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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capitulo 2

8:17 da manhã





Subimos no carro, um enferrujado Buick que já era velho quando vovó

nos deu depois que Teddy nasceu. Mamãe e papai ofereceram me deixar dirigir,

mas eu disse não. Papai vai atrás do volante. Ele gosta de dirigir agora. Ele

teimosamente se recusou a fazer uma carteira por anos, insistindo em andar

com sua bicicleta pra toda parte. Quando ele tocava música, seu banimento a

dirigir significa que seus companheiros de banda era quem tinham que dirigir

em suas turnês. Eles costumavam virar os olhos para ele.

Mamãe fez mais que isso. Ela amolou, seduziu, e algumas vezes gritou

com papai para ele fazer a carteira, mas ele insistiu que preferia o poder de

pedalar. “Bem, então é melhor começar a trabalhar para construir uma bicicleta

que suporte uma família de três e nos mantenha secos quando chover,” ela

exigiu. Para o que papai sempre riu e disse que ia ver isso.

Mas quando mamãe ficou grávida de Teddy, ela bateu o é. Já chega, ela

disse. Papai pareceu entender que algo tinha mudado. Ele parou de discutir e

conseguiu sua carteira. Ele também voltou para escola para conseguir seu

certificado para ensinar. Eu acho que tudo bem estar se desenvolvendo com

apenas um filho. Mas com dois, o tempo passa. Hora de usar uma gravata.

Ele está usando uma essa manha, junto com um casaco esporte e um

sapato vintage. “Vestido para a neve, eu vejo,” eu digo.

“Eu gosto do correio,” papai responde, tirando a neve do carro com um dos

dinossauros de plástico de Teddy que estão espalhados no gramado. “Nem

chuva com neve nem meio centímetro de neve vão me compelir a me vestir

como um lenhador.”

“Hey, meus parentes eram lenhadores,” mamãe avisa. “Nada de fazer graça dos

homens da floresta.”

“Nem sonharia com isso,” papai responde. “Só estou fazendo contrastes

estilísticos.”

Papai tem que virar a ignição algumas vezes antes do carro ganhar vida.

Como sempre, tem uma batalha para a dominação do rádio. Mamãe quer NPR.

Papai quer Frank Sinatra. Teddy quer Bob esponja. Eu quero a estação de

músicas clássicas, mas reconheço que sou a única fã de música clássica da

família, e estou disposta a abrir com para ouvir Shooting Star.

Papai faz um trato. “Já que estamos perdendo aula hoje, vamos ouvir as

notícias por um tempo para não nos tornarmos ignorantes – “

“Eu acredito que isso é ignorante,” mamãe diz.

Papai vira os olhos e pões sua mão sobre mamãe e limpa sua garganta

naquele jeito professoral dele. “Como eu estava dizendo, NPR primeiro, e então

quando as notícias acabarem, a estação clássica. Teddy, não vamos torturar

você com isso. Você pode usar o discman,” papai diz, começando a desconectar

o cd player portátil que ele liga ao rádio do carro.

“Mas você não tem permissão para tocar Alice Cooper no meu carro. Eu te

proíbo.” Papai abre o porta luvas para examinar o lado de dentro. “O que você

acha de Jonathan Richman?”

“Eu quero Bob Esponja. Está na maquina,” Teddy grita, pulando para

cima e pra baixo e apontando para o Discman. O xarope de bolo de chocolate

claramente só aumentou a excitação dele.

“Filho, você quebra meu coração,” papai brinca. Tanto Teddy quanto eu

fomos criados nas musicas bobas de Jonathan Richman, que é o santo patrono

preferido de mamãe e papai.

Assim que a seleção musical foi feita, partimos. A estrada tinha alguns

amontoados de neve, mas na maior parte estava apenas molhada. Mas isso é

Oregon. As ruas estão sempre molhadas. Mamãe costumava brincar que era

quando a estrada estava seca que as pessoas tinham problemas. “Eles ficam

arrogantes, não se importam com o vento, dirigem como babacas. A policia tem

um dia cheio dando multas de velocidade.”

Eu inclino minha cabeça contra a janela do carro, observando o cenário

passar, uma pintura de verde escuro das arvores cheias de neve, uma fina listra

de uma nevoa branca, e as pesadas nuvens de tempestade acima. Está tão

quente no carro que a janela fica se embaçando, e eu faço rabiscos na

condensação.

Quando o noticiário acaba, ligamos na estação de musica clássica. Eu

ouço as primeiras notas da Sinfonia de Violoncelo nº 3. de Beethoven, que era a

peça que eu deveria trabalhar essa tarde. Parece algum tipo de coincidência

cósmica. Eu me concentro nas notas, me imaginando tocando, me sentindo

agradecida por essa chance de praticar, feliz por estar no calor do carro com

minha sonata e minha família. Eu fecho meus olhos.

Você não esperaria que o rádio funcionasse depois. Mas funciona.

O carro está destruído. O impacto de quatro toneladas de uma picape a

80 km/h batendo direto do lado do passageiro teve a força de uma bomba

atômica. Ela quebrou as portas, jogou o banco do passageiro em direção a

janela do motorista. Quebrou o chassi, o balançando pela estrada e quebrou o

motor no meio como se ele não fosse mais forte que uma teia de aranha. Ele

jogou as rodas e o carburador dentro da floresta. Ele derramou um pouco de

gasolina, então agora pequenas chamas crepitavam na estrada molhada.

E havia tanto barulho. Um sinfonia de trituração, um choros de batidas, e

uma opera de explosões, e finalmente, a triste batida de metal duro cortando

suaves arvores. Então tudo ficou quieto, a não ser por isso: A sinfonia de

Violoncelo nº 3. de Beethoven ainda estava tocando. O rádio do carro de

alguma forma ainda está ligado a bateria e então Beethoven está sendo

transmitido na, mais uma vez, tranqüila manhã de fevereiro.

A principio achei que tudo estava bem. Para começo de conversa, eu

ainda consigo ouvir Beethoven. E tem o fato de que eu estou parada numa vala

do lado da estrada. Quando olho para baixo, o a saia jeans, o suéter de cardigan,

e as botas pretas que pus hoje de manhã todas parecem como pareciam

quando sai de casa.

Eu sumo o barraco para olhar melhor o carro. Nem mesmo é um carro

ainda. É um esqueleto de metal, sem assentos, sem passageiros. O que significa

que o resto da minha família deve ter sido atirada para fora do carro como eu.

Eu passo minhas mãos pela minha saia e ando para a estrada para encontrar

eles.

Eu vejo papai primeiro. Mesmo a metros de distancia, eu posso distinguir

o cachimbo no bolso da sua jaqueta. “Pai,” eu chamo, mas enquanto ando na

direção dele, o pavimento fica escorregadio e tem pedaços cinzas do que parece

ser couve-flor. Eu sei o que estou vendo imediatamente mas de alguma forma

isso não se conecta imediatamente com meu pai. O que passa por minha mente

são os noticiários sobre tornados ou incêndios, como eles destroem uma casa

mais deixam a casa ao lado intacta. Pedaços do cérebro do meu pai estão no

asfalto. Mas seu cachimbo está no seu bolso esquerdo.

Eu encontro mamãe a seguir. Quase não tem sangue nela, mas seus

lábios já estão azuis e o branco em seus olhos estão completamente vermelhos,

como um demônio de um filme de baixo orçamento. Ela parece totalmente

surreal. E é a visão dela parecendo um zumbi que envia ondas de pânico

passando por mim.

Eu preciso encontrar Teddy! Onde ele está?Eu giro, de repente frenética,

como da vez que eu perdi ele por 10 minutos no mercado. Eu estive convencida

de que ele fora seqüestrado. É claro, acabou que ele se afastou indo para a ilha

de velas. Quando encontrei ele, eu não tinha certeza se deveria abraçar ou

gritar com ele.

Eu corri para a vala de onde sai e vi uma mão para fora. “Teddy! Estou

aqui!” eu grito. “Se estique. Vou puxar você.” Mas quando me aproximo, eu veja

um brilho metálico do bracelete de prata com um pequeno violoncelo e umas

guitarras. Adam me deu isso para meu aniversário de 17 anos. É o meu

bracelete. Eu estava usando ele hoje de manhã. Eu olho para meu pulso. Eu

ainda estou usando ele.

Eu me aproximo mais e agora sei que não é Teddy deitado ali. Sou eu. O sangue

do meu peito atravessou minha camiseta, saia, e suéter, e agora está caindo em

gotas na neve virgem. Uma das minhas pernas está inclinada para o lado, a pele

e os músculos aparecendo de tal forma que consigo ver pedaços de osso. Meus

olhos estão fechados e meu cabelo castanho escuro está molhado e cheio de

sangue.

Eu me afasto. Isso não está certo. Isso não pode estar acontecendo.

Somos uma família, estávamos num passeio. Isso não é real. Eu devo ter

adormecido no carro. Não!Pare. Por favor pare. Por favor acorde! Eu grito pelo

ar gelado. Está frio. Minha respiração deveria embaçar. Ela não embaça. Eu olho

para meu pulso, o que parece estar bem, intocado pelo sangue e tecidos e o

aperto com o máximo de força que consigo.

Eu não sinto nada.

Eu tive pesadelos antes – pesadelos em que estive caindo, tocando num

recital de violoncelo sem saber a música, terminando com Adam – mas sempre

fui capaz de me obrigar a abrir os meus olhos, a erguer minha cabeça do

travesseiro, para parar o filme de horror passando atrás dos meus olhos

fechados. Eu tento de novo. Acorde! Eu grito. Acorde! Acordeacordeacorde! Mas

não posso. Eu não acordo.

Então escuto algo. É a música. Ainda consigo ouvir a música. Então me

concentro nisso. Eu imito as notas da Sinfonia de Violoncelo nº 3. de Beethoven

com minhas mãos, como freqüentemente faço quando escuto peças em que

estou trabalhando. Adam chama de “violoncelo no ar.” Ele sempre me pergunta

se um dia podemos tocar um dueto, ele com a guitarra de ar, e eu com o

violoncelo de ar. “Quando acabarmos, podemos destruir nossos instrumentos

de ar,” ele brinca. “Você sabe que você quer.”

Eu toco, só me concentrando nisso, até que a ultima gota de vida no

carro morre, e a música vai com ela.



Não é muito depois das sirenes se aproximarem.

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