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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Wise Up, inspiração e a volta do Fiuk



Dia 29 de janeiro de 2011 peguei um avião rumo a São Paulo para
participar de uma noite que tinha tudo para ser um saco. Algumas semanas antes
eu havia gravado meu comercial da Wise Up, que seria veiculado exclusivamente
na Rede Globo e provavelmente projetaria ainda mais a minha imagem. O
próprio Bruno Mazzeo me disse: “O dia em que minha carreira mudou foi o dia
em que saiu meu comercial da Embratel na Globo.” Por incrível que pareça,
comerciais na TV tinham essa força (não sei se ainda têm) de projetar artistas. Por
uma premissa simples: quanto mais seu rosto aparece, mais você fica valorizado e
todo mundo quer criar projetos com você. Quando se trata de um comercial que
passa o tempo inteiro e você é o protagonista, é um prato feito.
Agora, pegava o avião com o objetivo de participar de uma celebração
chamada Ometz Conference, uma conferência criada por Flávio Augusto para
reunir os franqueados da sua rede de ensino: Wise Up, You Move e Lexical.
Todas elas eram empresas que ficavam debaixo do guarda-chuva da grande
empresa: Ometz. Na minha cabeça, estava indo para um evento chato onde
executivos se encontrariam para comparar os valores de seus ternos e beber
champanhe caro. Meu trabalho seria entrar no palco na hora em que chamassem
meu nome para que meu comercial pudesse ser visto pela primeira vez por todas
as pessoas do grupo. De bom, apenas o fato de que me encontraria com Fábio
Porchat e Bruno Mazzeo, meus amigos, e conheceria o Rodrigo Santoro, de
quem sou fã desde a adolescência. Mas um fato encontrava-se no topo do
constrangimento. Pela primeira vez na vida me veria frente a frente com Fiuk,
depois de toda a confusão.
Tentei bolar ideias para novos vídeos do Não Faz Sentido enquanto aguardava
meu voo. E também durante todo o período em que estava no ar. E também no
táxi a caminho do Credicard Hall. Mas nenhuma boa ideia surgiu.
Cheguei ao local do evento e fiquei assustado. Não se tratava apenas de uma
reunião de engravatados, mas sim de uma conferência para mais de duas mil
pessoas, num espaço gigantesco e inteiramente personalizado com imagens da
Wise Up. Ao chegar, uma imensa equipe de filmagem apareceu para cobrir
minha chegada e um grande estardalhaço estava montado para uma ação
realmente grandiosa. Mais uma vez Flávio Augusto tinha saído do tradicional e
tomado o caminho da ousadia, do investimento pesado em uma área que nem
todos têm a coragem de investir: a moral e o entusiasmo de seus subordinados.
Mais do que isso, o apresentador da noite não seria um contratado por Flávio, que
poderia ter colocado um Marcos Mion para fazer uma apresentação bemhumorada
e pra cima. Não, Flávio optou pelo caminho ainda mais arriscado, ele
próprio seria o mestre de cerimônias, com microfone na mão e a cara pra bater.
Uma apresentação ruim significaria a perda de entusiasmo por parte dos mais de
dois mil funcionários de sua rede. Aquilo, pra mim, era a verdadeira definição de
“executivo do cacete”.
Aliás, se você acha que estou puxando o saco do Flávio, acho melhor alertá-lo
de que isso ainda acontecerá mais vezes durante este livro. O Flávio Augusto foi
o alto executivo mais importante que passou pela minha vida e provavelmente eu
não teria conquistado nada, ou sequer começado, se não fosse por ele. Então, por
favor, shiu. (brinks, valeu por comprar o livro, te amo. Mentira, amo nada.)
Falando em amor, logo após conversar com o Porchat e conhecer o Rodrigo
Santoro (simpático, alto pra cacete e intimidador, porque você fica ao lado do
Rodrigo e pensa: “Ok, esse aqui do lado é o Rodrigo Santoro, ele matou o
‘Leônidas’ do filme 300”), surgiu na minha frente aquele que tinha sido um dos
maiores marcos da história do Não Faz Sentido: Fiuk, em carne, osso, chapéu e
calças rasgadas em vários lugares diferentes.
No exato momento em que nos vimos e paramos frente a frente, a equipe de
“making-of” do evento saiu de dentro de algum buraco, como mágica, e postouse
ao nosso lado, filmando tudo. Na mesma hora um pensamento insano veio em
minha mente: “Imagina a confusão que daria se eu virasse as costas agora e
deixasse ele falando sozinho.” Logo em seguida, lembrei que eu era um homem e
não um pivete babaca metido a fodelão (esse era meu alter ego no Não Faz
Sentido, não eu). Estiquei minha mão e ele fez o mesmo. Em seguida nos
abraçamos, de leve, assim sem muito entusiasmo. Mas o sangue começou a subir
pelas minhas costas e de repente nos vimos envolvidos em um beijo quente.
Entrelaçávamos nossas línguas enquanto sua barba roçava levemente meu...
Ok, eu não sou a autora de Cinquenta tons de cinza.
Nada disso aconteceu. Pois eu estava com minha namorada. Só por isso.
A verdade é que demos um abraço cordial e em seguida fomos todos juntos
para o camarim, onde acabamos conversando durante um bom tempo. Lembrome
de um diálogo em específico.
– Aquela discussão por Twitter foi uma babaquice, cara – falei, já tocando no
assunto delicado, sem passar lubrificante.
– Com certeza, mano – Fiuk respondeu, aliás é surpreendente como o Fiuk e o
PC Siqueira falam parecido. – Eu tava muito puto na época.
– Não tá mais?
– Não, passou, tu falou umas paradas certas no vídeo, só não gostei mesmo
que tu falou dos meus fãs.
– É, cara, opiniões diferentes, acontece.
Em seguida, Fiuk me falou de uma frase que seu pai, Fábio Junior, havia dito
pra ele:
– Uma vez, antes da fama, cheguei em casa felizão que o show da minha
banda tinha lotado, aí fui falar pro meu pai. – O pai do Fiuk é o Fábio Junior,
caso você não saiba. – Aí meu pai me perguntou: “Já tem gente te xingando?”, eu
falei que não, que tava geral curtindo e tal. Aí ele disse: “Enquanto não tiver
gente te xingando, significa que você ainda não fez sucesso.” Na real, depois de
um tempo passei a pensar nisso sobre seu vídeo.
Não só isso era verdade como o Fiuk tinha acabado de me ensinar uma lição
valiosíssima. De fato isso era verdade. No início, assim que o Não Faz Sentido
começou a fazer algum sucesso, a aprovação era quase unânime. Depois de um
tempo, quando começou a virar realmente algo gigantesco, começou a surgir um
número grande de pessoas tentando denegrir e tirar o crédito do meu trabalho no
YouTube.
Não que isso mudasse minha opinião sobre a forma como Fiuk tratava seus
fãs, mas sem dúvida me fez compreender ainda mais minha própria situação.
Logo em seguida, me lembrei de algo curioso:
– Cara, mas pera aí. Quando eu estava pesquisando material pra fazer o vídeo
“Fiukar” eu vi um vídeo no YouTube do Luan Santana em um show. E ele falou
mais ou menos a mesma coisa que tu acabou de me falar, só que de um jeito mais
viado.
Fiuk pensou um pouco, coçou a barba e respondeu, com uma expressão triste:
– Pois é, eu contei essa história pra ele.
Luan Santana, se por ventura e acaso do destino você estiver lendo este livro,
sinto muito, mas roubar a experiência paterna do coleguinha é sacanagem.
Enfim, depois de bastante conversa com várias pessoas diferentes, incluindo o
próprio Flávio Augusto (que não só foi um excelente anfitrião como também
transbordava excitação e alegria com tudo aquilo), o evento começou. E eu fiquei
embasbacado.
Assistindo pela televisão, vi o Flávio entrar no gigantesco palco e os mais de
dois mil funcionários levantarem-se para o aplaudirem. Mas não era um aplauso
comum, blasé, do tipo que você faz por obrigação. Era uma verdadeira confusão
de gritos, assobios, vivas e mais gritos. Naquela noite pude constatar o que o
Flávio tinha criado. Não era apenas uma empresa multimilionária, era uma
empresa multimilionária controlada por um líder que encantava, despertava a
inspiração e gerava uma sensação impressionante de entusiasmo.
Aquele era meu sonho como empresário. Ver a capacidade de liderança do
Flávio me fez perceber no que eu gostaria de me tornar. Um líder capaz de
inspirar. Um executivo fora dos padrões, com força o suficiente para lançar
inúmeros artistas e colocar a arte brasileira nas mãos de quem realmente tem de
controlá-la: os próprios artistas.
Durante todo o evento, Flávio falou com imenso entusiasmo sobre todas as
novidades que as escolas de inglês teriam para aquele ano. Chamou os
convidados para o palco, deu prêmios para os que mais se destacaram (as pessoas
comemoravam como se tivessem ganhado um Oscar) e ainda contou inúmeras
piadas. O mais incrível de tudo: eram piadas engraçadas.
Aquela noite tornou-se para sempre uma das mais importantes da minha vida.
Embora nada tenha acontecido de realmente especial diretamente nos resultados,
foi naquele momento que eu descobri meu caminho. Eu poderia insistir somente
na carreira de ator, trilhar meu caminho dentro da Globo e Multishow, fazer
filmes no cinema e tornar-me apenas mais um ator no meio de tantos outros, ou
eu poderia tratar minha carreira de ator como algo secundário e buscar aquilo que
tinha se tornado o fator que mais me gerava empolgação ultimamente: ajudar a
revolucionar o entretenimento do Brasil, como empresário, executivo, um
integrante da raça que eu sempre detestei. Foi o Flávio quem me impulsionou a ir
por esse caminho, mostrando que um executivo pode fazer muito mais do que
sentar atrás de sua poltrona e dar canetadas em projetos alheios. Um executivo
pode inspirar, pode revolucionar, pode mudar pessoas. Em outras palavras: um
bom executivo está muito próximo de um ator. E eu poderia ser os dois.
E daí que eu teria de arriscar tudo? O próprio Flávio havia começado a Wise
Up com um empréstimo no banco e uma ideia na cabeça. Além disso, eu tinha
acabado de fazer apenas 23 anos. Se fosse para errar, essa era a hora. Ainda teria
tempo para recomeçar, para me reinventar, até mesmo para voltar a investir
somente na carreira de ator. O que eu não poderia fazer era sentar
confortavelmente na poltrona do novo apartamento que tinha alugado (dessa vez
com quartos, sala e cozinha em ambientes diferentes) e ficar esperando que
alguma coisa acontecesse enquanto o Não Faz Sentido gradativamente
caminhasse para o fim.
Nas semanas seguintes, fiquei obcecado pela ideia de começar esta nova etapa
na minha vida. O Não Faz Sentido seria o grande impulsionador de algo muito
maior. Ele seria o motivo de tudo, a razão pela qual tudo aconteceu. Por isso, não
poderia deixá-lo de lado.
Trabalhei nas semanas seguintes como nunca. Escrevendo o projeto do canal
no YouTube, conversando com amigos do ramo do entretenimento e tendo
reuniões ocasionais com o próprio Flávio Augusto por Skype, que, mesmo com
sua agenda absurdamente entupida, ainda conseguia achar tempo para falar
comigo durante horas e me incentivar no projeto com boas ideias e instruções
sobre o mundo dos negócios. Sem pretender, ele virou meu tutor no mundo do
empreendedorismo.
Muito motivado, fui até uma livraria e comprei dez livros voltados para a
criação de empresas, principalmente voltadas para o mundo da internet.
Infelizmente não havia absolutamente nenhum livro em todo o planeta Terra
sobre como criar uma empresa voltada para conteúdo de vídeo no YouTube,
então precisava adaptar os conselhos e explicações para essa realidade ainda
muito mal explorada. Consumia livros na velocidade da luz e chegava a sentir
dores na coluna por ficar tanto tempo sentado planejando, lendo e falando por
Skype.
Ninguém ao meu redor, exceto as pessoas realmente próximas, conseguia
entender o que eu estava fazendo. Por que estava deixando o Não Faz Sentido de
lado? Algumas pessoas achavam que eu tinha surtado, que não tinha sido capaz
de aguentar a pressão. Outras achavam que o dinheiro tinha subido a minha
cabeça e que agora eu só queria saber de torrar grana e viver sem
responsabilidade.
O público do Não Faz Sentido se manifestava, reclamando da falta de vídeos.
Por mais que eu tentasse explicar, a essa altura já passava de 1 milhão de
seguidores no Twitter e mais de 460 mil assinantes no canal do YouTube. Era
impossível falar com toda essa gente, a menos que fizesse um vídeo explicando, o
que era inviável, pois o Não Faz Sentido não era um canal para vídeos tipo
“aviso”. Tive de lidar com a frustração do público enquanto me afundava em
planejamentos. Sabia que tudo aquilo era por um bem maior, mas também sabia
que, quanto mais tempo eu ficasse sem atualizar o meu canal, maiores seriam as
chances de ele cair no esquecimento. A ideia era colocar menos vídeos, mas não
abandonar o canal por completo.
Em meados de fevereiro, uma nova bomba explodiu em minha vida. A
campanha da Wise Up foi ao ar e começou a aparecer nos intervalos da Globo
diversas vezes por dia. Uma hora o meu comercial passava, outra hora passava o
do Fiuk. As cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba ficaram infestadas de
pôsteres da Wise Up Teens, alguns com a minha foto, outros com a do Fiuk.
Imediatamente a imprensa se manifestou, jogando tudo no ventilador: “Felipe
Neto e Fiuk estrelam campanha publicitária de curso de inglês.”
Embora fizéssemos comerciais diferentes, os jornalistas sabiam que a notícia
seria muito mais interessante se o título desse a entender que estávamos juntos.
Como vivemos em um país onde as pessoas tendem a ler somente os títulos das
matérias e olhar somente as fotos das revistas, começou uma grande onda de ódio
contra a minha pessoa, com os argumentos de sempre: “vendido”, “por que tu
gravou o mesmo comercial que ele?”, “você me decepcionou”. Logicamente isso
era uma minoria, mas o Não Faz Sentido já impactava milhões de pessoas e uma
minoria ainda configura um número consideravelmente grande, capaz de fazer
sua estabilidade emocional ser abalada.
Os títulos das matérias ajudavam diretamente nesse ódio:
Contigo: “Rivais: Fiuk e Felipe Neto participam da mesma campanha
publicitária.”
O Fuxico: “Fiuk e Felipe Neto estrelam campanha para adolescentes.”
Stratag: “Fiuk e Felipe Neto na mesma campanha. Não faz sentido?”
Terra: “Após troca de farpas, Fiuk e Felipe Neto gravam comercial.”
Ao mesmo tempo em que algumas pessoas me acusavam de vendido, sem
realmente saber de tudo que tinha acontecido e como eu havia parado na mesma
campanha que o Fiuk (se você pulou alguma parte do livro, eu explico tudo isso
no capítulo 11), outras pessoas foram além e começaram com teorias
conspiratórias. Como você pode ver no parágrafo abaixo, extraído do blog
Midday Filmes:
Pouco tempo depois, surge uma campanha publicitária de uma escola
de inglês colocando Felipe Neto e Fiuk juntos para atrair adolescentes.
Brilhante ideia. Porém, eu não ponho minha mão no fogo por qualquer
coisa que vejo na mídia em geral e nada, NADA me tira da cabeça que isso
foi armação desde o início.
Exatamente, um número considerável de pessoas começou a cogitar a hipótese
de que tanto o vídeo “Fiukar” quanto as farpas trocadas no Twitter tinham sido
uma grande armação da Wise Up para lançar a campanha publicitária em seguida.
Em outras palavras, para algumas pessoas eu era vendido, decepcionante,
falso, manipulador e até mesmo covarde, pois para alguns eu deveria ter sentado a
mão na cara do Fiuk na primeira oportunidade que tive.
Contudo, depois de tantas críticas ao longo dos últimos nove meses, dessa vez
já estava muito mais preparado para segurar o tranco. Foquei-me ainda mais na
estruturação da minha empresa e simplesmente parei de ler as mídias sociais por
um tempo. Por uma ironia hilária do destino, foi o próprio Fiuk quem me ajudou
a refletir de maneira ainda mais sóbria quanto ao assunto, graças ao brilhante
ensinamento de seu pai, Fábio Junior, de quem, inclusive, sou fã.
Era fato, não tinha mais volta, eu teria de conviver com as críticas e os
xingamentos enquanto estivesse exposto e realizando novos trabalhos. Nada iria
mudar isso. Mesmo se um dia eu invadisse um prédio em chamas e salvasse um
bebê recém-nascido da morte, com certeza algum indivíduo comentaria na
notícia: “Esse cara é um babaca, só salvou o bebê pra aparecer.”
Por fim, se teve alguém que realmente se beneficiou com tudo isso, foi a
própria Wise Up. A campanha foi um sucesso de proporções impressionantes.
Durante dias esse era o assunto mais comentado nas redes sociais, o que
automaticamente promovia a campanha de forma arrasadora. Para se ter uma
ideia, mesmo sem qualquer divulgação de minha parte, o vídeo no YouTube
contendo minha propaganda de trinta segundos (a mesma que passava na Globo)
atingiu mais de 300 mil visualizações. Já a do Fiuk ficou com 58 mil, um número
também expressivo para uma simples propaganda, que não teve qualquer tipo de
promoção. Era simplesmente o próprio público buscando no YouTube o vídeo do
comercial.
A velha premissa “fale mal, mas fale de mim” novamente tornou-se verdadeira.
Com o burburinho todo causado pelo fato de o meu nome estar envolvido na
mesma campanha do Fiuk, o comercial foi um sucesso e minha imagem
fortalecida ainda mais.
Feliz com o resultado da ação e extremamente motivado pelos conselhos e
postura do Flávio, passei a me debruçar sobre o caderno velho do Botafogo ainda
mais. Eu não poderia desperdiçar o momento. Se era para lançar uma nova
produtora no YouTube, aquela era a hora, se esperasse demais correria o risco de
ver meu nome caindo no esquecimento e perdendo a força de divulgação para um
novo projeto. Ao mesmo tempo, ainda gravava o programa do Multishow e os
quadros que estreariam no Esporte Espetacular em breve. Era uma correria
insana, mas extremamente prazerosa. O grande problema? Não envolvia o Não
Faz Sentido, que continuava sem atualizações.
Ao final de fevereiro de 2011, enquanto me refugiava trancado dentro de casa
esperando que as festividades do Carnaval se dessem por encerradas, finalmente
decidi o nome de meu novo projeto.
Há muitos dias eu quebrava a cabeça tentando definir qual seria o nome certo
para um canal de vídeos de humor no YouTube. Eu queria algo que não tivesse
qualquer relação comigo ou com o Não Faz Sentido, para que o canal tivesse
vida própria e não dependesse da minha imagem. Ele seria composto pela
imagem dos artistas que estivessem envolvidos, o que trazia uma dinâmica muito
mais excitante.
Dentro de minhas insanidades, vários nomes foram escritos no caderno do
Botafogo. Entre eles, “Jurubeba”. Sim, durante algum tempo cogitei seriamente a
possibilidade de chamar meu projeto de Jurubeba. Processe-me.
Eu não queria que o nome tivesse a ver com “risada”, ou “comédia”, isso seria
extremamente clichê. Imaginem um canal chamado “Canto da Risada” ou
“Comédia Total”. Desastre.
Depois de muito quebrar a cabeça, acabei percebendo a resposta bem na minha
frente. Estava ali o tempo inteiro.
Alguns meses antes, por conta das notas fiscais que precisava emitir para poder
receber o dinheiro das campanhas publicitárias que fazia, fui forçado a criar uma
empresa, somente com o objetivo de emitir notas, nada mais. Na época, na hora
de criar um nome, acabei colocando a primeira palavra que passou pela minha
cabeça, literalmente. Pensei por apenas dois segundos: “Imagine uma palavra.”
Imediatamente me veio à cabeça “Parafernalha”. (Na verdade, se escreve
“parafernália”, mas acabei registrando com “lh” e virou motivo de piada depois.)
Não há qualquer explicação lógica, qualquer significado obscuro, foi
simplesmente a primeira palavra que me passou na mente naquele instante.
Finalmente, depois de refletir durante dias e pedir ajuda para todas as pessoas
mais próximas, percebi que o nome mais adequado para meu projeto era aquele
que eu havia pensado em apenas dois segundos. Era despretensioso, sem tentar
parecer criativo ou ter qualquer lógica por trás.
Era apenas “Parafernalha”.

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