza o pior pesadelo de um Alquimista e eu tinha direito ao meu trauma. –Bem, não se preocupe com isso. Esse fogo é o menor das nossas preocupações.– Não era a menor das minhas preocupações. E quando regressei ao campus mais tarde naquele dia, eu finalmente lidei com isso e encarei de frente Ms. Terwilliger, que estava a trabalhar num dos escritórios da biblioteca. –Você sabia,– disse fechando a porta. Todos os juízos de protocolo entre aluno-professor desapareceram da minha cabeça. Eu estava retendo a minha raiva por uma semana e agora podia finalmente libertar aquilo. Na minha vida toda, eu fui ensinada a respeitar as pessoas mais velhas, mas agora uma dessas pessoas tinha acabado de me trair. –Tudo o que você me fez fazer…copiar os livros de magia, fazer o amuleto para ‘só para ver como era!’– Eu balancei minha cabeça. –Foi tudo uma mentira. Você sabia… você sabia que era…real.– Ms. Terwilliger tirou os óculos e olhou me com cuidado. –Ah, então eu imagino que você experimentou?– –Como você pôde fazer isso comigo?– Exclamei. –Você não tem ideia de como me sinto sobre magia e sobre o sobrenatural!– –Oh–, disse ela secamente. –Eu realmente tenho. Eu sei tudo sobre a sua organização.– Ela bateu em seu rosto, olhando para a minha tatuagem. –Eu sei porque sua ‘irmã’ está dispensada das atividades ao ar livre e porque seu ‘irmão’ se destaca nos esportes. Eu estou muito informada sobre as várias forças que trabalham no nosso mundo, esses que estão ocultos para a maioria dos olhos humanos. Não se preocupe, minha querida. Eu

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certamente não vou contar a ninguém. Vampiros não são a minha preocupação.– –Porquê?– Perguntei, decidida a não revelar a ela tudo o que eu me esforçava para manter em segredo. –Porque eu? Porque você me fez fazer isso - especialmente se você reivindica que sabe como me sinto? – –Mmm…um par de razões. Vampiros, como você sabe, exercem uma espécie de magia interna. Eles se conectam com os elementos de forma básica, quase sem nenhum esforço. Humanos, no entanto, não têm uma ligação desse tipo.– –Os seres humanos não devem usar magia,– disse friamente. –Você me fez fazer algo que violava as minhas crenças.– –Para os humanos fazerem magia,– continuou ela, como se eu não tivesse falado nada, –é preciso arrancar do mundo. Ela não vem tão facilmente. Claro, os vampiros usam feitiços e ingredientes ocasionalmente, mas nada como o que nós devemos fazer. A magia deles vem do interior para fora. A nossa vem de fora para dentro. Requer muito esforço, tanta concentração e cálculo exato…bem, a maioria dos humanos não têm a paciência ou habilidade. Mas alguém como você? Você foi treinada nessas técnicas meticulosas desde o momento que começou a falar.– –Então é isso tudo que preciso para usar magia? Uma capacidade de organizar e medir?– Eu não me incomodei a esconder o meu desprezo. –Claro que não.– Ela riu. –É necessário um certo talento natural também. Um instinto que combina com a disciplina. Senti isso em você. Você vê, eu sei a minha capacidade. Dá-me um estatuto alto, mas ainda é relativamente pequeno. Você? Eu posso sentir a fonte de poder em você e a minha pequena experiência provou isso.– Senti frio por todo lado. –Isso é uma mentira–, disse. –Vampiros usam magia. Não humanos. Não eu.– –Esse amuleto não acende o fogo por conta própria,– disse ela. –Não negue o que você é. E agora que determinamos isso, podemos seguir em frente. O seu poder inato pode ser maior do que o meu, mas eu posso começou por te treinar com magia básica.– Eu não queria acreditar que estava ouvindo isso. Não era real. Era algo vindo de um filme, porque não havia maneira de ter vindo da minha vida. –Não–, exclamei. –Você é…Você está louca! Magia não é real e eu não tenho nenhuma! É estranha e não natural. Eu não vou comprometer a minha alma.– –Tanta negação para um grande cientista,– ela meditou. –Estou falando sério–, disse mal reconhecendo a minha própria voz. –Eu não quero ter nada a ver com os seus estudos ocultos. Estou feliz por tomar apontamentos e compra

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café para você, mas se você continuar a fazer esse tipo de declarações e ações loucas…Eu vou à secretaria e peço para ser transferida para outro professor. Acreditar em mim, quando se trata de trabalho burocrático e de coisas administrativas, isso é algo que eu tenho como poder inato.– Ela quase sorriu mas depois desapareceu. –Você quer mesmo isso. Você realmente quer rejeitar este incrível potencial – esta descoberta - que você tem?– Eu não respondi. –Assim seja.– Ela suspirou. –É uma perda e um desperdício. Mas você tem a minha palavra que eu não vou trazê-lo de novo este assunto até que você o faça. – –Isso–, disse com veemência, –não vai acontecer. – Ms. Terwilliger apenas encolheu os ombros por meio de resposta. –Bem, então. Uma vez que você está aqui, você pode muito bem ir buscar um café.– Eu dirigi-me para a porta e então veio um pensamento. –Foi você que telefonou para Nevermore a perguntar sobre vampiros? – –Por que no mundo eu faria isso?–, perguntou ela. –Eu já sei onde encontrá-los.– Ótimo, eu pensei. Outro mistério. Eu pensei naquilo, na cafeteria mais tarde naquele dia, enquanto Eddie, Jill e Micah estavam a terminar o jantar. Jill estava a ter uma dificuldade compreensivelmente, para aceitar a morte de Lee e todas as revelações que tínhamos descoberto - incluindo o seu desejo de fazê-la sua rainha morta-viva. Tanto Eddie como eu tínhamos falado com ela da forma que conseguíamos, mas Micah parecia ter maior efeito calmante sobre ela. Acho que era porque ele nunca abordou o tema abertamente. Ele sabia que Lee tinha morrido, mas pensava que foi num acidente e naturalmente desconhecia as conexões vampíricas. Enquanto Eddie e eu sempre tentávamos a nossa sorte em ser psicólogos amadores, Micah simplesmente tentava distraí-la e fazê-la feliz. –Temos que ir,– disse ele se desculpando quando me sentei. –Rachel Walker vai dar-nos uma aula sobre como usar uma máquina de costura.– Eddie balançou a cabeça para ele. –Eu ainda não sei porque você se inscreveu no clube de costura.– Isso não era verdade, claro. Nós dois sabíamos exatamente por que Micah se tinha inscrito. Jill usava aquele olhar serio desde a morte de Lee – um olhar que eu suspeitava que ela carregaria por algum tempo - mas um fantasma de um sorriso cintilou sobre seus lábios. –Eu acho que Micah vai se tornar num verdadeiro designer de moda. Talvez um dia eu desfile no seu show.–

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Eu balancei minha cabeça, escondendo o meu próprio sorriso. –Nada de desfilar, nem qualquer outra coisa, não por algum tempo.– Depois do show, Lia e os outros designers tinha entrado em contato, todos queriam trabalhar com Jill novamente. Nós tínhamos que recusar a fim de proteger a sua identidade aqui, mas fazer isso tinha entristecido Jill. Jill assentiu. –Eu sei, eu sei.– Ela levantou-se com Micah. –Eu vejo você depois no nosso quarto, Sydney. Eu gostaria de falar um pouco mais com você.– Concordei. –Absolutamente.– Eddie e eu ficamos a vê-los sair. Suspirei. –Isto vai ser um problema–, eu disse a ele. –Talvez–, ele concordou. –Mas ela sabe o que pode fazer e o que não pode fazer com ele. Ela é inteligente. Ela vai ser responsável.– –Mas ele não sabe,– disse. –Eu pressinto que Micah já está caído por ela demais.– Olhei Eddie com cuidado. –Entre outras pessoas.– Eddie ainda estava a olhar para Micah e Jill, então levou algum tempo para ele se aperceber do que estava a falar. Ele sacudiu seu olhar de volta para mim. –Huh?– –Eddie, eu não vou afirmar que sou uma perita em romance, mas eu mesmo posso dizer que você é louco por Jill.– Ele prontamente olhou para longe, embora o seu olhar o traísse. –Isso não é verdade.– –Eu reparei nisso o tempo todo, mas não foi naquela noite na casa de Keith, que eu realmente me apercebi do que estava a ver. Eu vi como você olhou para ela. Eu sei o que você sente por ela. Então, o que eu quero saber é: por quanto tempo vamos continuar a nos preocupar com Micah? Porque você não lhe pede apenas para sair e salvar-nos a todos de um monte de problemas? – –Porque ela é minha irmã,– disse ele ironicamente. –Eddie! Estou falando sério. – Ele fez uma careta, respirou fundo e depois virou-se para mim. –Porque ela pode escolher alguém melhor do que eu. Você quer falar sobre as regras sociais? Bem, de onde viemos, Moroi e dhampirs não têm relacionamentos sérios.– –Sim, mas isso é tipo uma coisa de classe sociais,– disse. –Não é exatamente a mesma coisa que humanos e vampiros. – –Talvez não, mas com ela, poderia muito bem ser. Ela não é apenas Moroi qualquer. Ela é da realeza. Uma princesa. E você viu como ela é! Inteligente e forte e bonita. Ela está destinada a grandes coisas, e um dos eles é não se envolver com um controverso guardião como eu. Ela vem de uma linhagem real. Demónios, eu nem mesmo sei quem

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é o meu pai. Namorar com ela é impossível. Meu trabalho é protegê-la. É mantê-la segura. É onde toda a minha atenção tem de estar.– –E então você acha que, em vez disso, ela merece estar com um humano? – perguntei incrédula. –Dançando em cima da linha de um tabu, sustentado por ambas as nossas raças?– –Não é o ideal–, admitiu ele. –Mas ela ainda pode ter uma divertida vida social e…– –E se fosse outro cara?– interrompi ele. –Se algum outro humano a convidasse para sair e simplesmente fosse um encontro casual? Você ficaria bem com isso?– Ele não respondeu e eu soube que tinha razão no meu palpite. –Isto é só sobre não se sentir digno de Jill, –disse. –Trata-se de Micah também, não é? Sobre como ele faz lembrar Mason. – Eddie ficou escandalizado. –Como você sabe sobre isso?– –Adrian me disse.– –Fodasse,– disse Eddie. –Porque é que ele não pode fingir ser cego?– Eu sorri. –Você não deve nada a Micah. Você certamente não lhe deve Jill. Ele não é o Mason, não importa o quanto eles são parecidos.– –É mais do que parece–, disse Eddie ficando pensativo. –É também o modo de agir. Micah age igual - desinibido, confiante, animado. Era assim que Mason era. Existe muitas poucas pessoas assim no mundo: pessoas que são genuinamente bons. Mason foi tirado do mundo muito cedo. Eu não vou deixar que isso aconteça com Micah.– –Micah não está em perigo–, disse suavemente. –Mas ele merece coisas boas. E mesmo ele sendo um humano, ele ainda é uma das melhores escolhas que eu conheço para Jill. Eles merecem um ao outro. Ambos merecem coisas boas. – –Então, você vai deixar-se sofrer por isso? Porque você é tão apaixonado por Jill que se convenceu que ela merece algum príncipe, que você não é? E porque você sente que é seu dever apoiar todos os Mason do mundo?– Eu balancei minha cabeça. –Eddie, isso é loucura. Mesmo você viu isso.– –Talvez–, admitiu ele. –Mas eu sinto que é a coisa certa a fazer.– –Certa? É uma coisa masoquista a se fazer! Você está incentivando a rapariga que você quer ser um dos seus melhores amigos.– –Eu quero que ela seja feliz. Vale a pena sacrificar-me a mim mesmo.– –Não faz nenhum sentido.– Eddie me deu um pequeno sorriso e deu um tapinha no braço, antes de ir em direção a

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um ónibus que se aproximava. –Lembra quando você disse que não era especialista em romance? Bem, você estava certa.–

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