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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Prefácio

por RAFINHA BASTOS



“A internet vai mudar o mundo do entretenimento.”
A tecnologia faz o mundo girar tão rápido que essa frase, repetida a exaustão
há pouco tempo, já não faz mais o menor sentido.
Exatamente como o Felipe Neto, meu trabalho ficou conhecido na web. Em
1999, produzir vídeo pra internet era uma aventura. Não havia câmera adequada,
placa de captura ou qualquer tipo de know-how no Brasil. No meu caso, era pior
ainda: eu não tinha sequer cinegrafista e atores para me ajudar na produção.
Tudo era feito de forma artesanal (para não dizer extremamente tosca). Meu
pai segurava a câmera e minha mãe ligava o som enquanto eu e meus amigos
dançávamos como uns idiotas. Nosso compromisso de domingo era sempre o
mesmo: fazer videoclipes para a Página do Rafinha.
Aquela macaquice desorganizada passou a atrair uma legião de fãs (eu com
admiradores… quem diria) e o site foi um dos mais acessados da web brazuca por
um bom tempo.
Na época eu trabalhava em uma emissora de televisão local e vi na internet
uma possibilidade de levar o meu conteúdo pra fora de Porto Alegre, onde eu
morava. Isso aconteceu. Era como se eu tivesse a minha própria emissora de TV,
na qual eu controlava o conteúdo, a periodicidade, o elenco, a edição... tudo. O
grande problema era ONDE POSTAR ESTE CONTEÚDO?
Um vídeo do meu site era, em média, mil vezes mais pesado que uma foto
(tipo de conteúdo que bombava nos sites de humor da época). O tráfego
gigantesco de informações da Página do Rafinha gerava contas altíssimas com
provedores. Até hoje tenho em casa um boleto de 1.400 reais da Locaweb que
nunca paguei. Meu salário era de 900 reais, ou seja, nem que eu quisesse, teria
como quitar a dívida. Mal aí, Locaweb.
Durante cinco anos o meu site viveu de favores dos fãs. Expus o problema e os
admiradores da página apareceram para ajudar. Eu recebia e-mails do tipo:
“Rafinha, eu moro na Suécia e tenho um site aqui sem limite de transferência de
arquivos. Vou postar seus vídeos ali e você repassa o link pros fãs, beleza?”
Geralmente, vinte dias após eu linkar, aparecia na minha caixa postal um e-mail
da mesma pessoa: “Rafinha, o servidor cortou o meu serviço alegando abuso. Por
favor, retire os links.” E assim a Página do Rafinha sobreviveu. Durante cinco
anos. Eu era um legítimo mendigo virtual.
Na época, eu trabalhava em um grande portal de internet no Rio Grande do
Sul, o ClicRBS. Um dia propus pro meu patrão uma plataforma onde as pessoas
pudessem postar os seus próprios vídeos. Ele riu. Em 2005 surgiu o YouTube e
deixei de ganhar uma fortuna. Eike Batista: Tâmo junto!
O interessante do surgimento do YouTube foi ver que existia uma legião de
pessoas criativas que queria ir pelo mesmo caminho que eu. O que era “um
maluco e sua família fazendo maluquices” virou um business. E um business
milionário que, sim, mudou o mundo do entretenimento derrubando gravadoras,
emissoras de TV (saudades, MTV) e artistas. E acredite... isso é só o começo.
O Felipe é um bom exemplo do sucesso desta nova forma de fazer
entretenimento. Com criatividade e muito tino comercial, ele transformou o seu
muito bem-sucedido videolog numa empresa com produtores, redatores e atores.
Uma verdadeira fábrica de conteúdo para a web.
Ele está profissionalizando esta bagunça maravilhosa que é a produção de
conteúdo pra web, e todos estão de olho: o mercado, eu e você, que comprou este
livro.
Divirta-se...

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