sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Depois de Crepúsculo
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Devo ter ficado pelo menos cinco minutos sem piscar, abrindo abas
sem parar no meu navegador na internet para poder acompanhar tudo que estava
acontecendo. Eu acabara de acordar e, antes mesmo de escovar os dentes, já
estava sentado para ver a repercussão do vídeo.
De início, meu nome estava em primeiro lugar nos trending topics mundiais, o
que era algo totalmente fora da realidade. O vídeo já contava com mais de 8 mil
comentários em poucas horas, meu nome estava em quase todos os blogs de fãs
de Crepúsculo da internet brasileira, que postavam o vídeo incentivando as outras
fãs a irem me xingar no YouTube e no Twitter.
A coisa tinha sido muito maior que qualquer previsão de minha parte. Eu
recebia ataques de todos os lados. Dos 8 mil comentários, pelo menos metade era
de fãs alucinadas xingando todas as minhas gerações passadas. Comentários do
tipo: “Eu espero que a mãe desse cara morra de câncer” ou “Tomara que ele seja
atropelado, esse desgraçado”. Pelo que eu podia perceber, milhares de pessoas
estavam vendo um vídeo do Não Faz Sentido pela primeira vez, em vez do
público fiel que eu mantinha vídeo a vídeo.
Aquilo me divertia na mesma proporção em que me assustava.
As fãs começaram a se organizar. Postavam em seus blogs e comunidades do
Orkut formando mutirões para dar “não curtir” em meus vídeos (o famoso voto
negativo). Uniam-se também para denunciar o vídeo para o YouTube, na
esperança de tê-lo removido, além de denunciarem minha conta do Twitter. Um
funcionário do YouTube me ligou (primeira vez que isso aconteceu) e disse que
eles estavam enlouquecidos com a quantidade de denúncias que estavam
recebendo do meu último vídeo e que precisariam estudar para ver se precisariam
removê-lo. Tremi, por alguns instantes, pareceu que as fãs venceriam e
literalmente me censurariam, mas logo em seguida recebi outra ligação e o mesmo
funcionário disse que estava tudo ok, mas que eu precisava pensar melhor nos
palavrões ou o YouTube poderia tirar meus vídeos do ar por isso. Disse para ele
que passaria a falar menos palavrões (ah, claro) e desliguei o telefone feliz.
Hoje pode parecer bobo, mas para mim aquilo estava ficando mais assustador
que divertido. Eu já havia mexido com as fãs antes, que no auge da raiva tinham
ajudado a promover meus vídeos e me xingado de todos os nomes possíveis, mas
dessa vez era diferente. Parecia que dali pra frente eu viraria o inimigo número
um de toda jovem brasileira um pouco mais boba (o que era uma parcela
considerável das jovens brasileiras) e eu não me sentia muito confortável com a
ideia de estar andando em um lugar público e pessoas começarem a me xingar.
Em certo momento até torci para que o vídeo não ficasse tão popular, ou isso
poderia significar que todo novo vídeo que lançasse teria uma chuva de
xingamentos e votos negativos, o que poderia comprometer seriamente o projeto.
Principalmente se um dia empresas quisessem anunciar e eu pudesse viver só
disso (que empresa iria querer anunciar em um canal que é totalmente odiado nos
comentários e recebe uma chuva de votos negativos?).
Mais ou menos três horas depois duas coisas permaneciam intactas, meu nome
em primeiro lugar nos trending topics mundiais e meu hálito de paçoca
adormecida. Não conseguia desgrudar da tela do computador, contrariando
qualquer conselho racional de alguém com muita exposição: não fique lendo tudo
o que estão falando de você. Era impossível, minha curiosidade era maior que
meu desejo de me blindar dos comentários negativos e isso resultou em uma séria
dor de estômago, motivada provavelmente pelo meu organismo suplicando para
que eu escovasse os dentes.
Foi assim o dia inteiro (com a exceção de que finalmente fiz minha higiene e
me alimentei), continuei a ler tudo e percebi que, após o surto de revolta das fãs,
finalmente as coisas estavam começando a entrar em equilíbrio. Diversos
comentários dos fãs do Não Faz Sentido estavam chegando para a batalha e esses
mesmos fãs ajudaram a convencer diversas das meninas revoltadas de que aquilo
não era motivo para tamanho ódio (outros devolviam na mesma moeda, xingando
as fãs com a mesma força que elas me xingavam, gerando um efeito dominó).
Meu nome finalmente saiu dos trending topics mundiais, mas permaneceu nos do
Brasil. O vídeo continuava a se mover com muita força pra cima e antes de
completar 24 horas já contava com mais de 30 mil “gostei” e, na altura em que o
YouTube atualizou a contagem, mais de 300 mil visualizações. O vídeo ocupava
três posições na lista da capa do YouTube, como “mais visto em entretenimento”,
“mais visto em geral” e “mais adotado como favorito”. O tráfego não parava de
subir, junto com a guerra entre os fãs, as gargalhadas e os desejos de morte pra
minha família.
Coisas estranhas começaram a acontecer. Meu primo Alan me ligou e falou
que tinha passado mal de rir com o vídeo, coisa que ele nunca fizera antes, mas
até aí compreensível. O estranho foi por conta de pessoas totalmente aleatórias
que começaram a me escrever e me ligar. Amigos com quem não falava havia
anos, colegas de quem mal me lembrava lotando minha caixa do Orkut dizendo
que tinham adorado o vídeo que eu tinha feito. Familiares mais distantes entraram
na mesma onda, até o momento em que percebi que aquele vídeo estava
atingindo casas de pessoas que não faziam a menor ideia de quem eu era ou o que
era o Não Faz Sentido.
Fui tentar dormir sabendo que aquele provavelmente fora o primeiro dia de
uma nova fase da minha vida, mas sem certeza se essa fase seria sensacional ou
terrível. Virava no travesseiro como um frango de padaria, sem conseguir pregar
os olhos. A incerteza era o mais difícil. Eu sabia que, em questão de audiência,
tinha dado um tiro certeiro, quem sabe até algo que ninguém jamais tinha feito em
toda a história da internet brasileira, mas isso não me reconfortava. Muito pelo
contrário, só gerava incertezas e a sensação de que o chão abaixo de mim poderia
abrir a qualquer momento e eu cairia para nunca mais ser lembrado.
Eu poderia virar um ícone da internet e transformar o Não Faz Sentido em um
orgulho sem precedentes, mas também poderia despencar se errasse no vídeo
seguinte e perdesse o apoio dos fãs de verdade, ou poderia ser massacrado pela
imprensa se um dia chegasse a esse tamanho, poderia ser tão odiado que teria de
ficar trancado em casa por um bom tempo, poderia virar motivo de piada entre as
pessoas como alguém que “tentou ficar famoso”, poderia até mesmo ser
simplesmente ignorado e esquecido se as pessoas enchessem o saco da minha
cara. Muitas coisas poderiam dar errado, enquanto poucas poderiam dar certo. O
momento era de extrema pressão, extrema insegurança e desconforto, ao mesmo
tempo em que gerava uma extrema felicidade.
Poucas horas depois acordei depois de uma péssima noite (ou dia,
considerando que eu ia dormir por volta das 6h).
Levantei, fui ao banheiro calmamente, sem afobação, molhei o rosto, olhei
minha cara de sono no espelho, escovei os dentes e fiz o primeiro xixi da manhã.
Tentei controlar a ansiedade do que teria na internet no momento em que eu
olhasse o computador e, por isso, ignorei minha falta de fome e me forcei a comer
alguma coisa. Caminhei devagar até o computador, sentei na cadeira e dei F5 na
página do vídeo no YouTube.
– PUTA QUE PARIU!!!
Dei um berro nada educado com o assombro de ver que o vídeo já contava
com 1 milhão de visualizações! Em menos de 48 horas no ar o vídeo já tinha
batido de longe todos os recordes de acesso em tão pouco tempo em comparação
aos anteriores.
Ao ler o que as pessoas estavam comentando, outro susto. Os comentários
negativos haviam sido reduzidos drasticamente, substituídos por grandes risadas e
milhares de avisos dizendo: “Mostrei o vídeo pra minha mãe”, “Mostrei o vídeo
pra minha irmã”, “Juntei a família toda pra ver”, “No meu colégio só se fala nesse
vídeo”. As pessoas estavam mostrando o vídeo pra tanta gente que aquele 1
milhão de visualizações provavelmente representava muito mais que isso,
contando o número de pessoas que estavam vendo junto de outras ao mesmo
tempo. Mais que isso, muitos dos comentários mostravam que o vídeo estava
chegando a pessoas que jamais veriam nada na internet. Em termos mais técnicos,
o vídeo estava atingindo números de “mainstream”, ou seja, algo fora do padrão
limitado da audiência de internet na época.
Isso era bom e ruim, como tudo que estava acontecendo. Era bom pelos
números e pelo reconhecimento do trabalho, mas ruim por pensar que o vídeo
que atingiu tamanha repercussão não era um daqueles com discurso mais sério.
Eu havia feito vídeos pensando numa mensagem interessante para os jovens, mas
o vídeo que muitos pais estavam vendo era aquele em que eu falava sobre “dedo
no cu”. Sabia que, por mais que o humor presente no vídeo parecesse ser grande
o suficiente para fazer as pessoas não se aterem a isso, acabaria desagradando
muitos conservadores pelo discurso nada moral ou de acordo com os “bons
costumes”, principalmente considerando um país como o Brasil, onde quase
100% dos palavrões do cinema americano são traduzidos para palavras suaves na
dublagem ou legenda. Onde as novelas são “imorais” se usam a palavra “merda”.
Onde o cinema ficou marcado como “absurdo” por utilizar do palavreado comum
das ruas.
Eu poderia vir aqui e dizer que tudo era ótimo, que eu só me divertia, que ser
politicamente incorreto me deixava animado e que eu estava pouco me fodendo
para o que pensavam, mas isso seria mentira, embora muitas pessoas pensem que
era exatamente assim que me sentia. Eu tinha preocupações e, principalmente,
sabia que alguém mostraria meu vídeo para a minha avó. Nada legal.
O que fazer? Àquela altura do campeonato dar pra trás não era uma opção.
Peguei o telefone e liguei para meu pai, normalmente a pessoa certa para me
aconselhar em momentos de tensão psicológica. Ouvi coisas de fundamental
importância, como a necessidade de me precaver para tudo que poderia acontecer
caso isso desse realmente certo. Até então eu estava apenas me divertindo em
fazer vídeos, mas as coisas já estavam caminhando seriamente para outra
proporção. Precisava aprender a lidar com as críticas negativas, com as prováveis
mentiras que começariam a surgir para tentar denegrir meu trabalho e até mesmo
minha pessoa. Não seria fácil e definitivamente eu não estava preparado para isso,
mas não tinha escolha, era isso ou desistir de tudo e sumir da internet.
Ao final do dia o vídeo já somava quase um milhão e meio de visualizações e
não parecia estar perdendo força. De certa forma, a impressão era de que o vídeo
era cada vez mais impulsionado para cima. Naquele dia, a lista de vídeos com
maior número de visualizações fechou da seguinte forma:
1. Não Faz Sentido – Gente Colorida: 2.055.669
2. Não Faz Sentido – Justin Bieber: 1.991.201
3. Não Faz Sentido – Vida de Garoto: 1.779.807
4. Não Faz Sentido – Crepúsculo: 1.466.127
5. Não Faz Sentido – Gente que escreve errado: 1.343.720
Em apenas dois dias o vídeo sobre Crepúsculo já estava em quarto lugar e tudo
indicava que atingiria a primeira posição. Voltando àquela época, é curioso
analisar como eu considerava que seria impossível criar outro vídeo que pudesse
ter a mesma audiência do “Gente Colorida”, uma vez que esse tinha sido o
grande impulsionador inicial do Não Faz Sentido. Era uma sensação
provavelmente semelhante ao que deve sentir um cantor que lança seu primeiro
hit de sucesso: “Será que um dia conseguirei lançar outro ainda maior que esse?”
A resposta começava a tomar forma.
Naquela mesma noite decidi ir novamente ao cinema, no mesmo Norte
Shopping, para assistir a algum filme que agora não consigo me lembrar. Fiz a
mesma rotina de sempre, fui para o mesmo lugar que, dois dias antes, tinha ido
para assistir ao Eclipse.
Na noite em que assisti ao filme que mudou minha carreira no YouTube,
poucas pessoas me reconheceram. Tirei algumas fotos e ouvi alguns conselhos,
mais ou menos como vinha sendo todas as vezes em que ia para algum local
público de aglomeração. Contudo, nessa noite, a segunda noite após o
lançamento do vídeo sobre Crepúsculo, tudo estava diferente.
A fila para comprar ingresso estava quilométrica. Curiosamente as pessoas na
época pareciam não saber da existência do guichê eletrônico, onde você compra
com cartão e não precisa falar com o caixa. Espero que agora, no momento em
que você lê este livro, as pessoas já tenham aprendido a comprar ingressos pela
internet ou evitar as filas de guichês físicos. Fato é que pelo menos 200 pessoas
encontravam-se aglomeradas naquele ambiente para assistir ao Eclipse.
Naquele momento, travei. Antes de entrar no saguão do cinema, congelei por
alguns instantes com o pensamento: “Será que essa galera já viu meu vídeo sobre
Crepúsculo?” Não era um pensamento animador, a julgar pelo fato de que quase
toda aquela fila era justamente para comprar ingresso para o filme Eclipse, ou
seja, eram muitos fãs da saga aglomerados no mesmo espaço. E se eu entrasse e
resolvessem me bater? Ou me xingar?
Na mesma hora imaginei uma cena absurda, mas não impossível. Eu entrava
no saguão do cinema e, após alguns segundos, as pessoas começavam a
cochichar umas para as outras e uma vaia começava a nascer de algum ponto da
multidão. Em seguida, todos se viravam e começavam a me vaiar em uníssono,
gritando coisas estilo torcida de futebol: “Ei, Felipe Neto, vai tomar no cu!”
Depois disso eu saía cabisbaixo do saguão, assumindo minha derrota perante a
possibilidade de ser agredido.
Ou poderia simplesmente não acontecer nada. O vídeo somava 1,5 milhão de
visualizações. Perto da população brasileira de 190 milhões de habitantes isso
representa algo, de certa forma, insignificante, algo em torno de 0,8%. Quantas
pessoas ali dentro teriam verdadeiramente assistido ao meu vídeo?
Estufei o peito (não que faça muita diferença considerando meu peitoral de
lagartixa da caatinga), me enchi de confiança e entrei no saguão.
Nos primeiros instantes percebi que minha última previsão estava certa.
Caminhei tranquilamente até a pequena fila do guichê eletrônico (provavelmente
oito pessoas na fila, contra mais de duzentos no guichê físico) e nada aconteceu,
nenhuma pessoa veio falar comigo e muito menos uma vaia surgiu no meio da
multidão. Apurei os ouvidos para qualquer sinal da citação do meu nome,
tentando ativar meu sentido aranha e ter a chance de correr ao menor sinal de
agressão verbal. Nada, apenas ouvia os murmurinhos sobre o filme e percebi a
presença de muitos namorados contrariados esperando o momento de comprar o
ingresso para um filme que eles não queriam ver.
E foi aí que a coisa aconteceu. Dentro de minhas previsões de ódio, eu havia
esquecido completamente da presença em massa dos namorados, presentes
somente para agradar suas parceiras na esperança de ter um retorno em forma
sexual mais tarde. E foi um deles que me reconheceu primeiro.
– Tu é o Felipe Neto? – perguntou o rapaz, que devia ter em torno de 20 anos.
Não lembro exatamente seu rosto, apenas que ele parecia estar nervoso de falar
comigo (mal sabem as pessoas que sou eu que fico absurdamente nervoso quando
alguém se aproxima).
– Sou, sim, beleza? – respondi apreensivo. Ainda não sabia se ele era amigo
ou não.
– CACETE! Cara, não acredito, eu acabei de mostrar teu vídeo de Crepúsculo
pra minha namorada antes de vir pra cá!!!
Um alívio subiu pela minha espinha dorsal. Ele era amigo e, aparentemente, a
namorada também. Ela se aproximou, rindo e envergonhada e os dois pediram
uma foto. Aceitei. Confesso que adoraria ter essa foto, pois marcou um período
muito importante, o momento em que eu percebi que agradava muito mais que
desagradava.
No momento em que a primeira pessoa me reconheceu, dezenas de outras
olharam para saber o que estava acontecendo e a coisa virou uma bola de neve.
Aos cochichos, a fofoca se espalhou mais rápido que notícia de gravidez no
ensino médio. De repente me vi cercado de diversas pessoas elogiando o vídeo de
Crepúsculo e pedindo fotos, enquanto as outras seguravam o lugar na fila. O
grupo foi crescendo à medida que muitos terminavam de comprar seus ingressos
e, quando percebi, minha presença ali já estava se tornando um inconveniente
para o cinema pela confusão causada. Seguranças apareceram e pediram para que
eu fosse para o lado de fora (e levasse a confusão comigo).
Foi uma noite extremamente gratificante. Essa foi a noite em que eu percebi
que o ódio presente na internet definitivamente não se manifesta na vida real. Na
internet todos são corajosos, protegidos normalmente por contas falsas, com
nomes falsos e fotos inventadas. Elas podem ameaçar sua vida, ameaçar sua
família e provavelmente sairão impunes. Mas na vida real as pessoas não têm a
mesma coragem. Cheguei a ver um único grupo de meninas que, ao me
reconhecer, torceu o nariz e foi na direção oposta, mas foi só.
De todas as pessoas que vieram falar comigo, a esmagadora maioria tinha
conhecido o Não Faz Sentido no dia anterior, pelo vídeo sobre Crepúsculo. Isso
mostrava a força inacreditável que o vídeo havia atingido. Quando voltei para
casa, percebi que o cálculo de 0,8% da população brasileira estava
completamente equivocado, pois eu havia ignorado completamente dois fatores
fundamentais: a exclusão do número de pessoas que vive na pobreza e na miséria,
sem condições de ter um computador e muito menos uma conexão com a internet
e o número de pessoas que havia assistido ao vídeo junto de outras,
potencializando aqueles 1,5 milhão para algo muito maior que isso. Se diminuísse
ainda mais a quantidade de pessoas acima de 30 anos, o número de pessoas
correspondentes àquele 1,5 milhão de acessos era algo realmente absurdo para
somente dois dias de existência do vídeo.
Para coroar ainda mais, o que mais ouvi aquela noite, além dos agradecimentos
dos namorados (“muito obrigado, cara, nunca tive coragem de falar aquilo pra
minha namorada”), foram os depoimentos das próprias meninas e mulheres,
dizendo que, por mais que fossem fãs da saga, não conseguiam discordar de tudo
que eu havia dito. Algumas, inclusive, relataram que tinham passado a enxergar a
saga com outros olhos, enquanto muitos outros comentaram que tinham ido ao
cinema somente para poder assistir e rir de tudo que eu tinha citado sobre o filme.
Acabei não indo ao cinema naquela noite, mas voltei para casa com uma
sensação muito melhor que provavelmente teria sentido com uma sessão comum
de cinema. Voltei com a sensação de que, não importava meu alvo, não
importava o quanto os fãs fossem devotos ao que eu criticava, as pessoas eram
capazes de captar a essência do Não Faz Sentido e enxergar que, acima de tudo,
era um projeto que não buscava denegrir e depreciar pessoas, mas, sim, motiválas
a pensar. Mesmo através de muitos argumentos óbvios, os vídeos possuíam
muito mais que xingamentos, e as pessoas estavam sendo capazes de enxergar
isso e apreciar meu trabalho mesmo que fosse falando mal de algo de que
gostavam. Ainda no táxi, a caminho de casa, pensei várias vezes na frase que
uma menina havia dito: “Eu te xinguei lá nos comentários do vídeo, mas não me
odeia, tá? Eu adoro seus vídeos.” Todas aquelas ofensas não passavam de uma
grande bobagem.
Mas o pior ainda estava por vir.
às 14:20
Marcadores: Felipe Neto, Não faz sentido
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