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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Crepúsculo



“Crepúsculo. Ah, Crepúsculo... O livro que mais marcou a
adolescência depois de Harry Potter e que mais causou estrago na juventude
mundial. E eu li. Eu li e eu vi. E eu fiquei triste. E eu senti dor. Doeu. E eu vou
dizer pra vocês por quê.”
Com essas palavras eu comecei o vídeo que mudou para sempre a história do
Não Faz Sentido e, se você está lendo este livro, é bem possível que tenha
passado a conhecer meus vídeos após ver este, que é tema do capítulo. (Já se
você não está lendo este livro, então agora você ouvirá alguém falar
“ALFREDO”. Sim, você que está lendo, vá até a pessoa mais próxima e diga
para ela: “Alfredo.” A reação dela será legal.)
Voltando ao assunto, Crepúsculo foi uma das piores coisas que aconteceram,
de fato, no mundo adolescente da nossa geração, mas, no final das contas, foi
uma das melhores coisas que aconteceram em toda a minha vida. Não, não estou
me referindo ao amor imbeciloide entre Eduardo Sugador e Isabela
Dentesprafora, mas, sim, ao que a saga acabou proporcionando ao Não Faz
Sentido após o lançamento do vídeo criticando sua existência, no dia (espera,
deixa eu conferir, um minuto) 5 de julho de 2010 (você leu isso em três segundos,
mas eu levei uns quatro minutos para achar a informação de que precisava).
Se você não pulou os capítulos anteriores (aposto que vai ter gente fazendo
isso pra ir direto saber o que aconteceu quando fiz o vídeo sobre Crepúsculo –
sério, se você pulou, por favor, despule e leia os capítulos anteriores. Jesus, esse
parágrafo já está com quatro linhas, que absurdo! Ops, agora cinco), sabe que eu
estava em um momento “vou fazer vídeos mais sérios para fugir da imagem de
crítico de modinhas”. Pois bem, isso durou até certo momento. Ou melhor, até o
dia em que saiu no cinema o filme Eclipse, o terceiro da saga de quatro livros e
cinco filmes criada por Stephanie Meyer.
Muito bem, aconteceu da seguinte forma:
O mês era algum que não lembro, do ano de 2010, antes do Não Faz Sentido
ter nascido. Na época, em uma de minhas investidas em baladas underground do
cenário carioca, encontrei uma menina roqueira (uau, o Word acabou de me
ensinar que é “roqueira” e não “rockeira”. Viu? Este livro já serviu pra alguma
coisa [sério, eu preciso parar com esses parágrafos imensos, já estou usando
colchetes!]). Enfim, encontrei uma menina roqueira que acabou virando um breve
romance em minha vida. Vamos chamá-la de Lílian. Saímos algumas vezes e
acabamos criando um laço bacana de companheirismo e não apenas carnal
(“carnal” me remete mais a churrascaria que a sexo, mas tudo bem).
Em uma de nossas conversas, ao perguntar sobre a razão de ela estar se
entregando tanto a essa precoce relação (eu me preocupava, pois não estava
pronto para embarcar num relacionamento), ela respondeu: “Não sei, mas sinto
em você um Edward, vocês são muito parecidos.” A pergunta que seguiu de
minha boca foi: “Maqueporraéedward?” Foi assim que soube, pela primeira vez,
da existência de um livro chamado Crepúsculo.
Veja bem, vamos parar por um instante pois você agora deve estar rindo da
minha cara por ela ter me comparado ao Edward. O filme ainda não tinha saído,
então ela não falava da questão de aparência, mas, sim, de comportamento.
Puta merda, acho que me compliquei ainda mais, era melhor acharem que era a
aparência. Agora vão achar que eu era algum tipo de borboleta brilhante que se
recusava a transar. O que estou tentando dizer é: EU NÃO ERA PARECIDO
COM O EDWARD. Mas a garota, absolutamente apaixonada e aficionada pelo
personagem do livro, buscou no primeiro cara que a tratou bem uma
personificação do cidadão. Sobrou pra mim. Eu culpo a educação que minha mãe
me deu, se tivesse tratado ela mal, nunca teria sido comparado a tal sujeito e
talvez não tivesse conhecido a saga. Opa, aliás, obrigado, mãe! E pai também
(relendo agora parece que chamei meu pai de açoitador de mulheres).
Voltando à história (ou seria estória? Nunca aprendi isso, só sei que tenho a
tendência de achar prepotente quem escreve “estória”), a menina não era bem
uma menininha, já tinha seus 20 anos e era inteligente, descolada e com uma
referência literária até de respeito. À época, bem diferente do que vemos hoje em
dia, Crepúsculo era apenas um livro e agradava a todas as idades, não apenas às
meninas de 12 anos.
O fato de ter sido comparado a um vampiro de um livro que parecia trazer uma
história obscura e tensa despertou minha curiosidade. Eu precisava ler aquilo. Foi
esse o dia em que fui à livraria perto de casa (ou seja, a 30 quilômetros, pois eu
morava perto do Buraco do Padre) e perguntei à vendedora: “Você tem
Crepúsculo?” A febre ainda não era tão grande, então o livro ainda não estava tão
em evidência nas prateleiras. Saí da loja achando que tinha comprado um livro
que me prenderia a um universo fantástico de vampiros.
Ah, como eu errei.
Ao chegar em casa, conversei brevemente com Lílian pelo extinto MSN e
contei que estava com o livro em mãos. Li em resposta: “Que máximo! Você vai
adorar, vai me contando o que está achando.” Fechei o MSN, recostei-me na
cama e comecei a ler.
De início já fiquei incomodado com a narrativa em primeira pessoa, pois nunca
fui muito fã desse tipo de história. Sempre gostei mais das narrativas estilo Harry
Potter, com o brilhantismo de escrita da J. K. Rowling, reconhecido no mundo
inteiro e por outros escritores consagrados (diferentemente de Stephanie Meyer,
autora de Crepúsculo que, segundo Stephen King, “seus livros não valem um
trapo”, embora ele não tenha usado exatamente essas palavras. Stephen, se você
estiver lendo, perdoe-me e HAHAHAHAHA, claro que o Stephen King está
lendo este livro). Mas, tudo bem, engoli em seco o método de escrita e continuei a
leitura.
Não é que eu tenha achado ruim. Eu simplesmente não acreditava no que
estava lendo a cada página que passava. Pensava não ser possível que tal história
pudesse ter se tornado tão popular com pessoas tão inteligentes como as que tinha
conhecido e recomendado a leitura. A incompreensão varria minha cabeça, até
chegar à determinada cena em que a Bella se via perseguida por lobisomens (em
forma humana) no meio da rua e começou a pensar: “Será que eu corro ou
continuo andando? Acho melhor continuar andando, se eu correr vou acabar
caindo de tão estabanada que sou” – não é sacanagem, ela decide continuar
andando em vez de correr por sua vida porque ela ACHOU QUE IA CAIR. A
partir daí a incompreensão transformou-se em revolta.
Decidi que ia parar de ler e voltei ao MSN. Chamei Lílian, que já iniciou a
conversa perguntando sobre o livro.
“E aí, já leu quantas páginas?”
“Umas 100.”
“Ai, não vejo a hora de nos encontrarmos pessoalmente para conversarmos
sobre o livro. Está gostando?”
Mulheres, quando um homem possui desejos carnais por você, podem
acreditar que grande parte das afirmações que ele faz são manipuladas para que
vocês ouçam exatamente o que querem ouvir.
“To, sim, to curtindo.”
Cafajeste.
Percebi que não seria capaz de dizer a verdade pra ela, então só me sobrava
uma alternativa: terminar a leitura e dizer que aquela história fazia todo sentido e
se tornaria um clássico da literatura. Voltei a ler.
A cada página que eu virava parecia que a brisa levantada me esbofeteava o
rosto com força. Machismo, descontrole emocional, conservadorismo extremo,
incentivo do ideal “sexo é errado, tem que se controlar o tempo todo”, quase
pedofilia (ou vai me dizer que um cara de mais de 100 anos se apaixonar por uma
de 17 não é quase pedofilia?) e vampiros que brilhavam ao entrar em contato com
a luz do sol. Aquilo era demais pra mim. Contudo, a cada vez que encontrava
com Lílian ou conversava por MSN, acabava voltando à leitura.
Foi assim que terminei Crepúsculo inteiro. Ao final, lembro de virar para
minha mãe e dizer: “Nunca leia isso se ainda quiser que te considere minha mãe.”
Claro que eu estava sendo dramático. Se minha mãe tivesse virado fã de
Crepúsculo eu continuaria a amá-la, mesmo depois de trancá-la num sótão onde
ela apodreceria até o fim de seus dias. Faria isso por amor.
Quando terminei o livro, ainda não tinha começado o Não Faz Sentido,
embora isso tenha acontecido logo depois. Muitos me acusavam de escolher
temas para criticar baseado naquilo que eu sabia que faria sucesso no YouTube.
Se isso fosse verdade, já teria começado falando sobre Crepúsculo, mas,
sinceramente, após alguns dias o livro deixou de me incomodar e não voltei a
pensar nele, logo, não me forcei a gravar sobre algo que não estava mais
verdadeiramente me incomodando. Todos os dias, após o sucesso estrondoso do
canal, recebia uma saraivada de mensagens pedindo para que eu gravasse sobre
Crepúsculo, mas não me vinha o real interesse. Eu sabia que faria sucesso, mas
não queria gravar só para ter audiência, eu só queria gravar sobre coisas que
estivessem me incomodando de verdade, ou o Não Faz Sentido correria o risco
de perder sua essência e ficar artificial. Com tudo isso, optei por me segurar.
Até o dia em que lançaram o filme Eclipse nos cinemas. Nessa altura eu já
tinha encerrado meu relacionamento com Lílian e já tinha dito para algumas
pessoas o que realmente tinha achado do livro, o que gerou revolta e
incompreensão, sob argumentos de “você não teve profundidade o suficiente para
entender”.
Ao assistir ao trailer do filme, voltei a me incomodar com tamanha
superficialidade. Nunca mais tinha procurado saber sobre Crepúsculo ou
qualquer coisa relacionada, mas àquela noite, após assistir ao trailer, encontrei um
vídeo de uma fã americana de Crepúsculo que já tinha ficado famosa ao se filmar
assistindo coisas relacionadas à saga. A mulher devia ter uns 150 quilos e tinha
uma aparência cômica, o que não a ajudava em nada quando começava a gritar
como uma pessoa com deficiência tendo um surto psicótico ao assistir ao trailer
de Eclipse. Mais do que dar risada, aquilo serviu para me incomodar ainda mais.
Nunca fui fã da vergonha alheia. Não consigo dar risadas de vídeos como
“Para Nossa Alegria” ou outros do gênero. A vergonha alheia normalmente me
provoca sensações estranhas e, ao ver mais vídeos de fãs de Crepúsculo, comecei
a sentir revolta pela forma como aquele fenômeno literário estava moldando a
juventude feminina da época. Você pode dizer: “Ah, mas os Beatles causavam o
mesmo resultado nas mulheres.” Sim, amigo, o que me incomodava era que isso
estava acontecendo com Crepúsculo e não com os Beatles.
Decidi que talvez fosse a hora de fazer um vídeo sobre a saga, mas só faria isso
se realmente pesquisasse sobre o assunto e percebesse que era passível de ter um
vídeo do Não Faz Sentido sobre o tema, pois já estava cansado da temática “teen”
e buscava assuntos mais sérios para tratar no canal. Nesse momento, baixei os
filmes Crepúsculo e Lua Nova, os dois primeiros da saga (sim, eu baixei, já tinha
gasto dinheiro com o livro, não cometeria o mesmo erro com os filmes, há limites
para o discurso antipirataria e comprar Crepúsculo ultrapassa esse limite).
Esperei chegar a madrugada, busquei minha prancheta (minha melhor amiga) e
apertei o botão do play, pronto para anotar caso alguma coisa fosse cabível de
colocar em um vídeo do Não Faz Sentido.
Não tive folhas o suficiente.
Cada cena, cada diálogo, cada detalhe da história parecia ter sido tirado de uma
pessoa com seríssimos desvios psicológicos (parecia não, foi). Eu anotava
freneticamente tudo que era cabível de comentários e não parava de escrever.
Assisti aos dois filmes seguidos, certo de que, àquela altura, não havia mais volta.
O “Não Faz Sentido – Crepúsculo” teria de nascer.
Acordei no dia seguinte determinado a gravar naquela mesma noite tudo o que
tinha para falar sobre a saga e o resultado que estava gerando nas fãs alucinadas
ao redor do mundo, mas percebi que faltava algo. O terceiro filme, Eclipse, sairia
oficialmente no dia seguinte nos cinemas e eu não deveria perder a chance de
gravar meu vídeo atualizado com as cenas que viriam em mais um clássico do
humor cinematográfico americano. Segurei a onda, passei o dia me controlando e
programei de ir ao cinema no dia seguinte, no Norte Shopping, com um grande
amigo de infância, o Fellipe Lourenço. Imaginei que ele teria uma coisa ou outra
para adicionar ao vídeo (coisa que nunca tinha acontecido antes, pela primeira
vez, teria a colaboração de um amigo).
O dia chegou. Encontrei com Fellipe no “chafariz”, um espaço circular em
frente ao cinema do Norte Shopping que joga água pra cima e tem como
resultado diversas crianças correndo para lá e para cá, molhando-se inteiramente
enquanto suas mães dão risada da situação (se essa cena é inusitada pra você, é
sinal de que não cresceu no subúrbio – ou em um lugar com chafarizes).
Compramos pipoca, sentamos ao ar livre e começamos a conversar sobre a
saga, já sabendo que iria se transformar em vídeo do Não Faz Sentido.
– É inacreditável, cara, o maluco é controlador, completamente perturbado,
virgem aos 100 anos de idade. Como isso pode ser sedutor? – perguntei, tentando
encontrar algum vestígio de coerência.
– É uma merda, mesmo – respondeu Fellipe.
– Cara, mas, na verdade, estou um pouco nervoso, se esse filme acabar sendo
bom, diferente dos outros, não vai caber muito eu fazer um vídeo. Posso acabar
dando com a cara na parede. Esse filme pode ser excepcional pro meu vídeo ou
pode destruir minha ideia.
– Relaxa, vai ser uma merda, mesmo. – O Fellipe é um cara de poucas
palavras.
Entramos no cinema para comprovar de uma vez por todas que a previsão de
Fellipe era totalmente condizente com a realidade. Com minha prancheta em
mãos, desatei-me a anotar tudo aquilo que considerava passível de comentar no
Não Faz Sentido.
Mais uma vez me vi carente de folhas o suficiente.
O filme superava, de longe, a ruindade dos outros dois anteriores somados. As
cenas eram tão patéticas que chegavam ao ridículo. Em determinado momento, a
Bella suplica ao Edward para que ele transe com ela, e ele diz: “Não, devemos
esperar o casamento.” Nesse momento, não pude me conter, soltei uma sonora
gargalhada no cinema, sob o risco de tomar uma chuva de pipoca das fãs, mas o
resultado foi instantâneo, toda a sala começou a rir junto comigo. Naquele
momento, nem mesmo as fãs conseguiram suportar.
Vi, atônito, a cena em que Bella está quase morrendo congelada dentro de uma
cabana na neve e, para salvá-la, Jacob (o lobisomem que queria pegá-la, para
desgosto do Edward) se oferece para abraçá-la para que sua temperatura corporal
a salve. Edward aceita e o cidadão abraça sua mulher sem camisa, nitidamente
excitado, de conchinha pelas costas, numa posição muito comum no pós-coito ou
ainda mais comum no pré-coito. Enfim, comum no coito. Vendo aquilo, Edward
diz: “De uma certa maneira, estou feliz de que você esteja aqui.” Vendo isso e
sem acreditar, acabei soltando bem alto:
– Ah, vai tomar no cu, irmão! – A sala não riu.
Saímos do cinema revoltados, sem acreditar no que tínhamos visto. No carro,
ficamos a viagem inteira falando sobre o que tudo aquilo representava.
– E a cena da cabana, cara? – perguntei.
– Aquilo é um viado! Maluco escroto! Moleque, aposto que ele não quer
transar com a Bella porque ele deve se amarrar num fio terra – respondeu Fellipe.
– Porra, exatamente, aí quando eles casarem, já era, ele vai pedir pra ela
enrabar ele a noite toda e ela já vai estar casada mesmo, então vai fazer.
– Pois é, tudo que aquele vampirinho quer é um dedo quente naquele cu
gelado.
E assim nasceu uma das frases mais famosas do “Não Faz Sentido –
Crepúsculo”, agora devidamente creditada ao seu autor: Fellipe Lourenço.
Falamos sobre muito mais coisas – qualquer viagem para minha antiga casa é
longa. Discutimos mais sobre a cena da cabana, momento em que o Fellipe disse
que eu deveria guardar mais para o final e soltar toda a raiva ali, jogando os
óculos no chão de tanto ódio (que acabou se tornando realidade no vídeo) e
algumas outras coisas.
Cheguei em casa, por volta da 1h e fui direto para o quartinho abafado sem
janelas onde gravava o Não Faz Sentido. Posicionei a câmera, as luzes e senteime
à prancheta para organizar as ideias. Fiquei até umas duas horas anotando
tudo e colocando em ordem cronológica dos acontecimentos. Começando pelo
apanhado geral da ideologia literária da história, passando pelos fatos mais
engraçados do livro, depois indo para os filmes e terminando com tudo que podia
comentar sobre Eclipse.
Apertei o botão “gravar” da câmera e comecei o discurso mais enraivecido da
história do Não Faz Sentido até então.
Mesmo com todas as anotações, muitas coisas saíram no improviso, ao
observar que o meu discurso poderia causar algumas confusões. Como, por
exemplo, em determinado momento do vídeo digo que Crepúsculo foi feito para
agradar somente menininhas e que mulheres independentes e inteligentes não
seriam capazes de gostar. Ao dizer isso, lembrei-me de Lílian e percebi que
mesmo algumas mulheres mais inteligentes também tinham sucumbido aos
encantos da mongolice. Então improvisei: “Não importa exatamente a idade, o
que importa é a sua cabeça. Então, mesmo se você tiver 50 anos, se você for uma
pessoa apaixonada por Crepúsculo, significa que você tem a cabeça de uma
menininha de 13 anos virgem, bobinha, que não sabe nada da vida.” Finalmente
agora, desapegado dos interesses carnais por Lílian, pude transformar em palavras
aquilo que havia pensado na primeira vez em que lera as primeiras páginas de
Crepúsculo. Se o sexo não existisse, acho que teríamos uma sociedade muito
mais sincera.
O discurso continuou e foi longe, a cada momento eu me lembrava de mais
coisas além do roteiro e adicionava no improviso. Querendo mostrar a péssima
interpretação do casal, mas sem querer chamá-los de maus atores pois isso
significaria criticar a performance de alguém da mesma profissão que eu (não
acho elegante, acredito que, se você é um músico, não deve dizer que outro
músico é ruim, ou significa que você se considera um ótimo músico – a menos
que você seja o Stephen King criticando a Stephanie Meyer, aí, sim). Decidi
imitar as caras que faziam durante praticamente 90% de todos os filmes. A Bella
com seu rosto mostrando os dentes (sério, alguém dá um aparelho pra Kristen
Stewart porque ela tá mais pra Kristen Stewart Little) e o Edward com sua
expressão “acabei de me cagar e espero que você não perceba” (eu literalmente
pensei nisso na hora de imitar sua expressão).
As imitações acabaram ficando marcadas e até hoje, quando dou alguma
palestra ou participo de um evento como convidado, muitas pessoas pedem para
que eu imite o Edward ou a Bella. Acabo sempre as frustrando, pois não me sinto
confortável fazendo isso, penso que acabaria parecendo que quero
desesperadamente ter a aprovação da plateia e o vídeo já tem essas cenas para
quando alguém quiser rever.
Outra frase que acabou se tornando eterna no Não Faz Sentido foi: “Um
vampiro se apaixonar por um ser humano é a mesma coisa que você se apaixonar
por uma vaca.” A frase, no fundo, não tem sequer muito sentido, visto que outras
histórias de vampiro já trouxeram o romance sem cair pra babaquice e deu certo.
Por isso, considero essa parte um tanto quanto sofista, mas que acabou dando
muitos frutos, pois se encaixou com a crítica ao filme e foi repetida inúmeras
vezes pela internet afora.
Enfim, após outros momentos que são lembrados até hoje pelos fãs, como
“você não tem vida, seu peido do capeta” e “se você grita quando vê o Jacob sem
camisa, você com certeza é virgem, se não é virgem de sexo é virgem de
pensamento, não sei o que isso significa, mas foda-se”, o vídeo ficou pronto. À
essa altura já era praticamente 4h e eu estava absolutamente acordado. Sentei na
minha “ilha de edição”, ou seja, minha mesa velha com meu computador
guerreiro, e editei o vídeo em tempo recorde.
Por volta das 6 horas da manhã o vídeo estava no ar. Se você está começando
a fazer vídeos agora, um conselho: não coloque vídeos no ar às 6 horas da
manhã, não é inteligente com o YouTube de hoje em dia, mas na época eu não
entendia nada de YouTube, de hora de publicação ou de como fazer um vídeo ter
mais acessos, eu só gravava e colocava no ar. Fui dormir com uma certeza: o dia
seguinte seria o dia em que eu mais receberia xingamentos na vida.


acesse o vídeo mencionado neste capítulo:

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